Sacrifício escrita por Mrs Moon
Notas iniciais do capítulo
Eu chorei escrevendo essa cena e espero que vocês tenham chorado também. Essa era a última cena que
Melissa estava pintando pensativa em sua escrivaninha, as canetas e os lápis coloridos todos espalhados. Seu dever de casa de Arte estava atrasado e além disso, ela queria levar um belo desenho de presente para Jenny e para a Senhora Mason.Enquanto pintava, sua mente divagava nos últimos acontecimentos.
Ontem, seus pais lhe contaram que precisavam ir à Flórida para uma audiência de guarda. Confusa, ela ligou para Jenny que lhe explicou que o juiz iria decidir sobre a sua guarda definitiva. Isso a deixava curiosa, já passou por várias casas adotivas, mas nunca tinha visto o juiz na vida.
Ela suspirou, já fazia oito meses que estava em casa e nesses meses tantas coisas aconteceram. Primeiro, ela se mudou de cidade, ganhou um quarto perfeito e duas casas, muitos avós e tios. Trocou de escola duas vezes, fazendo muitas amigas na última escola. Foi para Londres e estava adorando fazer as aulas de balé. Agora, tinha pais de verdade e teria um irmãozinho.
Ao contrário da maioria das crianças na Casa Verde, Melissa já não sonhava com pais a muito tempo. Nunca gostou de verdade dos pais adotivos, agora ela entendia o motivo. Nenhuma outra família era igual a sua. Ela tinha três avós que faziam todas as suas vontades. Jantava com os pais do seu pai pelo menos uma vez por semana, via menos a vovó Carol, mas ela ligava o tempo todo e vinha sempre vê-la. Seus tios pareciam querer compensar os anos perdidos. Primeiro com presente e agora com atenção. Todos queriam brincar com ela, conversar, conhecer os seus gostos. Eles se empenharam para descobrir os seus desejos e brincavam com ela e com Charlie o tempo todo. Seus pais eram carinhosos e algumas vezes irritantes, suas amigas diziam que todos os pais eram assim…
Seu desenho para a Sra. Mason era da casa do Lago, ela preferia sua casa na Alameda dos Anjos. Mas a Casa do Lago era bem mais bonita para um desenho, com a grande varanda e as árvores crescendo em volta. Melissa ficou tão absorta com a pintura que só percebeu a chegada do pai quando ele estava do seu lado.
— Lindo desenho princesa.
— Que susto! - murmurou a menina pulando da cadeira.
— Me desculpe, mas você estava tão distraída que nem me ouviu bater.
— Tudo bem… - Melissa respondeu aliviada vendo que não tinha acontecido nada de errado com o desenho.
— Está na hora do almoço - Tommy disse para a filha. - Vamos descer.
Melissa concordou e seguiu o pai até a cozinha, lá embaixo ela viu a mãe colocando as travessas sobre a mesa. Kimberly estava usando um vestido estampado com flores cor de rosa muito fresco, ela se sentou rapidamente e recebeu um beijo nos cabelos.
— O que tem para almoçar?
— Spaghetti com almôndegas, salada e para sobremesa sorvete. - Kimberly respondeu sorrindo para a filha.
— Legal - Melissa comentou se sentando na mesa.
Tommy riu e deu um beijo na esposa, Kimberly correspondeu e terminou de colocar a mesa. Fazendo o prato para a filha, Tommy perguntou:
— Queijo no molho, querida?
— Só um pouco - Melissa respondeu terminando de comer um pedaço de tomate.
— Kim?
— Sem queijo para mim - ela respondeu comendo uma garfada de macarrão. Finalmente, os enjoos passaram e ela conseguia comer novamente. - Estou faminta.
— Não vai comer salada? - Melissa perguntou.
— Hoje não querida - Kimberly respondeu. - Seu irmão só quer almôndegas hoje. Talvez a noite.
— Sobra mais para nós - Tommy comentou colocando mais algumas folhas no seu prato.
— Macarrão é mais gostoso… - Melissa respondeu.
Kimberly riu e comentou:
— Susan e Zack nos convidaram para ficar alguns dias com eles em Miami.
— Hum? – perguntou Tommy – Temos opção?
— Na verdade não, ela quer que eu faça uma demonstração para as alunas antes do Pan Global.
— Você consegue?
Kimberly deu um tapinha ofendida no marido.
