Kate não deveria deixar sua raiva controlar suas ações, isso foi uma das primeiras coisas que aprendeu com seus treinadores. No entanto, era difícil se manter controlada quando alguém que ela amava estava a beira da morte por causa de cretinos que mereciam algo pior que uma surra. 

Apolo havia conseguido acalmá-a o suficiente para ouvirem o plano de Tony e Melissa para o momento em que seus inimigos tentassem invadir o STAR Labs. Estavam prevendo que os mais fortes da Equipe Venom atacariam primeiro, esses sendo Zeus, Fulgor e talvez Iceshot. Fleur e Amanda deveriam tentar aproveitar a confusão e invadir o laboratório furtivamente, que seria onde Batgirl e Canário estariam esperando. 

Os reforços chegaram quase que imediatamente, com todos os membros do Stormwatch, exceto Ranger, aparecendo lá. Donatella mal falou com eles e logo seguiu para onde Ethan e Lilian preparavam o soro para Kevin. 

Do lado da Liga da Justiça Sombria, apenas Miles conseguiu aparecer, dizendo que estavam em uma missão, mas que Zoe o mandou para ajudar no que pudesse. Tony já tinha planos para ele, o colocando na última linha de defesa caso alguma surpresa aparecesse. 

Cassandra chegou com Duela e Greg, o que fez com que Melissa quisesse dar um soco na irmã, mas eles realmente precisariam de toda ajuda possível. 

— Não fica assim, Batsy, eu sei que sentiu minha falta! — Duela berrou e tentou pular na Wayne, que prontamente puxou um taser e a eletrocutou o suficiente para derrubá-la. 

— Mantenha sua amiga na coleira, Cassandra — ela disse, se afastando das duas e indo na direção de Kate. 

— Isso é mesmo uma boa ideia? — a loira perguntou, vendo Cassy arrastar Duela para a entrada. 

— Não vou admitir isso pra ela, mas quanto mais gente melhor. E o Tony disse que a palhaça é confiável por hora — a Wayne entregou duas soqueiras para a amiga. — Pode precisar. 

Kate as colocou sem hesitar. Estava pronta para usar o quanto de violência fosse necessário para manter Kevin a salvo. 

— Melissa, por que eu tenho que ficar atrás? — Dale, o Lanterna Verde namorado de Joe, se aproximou das duas. — Eu sou muito mais útil na frente, lutando. 

— Seus aneís ficam mais poderosos juntos, e já temos gente o suficiente pra bater. Precisamos de proteção — ela explicou, sem paciência. 

— Mas eu… 

— Ele vai ficar atrás — Joe disse, ignorando o grunhido de protesto do outro. — Vamos cuidar de tudo lá em baixo, não se preocupem. 

As duas assentiram e seguiram para a frente do prédio, onde Rusty, Grace, Apolo, Scott, Natasha e Karina estavam do lado de fora. 

— Apesar das circunstâncias, é bom trabalhar com o Deep Six de novo — Rusty deu um leve sorriso na direção de Kate, que o retribuiu apenas com um aceno de cabeça. —  Eles não tem chance contra todos nós. 

— Do jeito que a Nat tá puta, realmente — Scott comentou, recebendo um olhar irritado da Thanagariana. 

— Grace, tudo bem? — Melissa olhou para a velocista, que parecia extremamente concentrada em seu objetivo, mas, também, nervosa. 

— Eles não vão machucar o Kev de novo — foi tudo o que ela disse, parecendo muito segura de suas palavras. 

— Vão chegar a qualquer momento. Caso haja alguma emergência, peçam ajuda pelo comunicador — Kate disse, olhando para Natasha, que ainda estava se recuperando da última batalha contra os criminosos. 

— Não sou frágil, Canário — ela retrucou, apertando sua espada com mais força. 

Ela e Melissa trocaram olhares e voltaram para o lado de dentro, vendo Dorian e Yuki posicionados no hall principal. Duela e Cassy estavam próximas aos elevadores e a criminosa parecia explicar que explodí-los era a melhor estratégia. 

Assim que chegaram ao fim do primeiro andar do enorme laboratório, ouviram pelo rádio:

— Chegaram! — Apolo alertou. 

