Badlands escrita por Risurn


Capítulo 4
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Hellooo
To indo lá responder os comentários e ler Fita Azul, da Helly Nivoeh, conhecem? Recomendo!
Boa leitura ♥



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Não ficamos muito tempo na piscina, se você quer saber.

Gostaria de dizer que eu e ele ficamos no maior love por longos minutos e demos o melhor beijo subaquático de todos os tempos, mas não.

Acredite se quiser, mas depois de entrarmos na água uma bagunça generalizada começou e um a um – pelo menos metade das pessoas que estavam ali fora – pularam na piscina sem suas roupas, tornando o espaço muito pequeno para que eu ficasse.

Nico e eu saímos rindo da piscina, encharcados e com o cabelo grudando na cara.

— Você quer subir? Eu pego uma toalha para você.

Assenti, prevendo o que poderia vir a seguir enquanto estivéssemos sozinhos no andar de cima e não fugi da expectativa de futuro. Justamente pelo contrário.

Nico me guiou dentro da casa para o que eu imaginei ser seu quarto e me pediu para que entrasse na suíte, assim teria mais privacidade. Quase bufei em reprovação. Não estou querendo muita privacidade no momento, meu querido.

Me perguntei se a mãe dele não ficaria irritada por termos molhado todos os tapetes em nosso caminho até ali.

O banheiro era simples, contrastando a enorme casa. Haviam duas toalhas penduradas no box de vidro fosco e algumas peças de roupa pelo chão, incluindo a camiseta branca molhada. A porta havia ficado aberta em uma pequena fresta enquanto eu me enxugava e vestia minhas roupas. Encarei meu reflexo no espelho, com a maquiagem preta um tanto quanto borrada, mas não liguei muito.

Sacudi meu cabelo curto repicado e torci para que ele ficasse aceitável e não decidisse criar vida própria agora conforme secava.

Quando virei para sair consegui ver Nico através da pequena fresta, abrindo-a um pouco mais. Ele estava de costas, sem camisa, esfregando a toalha no cabelo e eu não consegui nem queria me mover.

Obrigada Deus por me proporcionar esse momento de loucura que nos fez pular na piscina para que eu pudesse apreciar essa cena. Nunca vou ser capaz de agradecer o suficiente.

Eu estava tão distraída que não contava que Nico fosse se virar tão rápido e me pegar espiando. Ele apenas riu e negou com a cabeça enquanto vestia a camisa.

Poxa, que pena.

— Ninguém te ensinou que é feio bisbilhotar?

Pigarreei como se não fosse comigo.

— Deixei a toalha pendurada no box do banheiro.

Ele assentiu, me livrando do constrangimento em ser pega.

Me aproximei um pouco mais dele, me afastando do banheiro e observei o quarto.

Essa família tem alguma coisa com a decoração em preto.

A parede da cama era revestida com um painel – olhe, que surpresa: preto –, de onde saiam pequenos focos de luz. A cama – de casal, não pude deixar de observar – estava com a roupa de cama escura bagunçada, bem como algumas peças de roupas espalhadas pelo chão. A parede da janela estava preenchida pelos mais diversos pôsteres de bandas que eu conhecia, me fazendo sorrir.

— Seu quarto é legal.

Ele sorriu de volta, encarando o próprio espaço.

— Eu sei. Também gosto daqui.

Continuei olhando em volta e vi uma garrafa pela metade – apenas mais tarde descobri que era de licor – escondida entre as roupas amontoadas no chão. Não pensei duas vezes em destampar a mesma e tomar um gole.

Ele cruzou os braços e me observou.

— Estou começando a achar que você tem algum problema com bebidas.

— Quem, eu? – Tomei outro gole e lhe estiquei a garrafa, vendo-o imitar meu movimento. – Imagine. Só bebo socialmente.

Ele quase engasgou com o líquido ao rir.

— Claro que sim. E eu sou o Batman, muito prazer.

— Engraçadinho.

Ele sorriu, me fazendo sorrir também.

— Da última vez que você sorriu assim, parecia prestes a me contar um segredo.

Ele mudou sua expressão para confusão e eu completei:

— Aliás, obrigada por não fazer nada quando eu fiquei podre de bêbada.

— Ah, sem problemas. – Ele deu de ombros, sentando no chão e tomando outro gole da bebida. – Não parecia certo.

— Me devolve a garrafa. – Pedi, enquanto sentava em frente a ele. – Alguns caras não pensariam assim.

Tomei um longo gole enquanto ele me encarava.

— Me pergunto porque você bebe tanto.

Sorri um pouco, não querendo entrar nesse assunto e me aproximei, numa tentativa de distraí-lo.

— A gente não deve sair contando as tragédias de vida assim no primeiro encontro – Lhe estiquei a garrafa e sorri. – Além de que, eu já disse que só bebo socialmente.

Nico esticou o próprio corpo para frente, me deixando um pouco tensa.