— Claro que sim! Eu consigo treinar até os seis meses de gravidez.
— Aí! - Tommy reclamou. - O quê acha Mel? Que tal passar alguns dias na Flórida?
— Ok... – murmurou a menina distraída.
— Vamos para Orlando também no fim de semana. Susan conseguiu ingressos.
Os olhos da menina se arregalaram e ela começou a prestar atenção.
— Um dia de princesa para a minha princesa? – perguntou Tommy sorrindo para Kimberly?
— Isso, já reservamos o almoço com as princesas e a transformação.
— Zack e eu também precisamos ir?
— Claro, quem vai carregar as sacolas.
— O quê acha Melissa? Uma tiara para o almoço com a Cinderela?
— Quero uma orelha da Minnie.
— Vamos todos usar orelhas e depois tiaras. Sorvete especial?
— Depois vamos ver a parada?
— E tirar fotos com a Sininho.
— Quando eu era menina, eu tinha um vestido da Bela Adormecida.
— Prefiro a Bella, ela adora ler.
— Parece que Zack e eu vamos ter bastante tempo a sós.
— Vai ser muito divertido.
Melissa concordou sorrindo com o rosto sujo de macarrão. Os dois riram da expressão sorridente da menina.
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A Casa Verde era diferente da maioria dos orfanatos do país, graças a sua origem histórica e a direção eficiente da família Mason, o orfanato se destacava por seu cuidado com as crianças. Para Miranda e sua equipe, achar um bom lar para as suas crianças era pouco. Elas queriam acompanhar a vida das crianças e garantir que elas estivessem bem. Por todo esse zelo e cuidado, tanto os pais adotivos como as crianças queriam voltar para casa.
Além das datas festivas, a Sra. Mason promovia dois jantares anuais onde abrir as portas da casa para receber suas crianças e suas famílias. Nesses dias, ela enfeitava a casa e os antigos e novos moradores da Casa Verde podiam se reencontrar, assim ela matava a saudade de suas crianças e trazia um pouco de diversão para as crianças que moravam na Casa Verde.
Por uma feliz coincidência, a audiência de Melissa seria na manhã seguinte da reunião de Outono. Por isso, Kimberly fez questão que chegassem antes na cidade e arrastou o marido e a filha para a festa.
— Não sei se essa é uma boa ideia - Tommy reclamou colocando o paletó. - Amanhã, nós precisamos acordar cedo para ir a audiência, podemos visitar a Sra. Mason depois.
— Não… - Kimberly insistiu arrumando o colarinho da camisa do marido. - Amanhã é um dia normal, hoje é dia de festa e Melissa irá poder rever seus amigos e ter tempo para ficar com eles. Nós não vamos conseguir vir para a próxima reunião, o bebê já terá nascido e vai ser muito difícil viajar.
- Ok… - concordou Tommy se sentando. - Depois da Disney eu pensei que ia conseguir dormir um pouco.
— Tadinho, está cansado - Kimberly riu e brincou bagunçando o cabelo do marido. - Está ficando velho!
— Preciso de todo o meu sono da beleza antes do bebê nascer - ele brincou e a puxou para o seu colo. Os dois riram e seus olhos se encontraram. Aquele era um olhar cheio de companheirismo e amor, agora, eles estavam felizes com a sua família. Kimberly apertou a mão de Tommy, ele se inclinou e capturou seus lábios em um beijo longo e lento. Seus lábios se unindo em uma dança lenta e sensual, cheia de lembranças antigas e promessas futuras.
— Mamãe! - Melissa entrou interrompendo o beijo dos pais. - Eu preciso de ajuda com o meu cabelo.
— Claro querida - Kimberly se levantou concordando. - Que tal fazermos cachos?
— Eu não posso ir à Casa Verde com cachos! - Melissa exclamou indignada.
— Por quê não princesa, seus cabelos ficam lindos assim.
— Porque as crianças lá não podem nem deixar o cabelo longo, muito menos com cachos.
— Certo… - Kimberly concordou. - Vamos fazer uma meia trança?
Melissa concordou balançando a cabeça.
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A Sra. Mason estava contente observando a Casa Verde cheia com as suas crianças e seus pais, a cada ano mais pessoas vinham para a sua reunião e isso fazia o seu coração se encher de alegria. Era tão bom ver as famílias que ela ajudou a formar felizes, as crianças estavam arrumadas para a festa e corriam livres entre os convidados.
