Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 67
Curiosas coincidências


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei que sumi por 4 meses e que isso não se faz. Eu espero que ainda tenha alguém aqui... Assim que defendi meu TCC, consegui um trabalho e mudei pra são Paulo sem meu computador. Esse capítulo foi escrito pelo celular enquanto eu ia e vinha de metrô, mas foi escrito com carinho! Espero que gostem



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A mesma lua que uma semana atrás iluminou o caminho de quatro amigos pela Floresta Proibida em suas aventuras peludas brilhava alto no céu estrelado. James sabia que, mesmo que Lily tivesse respeitado o fato dele chegar atrasado nas rondas ou sair mais cedo na última semana, ela estava morrendo de curiosidade sobre o motivo para tal ausência. 

— Eu quero te contar sobre semana passada, mas não é tão simples... _ Ele admitiu, sem mais nem menos, enquanto viravam mais um corredor deserto fazendo a ronda. Na noite anterior, Lily teve o mesmo sonho com James ganhando o jogo de quadribol e a beijando, e isso não saia da cabeça dela de jeito nenhum.

— Que? _ Lily parecia estar tão absorta em seus pensamentos que nem ouviu o que James disse. Ele passou a mão na nuca, envergonhado por ter soado tão sem sentido. _ Eu não... Não estava prestando muita atenção, desculpa. 

— Deixa pra lá, você parece meio preocupada. Aconteceu alguma coisa? _ Ele parou no meio do corredor e a observou atentamente. Seus olhos preocupados se atentaram a cada detalhe, ela parecia bem e ao mesmo tempo preocupada. Lily sentiu o rosto corar com aqueles olhos castanho esverdeados a encarando da mesma forma que em seu sonho. 

— Só não estou dormindo muito bem, não é nada... _ Ela baixou o olhar e voltou a andar.

— As coisas estão ficando difíceis né? Os NIEMs, a Ordem da Fênix, Você-Sabe-Quem lá fora... _ James passou a mão na nuca, um pouco nervoso. 

— É, mas eu estou feliz com as atividades desse ano. _ Pareceu um ótimo momento para mudar de assunto. _ Aliás, eu estava pensando: seria bom relembrar algumas poções básicas para o pessoal da Ordem, não acha? 

— Você faria isso? Seria ótimo! _ James abriu um sorriso tão sincero que provocou um leve arrepio pela espinha de Lily. "Droga de sonho, droga de subconsciente". 

— Claro, só preciso dos ingredientes. 

— Os marotos podem resolver isso pra você. _ Deu uma piscadela. 

— Eu vou fazer isso da minha maneira. Sem furtos. _ Evans abriu um armário de vassouras e encontrou dois quintanistas aos beijos perto da torre da Grifinória. Revirou os olhos e anotou uma advertência. _ Por que adolescentes tem tanta vontade de se esconder para namorar? _ Resmungou, com a testa franzida.

— Mais privacidade, oras. _ James deu de ombros, como se fosse óbvio.

— Bem, você sabe bem sobre isso... _ Revirou os olhos.

— Ah, qual é Lily... Imagina se, hipoteticamente, nós começássemos a namorar...

— James, eu já disse pra não...

— Hipoteticamente. _ Ela revirou os olhos e assentiu, para ele continuar. _ Você provavelmente não iria querer me beijar na frente de todos os nossos amigos, que iriam fazer um milhão de piadas e zoar de nós dois o tempo todo.

Beijar James Potter na frente de todo mundo, da mesma forma que no sonho, tinha passado de algo absurdo para algo que fazia o estômago de Lily revirar. Ele molhou o lábio enquanto esperava algum comentário vindo dela e não pode deixar de notar os olhos verdes fitando sua boca. _ Lily? O que foi?

— Nada. 

— Você não estava, por acaso, imaginando, não é? 