— E eu já disse que sou o Batman.

Umedeci meus lábios, animada com a perspectiva de beijar Nico. Ele era bonito e isso me faria sorrir um pouco sozinha.

Seu olhar alternava entre meus lábios e meus olhos e quando achei que ele fosse se aproximar para o contato final, ele apenas se afastou e sorriu.

— Acho que seus amigos devem estar preocupados, melhor descermos.

Meu choque durou uns dois segundos em ser rejeitada – pela segunda vez – por Nico e tomei o último gole de licor após ele me devolver a garrafa.

Apenas concordei e o segui escada à baixo, rumando para fora da casa. Acho que agora não me sinto tão arrependida por ter molhado a casa. Talvez eu volte com um balde mais tarde.

Nico estava logo atrás de mim, cumprimentando pessoas que nunca vi e sendo o mais agradável possível. Seu bom humor estava começando a me dar nos nervos.

Não foi difícil encontrar Leo e Phoebe quando saímos, a ruiva segurava o garoto pelo colarinho e o chacoalhava enquanto ele gesticulava fervorosamente com os braços, me fazendo rir e revirar os olhos.

Nico parou atrás de mim, enlaçando minha cintura com os braços, me deixando tensa. Seus lábios se aproximaram de meu pescoço e eu achei que fosse morrer ali mesmo.

— O que foi? – Ele perguntou, como se nada estivesse acontecendo.

— Achei meus amigos. – Engoli em seco, tentando manter a calma enquanto mais beijos eram espalhados pela área.

Esse menino é o que, bipolar?

— Jura? – Nico levantou a cabeça, parando com o carinho e me fazer resmungar. – Eu precisava mesmo sair, agora posso ir sabendo que você não vai ficar sozinha. Onde eles estão?

Apontei com a cabeça para onde eles estavam. Phoebe ainda segurava Leo pelo colarinho, mas havia parado de sacudir, ele também não estava mais gesticulando. Os dois me encaravam de boca aberta.

— Acho melhor eu ir.

Nico assentiu, me soltando. Conforme eu me afastava, senti sua mão em meu pulso, me trazendo de volta.

— Não vai se despedir?

Prendi a respiração conforme seu corpo se aproximava e fiquei um pouco tensa, um único pensamento rondando na minha cabeça: agora vai!

Mas Nico apenas beijou minha bochecha, perto do canto dos meus lábios.

— A gente se vê por aí.

Então ele simplesmente me deu as costas e saiu andando em direção a saída.

O ar que estava preso dentro do meu peito foi embora conforme eu refletia em qual tipo de loucura habitava a mente do di Ângelo, porque ele não podia ser normal.

Foi Leo quem falou primeiro.

— O que... O que? Vocês se conhecem?

— Quem? Nico? – Olhei para o lugar onde o garoto tinha sumido a pouco tempo. – Nós nos conhecemos ontem. Ele me ajudou antes de você chegar.

Ele revirou os olhos e levou as mãos às têmporas.

— Só me faltava essa agora. – Ele se virou para Phoebe. – E eu falei que ela estava bem.

— Porque sua blusa está molhada?

Ela apontou para o lugar onde o meu sutiã marcou a blusa preta fina com uma mancha d’água. Parabéns Thalia, se seca e continua com a roupa de baixo molhada. Que tal um prêmio?

— Eu... Entrei na piscina.

— Quer saber? Eu vou pegar outra bebida. – Leo se afastou e sumiu entre as pessoas.

— E depois disso foi para o quarto dele? Danadinha! Eu sabia que se alguém pudesse fazer isso, seria você! Me fala, vocês se beijaram? Ele era o cara misterioso da festa de ontem? Por que você não me falou que era o di Ângelo?

— Uma pergunta por vez, repórter. Eu não sabia o nome dele, sim, fomos para o quarto dele, sim, ele era o carinha da festa, e não, não nos beijamos.

A animação dela caiu, como se eu já não tivesse ficada frustrada o bastante.

— Como não? Vocês estavam no maior clima! Por que você não tentou nada?

— Ele não quis. – Revirei os olhos e me apoiei na parede da casa.

— Então os boatos são verdadeiros.

— Que boatos? – Tentei não parecer muito interessada, mas Phoebe sabia como atiçar minha curiosidade.

— Dizem que ele gosta de... Jogar . Mas dificilmente chega a ficar com alguém pra valer. Ele te seduz, te deixa louca e simplesmente... Vai embora. Só um seleto grupo de meninas realmente consegue um beijo.

Revirei os olhos, pensando que aquela era a coisa mais ridícula que eu já havia escutado.

— Eu não acredito nisso, de jeito nenhum. Nem faz sentido algo assim.

Se bem que...

Não. Loucura.

Mas Phoebe apenas riu.

— Você esteve fora da faculdade por muito tempo Thalia, e também mal aparecia. Está na hora de conhecer os novos amigos.

