Sacrifício escrita por Mrs Moon


Capítulo 28
Expectativa


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais para escolher um nome para o capítulo do que para escrever ele. Espero que vocês gostem.



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Durante toda a sua vida, Miranda Mason lutou para preservar a reputação da Casa Verde. O orfanato era considerado o mais seguro do Estado, ela escolhia os funcionários a dedo, selecionava as melhores famílias para as suas crianças e abrigava com segurança e carinho as poucas que não conseguiam lares adotivos. Poucas vezes, a reputação da Casa Verde esteve em risco como agora. 

Os Olivers voltaram no dia seguinte para iniciar o pedido de guarda de Melissa, na mesma semana foi contactada por um advogado trazendo o restante da documentação do casal. O advogado foi bem claro que não mediriam esforços para conseguir a guarda.

Seus contatos responderam rapidamente trazendo as referências de Kimberly Hart e de Tommy Oliver na Califórnia. Ambos foram estudantes exemplares no colegial, não só tinham boas notas, como praticavam esportes e sempre estavam envolvidos em ações de caridade. Começaram a namorar logo depois que se conhecerem e se separaram quando Kimberly foi para a Flórida se dedicar à ginástica olímpica. 

Ninguém na Alameda dos Anjos sabia que Kimberly ficou seis meses afastada dos treinos porque estava grávida. A pobre Melissa era a única mancha na reputação da moça, depois do parto, ela voltou para o treinamento, ganhando medalhas de bronze e ouro para os EUA em duas olimpíadas consecutivas.  Formou-se com louvor na faculdade e começou a dar aulas de ginástica, no ginásio olímpico. A pouco mais de um ano, ela retornou a Alameda dos Anjos, ganhou uma casa do pai e começou a dar aulas no ginásio dos amigos.  

Tommy Oliver também tinha excelente reputação. Ele se formou como um dos alunos mais populares no Colégio da Alameda dos Anjos. Porém, ao invés de ir direto para a universidade, passou dois anos como piloto de corrida e ganhou vários campeonatos. Logo, abandonou as corridas e mergulhou na faculdade. Conseguiu o seu diploma, mas continuou na universidade e conseguiu seu PHD em Paleontologia no último ano. Mesmo ocupado com a universidade, ele também dava aulas de karaté. Seus anos como piloto ainda renderam dinheiro suficiente para que entrasse como sócio investidor de um ginásio e comprasse uma grande casa no lago em Reefside.  

Os dois se reencontraram na abertura do Ginásio na Alameda dos Anjos, voltaram a trabalhar juntos e logo voltaram a namorar, noivaram e se casaram. A assistente social da Alameda dos Anjos garantiu que ambos eram muito conhecidos na comunidade, inclusive, a própria os conhecia e teceu uma rede gigantesca de elogios. 

Eles eram mais do que aptos para adotar qualquer criança, na Flórida ou na Califórnia, não haveria nenhum impedimento para eles retomarem a guarda da filha, se Melissa não estivesse com a guarda provisória dos Mitchells. 

A família Mitchell era uma das mais influentes na Flórida, o Sr. John Mitchell era político e a esposa uma das damas mais influentes da sociedade local. Já tinham adotado três crianças com sucesso e  possuíam condições de lutar pela guarda de Melissa, mesmo contra pais biológicos. Miranda ficava arrepiada só em imaginar o escândalo, por isso, ela decidiu fazer uma visita pessoalmente a Rosemary Mitchell. 

Agora, a Sra. Mason se encontrava na sala da mansão dos Mitchell aguardando a dona da casa. Ela conheceu Rosemary anos atrás quando ela foi a Casa Verde à procura de um filho, triste por não ter conseguido engravidar mesmo com os melhores tratamentos. 

A princípio ela queria um bebê, mas acabou se apaixonando por três irmãos: um menino de 2 anos, uma menina de 6 e mais um menino de 8 anos. Ela e o marido acolheram as crianças e Margareth se sentiu realizada com a maternidade. Seu menor foi para a faculdade ano passado, então, quando viu a casa vazia voltou a Casa Verde para adotar mais uma criança. Já com seus 50 anos procurava uma criança mais velha e Melissa fora uma ótima opção. 

Ao contrário da maioria dos pais adotivos, Margareth já passara pelos desafios de todas as idades e não queria um bebê. Ao ouvir a história da menina ela ficou feliz em trazê-la para casa. 

