Classe dos Guerreiros - O Ressurgimento escrita por Milady Sara


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Mais um ~



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Aquela viagem estava sendo extremamente desconfortável para os Guerreiros. Todos tinham agonias e pensamentos inquietantes os incomodando, mal interagiam. Até mesmo Caleb e Mia, quem os outros pensaram que seriam aqueles a conversar mais e talvez transmitir aquela boa energia para os outros, sequer se olhavam. Na verdade, Mia não o olhava, parecia evitar a visão de qualquer parte do corpo dele.

Ao entardecer, o grupo ouviu sons perto de onde estavam, mas dentro da floresta e cuidadosamente, foram investigar. Quanto mais chegavam perto, podiam ouvir várias pessoas e o crepitar de fogueiras.

Marin desceu de seu cavalo e com a alabarda em mãos, foi á frente dos outros. Escondendo-se atrás de árvores ela chegou mais perto da luz das fogueiras. Depois de alguns segundos observando, ela fez sinal para que os companheiros se aproximassem.

Era o clã Alighieri, ou pelo menos, parte dele. O grande trem de madeira havia sido dividido, cada vagão contava com dois cavalos e Dante estava ali, ajudando a acender mais uma fogueira, usando sua magia.

— Vamos embora. – sussurrou Mia.

— Por quê? – perguntou Hunter. – É o seu clã, são amigos.

— Vamos embora antes que eles nos vejam!

— Guerreiros?! – falou alto Dante, acenando e olhando na direção deles.

— Viu só? – disse Hunter. – Ele é... – mas Mia não estava ali para ouvir. Ela, Carter e Melanie haviam sumido.

— Olá. – disse o cigano finalmente perto deles. – O que fazem por aqui?

— Assunto nosso. – disse Seth, calmamente.

— E vocês? – perguntou Lena. – Parecem estar faltando alguns.

— Er... – Dante coçou a cabeça, como se estivesse envergonhado. – Nos dividimos. O resto do pessoal está com a Diana. Achamos que assim podíamos viajar para o norte com mais... Segurança.

— Por que estão indo para o norte? – perguntou Marin, desconfiada.

— Olha... – ele coçou a cabeça novamente. - Eu votei contra, eu juro, mas... Os ciganos decidiram fugir para as montanhas. Aparentemente os tais Noctem que vocês me falaram não tem interesse em agir por lá.

— Estão fugindo... – murmurou Derek. – Não acham que podemos protegê-los... – Dante concordou com a cabeça.

— As coisas... Não estão nada boas ultimamente. - ele olhou para trás, para os ciganos sentados ao lado de suas fogueiras. – Preciso proteger os meus. – um silêncio constrangedor se estabeleceu por alguns segundos, enquanto todos pensavam naquilo. – Enfim... Venham ficar conosco! – falou animado. – Qualquer que seja a missão secreta dessa vez, podem se disfarçar com a gente.  – os mestres trocaram um olhar.

— Claro. – respondeu Seth com um sorriso. – Vamos apenas buscar os nossos cavalos. – Dante assentiu e se afastou.

— Estamos desacreditados. – falou Caleb enquanto faziam o caminho de volta. – Os seres mágicos foram para as Ilhas douradas, os ciganos estão fugindo... Isso é humilhante.

— Antes dos Guerreiros, as pessoas sequer queriam passar por Astra, por causa dos demônios que existiam. – disse Marin. – Não se esqueça disso, Caleb. Guerreiros salvaram esse lugar, e vão salvar novamente. – em resposta, o moreno apenas baixou sua cabeça.

Chegando a onde tinham deixado os cavalos, encontraram também os três que haviam sumido.

— Digam que não vão passar a noite com eles. – pediu Mia.

— Vamos sim. – declarou Marin puxando a rédea de seu cavalo.

— Por que vocês sumiram? – perguntou Hunter fazendo o mesmo com seu cavalo.

— Eles não podem me ver. Isso vai... Trazer dor demais... – Carter pôs a mão no ombro da cigana. - Não vou deixar que Dante me veja só pra lembrá-lo de que vou morrer novamente. Ninguém mais precisa sentir essa dor.

— Não me parece a melhor coisa a fazer. – opinou Drica.

— A decisão não é sua. – intrometeu-se Marin. – Se eles não querem ser vistos está no direito deles.

— Mas fiquem perto de nós. – acrescentou Seth apontando para Melanie. – Não vão sair por ai sozinhos.

— Sim, mestre. – disseram os três ressuscitados juntos.

~*~             

Máxima, Médio e Mínima estavam no laboratório de Médio.  Ele mexia em suas vidrarias, a de tranças se encolhia sentada em um canto, e a outra estava de pé no meio do cômodo.

— Oeste é muito longe. – disse Máxima. – Mesmo com as poções de teletransporte, não teríamos como convencer a bruxa a nos ajudar.

— Você nunca pensa na solução mais óbvia. – disse Médio, moendo algumas sementes.

— Como disse? – falou ela como se aquilo fosse um ultraje.

— Eles estão indo para oeste. – ele apontou com uma cabeça para sua grande orbe, onde eram mostrados três pontos violetas. – Já devem saber o que sabemos, e convenhamos, a ave vai se mostrar muito mais facilmente para eles do que para nós.

— Quer que eu os deixe acharem Isis, e depois a capturemos?

— Ela virá até nós se eles vierem. – sussurrou Mínima.

