Cartas de um amor desconhecido escrita por A Menina Insegura


Capítulo 5
Capítulo 5




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Era 03h25 da madrugada, eu já devia estar no terceiro sono, quando, de repente, eu começo a escutar um barulho que vinha da minha janela, tentei dormir de novo, mas não estava conseguindo, tive que levantar e ver o que era, quando consegui abrir os olhos e poder ver o que estava acontecendo não consegui acreditar, era o Jack, ele estava sentado na grama no jardim da frente da casa dele chorando muito, estava literalmente, em prantos, eu não sabia o que devia fazer, fiquei pensando por alguns momentos, decidi colocar um moletom e ir até lá, descendo as escadas comecei a pensar se era uma boa ideia, mas quando ouvi você tive certeza que precisava de ajuda.
Assim que eu abri a porta de casa, com cuidado pros meus pais não escutarem, avistei o Jack todo encolhido, encostado na parede da casa dele, sentado na grama, acho que ele tinha se dado conta do horário que já era é que os vizinhos podiam acordar e, então, decidiu fazer menos barulho. Assim que o vi minha vontade era de abraçá-lo e falar que ia ficar tudo bem.
—Oi- Eu digo
—Oi- Ele me responde num tom de voz quase inaudível, mas lindamente perfeito.
—Me desculpe se eu te acordei, não tinha me dado conta do horário e precisava extravasar.
—Tudo bem, nem estava com sono- Minto, como se realmente fosse verdade e eu não quisesse ir dormir.
—O que aconteceu? Olha eu sei que não temos nenhuma intimidade, mas se quiser se abrir, sou todo ouvidos, às vezes faz bem...
—Ah Sofia, continua a mesma não é? Com esse seu grande coração, sempre se importando com os outros.
—Você lembra de mim?- Pergunto extasiada, eu pensava que ele não sabia nem o meu nome e agora além de falar ele, o Jack ainda lembra de mim quando éramos crianças, não sem nem o que pensar, o que eu sei é que meu coração começa a palpitar mais forte e minhas mãos começam a suar.
—Lembro sim, brincávamos juntos antes de eu me mudar, por mais que muitas coisas tenham mudado e o tempo tenha passado, eu não esqueci.
—Nossa- Eu não consegui dizer mais nenhuma palavra, fiquei paralisada, sem reação, meu Deus o que eu faço agora?- Eai? Quer conversar? Pode desabafar se quiser.
—Meu pai é o problema, ele chegou bêbado em casa de novo, mas dessa vez a Alice não estava dormindo, estávamos nós três, eu, a Alice e a minha mãe na sala assistindo TV e ele chegou muito agressivo, corri pro quarto com a minha irmã, fui acalmar e destruir ela, depois que ela dormiu escutei meu pai batendo na minha mãe, fui até o quarto para defendê-la, acabei apanhando no lugar dela, ela entrou em pânico, coloquei meu pai pra dormir na sala e fui ver se ela estava bem, fiquei com ela até ela pegar no sono, pra ter certeza de que ele não voltaria, fui pro quarto, mas não consegui me acalmar, estou cansado de tudo isso, ele já faz isso há cinco anos, não aguento mais, pra não acordar ninguém em casa eu vim pra cá. Meu Deus, devo estar muito desesperado pra falar com alguém assim na lata, geralmente, sou mais fechado. Ou talvez eu saiba que posso confiar em você, Sofia.
O que eu faço agora? Me meti numa sinuca de bico, como sair?
—Nossa Jack, quanta coisa pra processar, desculpe, se você procura por palavras de consolo, não as tenho aqui agora, mas se quiser companhia estou aqui a disposição, se precisar de um ombro para chorar, de um ouvido para desabafar, estou aqui, quero ajudar.
—É exatamente disso que eu preciso, estou cansado de ficar por aí e me sentir sozinho, Sofia, eu sei que você pensa que eu não sei que você existe, mas a verdade é que eu não te esqueci, quando eu voltei para a Inglaterra meus pais estavam tão ocupados, era tudo novo, mas familiar sabe? Não sei se você entende, mas você já tinha seus amigos, eu fiquei com vergonha, pensei que você quem não lembrava de mim, você já tinha seus amigos e eu era "novo" ali. Mas eu nunca esqueci das nossas brincadeiras, das vezes nas quais te contei meus segredos, você era a minha confidente, eu sabia que poderia te contar qualquer coisa e que você além de guardar para si, ainda iria me ajudar caso fosse necessário, sempre admirei isso em você, essa enorme vontade de ajudar e se importar com os outros.
—Nossa Jack, sério? Muito obrigada. -Senti minhas bochechas ficando quentes, estava morrendo de vergonha, mas estava escuro, ele não iria perceber- Devo admitir, você voltou mudado, a gente nunca mais se falou, nunca mais conversamos, mas acho que a vida é assim, esse vai e vem de pessoas e amigos. O mundo é um mar de conhecidos que não se conhecem.
—Essa é a mais pura verdade. Você e suas frases de impacto, sempre a palavra certa na hora certa, não sei como você faz isso.
Naquela altura do campeonato já eram três da manhã, ficamos ali sentados na grama, conversando até as 04h30 até que decidimos ir dormir, as 06h30 tínhamos que estar de pé, eu estava tão cansada que capotei em cinco minutos. O que dizer daquela noite? Não sei explicar o que aconteceu, nem como me senti, o que sei é que não estava esperando nenhuma daquelas palavras que saíram da boca do Jack, isso só aumentou as minhas esperanças, como será amanhã na aula? Será que ele vai vir falar comigo? O que vai acontecer agora? Eu não sei...


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