Waves escrita por march dammes


Capítulo 16
Maresia


Notas iniciais do capítulo

boa noite amantes da sétima arte de todo o brasil, rs
demorei, mas estou aqui. esse capítulo ficou tão grande que eu não queria repetir a gafe do anterior e dividi ele em duas partes. a segunda vai sair como um capítulo individual, e eu vou deixar agendado para a semana que vem, pra vocês matarem a saudade de waves aos poucos~
enfim, muito obrigado pelo apoio e lealdade até aqui. e fantasmas, saiam de seus esconderijos! bora ler?

(créditos da capa: @felidadae no twitter)



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Era o grande dia.

Bom, na verdade, o segundo grande dia – o melhor dia de sua vida até o momento havia sido reservado à semana retrasada, em que se encontrara pela primeira vez com o latino mais atraente e cativante do estado.

Keith estava acordado desde as oito da manhã, o que era muito surreal para um sábado, mas simplesmente não conseguira enrolar na cama quando não tinha a bolinha de pelos que era Andrômeda dormindo sobre seus pés.

Não gostava de admitir, mas até que sentia falta da felina.

De qualquer forma, naquele dia, sairia com Lance de novo. A agenda do latino ficara mais flexível ou ele estava desmarcando compromissos para vê-lo (Keith esperava que fosse essa a realidade!), pois não havia demorado muito para convidá-lo para esse novo encontro. E o problema realmente não era o dia ou o horário...somente o local do passeio.

Lance escolhera a praia. E Keith odiava a praia.

Embora também não lhe agradasse a areia que entrava nos tênis e a maresia salgada que deixava os cabelos grudando, o motivo de sua repulsa era muito mais profundo do que isso. E Keith repassava de novo e de novo os acontecimentos que o levaram a desenvolver aquele asco, e tinha pesadelos, e acordava arfando, e chorava em silêncio abraçando os joelhos.

Parecia ter oito anos de novo.

Mas recolheria essa lembrança à própria insignificância e tentaria focar-se nos pontos positivos daquele encontro: Lance, Lance e Lance.

Poderia vê-lo de novo. E isso já faria a situação toda valer a pena – ou assim esperava que fosse.

Keith foi tirado de seus devaneios pelo apito estridente do micro-ondas, anunciando que seu almoço estava pronto. Abriu a portinha e tirou a embalagem de tortinha de frango, queimando as pontas dos dedos. Se sentou à bancada só porque o prato de papel estava quente demais, pois geralmente comia andando pela casa. Se Shiro estivesse ali, adverteria que, dessa forma, sua comida desceria toda para os pés.

Keith cutucou a crosta dourada com um garfo e pegou um punhado, soprando para longe o vapor que se desprendia do recheio. Tudo isso sem nem espiar o almoço – estava mais interessado em vigiar a tela do celular na outra mão, esperando uma mensagem de Lance.

Haviam marcado o encontro por volta das 14h, logo depois do almoço. Assim, ambos teriam tempo de comer antes que o moreno tivesse de pegar o trem. Ainda não era nem uma da tarde, mas Lance costumava lhe mandar uma foto, um meme, algum sinal de que estava vivo e online.

Keith estava desacostumado. Até se tornando mimado. Não admitia mais que Lance demorasse em responder suas mensagens, ou ficasse muitas horas sem se comunicar sem providenciar uma explicação.

Por vezes, tinha de se conter para não soar possessivo.

Suspirou. Fazer o quê? Lance era o único ficante que o mimava com tanta atenção.

Ficante.

Deveria usar essa palavra? Eles não haviam ficado ficado, mas tinham ficado juntos...fisicamente falando. Juntos no mesmo espaço.

Mesmo que passassem tanto tempo juntos e marcassem encontros, Keith tinha de continuar lembrando a si mesmo que a relação deles não era isso tudo. Eram amigos, no máximo. Parceiros no crime.

Devorou o resto da tortinha, que agora tinha o gosto amargo da realidade que vivia com Lance. Não era mais do que um amigo para ele. Um amigo estranho e recluso com péssimo gosto em filmes. Um amigo estranho, recluso, possessivo, irritante e mau-humorado.

