De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 15
Capítulo 14 "Líderes de Torcida"


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me pela demora, já devem estar até cansados de me ouvir dizer isso, mas o bloqueio dessa vez foi seriamente sério. Mas eu trouxe algumas surpresas nesse capítulo, que esquentará essa nova fase da fic. haha.



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Narrado por Eduardo. 

—Quero só ver se consegue fazer esse gol. -meu pai disse, ele estava atuando como goleiro enquanto me ajudava a treinar para o jogo que aconteceria hoje a noite. Era um jogo muito importante, afinal, caso perdêssemos seriamos desclassificados de uma vez por todas, o que significa que todos esperavam o meu máximo e meu pai me pressionava ao extremo. Chutei com força para o gol, mas ele defendeu pela quarta vez seguida.

—O que anda fazendo? Está precisando treinar mais. -ele disse me devolvendo a bola.

—Nada.

—Passa seu tempo livre indo a festas idiotas, aquela festa de madrugada foi um erro. -ele começou, e eu já sabia exatamente o que ele iria falar em seguida: sobre o quanto era um bom jogador na minha idade. -Na minha época, eu era o melhor!

—”Você não errava uma” -repito o que ele sempre diz.

—Eu não errava nunca!

—Não entendo porque parou de jogar, e agora está concorrendo a prefeito… -eu disse, e ele me olhou com a expressão de decepção.

—Sabe que eu machuquei o joelho. -ele falou, quando era jovem meu pai só desistiu do campeonato porque machucou feio o joelho, se não, com certeza, estaria jogando até hoje.

—A questão é que eu era o melhor, mas você não parece estar interessado em seguir o legado.

Chuto a bola novamente, e dessa vez ele não defende. É gol!

—Só preciso de um pouco mais de treino. -concordo.

—Precisará fazer ao menos três desses no jogo de hoje. -ele ordenou, mesmo que não seja o treinador para dar aquele tipo de ordem.

—E como anda as eleições? -perguntei, mesmo não estando nem um pouco interessado, mas precisávamos falar de outra coisa além de futebol.

—A mãe daquela sua colega… aquela que está sempre arrumando encrencas. A mãe dela se candidatou.

—Esta falando da Bia? -perguntei novamente, eu só tinha uma colega assim…

—Bia, sei lá o nome dela. Não quero que ande com essa garota, agora ela é sua concorrente!

Revirei os olhos, “minha concorrente?”.

—Por que a mãe dela se candidataria?

—Eu não sei. Ela é advogada, e desde que o marido morreu não está bem de cabeça, o problema é que ela é bem popular por aqui.

Eu queria perguntar sobre como ele sabia aquilo sobre a mãe da Bia, na festa da madrugada, Bia tinha me contado algumas coisas, alguns segredos, mas meu pai tinha espiões por todos os lados, eu não duvidava nada dele.

Depois de alguns minutos, avistei minha mãe entrar na pequena quadra que meu pai mandou construírem em frente a nossa casa quando eu ainda era criança.

—O que faz aqui, Cristina? -meu pai perguntou, quando também a viu se aproximar.

—Quantos gols meu filho fez? -minha mãe o ignorou, virando-se para mim com aquele olhar de mãe.

—Um. -meu pai bufa.

—Isso é bom! -Dona Cristina sorri.

—Não, não é. -meu pai discorda.

—O que aconteceu com a Janu? Não liga mais? -minha mãe virou-se novamente para mim, esqueci de contar a ela sobre meu término com a Janu.

—Eles terminaram. -meu pai conta por mim, mas como ele sabia? -Um dos seus colegas me contou, eu adorei, agora não tem nada para te atrapalhar nos jogos.

—Eu dispenso esse assunto, vou tomar um banho. -chuto a bola pela última vez antes de sair e andar em direção a porta de casa.

—Oito horas, não se pode perder. -ele grita antes de eu entrar. 

Narração por Bia.

Assim que entrei na sala de aula, senti o esbarrão de alguém, me empurrando levemente para o lado.

—Desculpa. -era Duda, mas só então ele percebe que sou eu, ficamos nos encarando por um tempo, sem saber o que dizer.

—Olha por onde anda na próxima.-digo, apenas para quebrar o silêncio, mas com a expressão brincalhona.

