Capítulo Quatro.

Aqui. Clarissa, pare aqui.

Okay. E pelamor, é Clary ok? CLARY!

Ouvi risadas na minha cabeça enquanto eu parava. Jacob se afastou e quando não pude mais ouvi-lo, percebi que tinha voltado a sua forma humana.

E agora? Cadê a Leah com roupas pra mim?

Você pode voltar, ela está esperando.

Hmm, ok. Obrigada.

Fui ficar atrás de uma árvore e depois de ter certeza que ninguém me veria, me concentrei e pude voltar facilmente. Acho que estou pegando o jeito!

Não demorou muito para um par de mãos aparecerem do lado do tronco que eu estava, acompanhada de uma voz debochada que pertencia à minha meia-irmã:

– Pegue a sua, na verdade minha, roupa, irmãzinha.

– Obrigada. – murmurei, desenrolando a peça que revelou ser um vestido de alcinhas muito comprido pra mim. O vesti rapidamente e percebi que estava certa: ele estava na altura da minha canela. Comentei brandamente enquanto saía de trás da árvore. – Sabe, Leah, eu não ligo para esse seu sarcasmo ou deboche.

– Deveria, querida irmã. – ela disse e eu ri. Sim, eu ri. Acho que eu gosto da Leah!

– Ok, vou tentar, querida irmã! – fui sincera e tenho certeza que ela não gostou de saber que não me afetava.

– Hey, vocês duas! Estamos esperando! – ouvi algum deles gritar e Leah e eu bufamos. Isso está ficando estranho.

Arrumei as alças do vestido floral que não tinha nada haver com o meu estilo e olhei mais uma vez para o comprimento.

– Você devia ser modelo, sabe. – falei, Leah apenas olhou para mim e eu continuei: – É muito alta e posso ver que é bonita mesmo fazendo essa carranca.

– Você por acaso está tentando me agradar? Porque se tiver, acho melhor parar aqui. Não vai conseguir. – dessa vez quem fez careta fui eu.

– Na verdade não, mas, deixa pra lá. Vamos logo. – posso estar louca, mas juro que vi Leah sorrir. Olhei outra vez pra ela, mas não vi nenhum sorriso lá. É, acho que essa história de lobo me afetou.

Nós duas caminhamos até chegarmos à uma pequena clareira, ali haviam sete garotos. Jacob e Seth eram os únicos que eu reconhecia. Todos sem camisa. Lobos. Perdi um tempinho examinando os atributos de alguns deles, mas rapidamente desviei o olhar pra não dar muito na cara. Mas é claro, não passei despercebida para um deles – que piscou para mim e eu corei sem querer. Olhei para o que estava em pé mais próximo de nós, que parecia ser o líder.

– Você é Sam, certo?

– Sim.

– Prazer em conhecê-lo. Eu acho. Bom, err, vocês são mais do que eu pensei.

Quando falei, percebi que eles olhavam pra mim de um jeito estranho.

– Tem algo errado comigo? – pedi, meio envergonhada.

– Não, é com eles mesmo. Nasceram idiotas. – Leah disse e revirou os olhos. Rimos.

– Não é que... É estranho ter uma mulher no bando. – comentou um deles, que tinha um sorriso fofo direcionado para mim. Sorri de volta. Ele era bonito, ok?

– E eu sou o que, cabeçudo? Um grande pedaço de estrume? – reclamou Leah e todos riram. – Não importa.

– Ok, agora que vocês já se divertiram podem explicar por que demônios eu virei um bicho peludo e enorme? – pedi meio grossa, qual é, tenho certeza que você também falaria assim se tivesse acontecido contigo! Humpf.

– Certo, Mini-Leah. – disse aquele que tinha piscado para mim. Bufei, dizendo:

– Eu não pareço com a Leah! – ao mesmo tempo que Leah dizia:

– Ela não se parece comigo! – nos encaramos e rolamos os olhos.

Quando viramos para olhá-los, eles começaram a rir da nossa cara. Não resisti e acabei rindo também, até a Leah riu um pouco.

– Ok, talvez, só talvez, sejamos parecidas – disse.

– Mas não completamente – acrescentou ela rapidamente.

– É. Mas, no final das contas, somos irmãs – eu falei baixo, para ninguém em particular. Cara, isso era estranho. De um dia para o outro eu descubro que tenho uma irmã e ela me trata mal, no outro dia, quando estou me acostumando com a idéia de não tê-los por perto, viro uma loba gigante e aqui estamos nós tendo um momento amigável. Ou algo perto disso.