Jogou a embalagem vazia na lixeira como se fossem todos os seus defeitos compactados na forma de um prato de papel. Olhou com desgosto para a coisinha deformada, imaginando que fosse uma versão mais nova de si, chorosa, carente. Se segurou para não cuspir na imagem.

Soltou um sibilo, um “tsc”, se afastando da lixeira e metendo o celular no bolso. Foi tomar um banho para esfriar a cabeça.

O celular tocou enquanto estava debaixo do chuveiro, interrompendo sua música e fazendo sua voz em falsete ser a única coisa ecoando pelos ladrilhos do banheiro durante alguns segundos. Trincou os dentes, incomodado, e lavou o sabão dos olhos enquanto outra música gritava seu toque que já se tornara até irritante.

Secou o rosto e as mãos, desbloqueando o celular que estava em cima da pia, sentindo a água bater quente nas costas, ao contrário da brisa gelada que castigava seu pescoço agora que tinha meio corpo para fora do box.

—Alô? -atendeu, lutando contra a vontade de perguntar quem era a “vossa desgracença” que decidira ligar para ele bem na hora do banho.

—Keith! -a voz de Lance lhe acalmou e confortou, tirando de si um sorriso de viés que fez o frio sobre seu corpo molhado quase valer a pena- Oi! Desculpa não mandar mensagem, eu tô sem 3g e o wi-fi da estação tá ruim e...

—Tudo bem -cortou. Quando Lance decidia se explicar, não parava mais- O que foi?

—Ah, eu só queria avisar que já estou aqui. E saí pelo lado certo dessa vez! -soava orgulhoso- Mas não precisa se apressar, certo? A viagem acabou sendo mais rápida. Tô esperando aqui quando você puder sair de casa.

Mas Keith já estava se apressando. Quase levando o celular consigo para dentro do chuveiro, pediu desculpas pelo atraso e avisou que estava quase pronto, estava quase chegando, estava já na estrada, etc. Lance riu e assegurou-lhe que podia levar o tempo que precisasse. Mandou dois beijinhos e desligou rapidamente. O rosto corado, que lutava contra o frio do banheiro, Keith voltou aos seus afazeres, terminando de enxaguar o cabelo e o corpo.

Arrumou-se mais rápido do que uma bala. Percorreu quase a casa toda a passos largos e ligeiros, pegando chaves, sapatos, escova de cabelo, dinheiro, capacete extra. Pegara um emprestado com seu gerente – só devia devolver sem muitos arranhões.

Finalmente, estava pronto. Checou o relógio e confirmou seu tempo-recorde: dez minutos. Esperou que Lance não estivesse ficando entediado.

Trancando o apartamento e correndo escadaria abaixo até a garagem (para seu azar, os elevadores estavam estragados), o capacete a tira-colo, acenou brevemente para o porteiro e pediu saída. Subiu na moto como se fosse um touro mecânico e simplesmente arrancou pela estrada portão afora, muito provavelmente ultrapassando o limite de velocidade para chegar o mais rápido possível na estação.

Parando diante de um sinal de trânsito, respirou fundo. “Calma”, repetiu para si mesmo. “Ele não vai fugir. Não te daria as costas desse jeito. Ele gosta de você o bastante para esperar.”

Se acalmou. Percorreu o resto do caminho confiante, e, mais importante ainda, respeitando todas as leis de trânsito.

Quando chegou à estação, Lance estava lá, esperando, como havia garantido. Debaixo do capacete, Keith sorriu. Acenou de longe, esperando que o latino erguesse os olhos do celular e o visse. Não aconteceu.

Keith tateou os bolsos à procura de seu próprio aparelho – ao encontra-lo, desbloqueou, digitou o número de Lance e colocou em viva-voz. Acompanhando suas reações de longe, viu o latino se surpreender com a ligação e olhar em volta. Atendeu com um “Oi?”.

—Não se mexa, McClain. Temos sua cabeça na mira de nossos franco-atiradores, e sua coisa mais preciosa sob custódia.

—Oh, não -a voz de Lance era divertida como seu sorriso- Vocês capturaram as enchiladas da minha mãe?!

Keith deu risada. Lance se virou em seus calcanhares, finalmente encaixando o coreano nos quadros de seus olhos e acenou, entusiasmado. Desligando a chamada e guardando o celular no bolso, Keith o observou se aproximar com um sorriso. Ergueu o capacete; provavelmente parecia bobo com o rosto todo amassado pelo acolchoamento do mesmo.