— Sra. Mason - Jenny chamou animada. - Olha quem chegou.
A moça estava usando um vestido elegante vestido de veludo verde, seus cabelos castanhos caindo em cachos pelas costas e brincos de esmeralda nas orelhas. Miranda sorriu ao ver Melissa ao seu lado. A menina tinha crescido bastante nos últimos meses, seus cabelos estavam mais compridos e arrumados em uma meia trança. Ela usava um vestido branco com listras rosas, um sapato branco e meias combinando. O coração da velha senhora queria explodir no peito de alegria, Melissa tinha a aparência de uma criança bem cuidada por sua mãe. Ela não era mais uma menina orfã.
— Como está linda Melissa - Miranda falou se abaixando para ver a menina. Melissa sorriu e a abraçou.
— Senti saudades! - ela murmurou.
— Eu também, querida!
A velha senhora sentiu os olhos se encherem de lágrimas de felicidade, levantou-se vendo os Olivers chegando. Kimberly estava grávida novamente, a sua barriga só estava começando a apontar, mas os olhos treinados de Miranda perceberam imediatamente. Ao seu lado estava o marido sorridente que a cumprimentou primeiro.
— Linda festa Sra. Mason!
— Obrigada Sr. Oliver, fico feliz que puderam vir - Miranda respondeu apertando a mão de Tommy.
— Não perderíamos por nada! - Kimberly respondeu sorridente, a moça brilhava de alegria. Tão diferente da adolescente que a procurou anos atrás. As duas se abraçaram, quando Kimberly olhou nos olhos da velha senhora e percebeu que ela sabia que estava grávida.
— Mas não vai estar aqui no próximo… - Miranda sorriu secretamente, Kimberly olhou nos olhos da velha senhora e lembrou-se que a Sra. Mason foi uma das únicas pessoas que a viu grávida.
— Não! - Kimberly colocou a mão sobre a barriga - Mas é por um bom motivo.
— Fico feliz por vocês - disse sinceramente. - Dessa vez o bebê está seguro?
Kimberly balançou a cabeça concordando, Tommy passou os braços em volta da esposa e respondeu:
— Vamos mantê-lo protegido - olhando para a filha continuou. - Vamos manter os dois protegidos.
A velha senhora viu um flash de brilho verde nos olhos dele e se assustou. Kimberly apertou a sua mão falando:
— Dessa vez posso protegê-los.
— Seus olhos… - a Sra. Mason começou quando foi interrompida por um grupo de crianças correndo.
— Melissa! Vamos brincar.
Melissa saiu correndo em direção às crianças, deixando os adultos sozinhos. Jenny e a senhora Mason ficaram olhando um pouco surpresas.
— Ela não fazia isso antes. - Jenny murmurou, olhando para Kimberly ela comentou. - As vezes, eu nem acredito como ela se adaptou fácil com vocês. Foi tão difícil com os outros pais adotivos. O quê vocês fizeram?
— Não sei - Tommy respondeu. - Acho que nós só cuidamos dela e as coisas foram acontecendo.
— Não foi bem assim… - Kimberly riu. - Melissa não é fácil, no começo ela brigava comigo todos os dias por tudo.
— Ela odiava fazer compras - Tommy lembrou.
— Ela ainda odeia comprar roupas… - Kimberly revirou os olhos. - É uma luta agora que ela está crescendo. Não quer experimentar nada! E eu sempre sonhei em ter uma filha para ser a minha companheira de compras.
A Sra. Mason e Jenny não conseguiram conter o riso, ao ver a expressão de Kimberly.
— Comigo ela sempre foi mais fácil - Tommy respondeu.
— Nossa família e amigos ajudaram, ela também adorou a nova escola - Kimberly balançou a cabeça, pensando no quão era absurdo isso tudo. - Seria impossível ela não se adaptar em sua própria casa.
— Entendo… - Jenny concordou.
— Agora, ela finalmente pode ser uma criança - A Sra. Mason completou e os quatro adultos observaram as crianças brincando.
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A audiência era apenas um de muitas dos dias, o juiz era um senhor negro de cabelos brancos e óculos fundos. Ele e a Sra. Mason conversaram amigavelmente antes da audiência, Jenny estava sentada ao lado da Sra. Mason. Tommy e Kimberly estavam ao lado do advogado que cuidava do caso. Na noite anterior, Miranda disse que Melissa não precisava estar presente e que seria melhor que ela ficasse na Casa Verde com as outras crianças até o final da audiência.