Absorta em seus pensamentos, Miranda nem percebeu quando a dona da casa entrou na sala:

— Boa tarde Miranda. Que prazer recebê-la em minha casa.

— O prazer é todo meu - respondeu cumprimentando a anfitriã. - Sua casa é linda. 

— Reformei a sala depois que as crianças cresceram - disse Margareth sentando-se - Mas o jardim é a minha paixão, gostaria de conhecê-lo?

— Outro dia certamente - Miranda se lamentou. - Hoje, a visita é a trabalho.

— Que pena! Mas um chá a senhora aceita?

— Claro. 

Margareth pediu que a empregada trouxesse uma bandeja com chá e bolo e depois de servir a Sra. Mason e a si mesma comentou:

— Jenny não vêm esse mês?

— Hoje eu quis vir pessoalmente saber notícias de Melissa - bebericando o chá quente, ela comentou casualmente. - Eu cuidei da primeira adoção da menina, acompanho o caso dela de perto. Como estão as coisas?

Margareth sentou-se mais confortável no sofá e começou a falar:

— Estão progredindo, Melissa é uma criança diferente dos meus outros filhos. Ela brinca muito pouco e passa o dia todo lendo, não faz bagunça. Seu lugar preferido é a biblioteca. 

— E isso é ruim?

— Para mim não, eu já estava acostumada com adolescentes. Mas ela deveria brincar mais, - se lamentou a Sra. Mitchell. - Ela ainda é tão pequena, deveria estar correndo e se sujando como as outras crianças. Mas, ela gosta de colorir e de brincar de bonecas como as outras meninas, só não faz arte como as outras crianças. 

— E o relacionamento entre vocês como está?

— Está progredindo - Margareth suspirou. - Eu acho que ela se acostumou conosco, mas ainda não começou a gostar de nós. Neste Natal meus filhos vieram, ela ficou bem mais animada com a casa cheia e até brincou com os meus netos. Meu marido ficou satisfeito com o comportamento dela. 

— Isso é muito bom. Ela realmente gosta de brincar com crianças pequenas. 

— Eu nunca a vi tão feliz, ela se integrou à família e  me chamou de vovó… - Margareth se queixou. - Antes, ela só me chamava de senhora. Eu sei que foi um avanço, mas… 

— Mas?

— Me senti ainda mais velha - riu Margareth. - Agora falando sério, para mim não é um problema que ela me veja como avó. Eu já tive três filhos e adoro meus netinhos. Só que Melissa não tem uma mãe, toda criança precisa de uma mãe. Eu sinto que ela aceita fazer parte da nossa família, mas que não nos quer como seus pais. 

— Você gosta dela? 

— Gosto sim, ela é uma menina adorável. Bonita, inteligente e tão sensível, eu só gostaria que ela me deixasse cuidar dela. Quem sabe com o tempo! 

Miranda não falou nada e ficou quieta olhando para a xícara vazia.

— Acha que esse é um grande problema? - Margareth perguntou preocupada.

— Não,  você disse que ela se integrou à família. Tratando-se de Melissa esse já é um grande avanço. Mas temos outro problema.

— Qual?

— Os pais biológicos de Melissa vieram procurar por ela. 

— A mãe não a havia abandonado quando era bebê? - perguntou chocada.  

— Sim, ela deixou a filha na Casa Verde, mas retornou para saber notícias. Ela e o pai biológico da menina se casaram e queriam saber se ela estava bem. Como ela não está legalmente adotada, receberam as informações sobre seu histórico. 

— Isso é surpreendente! - Margareth percebeu o tom reticente da diretora e perguntou. - Eles a querem de volta?

— Querem sim, eles entraram com o pedido de guarda - admitiu a Sra. Mason cautelosa. -  Por isso, eu vim pessoalmente lhe contar, como a guarda temporária é sua o juiz irá lhe convocar. 

— Eu estou sem palavras - rindo de nervoso ela comentou. - Eu achei que isso só acontecia em filmes. 

— A vida dessa menina parece um filme. 

— Eles têm condições de criá-la? Não sei se pode me contar porque a abandonaram?

— Tem sim, os dois têm formação universitária e são bem sucedidos em suas carreiras - Miranda continuou - Quando Melissa nasceu a mãe tinha dezessete anos, não contou ao pai sobre a gravidez. Anos depois eles se reencontraram, se casaram e ela contou sobre a filha. Vieram saber se podiam entrar em contato com os pais adotivos, depois que ficaram sabendo de tudo pediram a guarda.