– Isso mesmo! Minhas irmãs mais velhas muito lindas, tirem o olho, garotos. – é, parece que eles tinham ouvido. Seth sorriu e eu retribuí meio sem graça ainda, como se não tivesse ocorrido nada ontem. Era legal eu ser chamada de irmã, já que sempre fui só eu e minha mãe.

– Vai ser difícil... – murmurou aquele engraçadinho que tinha um corpo incrível.

– Cala a boca, Paul; ou eu calo pra você! – Leah exclamou.

– Só se for com um beijo! – ele levantou uma sobrancelha, sugestivo. Todos riram alto e zoavam, menos é claro, Seth e a própria Leah. E eu? Sorri um pouco, tentando ser discreta. Depois disso, Sam fez todos os outros ficarem quietos.

– Você quer saber o que aconteceu, não quer, Clarissa? – nem me dei ao trabalho de corrigi-lo, estava muito mais interessada no que ele tinha a falar.

– Claro que quero! Mas primeiro vamos começar direito, Sam. – virei-me para os outros e disse: – Olá, sou Clarissa Souza...

Parei, meio incerta. Olhei para Seth e ele sorriu me encorajando.

– Clearwater. – terminei. – Mas prefiro ser chamada de Clary.

- Hey Clary, eu sou o Paul. E esse aqui do meu lado é o Jared. – disse o engraçadinho.

- E aí? – Jared me cumprimentou. Apenas sorri em reconhecimento.

- Embry Call – disse o garoto de sorriso lindo, é lógico, sorrindo. Sorri largamente. Apertei sua mão.

- É um prazer. – falei ainda sorrindo. Senti que estava sendo observada e virei de costas na direção daquele olhar de orbes escuras que me prenderam sem minha permissão. Jacob.

Do nada, ou me pareceu assim, ele disse: - Já me conhece.

- É-é – gaguejei, saindo do “encanto”.

- Faltou apenas o Quil – Embry disse, chamando minha atenção de novo para ele. Olhei para o único que ainda não tinha falado e acenei.

- Oi Quil. Nome engraçado. – falei risonha. Ele fez careta.

- Há há, como é engraçada! – disse, mas depois sorriu. – É uma honra ter uma garota tão linda no bando.

Vi Jacob lançar um olhar fulminante à Quil, que deu língua pra ele. Achei aquilo suspeito, mas fingi que não tinha visto nada.

- Certo, - procurei com o olhar um lugar para sentar e tudo que vi foi um tronco quebrado. Vai ser lá mesmo! Sentei-me e disse: - Você pode explicar tudo agora.

- Lá vamos nós de novo. – Quil murmurou para Embry, mas todos ouvimos apesar de ignorarmos.

Todos se sentaram, exceto Jacob que continuou de pé de frente para mim, distante.

Sam contou, contou tudo e eu interrompia a narração quase freqüentemente. Vampiros. Vampiros!? Sério mesmo??? Essa é a explicação de tudo isso? É claro, como se não bastasse eu ser uma loba, tinha que ter como obrigação proteger um lugar – onde eu só estivesse uma vez, devo acrescentar – de vampiros. Contou que eles têm procurado por uma vampira em particular, mas que eu não devia me preocupar com ela agora, ainda tinha que treinar para poder participar de uma caçada (e isso estava ótimo para mim, sério). Disse também sobre o trato que tinham feito com os Cullens que são os vampiros que vivem aqui e todas as regras que eu preciso saber. A vampira ruiva, que era o atual problema deles, estava sendo caçada também por esses tais vampiros bonzinhos.

- Mas, o que ela quer? E porque os Cullens a vêem como ameaça? – a pergunta que não queria calar. – Deve ter algo aqui que a interesse muito. Ninguém se arriscaria tanto.

Todos pareceram surpresos por eu perceber tão rápido o ponto. Sam e Jacob trocaram olhares e vi Jacob abaixar a cabeça. Então Sam disse:

- Ela quer uma garota. Bella Swan.

OMFG. Bella? Aquela Bella de hoje mais cedo?!

- Bella? Uma branquela de cabelos castanhos? Que namora um cara que consegue ser mais pálido que ela e dirige um conversível? E — me interrompi ao ver que todos os outros me olhavam abobalhados. Seria engraçado se eu não estivesse abobalhada também.

- Você conhece a Bells e o Cullen? – Jacob perguntou raivoso e rosnou ao dizer a última palavra. Congelei.

- Cullen?! Edward... é um vampiro?

Cidade pequena é uma benção! Aff.