As palavras do juiz eram apenas um zumbido em seu ouvido, Kimberly se sentiu desorientada ao entrar para a audiência. Não conseguia entender nada do que ele dizia, mas Tommy apertava a sua mão e a guiava a cada segundo.
— Diante de tudo o exposto, a guarda definitiva de Melissa Hart Oliver fica com os pais biológicos: Tommy e Kimberly Oliver - olhando por debaixo dos óculos ele continuou. - A família receberá a inspeção de uma assistente social anualmente até a menina completar 12 anos. Qualquer alteração de residência deve ser imediatamente comunicada a essa corte. Se não houver nenhuma intercorrência, o caso será encerrado e a criança ficará somente sob a supervisão dos pais.
Jenny suspirou aliviada, por mais que ela confiasse na felicidade que Melissa aparentava, não podia aceitar que a justiça simplesmente se esquecesse dela. Agora, pelo menos uma vez por ano poderia se certificar que a menina estivesse bem.
— Caso encerrado!
Kimberly só ouviu as últimas palavras e olhou para o marido, Tommy olhou para ela com os olhos cheios de lágrimas. Ele a envolveu em um abraço e falou em seu ouvido:
— Acabou, agora ela vai ficar conosco para sempre.
Kimberly engoliu um soluço e abraçou o marido novamente e chorou em seus ombros de felicidade. Quando conseguiu se recuperar, viu o olhar bondoso da Sra. Mason que a recebeu nos braços para um abraço.
— Meus parabéns!
Enquanto as duas velhas conhecidas se abraçavam, Jenny cumprimentou Tommy e trocou algumas palavras com o advogado deles. O grupo saiu da audiência, todos felizes com o resultado.
— Que horas vocês vão voltar para casa?
— Nosso voo é às 18 horas - Tommy respondeu. - Vamos buscar a Melissa e depois passear um pouco antes de embarcar.
— Ótimo, podemos ir todos juntos.
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Melissa dormiu profundamente depois da festa na noite anterior, mas ainda estava cansada quando eles a deixaram na Casa Verde para ir a audiência com o juiz. Como já tinha tomado café da manhã no hotel, ela ficou brincando no berçário até que as outras crianças terminassem de comer.
O orfanato só tinha um recém nascido e um menino de dois anos no berçário, ela logo ficou entediada ao lado deles. A enfermeira, vendo a reação da menina, deixou que ela fosse brincar no jardim. Logo, as outras crianças chegaram e as menores se reuniram em sua volta para que brincassem no jardim. As crianças a receberam em suas brincadeiras, e ela se divertiu com as mais novas. Quando se sentou para descansar, Anna uma menina um ano mais nova, se sentou ao seu lado e abraçou:
— Senti a sua falta.
Melissa sorriu suavemente para a menina e respondeu:
— Também senti a sua falta…
— Sabia que ia voltar. Agora poderemos brincar no balanço todo dia!
— Eu não vou ficar… - ela respondeu rapidamente, mas a menina a ignorou e correu de volta para o parque.
Melissa sentiu um nó na garganta e seu coração gelar. Será que ela ia voltar para a Casa Verde mesmo? Olhou nervosa para o relógio, já faziam mais de três horas que ela estava ali, daqui a pouco seria a hora do almoço e viriam buscá-las para comer. Seus pais não falaram nada sobre o almoço.
— Eles vão voltar… - murmurou baixinho. Eles precisavam voltar né? Eles não podiam deixá-la ali, suas coisas estavam no hotel. Seus avós a estavam esperando, seu quarto, seus tios e suas amigas. Eles não podiam deixá-la ali, ela precisava voltar para casa.
Mordeu os lábios, apertando as mãos com força no banco. Eles não podiam deixá-la. Ela precisava voltar para casa, eles nunca a deixariam ali. Uma única lágrima rolou do seu rosto.
— Mas eles deixaram antes… - Limpou a lágrima rápido, mas outra já estava caindo. Eles a deixaram ali quando era um bebê e agora tinham outro bebê a caminho. Não precisavam mais dela, seus avós teriam outro neto e não precisavam mais dela. Ela se levantou e saiu correndo para dentro do dormitório.