Kate respirou fundo e ativou as soqueiras, que emitiram um leve pulso de energia elétrica. Ela estava mais do que pronta para acabar com pelo menos um Luthor hoje. 

Elas podiam ouvir o som da luta acontecendo do lado de fora, o som de explosões e de partes do prédio sendo destruídas. Era o mínimo a ser esperado, considerando que colocaram os heróis mais destrutivos na linha de frente. Ainda assim, com o laboratório evacuado, o silêncio do lado de dentro era ensurdecedor. 

Os sons da batalha logo se aproximaram, e Kate não aguentava mais esperar, então deixou sua posição para ir em direção à ação. Ela nem percebeu a flecha vindo em sua direção, até Batgirl a segurar centímetros antes de atingir o rosto da loira. 

Melissa imediatamente lançou três batarangues explosivos para onde Fleur estava e a arqueira precisou rolar para dentro de uma das salas. Kate voltou sua atenção para ela, soltando seu grito do canário forte o suficiente para explodir a porta que as separava e estourar todos os vidros que estavam no caminho. 

Batgirl a puxou para fora do caminho a tempo de ambas desviarem de uma enorme mesa de metal que voou em suas direções. E lá estava Amanda, como haviam previsto. 

— Ouvi que seu namoradinho tá abatido. Vim fazer uma visita pra ajudar a resolver isso — a Luthor já tinha sua pele coberta por um metal prateado e estava pronta para lutar. 

— Ela é toda sua — Melissa disse, e Kate não esperou nem mais um segundo. 

A Queen começou dando tantos chutes, em tantos ângulos diferentes, que Amanda precisou dar alguns passos para trás para se defender deles. Logo começou a alternar os chutes com socos, que acertaram sua oponente pelo menos duas vezes. A pele de metal dificultava fazê-la sentir dor, porém as manoplas ajudavam com as ondas de eletricidade. 

— Alguém está irritada — Amanda zombou, agarrando uma das pernas de Kate em meio aos golpes e a jogando contra uma parede, o que lhe tirou o ar momentaneamente. 

A Luthor tentou chutá-la quando caiu no chão, mas Kate foi mais rápida e rolou para o lado, se levantando o suficiente para olhar na direção da criminosa e soltar mais um grito. Quando percebeu o que ela faria, Amanda fincou os pés no chão com mais força e conseguiu não ser arremessada para trás, porém era claro que sentia uma dor absurda em seus ouvidos. 

O grito foi interrompido quando tudo ao redor delas começou a tremer, como se a estrutura não fosse mais estável. Um terremoto completamente aleatório estava balançado o prédio de tal forma que elas mal conseguiam ficar de pé. 

— Não fui eu, só usei uma bomba! — Duela berrou do outro lado do andar. 

Amanda parecia tão confusa quanto ela, então não era um ataque da Equipe Venom. 

— O que tá acontecendo? — Questão perguntou pelo comunicador. 

— O cara de saia romana apareceu do nada! — Grace berrou de volta. — Deu uma porrada no Rusty e tá entrando!

— Acho que ele tava falando do terremoto — Batgirl retrucou e Kate podia ouví-la a alguns passos de onde estava. 

— Acho que é o garoto que tá jogando pedras gigantes na gente — Apolo respondeu. 

Kate lançou um olhar furioso para a Luthor. Mesmo que ela não soubesse que eles estariam ali, era culpa deles Kevin estar nessa situação. Porém, antes que pudesse partir para cima dela novamente, sentiu seu corpo travar inexplicavelmente. Todos os seus músculos estavam congelados, e o mesmo havia acontecido com Amanda. 

A vigilante sentiu algo passando por elas, porém não conseguia ver a pessoa, como se estivesse invisível. 

— Canário! — ela ouviu Batgirl e, em seguida, ouviu um batarangue atingir um dispositivo que estava no chão. 

Logo, sentiu o controle de seu corpo voltar, e se virou para ver Melissa lutando contra um oponente invisível. Sem poder ver os movimentos da pessoa, a Wayne estava levando mais do que alguns golpes e acertando poucos. 

Antes que pudesse intervir, viu Questão aparecendo de uma das escadas e parando bem ao lado de onde a luta acontecia. Acabou levando um chute no rosto, sem nem saber de onde ele veio. 

— Está invisível! — Batgirl o alertou, fazendo o detetive recuar para a parede. 