— Meu Deus! - Margareth se levantou surpresa. - Isso é ótimo para Melissa, mas vou sentir falta dela. 

— A guarda temporária ainda é sua, você pode ganhar o processo se quiser adotá-la. - Lembrou a Sra. Mason.

— Mas se eu fizer isso, eu estarei tirando dela a chance de viver com os pais biológicos. - Margareth respondeu. - Não seria justo. Se ela ainda me visse como mãe seria outra coisa, mas eu sou no máximo uma avó postiça.

A Sra. Mason suspirou aliviada, tinha receio que Margareth fosse lutar pela guarda da menina. Sabia que os Oliver 's também fariam questão e não queria um escândalo para a Casa Verde. 

— Eu fico aliviada por entender.  

— Graças a Deus, isso não aconteceu com meus filhos a vinte anos atrás. Eu certamente não entenderia… - a mulher concordou. - Agora é diferente, eu sou mais madura e os laços ainda são muito frágeis. Eu vou sentir falta dela, mas fico feliz que ela tenha os pais de volta. Será que eles manterão contato e posso ser avó postiça dela?

— Primeiro, eles têm que conseguir a guarda temporária e para isso você precisa devolvê-la para a Casa Verde.

— Ela não pode ficar aqui até que eles possam levá-la?

— Seria mais complicado.

— Eu não queria que ela se sentisse rejeitada novamente. 

— Jenny irá explicar tudo para ela e depois vocês poderão conversar novamente.

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Uma das coisas que Melissa mais gostava da casa dos Mitchells é que a senhora, não era grudenta como as outras mães adotivas. Ela se preocupava com o seu bem estar, verificava suas roupas, seus deveres e parava para conversar com ela todos os dias. Mas não pedia beijos ou a tratava como um bebê o tempo todo. 

Mas nos últimos dias, as coisas estavam diferentes. A sra. Margareth aproveitava todos os momentos para ficar perto dela, acordava mais cedo para tomar café, a levava na escola e conversava à noite. A mudança não era de todo inconveniente, mas Melissa ficava intrigada a cada momento. Ela já gostava da senhora, mas não gostava de ser vigiada, Melissa apreciava ter o seu próprio espaço e ficava irritada em estar ao lado de outra pessoa o tempo todo. 

Margareth não era grudenta assim nem com os filhos mais velhos, Melissa percebeu nas férias que ela era uma mãe mais liberal. Que estava sempre presente para os filhos se eles precisassem, mas que não os sufocava e isso a agradava. Talvez até pudesse se acostumar em fazer parte da família, isto é, antes da fase grudenta começar. Agora já tinha as suas dúvidas se queria ficar ali ou voltar para a Casa Verde. 

Quando Jenny veio fazer a visita mensal, ela não deixou de perguntar:

— Tem alguma coisa diferente com a Sra. Margareth?

— Por que diz isso Melissa?

— Ela está bem diferente - respondeu a menina pensativa. - Ela fica o tempo todo do meu lado.

— Você gosta da presença dela?

— Não… - respondeu sincera. - A Sra. Margareth é legal, mas eu não gosto que ela fique do meu lado o dia todo. Ela quer que eu a ajude no jardim!

Jenny riu ao ouvir o tom de indignação da menina, Melissa brava era sempre engraçada, parecia uma mini adulta reclamando. A criança cresceu uns quatro centímetros no último ano, mas ainda era pequena para a idade. Agora, que conhecera a sua mãe, ela sabia que a menina não iria ficar muito alta. Lembrando de Kimberly Oliver, Jenny voltou a ficar séria.

— Vai conversar com a senhora para pedir para ela ser menos grudenta? - insistiu Melissa.

— Não querida, isso seria indelicado - corrigiu Jenny. - E eu sei o motivo dela querer ficar mais tempo perto de você. 

— Você vai me contar?

— Posso sim - admitiu Jenny. - Eu vim aqui para isso. Provavelmente, a Sra. Margareth está mais próxima de você agora porque ela não vai conseguir a sua adoção definitiva. 

— Oh! - murmurou Melissa surpresa. Sem palavras, ela ergueu os grandes olhos para Jenny procurando respostas. 