— É claro que não, James. Boa noite. _ Subiu correndo as escadas do dormitório feminino com as bochechas queimando. "Porque eu senti um arrepio ao imaginar aqueles lábios nos meus? É James Potter, ora bolas! Eu costumava detestar ele. O que foi que mudou?", pensou enquanto se jogava na cama.

x

Uma coisa tinha mudado bastante desde que Lily começou a andar mais com os marotos: sua frequência nas reuniões do Clube do Slugue tinham caído para quase zero. Entretanto, naquela quarta feira ela tinha uma missão muito importante e precisaria usar todo o seu charme e poder de convencimento.

— Boa noite professor! _ Lily deu seu sorriso mais animado. _ Sinto muito por não ter comparecido às últimas reuniões, eu senti muita falta... Principalmente da comida! _ Ela pegou um salgadinho e enfiou na boca, um tanto nervosa. 

— Sim, senhorita Evans... É muito bom vê-la aqui novamente. Como foram as férias de verão? _ O professor Slughorn era pomposo e polido em tudo o que dizia. Lily sabia que teria que conversar bastante antes de finalmente tocar no assunto das poções, mas quando chegou a hora, ela soube exatamente o que fazer. 

— Fiquei muito feliz de saber que você é a nova monitora chefe da Grifinória. É uma pena que seu amigo, o Sr. Potter, não tenha frequentado nossos encontros... Eu sempre soube que ele poderia ser monitor chefe. Com um sobrenome destes, é fácil ser bem sucedido.

Era incrível como James era popular até entre os professores. Ele cumpriu um castigo sendo garçom num dos jantares do Slugue, arranjou briga e uma namorada na mesma noite e ainda assim tem a simpatia de Horácio. Talvez James fosse mesmo legal como todos diziam. Lily nunca quis aceitar isso, mas estava começando a ser convencida disso.

— E o que você está pensando em fazer quando sair de Hogwarts? 

— Eu estou pensando em me tornar uma preparadora de poções, talvez tentar criar uma poção nova algum dia... Seria incrível, não é mesmo professor? 

— Oh, isso com certeza séria um feito digno de entrar na minha parede de retratos! 

— É uma pena que eu não consiga treinar tanto nas aulas... _ Jogou a deixa, com a labia de um maroto e os olhos verdes travessos brilhando.

Ele a puxou para o lado e cochichou: _ Pode pegar o que precisar na minha sala. Tudo para minha pupila. _ Deu uma piscadela, fazendo um sorriso maroto se formar no rosto delicado de Lily. 

Mais tarde, ela voltou para o salão comunal com ar de vitoriosa e com a bolsa cheia, mesmo com o feitiço de extensão. 

— Que cara é essa, ruiva? _ Sirius questionou, depois voltou para o xadrez bruxo e derrotou James com um xeque mate.

— Acho que eu posso ser chamada de marota também... _ Abriu a bolsa para mostrar os muitos potinhos com ingredientes para poções. 

— Arrasou, Lily! _ Sirius gargalhou, tamanha empolgação. _ Eu sabia que ela valia a pena, Pontas... _ Bateu no ombro de James, fazendo o corar e Lily revirar os olhos.

— Como conseguiu? _ Peter perguntou, impressionado.

— Só sugeri que eu estou criando uma poção nova, que poderia ficar muito famosa um dia. 

— Você é um gênio, ruiva. _ James deu um hi-five e um sorriso que fez o estômago de Lily girar. 

Na tarde seguinte, após terminar todos os deveres de casa, Lily partiu para a Sala Precisa. Ela detestava admitir, mas estava um pouco nervosa enquanto separava os ingredientes para cada poção que iria ensinar. Como se a Sala vai e vem soubesse, quando ela entrou haviam algumas bancadas dispostas como numa sala de aula, prontas para começar. 

— Você deixou tudo perfeito, hein? _ A voz de James soou perto da porta. _ Vim ver se precisava de ajuda, está quase na hora que nós marcamos. 

Ele passou a distribuir os caldeirões e potinhos nas bancadas, em silêncio, já que Lily parecia concentrada demais para conversar.

— Euachoquenãovouconseguir! _ Ela quebrou o silêncio, falando alto demais. James correu até ela, que estava parada com as mãos apoiadas sobre o balcão pálida demais para estar bem. 