—Ah, então isso significa que já voltou a me odiar? -ele perguntou, mas eu apenas o ignorei, andando em direção a minha carteira, mas ele me segue.

—Nunca parei de te odiar, apenas dei uma… -busquei pela palavra certa: -Trégua!

—Ah, uma trégua. A gente se beijou. -ele começa a brincadeira, como se eu tivesse o descartando depois de uma noite de amor.

—Não significou nada. -continuo.

—Ai, essa doeu. -ele leva a mão ao coração, como se sentisse dor. -Como pôde me magoar assim?

—Você tem um bom coração, devia usá-lo com alguém que se importe.

—Uau, essa foi realmente… -ele parou de falar.

Janu acabava de chegar a sala, olhou diretamente para nós dois, e em seguida se sentou no seu lugar. Levei meus olhos ao chão.

—Te vejo no jogo hoje? -ele perguntou, me fazendo olhá-lo novamente. Era um jogo muito importante, até eu sabia daquilo.

—Eu não sei, quem sabe.

—Você é realmente muito má. -ele disse, sorrindo, mas começou a andar de volta ao seu lugar.

No mesmo instante percebo: Janu e suas amigas sussurrando, não sei o que é, mas posso ter certeza que se trata de mim.

Vivi entra na sala no mesmo momento, sorri pra mim, acenando, e se senta lá na frente, segundos depois, ela me olha novamente, algo está acontecendo. As duas garotas ao meu lado fofocam também.

—O que foi? -pergunto a elas. -Perderam alguma coisa? -as duas me olham feio, ouço meu nome em alguma conversa vindo de onde Janu e suas amigas estão sentadas.

Isso continua por alguns minutos, até que o professor finalmente chega a sala, mas isso não ajuda muito.

—TÁ BOM! -me levanto da cadeira. -Qual o problema? Fala vai! -olho pras duas garotas ao meu lado.

—Doida. -alguém murmura.

—O que foi, Beatriz? -o professor vem até mim, Duda e mais alguns me olham.

—Elas… não param de falar sobre mim. Me olham e cochicham, se é sobre mim, tenho o direito de saber, não? -digo a ele.

—Se não é sobre a minha matéria, resolvam fora daqui. -ele ordenou.

Me sentei novamente, uma das meninas vira para mim.

—Fura olho!

—Cala boca, você nunca conversou comigo na vida, o que te dá o direito de fofocar sobre mim agora? -respondi, aquilo tudo já tinha me deixado extremamente irritada.

—Fura olho! -Débora repete. Ela é uma daquelas puxa-sacos da Janu.

—Muda o disco, esse já tocou milhões de vezes.

—Mocinhas, querem dar uma passada na direção? -o professor perguntou, olhando para nós duas.

—Ela já foi até lá professor, só que subornou a diretora para não ser expulsa. -Débora bufou, não alto o suficiente para o professor ouvir, mas o suficiente para eu ouvisse.

—É melhor do que subornar os garotos para arrumar um par pro baile, não é? E pelo menos eu não sou a cachorrinha de ninguém!

—Beatriz, direção, por favor. -o professor ordena, me fazendo franzir as sobrancelhas. Não, qualquer coisa menos a direção! -Tenho que falar duas vezes?

Respirei fundo e andei em direção a porta. Que saco!

—De novo? -a diretora perguntou assim que cheguei até ela.

Não respondi, fiquei pensando sobre como eu sempre acabava naquela situação. Aquelas puxa-sacos sabiam o que faziam!

—Eu achei mesmo que depois da última vez, não te veria novamente por um bom tempo.

—Me desculpa. -as palavras saem sem que eu possa impedir, sei que não estou errada, sei que a culpa foi daquela garota irritante, ou será que foi minha por ainda ouvir o que todo mundo fala?

—Por sorte, sei exatamente o que fazer dessa vez, algo inesquecível que fará você aprender a lição. -a diretora levanta da cadeira, e vai até o armário que fica ali perto, tira de lá uma roupa dobrada perfeitamente e guardada sobre um saco plástico. Ela põe em cima da mesa e só então percebo que é uma roupa de líder de torcida.

Não, não, não mesmo!


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?



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