— Falando nisso, o que ele e o Leo tem? – Lembrei da noite anterior quando ele falou que não se dava bem com o garoto. – Eles brigaram ou algo assim?

Ela trocou o peso do corpo de um pé para o outro.

— Eu não sei bem, pra ser honesta. Ele, Jason e Nico sempre se deram bem. Mas alguma coisa aconteceu entre eles e Nico simplesmente começou a evitar o Leo, e ele ficou de boa com isso até...

— Até ver a Hazel.

— Isso mesmo, crescida e na faculdade. Mas acho que o Leo não esperava ver ele aqui. Ele acabou se aproximando mais dos amigos de infância. Faz uns dois anos. Nunca reparou que o Leo... – A encarei, ela sabia que eu nunca havia reparado. Que nos últimos anos eu entrei em um estado de estupor tão grande que não havia reparado em nada. – Deixa pra lá. O importante é que eles não se dão mais tão bem.

Assenti e Leo se juntou a nós, com um copo de bebida.

— Me diz que você não tem nada com ele.

— Não tenho.

Mas poderia ter.

— Ótimo.

— E como você está?

Ele sorriu, como se nada tivesse acontecido desde que chegamos.

— Ótimo. Aqui tem sido bem agradável se você desconsiderar a Phoebe me sacudindo e gritando comigo.

Ela bufou e revirou os olhos.

— Eu não precisaria fazer isso se você não tivesse saído correndo – ela apontou para Leo e depois para mim. –  e se você não tivesse ido brincar de esconde-esconde no quarto do Nico.

Achei que Leo fosse cuspir toda a bebida.

— Você estava no quarto dele? Você disse que vocês não tinham nada, Thalia...

— Nós não temos. Relaxa aí.

Leo respirou fundo e jogou o copo vermelho longe.

— Eu já estou cansado. Se importam se eu for embora?

Neguei.

— Também quero ir, preciso trabalhar amanhã. Quem vai me dar uma carona?

Antes que Phoebe tivesse chance de falar alguma coisa, Leo se intrometeu.

— Comigo. Ela vai comigo, ok?

— Tanto faz. Vou me divertir um pouco e depois vou então.

Assenti e me despedi, indo atrás de Leo.

Ele dirigia uma picape velha e enferrujada, mas que amava e protegia com a própria vida, sempre alisando e cuidando. Homens e seus carros.

Leo ficou a maior parte do caminho em silêncio e só se manifestou quando nos aproximamos do meu prédio.

— Não quero que pense que estou controlando você ou algo assim, mas Nico é um pouco temperamental, e não costumava ser muito amigável.

Pressionei meus lábios. Não era como se eu fosse trocar Leo por Nico.

— Por que vocês brigaram?

Leo suspirou.

— Lembra... Lembra quando eu fui passar uma semana em Las Vegas com o pessoal?

Como esquecer o presente de dezesseis anos de Jason, quando ele e alguns amigos foram para lá? Meu pai é um homem sem limites. Apenas assenti pedindo que Leo continuasse.

— Eu não sei, posso ter bebido demais e tentado fazer algumas besteiras, como me jogar de um prédio.

Arregalei os olhos e bati em seu braço.

— Ei! Eu estou dirigindo, vamos manter a calma? Eu estava bêbado. Bom. Como você pode ter adivinhado, eu não morri. Mas aí quase engasguei com alguma coisa e parei de respirar por alguns segundos... – Leo percebeu meu olhar horrorizado e pigarreou, encurtando a história. – O que importa é que todo mundo achou que eu tinha morrido, mas não morri, e Nico ficou especialmente irritado com o meu comportamento, dizendo que eu estava sendo infantil demais pra um cara de vinte anos e eu quis socar a cara dele. Em nome da paz, não nos falamos mais.

— Por que eu nunca fiquei sabendo disso?

Leo continuou com os olhos fixos na estrada e demorou um pouco para falar.

— Você estava numa fase meio deprimida. Não queríamos trazer mais problemas.

Neguei com a cabeça e respirei fundo, encerrando a conversa.

Garotos são tão imaturos.

O carro permaneceu em silêncio até chegarmos ao meu prédio, me levando a descer. Leo segurou meu pulso.

— Thals. Não quero que você pense que eu acho que você vai quebrar. Confio em você, só que...

Ele suspirou, sem encontrar palavras. Eu apenas assenti em compreensão.

— Tudo bem elfo, eu entendo.

Ele sorriu um pouco, voltando ao volante.

— Tem sido bom ver você fora de casa. Vou avisar ao Jason que você está se sentindo bem.

Apenas assenti fracamente pensando em meu irmãozinho e fechei a porta.

— A gente se vê por aí.

A picape de Leo arrancou e eu me peguei suspirando em frente ao meu prédio.

Apenas mais tarde eu me daria conta de como nossas vidas ficariam embaralhadas após aquela noite.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, me digam nos comentários ♥