De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 30
Capítulo 29 "Depois Daquela Noite"


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey, hey minha galera lindaa! Estava com saudades de vocêês, desculpem-me pela demorazinha, tive outro daqueles malditos bloqueios, mas estou bem agoraaa!
Preparei esse capítulo especialmente para BUGAR com o cérebro de vocês ahahah.
Espero que entendam a Bia, e não fiquem com raiva dela, algumas coisas são realmente difíceis de falar.
Sem mais spoilers, vamos ao capítulo!!!



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 Beatriz

Bati na porta da casa do Samuca com tanta força que tinha certeza que havia machucado minha mão, mas eu estava desesperada, precisava conversar com alguém mesmo que já fosse quase de madrugada. Merda, o que eu havia feito? Por que só faço bobagens?

Mas é a mãe dele quem atende a porta, o que faz com que eu grite um palavrão mentalmente. Devia ter ido atrás da Vivi, mas ela começaria a gritar e acordaria toda a vizinhança se soubesse o que eu fiz depois de fazer sexo com o Duda.

—Oi, desculpa o horário, mas posso falar com o Samuca? -perguntei, torcendo para que a senhora que parecia ter menos de quarenta anos percebesse meu desespero e o chamasse imediatamente, mas ao invés disto ela apenas me olhou com reprovação, provavelmente achando que eu era uma daquelas adolescentes malucas que passam a noite fora de casa fazendo bobagens, mas eu não teria como negar.

—Ele está dormindo! -ela respondeu em tom de reclamação, parecia estar em duvida se chamava o Samuca ou a polícia.

—É urgente! Eu não estaria aqui se não fosse. Por favor!

Ela percebeu que eu estava prestes a começar a chorar, porque logo em seguida entrou novamente para dentro, deixando a porta entre aberta e chamou por Samuca.

Ele apareceu do lado de fora com o cabelo mais bagunçado que o normal e usando um pijama do filme Carros, mas eu não estava em um bom momento para fazer piadinhas.

—Bia, o que aconteceu? -ele perguntou preocupado ao me encontrar ali. -Alguém se machucou?

—Não, não foi isso. Desculpe ter te acordado.

—Não, eu não estava dormindo. -ele respondeu enquanto pegava um casaco pendurado perto da porta e finalmente saía de casa para conversarmos. -Na verdade, eu estava pensando na Vivi. Por que não me ligou? -ele perguntou.

Meu celular estava na minha casa, e se eu fosse até lá agora minha mãe me encheria de perguntas, e eu teria que convencê-la que estava na casa da Vivi.

Samuca se sentou a beira da calçada olhando para a rua completamente vazia, escura e calorenta. Eu comecei a andar de um lado para o outro, nervosa, pensando em como explicaria a situação.

—Então, que merda você fez dessa vez?

—Ok. -murmurei e me sentei ao seu lado. -Eu e o Duda passamos a noite juntos!

—Não passaram não.

—Passamos sim! -insisti.

—Não, não passaram. Ainda é a noite, e você está aqui!

Ergui as sobrancelhas, o olhando irritada até que ele finalmente entendesse.

—Ai meu Deus, vocês transaram?

Dobrei os joelhos, começando a bater minha cabeça neles seguidas vezes, enquanto esperava ele dizer mais alguma coisa.

—Não é tão grave assim, pelo menos ninguém morreu. Ninguém morreu, certo?

—Samuca! -o reprimi.

—Certo, bem… eu… vocês usaram… se protegeram?

—Ai meu Deus! Claro que sim, Samuca. Não estou aqui atrás de uma aula pós sexo, o que você saberia sobre isso? Estou aqui pelo que aconteceu depois disso.

—E o que foi que aconteceu?

—Ele disse que me ama.

Samuca permaneceu em silêncio como se apenas estivesse esperando que eu completasse a frase, mas como não aconteceu, ele perguntou:

—E…?

—E eu não disse de volta.

Samuca abre a boca para dizer alguma coisa, mas não sai nada. E é nesse breve momento que me lembro de tudo outra vez e tenho vontade de vomitar.