— Então devemos continuar esperando? – bufou Máxima. - Eu odeio esperar.

— Então adiante os planos de invasão. – falou Médio como se fosse óbvio. – Convoque os líderes e lhes dê as ordens, force os Guerreiros a serem rápidos. – e observou o pequeno pó que havia feito. Máxima encarou a orbe com os pontos violetas por alguns segundos.

— Assim será então. – declarou ela indo até a porta. – Mínima! – a de tranças se encolheu ainda mais ao ser chamada.

— Sim?

— Vá ver seu bichinho. Não a deixe sozinha tempo demais.

— É claro.

E Máxima bateu a porta do laboratório.

~*~

Mia observava enquanto todos estavam ao redor da fogueira junto com alguns ciganos. Parecia aconchegante. Ela já não conseguia mais sentir frio ou calor.

Caleb levantou o olhar, e os dois acabaram se encarando por alguns segundos, até que ela se escondeu atrás do tronco da árvore. Melanie havia sugerido aquela árvore por ser perto de onde os outros estavam sem ser perto demais, e como os três agora tinham extrema delicadeza e equilíbrio, conseguiam ficar nos galhos e observar a movimentação sem problemas.

Sentando-se no galho, Mia pôde ver o lenço que Melanie tinha em mãos.

— É seu? – perguntou ela.

— Acho que sim. – disse Melanie. – Foi deixado comigo no orfanato onde eu cresci. Acho que é de alguém clã cigano.

— Posso ver? – pediu estendendo a mão, e Melanie lhe passou o lenço. – Hm... – ela analisou os desenhos ali feitos. – Clã Hobsbawn, tenho certeza. – e devolveu para a outra. – Acho que você tem sangue cigano. - as duas sorriram. Era bom para a de cabelos curtos saber que em algum momento fez parte um grupo daqueles.

— E ai, como a gente faz pra passar o tempo? – perguntou Melanie balançando as pernas.

— Tenho nem ideia. – falou Mia.

— E se a gente... – começou Carter, mas sua voz ficou mais baixa, até sumir e o mesmo cair no chão, sem vida.

— Mas o... – tentou dizer Melanie, mas logo o mesmo aconteceu com ela e Mia. Os três caíram no chão, com os olhos vazios.

~*~

Roy se curvou, apoiando os braços na barra de ouro, em sua varanda e observou o oceano. Era estranho dormir com o barulho das ondas depois de tanto tempo ouvindo grilos e cigarras, mesmo que já estivesse ali há algum tempo.

Suspirou olhando a imensidão azul. Quanto mais tempo ficava nas Ilhas Douradas, mais queria voltar para Astra, para Solomon-Elsa.

Estava em um prédio alto, muito alto, com vinte andares. Nada parecido com o que ele já tinha visto em seu reino. Os elfos eram além de tudo, exímios construtores, mas Roy continuava sem gostar muito deles.

Especialmente depois das reuniões que ele e os outros líderes de Vitaras haviam tido com os reis elfos. Para ele, aquelas criaturas gostavam demais do som da própria voz.

Olhando para cima, viu que a lua estava coberta por uma nuvem, mas mesmo assim deu um pequeno uivo.

— Saudade de casa? – virando a cabeça para a direita, ele viu Nina, que havia feito crescer uma espécie de trepadeira pela parede do prédio, vindo de seu quarto, no terraço, para o dele, no quinto andar. Ela esticou as pernas para frente e sua planta cresceu naquela direção, como se imitasse uma cadeira.

— Sempre. – suspirou ele.

— Sei como se sente. Eu não queria ter partido...  – o vestido dela balançou com a brisa.

— Isso não importa agora. O que importa é convencermos os elfos a trazer todos os seres mágicos, sem exceção.

— Eu não aguento mais essas reuniões.

— Somos dois. – ambos sorriram um para o outro, antes de voltar a comtemplar o oceano.

— Eu quero ajudar... Não quero ficar aqui. – desabafou ela. – Yu não ficaria aqui parada... Ela teria feito algo!

— Marcos sempre diz que devemos ser melhores do que os nossos ancestrais... Mas sendo bem sincero, eu também preferia ajudar de outros modos do que me escondendo como um cãozinho com o rabo entre as pernas.

— Talvez possamos encontrar uma solução. – disse Nina ficando de pé, encarando a linha do horizonte com uma feição destemida.

~*~

Carter sentou-se de um salto, e pôde perceber que Mia fez o mesmo.

— Você viu isso? – perguntou ele, mas a cigana estava ofegante demais para responder então ela apenas assentiu com a cabeça. – Por que...

— Isso foi cruel demais... – gemeu Melanie enquanto chorava com suas mãos cobrindo o rosto. – Pobre Fox...  – as imagens ainda passavam por sua mente. Haviam tido um pequeno e rápido vislumbre da crueldade dos Noctem em seu esconderijo. – Ainda estamos conectados àqueles monstros...  – Carter foi até ela e apenas pôs a mão em sua cabeça.

— Não podemos contar para os outros. – disse Mia. – Só iria preocupa-los.

— Não podemos deixar que cheguem perto deles. – fungou Melanie. – Não podemos. Vão morrer antes que façam qualquer coisa.

— Quando chegar a hora... Nós os deixaremos para trás e iremos até os Noctem. Sem mais mortes nessa guerra. – disse Carter firmemente. – De acordo?

— Sim. – disseram em uníssono as duas garotas.


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Notas finais do capítulo

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