— Seus pais biológicos apareceram na Casa Verde te procurando e solicitaram sua guarda ao juiz. 

— Meus pais biológicos? - Melissa perguntou vacilante. 

— Sim, a sua mãe  e o seu pai querem você de volta - Jenny observava a menina atentamente, à procura de emoções. Mas Melissa só parecia muito confusa. 

— E a Sra. Margareth?

— Ela também queria te adotar - respondeu Jenny. - Mas o juiz provavelmente vai devolver a sua guarda para os seus pais biológicos. 

— Isso não faz sentido - murmurou Melissa. - Pais biológicos não voltam. 

— Alguns voltam - afirmou Jenny. - Os seus voltaram. 

— Como sabe que eles são meus pais biológicos? - perguntou a garota desconfiada. 

— A senhora Mason conhecia a sua mãe… - respondeu Jenny apertando a mão da menina. - Ela te entregou para Casa Verde pessoalmente quando era um bebê. 

— E agora me quer de volta?

— Quer sim - escolhendo as palavras Jenny continuou. - Ela e o seu pai se casaram e vieram saber notícias suas. Quando descobriram que seus primeiros pais adotivos morreram pediram a sua guarda. 

— Tem certeza que ele é meu pai? - perguntou Melissa reticente. 

Jenny suspirou, a maioria das crianças estaria pulando de alegria com a possibilidade de conhecer os pais verdadeiros, mas Melissa estava irritada e desconfiada. Ela sempre era diferente. 

— Sua mãe afirma que sim, mas o juiz pedirá exames. - vendo a expressão confusa da menina, ela continuou. - Hoje em dia existem exames de dna que podem garantir a paternidade.

— E se ele não for meu pai biológico?

— Mesmo assim, o juiz irá dar a guarda provisória para a sua mãe. - Jenny respondeu tentando se manter calma. 

— Mesmo ela tendo me abandonado? 

— Mesmo assim - disse Jenny. - Normalmente, as mães biológicas ou parentes de sangue tem preferência na guarda das crianças. E ela é uma boa pessoa, não existe nenhum motivo para não conseguir a sua guarda. 

— Boas pessoas não deixam os filhos em orfanatos - respondeu Melissa rispidamente. 

— Mel - murmurou Jenny fazendo carinho no cabelo da menina. - Existem muitos motivos para as mães deixarem os filhos em orfanatos, isso não significa que sejam más, às vezes elas só não podem cuidar da criança. Agora, a sua mãe voltou e te quer de volta. Isso é uma coisa boa querida, você precisa dar uma chance para os seus pais.

— Eu tenho alguma opção? - perguntou Melissa se esforçando para não chorar. 

— Não,  quando o juiz mandar, você vai para casa com eles. 

— E até lá eu posso voltar para a Casa Verde?

— Pode sim… - disse Jenny carinhosamente. 

Melissa finalmente deixou as lágrimas escorrerem pelos seus olhos, Jenny abriu seus braços e a menina a abraçou. Ela pegou a menina no colo e a embalou consolando, beijou a testa da menina e deixou uma lágrima cair também. Seu coração doía, ao ver uma criança tão magoada como Mel, que não tinha coragem nem de amar os pais biológicos. 

— Vai ficar tudo bem! - murmurou. - Você vai para casa querida. 

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Kimberly parou o carro na garagem e sorriu satisfeita ao ver o carro do marido estacionado. Cantarolando desceu com as mãos cheias de sacolas e entrou correndo:

— Tommy! - chamou jogando as sacolas no sofá. 

— Oie Beautiful! - disse saindo da cozinha e beijando a esposa. - Comprou a loja inteira? 

— Comprei - ela respondeu rindo e se jogando nos braços do marido. 

Tommy riu junto com a empolgação dela e a rodopiou no ar. Kimberly riu e erguendo a mão direita fez um carinho na nuca do marido, acariciando o cabelo que encontrou. O riso divertido deu lugar a um olhar de desejo e Tommy se abaixou beijando-a. Eles se beijaram lentamente, as línguas dançando juntas, com o carinho familiar e um fogo lento aquecendo o casal. Eles se separaram para recuperar o ar, as cabeças se encontraram e Kim lembrou baixinho:

— Temos convidados para o jantar!

— Vai queimar! - exclamou Tommy correndo para a cozinha. 

Ela gargalhou e viu Tommy abaixar o fogo do molho.

— Está quase pronto.

