Após pedir que uma menina distraísse a Star argumentando sobre “coisas de garotas” (o que não era difícil), segui o meu adversário enquanto este retornava para casa, pensativo.

Marco não era atraente ou detentor de algum talento extraordinário, por isto, soava inacreditável uma derrota para alguém como ele. Quer dizer... Como alguém iria gostar dele? Inexplicável.

Emergindo do chão, estacionei minha ilustre carruagem, interrompendo o caminho do meu adversário. Imediatamente, ele se preparou para deferir alguns golpes de caráter, fazendo-me rir pela prepotência.   

Eu desci lentamente, retirando os óculos escuros quando Marco ameaçou:

— Não vou permitir que faça mal a Star.

— E o que você pode fazer contra mim? – Interessei-me, capturando os agressivos pulsos com minhas chamas e o puxando para mais perto.

Ele não respondeu. Esforçava-se para escapar como um pequeno coelho. Eu caminhei e, passando o braço em torno do seu ombro, disse quase por um sussurro próximo ao ouvido ultrajante:

— Mas, hoje, eu não vim pela Star.

— Como assim? – Paralisado. Não compreendia. – O que você pretende?

— Vamos sair. Eu e você. – Informei, conduzindo-o para dentro da minha carruagem. Ele caminhava sem perceber tentando processar a informação.

— Espere. –Fixando os pés ao chão, não prosseguia, tentando escapar do laço de chamas em volta dos punhos. – Eu não quero sair com você. Tenho que voltar para casa.

Eu respirei. Tinha vontade de arremessá-lo dentro da carruagem, prendê-lo em meu quarto, sem direito a uma palavra. Senti meu sangue correr mais quente, mas isto estragaria tudo. Num instante, meus olhos trocavam de cor. Droga! Eu precisava me acalmar.   

— Marco... – Vá embora, fúria. Acariciando a linha daquela bronzeada mandíbula, guiava o irritado rosto para mim, comentando casualmente. - Acho que devemos nos conhecer melhor.

Ele retribuiu o olhar com uma interrogação no rosto.  

— Pela Star. – Pensativo, ele refletia aparentando concordar. - Eu encontrei uma ótima, quer dizer... – Eu pouco sabia sobre as preferências daquele humano. - Um ótimo restaurante de nachos.

Um pouco desconfiado, novamente, ele me fitou, analisando-me. Deste modo, eu desfiz o laço de chamas e me afastei dando um falso espaço para sua decisão, pois se decidisse escapar, eu o arremessaria dentro da carruagem e só o libertaria quando não conseguisse parar de pensar em mim. Todavia, para minha surpresa, ele adentrou repetindo:

— Pela Star.

 Finalmente partimos. E agora... Onde eu encontraria um restaurante de nachos? Acho que deveria levá-lo para outros lugares primeiro.