— Ei, Lily, calma. _ Ele sentiu um pouco de receio, mas mesmo assim a segurou pela cintura e a guiou até um banquinho. Ela estava claramente travada demais para ficar brava, porque o puxou para sentar com ele e apoiou a cabeça em seu ombro.

— Eu... Eu estou tentando manter a calma... Mas estou com tanto medo. 

— Ruiva, todos nós estamos nos sentindo assim. Tentando parecer fortes e despreocupados, mas estamos todos com muito medo do que pode acontecer... _ Ele estava sendo totalmente sincero. Podia querer lutar e estar com medo ao mesmo tempo. _ Todos lêem o Profeta Diário com medo de ter algum conhecido na lista de desaparecidos. Nós criamos a Ordem da Fênix para ficarmos mais fortes, para nós preparar. _ Ela estava assentindo a cada frase, os olhos verdes margeados brilhando para James. _ E é por isso que nós confiamos em você para ensinar Poções. Você é, de longe, a melhor em Poções. Melhor que o Snape. Agora vamos lá, eu tenho certeza que você vai ser uma ótima professora. 

Ela levantou e se preparou para começar a aula quando os outros alunos começaram a chegar. A ficha de James sobre o que tinha acontecido só caiu quando ela estava terminando a segunda poção. Eles ficaram abraçados por cerca de vinte minutos, que pareceram muito menos, mas vinte minutos abraçados conversando, com Lily aninhada em seus braços. E o melhor, ele não quis se aproveitar do momento. James Potter estava bem mais do que só apaixonado pela Evans, ele a amava e queria protegê-la de tudo e de todos.

No entanto, a ficha de Lily só caiu muito mais tarde. James havia ganhado um espaço no travesseiro dela: todas as noites, sem que ela planejasse, algum pensamento sobre ele surgia. Ele tinha ajudado ela a se acalmar como um amigo faz, de forma tão sincera que a fez esquecer do James Potter que um dia a deixou irritada. 

Era curioso como as coisas haviam mudado no sexto ano. Foi uma soma de fatores que fizeram todos eles ficarem cada vez mais maduros, começos e finais de namoros aconteceram de forma tranquila e a convivência foi melhorando a cada dia. Num momento Lily estava namorando Fabian e James, Rose. No outro, Lily arranjou outra pessoa para Fabian e deu um beijo de ano novo em James. Lily ficou brava com James por um beijo roubado e ele teve a ideia louca de criar a Ordem da Fênix. Uma hora ela o odiava e na outra, ele a fazia perder o sono e ficar acordada até às três da manhã pensando em como James sorria com os olhos, não só com os lábios.

Ser adolescente já era complicado, mas lidar com hormônios e uma possível guerra era demais para a mente de Lily. Desconsiderando os pensamentos que Lily estava escondendo no fundo de sua mente, os dias que se passaram se resumiram em aulas o dia todo, muitos centímetros de redação e reuniões da Ordem. Quando finalmente o domingo chegou, era hora de algo diferente e muito mais emocionante: quadribol.

Lily já havia decorado seu maldito sonho com James a beijando no fim do jogo e ainda não sabia, mas esse jogo terminaria bem diferente. O clássico entre Grifinória e Sonserina, que levou todos os alunos para as arquibancadas. O clima ainda estava quente e um pouco nublado, mas ninguém se importou. A disputa estava acirrada e os dois times estavam concentrados demais para perceber algumas figuras pretas surgindo de trás da Floresta Proibidas. 

— O que é aquilo? _ Marlene sentiu um arrepio correr por suas costas. As figuras eram dismorfas e pareciam estar se despedaçando enquanto voavam, se aproximavam do campo cada vez mais. O ar se tornou gelado e uma sensação estranha pairou pelo campo de quadribol. 

Querendo finalizar logo o jogo por causa da sensação estranha e dos gritos que vinham da arquibancada, James decolou para o alto e seguiu o reflexo dourado do pomo pelo céu até que sentiu um ar congelante pairar sobre ele. Em seguida, sua vista apagou.