—Essa é a sua máquina?! -Lance indagou quando se aproximou, o queixo caído- É mais incrível do que eu pensava!

—O que, achou que eu dirigia uma Yamaha qualquer? -Keith riu, deixando o outro com cara de bolinho, sem entender a referência- Eu que montei. Sobe.

—Você que montou?!

Lance não parecia parar de se surpreender. Keith jogou o capacete extra em sua direção, baixando o seu próprio. Lance o agarrou e girou-o nas mãos, não fazendo a menor ideia do que fazer com ele. Escondendo o sorriso, Keith gestuou para que se aproximasse e encaixou o objeto em sua cabeça, satisfeito em ver que cabia muito bem.

—Ainda bem que eu encontrei alguma coisa que cabe no seu cabeção -sacaneou- Ou você teria que usar uma tigela de plástico como proteção.

Lance fez caretas de deboche, arrancando uma risada gostosa da parte de Keith. Subiu na garupa adaptada, um pouco sem jeito, tentando se deixar o mais confortável possível.

—Melhor se segurar -o piloto avisou- Eu não dirijo devagar.

—Pois enquanto eu estou aqui, você vai -Lance retrucou- Eu tenho medo de velocidade, ouviu?

O coreano se segurou para não rir de novo.

—Sério, isso?

—Motos são muito imprevisíveis! O parachoque é a sua própria cara!

Keith negou com a cabeça, se divertindo com a situação. Finalmente, era Lance que estava sem graça.

Mas ele se resignou a diminuir a velocidade do passeio, pelo menos daquela vez – e ainda assim não acelerou, arrancou para sair da vaga, tirando de Lance um grito engasgado e esganiçado e obrigando o mais alto a agarrar-se à sua cintura como se fosse sua própria vida. A risada de Keith e o apito do trem se aproximando eram os únicos sons que se sobrepunham ao ronco do motor naquele momento.

Passado o susto inicial, Lance começou a rir também. Ria gritando, cortando o ar, mas não entusiasmado o bastante para soltar Keith, de qualquer forma. Apenas aliviara o aperto.

Lance estava se divertindo.

—Isso é demais! -gritou- Muito maneiro!

—O quê?

—QUE LEGAAAAL!

Passaram por lojas, mercados, cafés e subúrbios. Aos poucos saíram dos limites da cidade até a estrada. Pegaram uma curva sinuosa e uma descida até a orla, se aproximando da calçada onde as pessoas caminhavam, tomavam sorvete e levavam seus irmãos mais novos para andar de bicicleta.

Keith estacionou próximo a alguns carros estrangeiros, por certo turistas. Descendo da moto logo depois de Lance (que puxava os fundilhos da calça, desconfortável, sofrendo o mau de todo garupa em sua primeira vez de moto, depois de uma estrada de paralelepípedos), tirou o capacete e sacudiu os cabelos com os dedos. Ainda estavam um pouco úmidos.

Isso chamou a atenção do Latino, que sorriu de canto.

—Você parece um gatinho.

—O quê? -Keith corou, disfarçando.

—Se sacudindo assim, sei lá -riu- Isso foi estranho?

—Não...não, tudo bem.

Keith coçou a nuca, comprimindo os lábios para conter o sorriso. Lance deu uma risadinha para quebrar o gelo e o cutucou com o cotovelo, encaixando o capacete debaixo do braço.

—Ei, qual é?

Os dois riram de leve. Estavam se soltando.

Keith amarrou os dois capacetes no guidão da motocicleta e meteu as chaves no bolso, chutando um pouco de areia que havia sido soprada para aquela parte da rua com os ventos que vinham do mar.

—Vamos?

—Vamos.

Lance fez um gesto tipo “depois de você”, que Keith acatou, agradecendo com uma reverência exagerada. Então Lance o empurrou e correu na sua frente, e Keith o seguiu, os dois rindo como crianças, competindo em quem chegava na areia primeiro.

Acabaram alcançando a praia juntos. Sorrindo e tirando a franja dos olhos, Keith iniciou um diálogo despreocupado, puxando qualquer assunto que o distraísse do cheiro enjoativo da maresia que já impregnava todos seus arredores e até roupas.