— E o frango? - perguntou Kim olhando para o forno. 

— Pronto, já até desliguei o forno. 

— Meu marido é um ótimo cozinheiro - ela deu um beijo rápido nele e pediu. - Você pode descarregar o carro enquanto eu faço a salada? 

— Mais sacolas? 

— Muitas, eu achei uma coleção de livros linda na livraria. Acha que ela vai gostar?

— Com certeza, a Srta. Jenny disse que ela ama ler. Eu encomendei um kit de cientista, mas será que vai caber no quarto? - disse Tommy apagando o fogo do molho. 

— Provavelmente não, mas dá para levar para o quarto de Reefside. 

Duas semanas depois que deixaram a Flórida, a Sra. Mason ligou avisando que uma assistente social da Alameda dos Anjos iria conhecer a casa e o quarto onde Melissa iria ficar. Kimberly ficou radiante com a chance de arrumar o quarto da filha, voltou  a fazer compras com o mesmo entusiasmo da adolescência. Ligou para Jenny perguntando sobre os gostos de Melissa, e ela e Tommy começaram a decorar o quarto da filha. 

Kimberly terminou a salada e subiu para procurar o marido, encontrou Tommy  parado observando o quarto. Ela o abraçou por trás e colocando o queixo no braço de Tommy perguntou:  

— Exagerei, não é?

— Um pouco… - ele respondeu. - Mas eu entendo, estou doido para comprar uma bicicleta para ela.

Kimberly riu e respondeu:

— Melhor esperar o aniversário… - com lágrimas nos olhos ela continuou. = - Eu nem acredito que ela vai estar aqui!

— Nem eu, nós vamos recuperá-la - ele abraçou a esposa beijando a sua testa. O som da campainha interrompeu o momento.

Kimberly e Tommy desceram e abriram a porta para os amigos. 

— Trouxe a sobremesa - Trini entrou com uma torta de maçã na mão. 

— Hum! Que cara boa - disse Tommy olhando o doce. - E o Jason?

— No carro pegando o Charlie. 

— Eu vou ajudá-lo. 

Kimberly e Trini foram até a cozinha, era difícil saber qual das duas amigas estava mais alegre. O grupo de amigos aproveitou a dedetização do ginásio para tirar a tarde de folga e Kimberly convidou os dois para jantar. 

— O cheiro está bom, vocês tiveram muito trabalho?

— Tommy fez quase tudo, eu só comprei os ingredientes e fiz a salada.

— Você tem sorte - comentou Trini guardando a torta na geladeira. - Jason só sabe fazer sanduíches.

— Tenho mesmo - Kimberly respondeu. - Ele cozinha bem melhor que eu, eu passei muito tempo comendo no ginásio. 

Tommy e Jason entraram na cozinha, Tommy carregava duas garrafas de vinho e Jason vinha com o filho nos braços. Charlie já tinha seus seis meses e era um bebê muito fofo, gordinho e sorridente, ao ver a mãe ele bateu palminhas e jogou o corpo para ela. 

— Vem cá meu amor - disse pegando o filho nos braços. 

— Ele está cada dia maior - admirou Tommy. 

— Ele ama comer - Jason respondeu sorrindo. - Tem o apetite do Rocky.

— A comida dele é diferente? - perguntou Tommy preocupado.

— Agora a noite, ele só toma mamadeira - disse Trini. 

— Vamos jantar então, antes que esfrie - Tommy suspirou aliviado. 

A mesa de jantar foi uma das poucas aquisições que Kimberly fez depois do casamento, antes ela e Tommy comiam apenas na bancada da cozinha ou na sala. Mas depois do casamento, junto com o casamento vieram as visitas dos familiares, então, ela precisou deixar a casa mais funcional. O primeiro convidado foi David, depois os Oliver 's, seu pai e a família do primo. Todos pareciam querer ver como o novo casal estava, principalmente, depois de descobrirem a existência de Melissa. Aquela porém era a primeira visita de Trini e Jason. Raramente, os quatro sócios podiam deixar o ginásio sozinhos. 

 - Agora, vocês precisam me contar qual a reação dos seus pais quando contaram que eram rangers? - Jason perguntou enquanto se servia de salada.