Quando James abriu os olhos novamente, tudo estava branco demais para ser o campo de quadribol. Ele se sentiu fraco quando tentou abrir os olhos, mas o vulto cor de acaju ao lado de sua cama forçou com que ele abrisse os olhos e procurasse seus óculos.

— Pontas, pelas cuecas sujas de Merlin! _ Sirius estava sendo exageradamente dramático. _ Que bom que está vivo!

— Oi! _ Lily entregou os óculos e sorriu. Ele tentou sentar na cama, mas sentiu sua cabeça girar.

— Ai... O que aconteceu? _ Desistiu de levantar e olhou em volta. Os marotos e as garotas estavam em volta da cama. Do outro lado da ala hospitalar, alguns outros alunos se amontoaram em volta de outra cama.

— Dementadores entraram no perímetro de Hogwarts. Você foi atacado por um, derrubou sua vassoura no Regulus, ele caiu e quebrou o braço. O jogo foi cancelado. _ Remus falou tão rápido que James demorou alguns minutos para absorver. 

— Então nós não perdemos? Minha vassoura está bem?

"Clássico, só se importou com o quadribol", Lily revirou os olhos. Apesar disso, no fundo ela estava feliz por estar tudo bem. Ela só tinha visto dementadores em livros e a visão de um deles fazendo James flutuar sobre o campo de quadribol perdendo cada vez mais a sua força foi horrível demais.

— Dumbledore está uma fera. Foi para Londres confrontar o Ministro da Magia em pessoa. _ Marlene contou, ignorando a pergunta sobre quadribol.

— Sua vassoura está relativamente bem, um pouco torta demais para dizer bem a verdade. _ Peter acabou dando a notícia ruim, mas ela foi rapidamente esquecida graças a horda de sonserinos que parou em frente a cama de Potter.

— Você desmaia fácil demais, Potter. Vai desmaiar quando for auror também? _ Mulciber provocou. Regulus estava ao lado dele, com o braço esquerdo enfaixado.

— Vamos ver quem é que vai desmaiar quando a gente acabar com vocês, seus idiotas. _ Sirius fechou a cara. 

— É, vamos ver... Irmãozinho. _ Regulus deu uma piscadela, parecendo o próprio Sirius por um momento, antes de deixar a Ala hospitalar.

James também tinha sido liberado, então com a ajuda de Sirius ele se levantou e seguiu com os outros para fora da Ala Hospitalar.

— Então, eu... Eu quero dar uma aula na próxima reunião da Ordem. _ Remus ganhou a atenção de todos. _ Vocês sabem, esses dementadores deveriam estar em Azkaban, se alguns conseguiram dar uma volta é por causa de Você-Sabe-Quem. Nós provavelmente vamos enfrentar mais daqueles em algum momento. Mesmo que a gente tenha estudado isso na teoria, ninguém realmente sabe como conjurar um patrono. _ Lily sabia que Remus estava certo e queria se certificar que não veria aquela cena de alguém sendo levantado no ar por um dementador enquanto ele lhe tirava toda a alegria e esperança. Sentia um arrepio só de pensar em James inconsciente, se McGonagall não tivesse intervido ela não sabia o que poderia ter acontecido. 

Por isso, na tarde de segunda-feira todos se reuniram para treinar o feitiço do patrono. Remus tentava lembrar a todos que simplesmente criar um patrono dentro de uma sala segura com todos os seus amigos em volta era muito diferente de conjurar um patrono em meio a uma batalha ou coisa do tipo. Ainda assim, todos ficavam impressionados quando alguém conseguia fazer um patrono corpóreo. James sentiu um frio na barriga ao ver uma corça rodeando Lily e saltitando pelo salão, e fez com que o cervo que era seu patrono corresse atrás dela, arrancando um olhar curioso da ruiva.

— É sério? _ Ela levantou uma sobrancelha. Ele deu de ombros e sorriu para ela. 

Será que isso era uma curiosa coincidência? Ou era o destino pregando uma peça em Lily?

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu ainda não terminei o próximo capítulo, mas o que vai acontecer a seguir é algo que eu venho planejando desde que comecei a escrever essa história! Até logo pessoal!



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