— Podia ter falado antes do chute — ele massageou o queixo e puxou sua besta. — Canário, fica atenta, tem mais deles vindo! 

Kate queria ajudá-los, mas sabia que seria mais útil esperando por sejá lá quem mais resolvesse aparecer de surpresa. Se virou e percebeu que Amanda havia sumido. 

— Duela, encontra a Luthor e não deixa ela passar! — a Queen gritou pelo comunicador e recebeu uma risada histérica em resposta. 

No meio da luta de Tony e Melissa, ele pareceu perceber algo e se afastou para pegar alguns frascos dentro de uma geladeira, uma das que não haviam explodido pelo grito do canário. Parecia estar levando seu tempo procurando por algo, enquanto Batgirl já se estressava com a situação. 

— Ei, consegue agarrar ela? — ele perguntou, e Melissa aproveitou um golpe que recebeu no rosto para segurar o braço da pessoa e a prendeu junto ao seu corpo. 

Tony quebrou o frasco onde assumiu ser a cabeça e acendeu um isqueiro, incendiando a parte de cima da forma que rapidamente se desvencilhou da Wayne. 

— Como você sabia que era um traje? — Kate perguntou, agora vendo a tecnologia que a ocultava falhar por causa do fogo, o que fez com que a mulher removesse a máscara e revelasse seu rosto. 

Ela não era mais velha do que eles, seu cabelo longo e castanho estava preso em um coque e ela parecia extremamente irritada. 

— Era um palpite, na verdade. Se fosse uma pessoa invisível, isso seria bem menos agradável. 

Eles foram surpreendidos mais uma vez quando alguém atravessou uma das paredes próximas com tamanha violência que o corpo apenas caiu no chão, imóvel. Era Dorian, seu chapéu de cowboy estava caído ao lado dele. Em seguida viram o corpo de Yuki cair por cima do dele e Gladiador aparecer. 

Agora, o terremoto havia parado, mas Kate não sabia se deveria correr até eles, ou tentar enfrentar Gladiador, alguém que só Apolo conseguiu afetar minimamente da última vez. Com o canto do olho, viu Questão correr na direção de onde os dois haviam caído e precisou agir. 

Ela se aproximou o suficiente para ser notada antes de Tony e soltou o grito mais forte que conseguiu, focado no alienígena. A força foi tamanha que a parede atrás dele terminou de desmoronar, junto com alguns pedaços do teto. Gladiador pareceu sentir dor, porém encontrou a fonte do ataque em segundos, e em um piscar de olhos, estava na frente dela, com a mão segurando com força sua mandíbula, a calando. 

— Você é do tipo irritante — ele deu um sorriso, a erguendo do chão enquando segurava sua boca. Ela sentia que, se ele quisesse, poderia esmagar seu crânio com apenas aquela mão. 

A Queen viu de relance que Questão havia conseguido mover Dorian e Yuki dali, o que já era o suficiente. Também viu que, atrás do Gladiador, uma figura robótica se aproximava. Seu visor com apenas um círculo verde parecia analisar o local. 

— O filho do Kryptoniano se encontra no porão — a voz do robô anunciou e ela arregalou os olhos, tentando se desvencilhar do outro e falhando miseravelmente. 

— Mantenha a filha do Morcego entretida, Illusion, logo voltaremos — Gladiador disse, se referindo à mulher que lutava apenas contra Melissa agora. 

Kate estava sendo levada com os dois conforme desciam para o porão do laboratório. Ela tentou chutá-lo e socá-lo, mas só o que conseguiu foi se machucar no processo, sem afetá-lo. Ele simplesmente abriu um buraco no chão usando os pés e flutuou para baixo, e ela entrou em desespero quando viu o local onde seus amigos estavam. 

Dra. Lilian e Ethan pareciam focados em um dos computadores ao lado de uma câmara de metal, onde Kevin recebia luz do sol concentrada. Joe e Dale haviam formado duas camadas de barreira com seus anéis e estavam mais do que prontos. Donatella estava do lado de fora da barreira e tinha uma expressão de tédio no rosto, enquanto Miles apenas brincava com uma pequena bola de fogo ao lado dela. 

— Que surpresa encontrar dois Lanternas aqui. Deveríamos ter trazido o nosso, Carabin, pra ser mais divertido — Gladiador sorriu e continuou flutuando na direção deles. 