— Eu me teletransportei direto para a sala de casa, quase matei a minha mãe de susto - Tommy respondeu abrindo o vinho. - Mas ela entendeu rápido, ela sempre desconfiou que tinha alguma coisa acontecendo no colegial. Mas quando eu contei sobre a Melissa, ela ficou muito brava. Me deu um sermão gigantesco por ser tão irresponsável, eu pensei que ela ia me bater. 

— Já comigo, ela foi tão compreensiva - completou Kimberly. - Ela nunca gostou muito de mim, achei que não iria querer me ver nem pintada de ouro. Mas entendeu tudo e me explicou todo o processo da guarda. 

— Você contou para o seu pai também? - perguntou Trini enquanto dava comida para Charlie. 

— Não, - Tommy passou o macarrão para Kimberly e continuou. - A mamãe contou para ele, mas depois quando ficamos sozinho ele pediu mais detalhes. Queria saber qual ranger eu era, como era dirigir um zord, se eu já tinha ido para o espaço. Ele ficou muito animado.

— Eu acho que meu pai ficaria do mesmo jeito - Jason sorriu pensativo. - Às vezes, eu queria contar para ele. 

— As vezes eu acho que a minha mãe sabe… - disse Trini comendo enquanto alimentava o filho. - Ela sempre me olhou diferente quando eu voltava de uma missão.

— Os rangers do espaço em nossos casamentos é uma grande pista - comentou Tommy sorrindo. 

— Meu pai não tinha ideia - Kimberly se lamentou. - Eu pensei que ele ia ter um ataque cardíaco quando eu contei, ele ficou horrorizado em saber que a sua filha tinha lutado contra alienígenas. Ele me pediu para nunca mais fazer isso. 

— Se ele soubesse quantas vezes foi raptada… - brincou Jason. 

— Ele nem imagina que isso aconteceu - Kimberly completou. - Ele ficou furioso quando contei sobre a gravidez, ele se culpou por estar ausente e não ter nem ficado sabendo, mas depois conversou com a mamãe  ficou mais calmo. 

— Acho que eles não tem muita opção além de aceitar, né? - Trini completou. - Eles vão guardar segredo?

— Eles prometeram  - disse Tommy. - Quando Melissa chegar nós vamos ter que inventar outra história. 

 - Já sabem quando vai ser? - Jason perguntou interessado.

— Não… - Tommy respondeu. - Minha mãe disse que pode demorar meses, o advogado disse que poderia ser antes.

— Vai ser rápido - disse Trini rapidamente ao ver a expressão triste no rosto da amiga. 

— Espero que sim… - murmurou Kimberly com os olhos cheios de lágrimas. O telefone tocou e ela aproveitou para se levantar - Eu atendo. 

Kimberly foi até a sala e enxugando uma lágrima atendeu o telefone:

— Alô!

— Boa noite, eu gostaria de falar com a Sra. Oliver. 

— É ela. 

— Um instante… - a voz feminina respondeu e Kimberly ouviu um click. - Kimberly, tudo bem? 

— Sra. Mason? - a moça perguntou sentando no sofá.

— Sou eu mesma - completou Miranda na linha. - Me desculpe por ligar tão tarde, tivemos alguns problemas com as crianças. 

— Melissa está bem?

— Ela está ótima, aliás é por isso que estou ligando. O juiz concedeu a guarda provisória hoje a tarde. Vocês podem vir buscá-la semana que vem. 

Kimberly sentiu as lágrimas escorrendo dos seus olhos e deixou um soluço escapar. 

— Kimberly? Você me ouviu?

— Sim - a moça sorriu entre lágrimas. 

— Amanhã, eu volto a ligar para combinar os detalhes. Ok?

— Sra. Mason, muito obrigada - disse Kimberly.

— Eu fico muito feliz que tudo tenha dado certo. Boa noite Kimberly. 

— Boa noite! - disse Kimberly desligando o telefone. 

Ela ficou parada no sofá, olhando para o telefone com lágrimas escorrendo pelo rosto. Depois de tantos anos chorando pela falta da filha, agora, as suas lágrimas eram de felicidade. Soluçou e sorriu, seu coração parecia explodir no peito e as lágrimas não paravam de correr de seus olhos. Se levantou e correu até a sala de jantar. 

Tommy se levantou imediatamente quanto a viu: 

— Kim, tudo bem?

— Era a Sra. Mason - respondeu entre lágrimas. - Nós já podemos buscá-la.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo tem um pouquinho de todos. O que acharam da reação da Melissa? Prometo que o próximo não demora.



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