Flashback

Respiramos fundo, ainda com a respiração ofegante. E só então percebi: acabei de fazer sexo pela primeira vez… com o Duda!

Levei meus olhos a ele ao mesmo tempo em que ele me encarou, mas ao contrário de mim, o olhar dele estava repleto de carinho, como se tivesse acabado de ter a melhor noite de sua vida. Levou suas mãos aos meus cabelos e começou a fazer cafuné, ao mesmo tempo em que abriu um sorriso extremamente fofo, que me fez incontrolavelmente sorrir também, mesmo que eu ainda estivesse assustada. Me deitei em seu peito, pensando no que diria agora, mas ele é mais rápido.

—Isso foi bom.

—Não posso contrariá-lo. -respondi me aconchegando ainda mais nele. Ele sorri novamente, e é nesse momento que acontece.

—Eu amo você! -ele sussurrou baixinho, como se fosse o maior dos segredos.

Levantei a cabeça para encará-lo. O sonho acabou; estou de volta ao mundo real! Sei disso pela expressão do Duda quando vê meus olhos arregalados e percebe o quão assustada a frase me deixou. Estou de volta ao mundo onde passei a vida inteira me escondendo para não acabar magoada, e quando ele diz a frase mágica é como se eu tivesse falhado, sou frágil de novo. Adeus, sonho!

Tentei responder alguma coisa, um “eu também” ou até mesmo um “obrigado”, mas pareceu que meu corpo começou a se mover sem minha permissão, e de repente, estou de pé, procurando por minhas roupas o mais rápido que consigo.

—Bia, o que você está fazendo? -Duda perguntou, agora também parecia estar assustado.

—Desculpa, não consigo. -eu disse rapidamente, enquanto colocava minha blusa e desistia de procurar o sutiã.

Corri dali o mais rápido que consegui. 

—ESPERA AÍ! -Samuca gritou, me interrompendo enquanto descrevia a cena para ele também. -Vocês transaram, mas quando ele disse que te ama, você saiu correndo assustada, que irônico, não?

—Não estou procurando a ironia, me sinto como se estivesse acabado de atropelar um filhotinho.

—Ah, o nome disso é culpa. Também me sinto assim ultimamente. -ele respondeu, e nós dois respiramos fundo ao mesmo tempo, exaustos.

—Não convém ficar chateada se vocês ainda não conversaram sobre isso. Ele te conhece, sabe que você não é do tipo que diz “eu te amo” , ele disse que teria paciência e te esperaria, não disse?

—É, ele disse. -respondi, pensando no dia em que ele disse exatamente aquilo.

—Tá. Eu só não entendi ainda porque você não respondeu, quer dizer, é evidente que está apaixonada por ele, o contrário não estaríamos sentados na calçada na escuridão agora.

—Não estou pronta.

Ele pensou sobre isso, ficando em silêncio, e depois perguntou:

—E por que não foi atrás da Vivi?

—Ela vai gritar, e eu não quero ouvir gritos agora. -respondi, e só então percebi o quanto Samuca era essencial na minha vida, logo agora que ele também iria embora. 

Samuca assentiu com a cabeça, e nesse momento coloco a minha cabeça sobre seu ombro, me sentindo derrotada pela parte negra e insegura que vive dentro de mim.

Samuca

—Quem era? -Rafael perguntou, se jogando ao meu lado no sofá.

—Bia. Ela se meteu em outra confusão. -contei a ele, e logo em seguida respirei fundo enquanto pensava em como ela conseguia se meter naqueles problemas, mas eu sabia a resposta: o medo de se decepcionar evita que tentemos coisas novas, que sintamos em excesso, é como se estivéssemos a beira do portão da felicidade e um alarme começasse a apitar em um som alto e irritante: você vai se decepcionar, você vai se decepcionar.

—Ela respira confusão. -Rafa murmurou quase rindo, mas eu permaneço calado pensando no meu alarme. E se meu alarme foi a viagem a Los Angeles, e se eu precisar desligá-lo e continuar a viver minha felicidade, eu não posso ir embora.