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A garça silvou alto e Kimberly levou a mão ao coração, eles estavam estacionando o carro em frente ao orfanato. Um acidente causou um congestionamento e ainda não conseguiram voltar para a Casa Verde.
— Melissa! - exclamou preocupada saltando do carro.
— Calma, Beautiful! - Tommy disse confuso. - Nós já chegamos.
Kimberly ficou inquieta até que a Sra. Mason e Jenny saíram do carro e abriram a porta do orfanato. O grupo entrou e ela perguntou para a outra assistente social que os recebeu.
— Onde está Melissa?
— No jardim com as outras crianças! Vou buscá-la.
— Não precisa, eu mesma vou.
Assustada, Kimberly correu pelos corredores seguindo o som da garça, deixando para trás o marido e as assistentes sociais surpresas. Em poucos segundos, ela chegou até o dormitório e procurou aflita. O silvo da Garça estava cada vez mais alto. Finalmente, encontrou a filha deitada em uma beliche no canto de um quarto escuro soluçando.
— Graças a Deus! - Exclamou ao ver a menina, por um segundo imaginou que ela estava sendo raptada por algum alien.
— Melissa! Querida! O quê aconteceu? - Vendo o estado da filha, ela correu e se ajoelhou ao lado da cama assustada.
A menina parou um pouco de chorar ao sentir o toque da mãe, ergueu os grandes, virou a cabeça e viu a mãe. Mais lágrimas escorreram de seus olhos e ela murmurou:
— Mamãe!
— Sim, sou eu querida! - Kimberly disse pegando a filha no colo com lágrimas também nos olhos. Ela abraçou a filha que continuou chorando em seus braços. - Mel! O quê aconteceu querida? Você se machucou?
Melissa não respondeu, mas foi se acalmando e os soluços deram lugar a lágrimas. Kimberly a examinou procurando ferimento, mas não viu nenhum, então só a deixou chorar em seus braços.
— Mamãe! - Melissa repetiu se afastando do colo da mãe e a olhando nos olhos
— Eu estou aqui querida.
— Mamãe… - Melissa mordeu os lábios, mas se obrigou a continuar. - Você vai me deixar aqui?
— Não! - Kimberly exclamou sentindo o seu coração partir ao entender o motivo das lágrimas da filha. As lágrimas escorreram de seus olhos a cegando, com a voz trêmula ela garantiu. - Você vai para casa conosco. Se eu soubesse não te deixaria aqui, é claro que você vai para casa querida! Nós nunca te deix…
— Você me deixou antes… - Melissa interrompeu, os grandes olhos castanhos se ergueram para a mãe tristes.
— É verdade! - Kimberly admitiu, deixando as lágrimas caírem. - Eu te deixei quando era um bebê.
— Por quê? Por que você não me quis?
— Não! - Kimberly exclamou. - Eu sempre te quis, eu te amo filha. Mas eu precisei te deixar, eu senti sua falta todos os dias mas eu precisava te deixar aqui.
Vendo a expressão confusa da menina, ela continuou.
— Você não estava em perigo na Alameda dos Anjos querida! Nós não podíamos te proteger, eu precisava te deixar em segurança - Kimberly soltou um soluço e continuou. - Mas eu senti sua falta todos os dias e eu te amei todos os dias. E agora que você está comigo de novo, eu nunca vou te deixar querida.
Melissa ergueu os olhos para a mãe e muito séria perguntou:
— Promete?
Kimberly deixou um soluço escapar de seus lábios e respondeu abraçando a filha:
— Eu prometo, eu nunca mais vou te deixar. Você vai para casa e nunca mais precisará voltar para cá - Melissa passou os braços em volta do pescoço da mãe e a abraçou forte, Kim beijou o rosto e o cabelo da filha e falou. - Você vai ficar conosco para sempre!
As duas se acalmaram, secou as lágrimas e Melissa murmurou:
— Vamos para casa!
Kimberly concordou e saiu do quarto com a filha nos braços.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Eu chorei escrevendo essa cena e espero que vocês tenham chorado também, mas um choro bom.
Essa cena da Melissa com a Kimberly é a última que existia na minha imaginação, agora, só tem mais um restinho de história. Eu acho que vou sentir muita saudade desses personagens.
Por favor, comentem e me perdoem pela demora.