— Você é o merdinha que passou pelas nossas defesas — Donatella disse, cerrando os olhos. 

— Fiz muito mais do que isso, querida. Agora, eu não pretendo te matar, seria um desperdício de uma habilidade tão útil. Por isso, vou lhe dar a chance de sair do meu caminho — no momento em que ele avançou mais um pouco, ela ergueu a mão na direção do robô. 

Carabin foi arremessado para o lado mais afastado do porão como se não pesasse nada. A tecnopata, então, cerrou os punhos e a armadura de metal começou a amassar em certos pontos. 

— Eu tentei — Gladiador deu um suspiro e, em um movimento rápido, estava na frente de Donatella. 

Miles não perdeu tempo e lançou a bola de fogo em cheio no rosto do alienígena, que pareceu ignorar a dor e jogou Kate em cima do mago. Donatella aproveitou a distração para puxar todos os computadores, máquinas e mecanismos eletrônicos que não estavam sendo usados na sala. Juntou todos eles em um enorme bolo de metal ao redor de Gladiador, formando uma barreira. 

— É uma hora ruim pra dizer que eu só tenho magias para lutar contra demônios? — Miles comentou, ajudando Kate a se levantar. 

— Faça o seu melhor e não morra — ela se aproximou do campo de força dos Lanternas e eles abriram o suficiente para ela entrar. — E então? 

— Achamos que está dando certo! — Ethan disse, animado e não parecendo notar o perigo ao redor. — Ele está se regenerando bem mais rápido depois do soro, ainda vamos precisar fazer mais testes depois disso, talvez ele não consiga controlar bem os novos poderes… 

— Ethan! — Donatella chamou a atenção, parecendo fazer uma força absurda para manter Gladiador preso. 

Viram que Carabin se aproximava novamente e estava apontando uma das mãos na direção de Dale e Joe. Dela, um som absurdamente alto e incomodo saiu, algo que lembrou o próprio grito de Kate, porém numa frequência diferente. Os dois Lanternas soltaram grunhidos de dor e seus ouvidos começaram a sangrar. 

Joe caiu no chão e sua barreira se desfez, enquando Dale apenas caiu de joelhos, ainda mantendo a sua com dificuldade. 

— SCAVA, bloqueia ele! — Ethan disse e o som parou quase que imediatamente. 

A inteligência artificial parecia estar dentro de Carabin agora, e uma batalha silenciosa estava acontecendo. Enquanto isso, Ethan mexia em seu computador de pulso e arregalou os olhos por um segundo. 

— Ele é… — o jovem olhou para Kate espantado. — Ele é um Brainiac. 

— O quê?! — ela e Dale gritaram no mesmo momento. 

— Se ele chegar perto da máquina, pode matar o Kev sem nem tocar nele — ele explicou. — SCAVA não vai conseguir segurá-lo por muito tempo.

— O que vamos fazer? — Dale perguntou, se esforçando mais para aumentar a barreira do anel. 

Kate podia sentir as engrenagens girando na mente do Palmer, até que seus olhos se iluminaram e ele se virou para Dale. 

— Me deixa sair. 

— Sem chance, você não vai sair sem nenhuma proteção! — Kate segurou o braço do cientista. 

— Kate, confia em mim, eu preciso estar perto dele. 

A Queen olhou para onde Gladiador aos poucos destruía tudo o que Donatella e Miles faziam para mantê-lo preso, parecendo ficar mais irritado a cada segundo. Carabin estava em uma luta interna com SCAVA, não estava prestando atenção neles. Sabia que ele tinha um plano, então assentiu com a cabeça e fez sinal para Dale abrir parte da barreira. 

Os dois saíram juntos, deixando apenas o Lanterna Verde e a doutora para garantir a segurança de Kevin. Ethan correu na direção do robô e Kate foi logo atrás, pronta para lhe dar cobertura caso fosse necessário. 

Ele ainda digitava algo em seu computador de pulso e puxou o que parecia ser uma luva do bolso. Quando chegaram perto o suficiente, o cientista pulou o mais alto que conseguiu, parando na altura do rosto de Carabin e conectou sua luva a cabeça dele. A cor do visor mudou de verde para azul por um segundo e logo o robô estava segurando a mão de Ethan e o jogando para longe. 