—Você precisa ir embora! -Rafa afirmou como se estivesse lendo meus pensamentos. Respirei fundo.

—A Vivi é...

—A melhor coisa que já te aconteceu, eu sei. Sei também que mudar pra cá foi o porto seguro que você conseguiu encontrar depois da sua traumática infância, e sei que mudanças são assustadoras, principalmente quando tem que deixar sua garota, seus melhores amigos e sua mãe, que mesmo aparecendo do nada, tá mexendo com você agora. Mas faz parte do nosso crescimento, é assim que se descobre quem realmente é.

—Eu tenho tudo que eu quero aqui, cara.

—Se for pra você e a Vivi permanecerem mesmo juntos, vocês vão conseguir superar ate mesmo a distância, ou então vão se encontrar daqui a alguns anos quando você for um popstar famoso e vão começar de novo.

—O que estão fazendo? -Binho disse, aparecendo na porta do quarto, assustado por nos ver sentados no sofá da sala totalmente escura. Mas ele apenas se sentou entre nós e começou a falar:

—Você precisa dar um jeito na sua mãe, eu cheguei da escola e ela estava mexendo na minha gaveta de cuecas.

Eu e Rafa soltamos uma risada.

(…)

Quando os dois vão dormir, eu procurei por uma caneta, peguei a agenda na mesa de centro e meu violão no quarto, e escrevi. Escrevi três folhas inteiras até perceber que tinha uma música.

.Beatriz.

Estava prestes a enviar uma mensagem de desculpas a Duda, quando Vivi invadiu meu quarto na sexta-feira cedo, ela já estava uniformizada e com a mochila nas costas, mas me encarou por alguns instantes, provavelmente percebendo minhas olheiras e a guitarra na minha cama, perguntou:

—O que aconteceu?

Desisti de mandar a mensagem e me deitei sobre a cama.

—Eu e o Duda transamos. -Por favor, diga alguma coisa agora. Mas ela só permaneceu em silêncio e se deitou ao meu lado na cama.

—Bom, isso explica as olheiras.

—Eu sei que a gente tinha combinado que só faríamos depois do terceiro ano.

—Eu nem lembrava do nosso acordo, Beatriz. Apenas me diga por que raios você não está deitada ao lado dele agora e sim com sua guitarra?

—Depois que fizemos eu enlouqueci.

—Defina enlouquecer!

—Ele disse que me amava, mas eu saí correndo sem responder, e acho que deixei meu sutiã lá. -expliquei tão rápido que fiquei com dúvida se ela tinha entendido alguma palavra, mas minha dúvida acabou quando ela se levantou da cama e começou a gritar como se eu estivesse acabado de contar que não gostava de nutella, ou algo assim. -Por que você está gritando comigo? -perguntei, enquanto me levantava e fechava a porta para que minha mãe não ouvisse.

—Porque me importo, é isso que gente normal faz quando se ama alguém que está agindo como idiota! Porque você o ama, tá escrito na sua testa que está apaixonada, é só dá uma olhadinha no espelho, Beatriz!

—Eu não consigo dizer. -confessei, e isso faz com que nós duas nos sentemos na cama novamente.

—Tudo bem, ele não deve estar magoado ou irritado. Ele sabe como sua mente funciona, e eu acho que tudo bem ficar assustada depois da primeira vez, mas bem… eu não tenho nenhuma experiência pra saber. Mas o Duda é um rapaz legal, ele deve estar preocupado com você agora.

—Não posso encará-lo, não posso ir a aula hoje.

—Então acho que vamos ter que ficar no seu quarto e assistir todos os filmes da saga Divergente enquanto reclamamos de nossas péssimas vidas amorosas, que sacrifício! -ela diz, me fazendo sorrir levemente, e de repente, nem tudo é uma tragédia, nem tudo é um drama.

Eu tenho tanta sorte por ter Viviane Martins.


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Notas finais do capítulo

Estou escrevendo alguns capítulos enormes ultimamente, vocês nem estão podendo reclamar ahahaha.
Comentem, okay? Ansiosa pra saber as opiniões controversas também hahah.
Beijõões! :*



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