Keith pensou – na verdade, desejou – que a praia estaria vazia quando decidissem fazer sua caminhada, ou pelo menos tivesse algumas faixas de areia mais próximas do arquipélago com espaço o bastante para caminharem sem serem vistos. Mas, ah, a vida não era uma fanfic, e aquele sábado de sol rachando recebia muito mais turistas do que haveriam numa praia em condições normais de temperatura e pressão. Pelo menos, para uma tarde de primavera.

Certo, Keith era exagerado. Não haviam tantas pessoas assim – mas, para quem esperava uma praia vazia em uma tarde romântica, três famílias e dois banhistas isolados já eram uma multidão.

Lance não se importava. Até tirou proveito de brincar com o pastor alemão de bandana no pescoço que se aproximou aos trotes, latindo em tom de brincadeira para o mais velho, que fez “festa” com ele até que o dono o chamasse de longe e o cachorro corresse em direção à água. E, Keith tinha de admitir, realmente não era tão ruim assim que tivessem companhia.

Apesar de estarem ali, cada uma daquelas pessoas estava ocupada demais cuidando da própria vida e do próprio bronzeado para notar dois garotos magrelos caminhando pela praia numa tarde qualquer.

O anonimato permitia que fossem ousados, talvez até íntimos, e mesmo assim Keith tomou um susto quando sentiu a palma de Lance tocar a sua, instintivamente entrelaçando os dedos nos seus quando percebeu o toque carinhoso.

Keith olhou para baixo, para Lance, para baixo de novo, e para Lance. Em resposta, o latino apenas sorriu, deu de ombros e continuou sua história de como o clima de sua casa mudava quando a avó materna estava de visita. Keith ficou bobo com a naturalidade com que aquele gesto havia vindo e permanecido tão naturalmente. Era como se não fosse a primeira vez que sentia a pele de Lance tão de perto – quente, macia, parecia um veludo, tão diferente da sua, grossa e calejada...

Diferente dele, Lance não só não trabalhava em uma oficina, como também não tinha o melhor jeito com trabalhos manuais. Isso se refletia em sua pele, portanto, muito bem cuidada, conservando sua maciez pré-adolescente.

Keith não deixou de sorrir diante do contato. Ouviu a história de Lance parcialmente, pois parte de sua mente ainda estava perdida na função de memorizar todas as linhas de sua mão apenas pelo tato, e a forma que seu polegar acariciava as costas de sua mão, como se não houvesse coisa melhor que pudesse estar fazendo.

Ele se sentiu realizando um sonho apaixonado. Já havia segurado as mãos de outros garotos antes, é claro, mas com Lance...esperara tanto tempo para que ele desse o primeiro passo, sempre se segurando e imaginando que ele não realmente queria aquilo ou sentia aquela mesma atração por ele...que agora estava nas nuvens. Era tudo o que queria: estar ali, naquele momento, com Lance, quando as pessoas em volta não importavam, apenas a conversa dos dois.

A conversa e seus dedos entrelaçados.

Decidiram sentar sobre uma formação de pedras depois de alguns quilômetros, Keith estapeando para longe um pequeno crustáceo que fazia seu caminho em direção à um buraquinho entre as rochas. Ainda bem que Lance não havia visto, ou teria um troço.

Lance era apaixonado pela vida marinha. Se não fosse tão terrível na matéria, provavelmente cursaria biologia marinha na faculdade.

A conversa escalou da família de Lance para os professores mais chatos que tivera no ensino fundamental, depois para mais comentários sobre a família e como todos se tornam fofoqueiros irritantes durante a puberdade de um filho ou sobrinho. Lance estudava em uma escola técnica de período inteiro, o que significava que morava nos alojamentos e só voltava para a casa da família durante os feriados.

Sentia muita falta de sua casa. E, ao contrário dele, Keith não tinha uma família sobre quem contar histórias engraçadas de infância ou uma casa cheia e com cheiro de incenso para onde voltar no Natal.

Também sentia saudades de sua família, mas não da forma que Lance sentia. Sua saudade não seria sanada em um período de algumas semanas de férias. Não seria sanada nunca.

Se distraindo desse raciocínio pessimista que sempre o encurralava em um beco sem saída de auto-piedade, decidiu entrar no assunto, usando como artifício de conexão a pessoa mais próxima de família que tinha presente em sua vida: Shiro.

—Você sabe que o Shiro foi me visitar essa semana, certo? -começou, e o outro balançou a cabeça, concordando- Então...advinhe quem eu conheci no feriado? -sorriu, maldoso, como o gato de Alice no País das Maravilhas.

Recebeu em resposta um olhar de Lance que mais se parecia uma interrogação. Sabendo que o moreno não ia tentar advinhar, soltou:

—Uma tal de...como era mesmo? -fingiu que não se lembrava muito bem do nome- Ah, sim...Allura Altea.

Lance soltou um gritinho ultrajado, pulando no lugar, com uma expressão desolada como se seu castelo de areia tivesse sido varrido e completamente destruído por uma onda muito maior do que ele.

—O quê? Como? Por quê?! Aaaah, não! -gemeu, como uma criança fazendo pirraça- Não é justo! Eu queria apresentar ela pra você primeiro!

—E tem mais... -Keith se sentia um vilão de desenho expondo seu plano maligno de dominação mundial- ...ela é a namorada misteriosa do Shiro.

—O Shiro é hétero?!?

Keith não se aguentou e estourou em uma gargalhada alta, jogando o corpo um pouco para trás e segurando o estômago. Lance largou de sua revolta e riu em conjunto.

—É sério! Como ele pode ser hétero? Pela sua descrição, achei que talvez fosse bi, no máximo!

—Ah, eu não sei, né? -afastou a franja que caía úmida sobre os olhos, embora o sol fizesse um trabalho bem mais rápido em secar seus fios esparsos- Ele sempre pode ser...para ser honesto, eu achava que ele tinha uma paixonite no Matt nos tempos do colégio...

Lance lhe atacou com tapinhas no ombro, curioso para que ele soltasse toda a ficha criminal do tal Matt, incluindo detalhes. Qual era seu nome verdadeiro? Matthew? Mathias? Matilda?

Keith voltou a rir, estendendo a conversa por mais alguns minutos, enquanto o sol, antes alto no céu, começava ameaçar se pôr, mas não estava preocupado com o tempo que passariam ali. Caso escurecesse, sempre podiam pegar a estrada até um barzinho próximo, ou fazer mais uma visita à sua loja de discos favorita, ou...talvez pudessem passar a noite em seu apartamento.

A abertura que vinha oferecendo a Lance para ter acesso à sua intimidade e sua vulnerabilidade chegava a assustar Keith. Era conhecido em seu círculo por ser sempre muito reservado, de difícil contato, formal com as pessoas que acabara de conhecer. Não tinha muitos amigos próximo por isso – demorava a se afeiçoar, e, principalmente, a confiar na pessoa.

Mas com Lance não era assim. Tudo bem, demorara o de sempre a confiar em Lance como uma pessoa e parar de suspeitar que fosse um ladrão de identidades que atacava pela Internet. Porém não demorara quase nada para confiar nele com a alma, se propor a se abrir, e, pasme! Falar sobre os próprios sentimentos. Pessoais e em relação às outras pessoas.

Para Lance, ele já era quase um livro aberto. Bom, não tanto – mas o Lance já o conhecia muito mais do que algumas pessoas com quem convivia diariamente e no entanto não trocava mais de três palavras.

Sua disposição em se expor era o que o assustava. Não sabia ao que isso poderia levar, como poderia machucá-lo...e preferia não considerar essas possíveis consequências.

Lance não parecia propor nenhuma ameaça. Pelo contrário, cada vez mais o moreno se mostrava confortável ao seu lado, atencioso e disposto a ouvir e guardar seus segredos. Por vezes, ele até mesmo mantinha Keith longe de pensamentos negativos ou auto destrutivos só por sua presença constante, seus conselhos e seu sorriso.

Lance era a estabilidade de Keith. Cada vez mais essa observação percebida durante uma noite insone se tornava verdade.

Keith estava amando esse contato – e simplesmente não saberia o que fazer quando ele se findasse.


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Notas finais do capítulo

mereço reviews por esse reencontro~?



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