Kate o ouviu soltar um grito de dor e rapidamente correu para onde ele estava, vendo que seu braço estava quebrado. 

— Eth, ele ainda tá em pé! — ela disse, se posicionando de forma defensiva na frente dele. 

— Eu sei — ele soltou um gemido de dor e segurou seu braço perto do corpo. — Mas eu cortei qualquer forma de conexão que ele possa ter agora. É o único jeito de derrotar um Brainiac. Se ele for destruído, não vai poder transferir a consciência dele. Agora, ele tá preso nessa forma. 

Carabin pareceu perceber isso, pois ficou um tempo parado, como se tentasse reverter o que havia sido feito. Kate assumiu que não teve sucesso, já que simplesmente ativou seus propulsores e voou para longe dali, sumindo de vista. 

A outra luta, no entanto, não havia acabado tão bem. Gladiador estava segurando Donatella pelo cabelo e ela parecia ferida, porém ainda estava acordada. Miles estava debaixo do pé dele, e o alienígena o pressionava cada vez mais para baixo. 

— Eu não posso dizer que estou me divertindo, — Gladiador disse, parecendo um pouco sem fôlego. — Mas estou surpreso com as habilidades de vocês, terráqueos. Vão dar ótimos campeões algum dia. 

Kate sabia que não conseguiria derrotá-lo, mas morreria tentando se significasse tirar seus amigos dali. Se preparou para correr até ver a barreira de Dale ser desfeita e olhou incrédula na direção dele. 

— Espero que saiba o que está fazendo — o Lanterna disse para Lilian, que estava ao lado da capsúla de Kevin. 

— Foi ele quem pediu — ela respondeu, abrindo a porta e no momento seguinte, Kate sentiu seu cabelo voar e Gladiador sumir dali. 

Só entendeu o que havia acontecido segundos depois, ao ver a cápsula de metal vazia e um buraco na parede oposta a ela tão fundo que parecia atravessar o subsolo. Donatella e Miles estavam caídos no chão e Dale tentava acudí-los, ao mesmo tempo em que segurava o corpo desacordado de Joe. 

— Funcionou! — Ethan disse, e ela sentiu algo quente em seu peito, uma mistura de alívio e felicidade. 

Mesmo exausta, ela correu o mais rápido que pôde para o andar de cima, passando por várias partes completamente destruídas do laboratório até chegar ao lado de fora. 

As lutas ainda estavam acontecendo. 

Scott assistindo Natasha em sua luta contra o criminoso que quase a matou da última vez. Grace e Karina pareciam ter derrubado Iceshot e estavam dando trabalho para Zeus, não deixando que corresse mais do que alguns metros sem ser parado e acertado por uma bola de energia. Rusty estava grande, ele e Apolo tentavam manter Fulgr e um jovem com poderes de terra ocupados. 

A loira não viu sinal de Kevin e Gladiador, até o chão praticamente se abrir quando eles saíram voando. Os olhos do Kent brilharam em vermelho e o raio que saiu deles foi tão potente que arremessou o outro para trás, fazendo-o bater de costas contra o letreiro do STAR Labs. Quando olhou para o peito dele, viu a enorme marca de queimado deixada ali. 

— Kev voltou! — Grace berrou, tão animada que acertou um soco no rosto de Zeus. 

Kate sentiu o chão tremer mais uma vez, porém viu que não fora o garoto com poderes de terra. Gladiador havia descido para o chão e socado ele de forma que estourou a rua, fazendo não só seus inimigos caírem, ou serem atingidos por pedras, mas seus aliados também. 

— Você parece muito vivo, filho de Kal-El, e mais forte também — o alienígena voou para ficar no nível do outro. — Minha equipe falhou, então vou mandá-los recuar, como sinal de respeito à suas habilidades. Afinal, aqui não é o lugar apropriado para a verdadeira batalha. 

A luta abaixo havia parado, todos olhavam incrédulos para Gladiador. Kevin não parecia querer que a luta continuasse, pois o brilho vermelho em seus olhos se dissipou. Ainda assim, continuou a encarar o alienígena com atenção. 

— Na próxima vez que resolverem se meter com a minha equipe, não serei tão gentil — Kevin disse, em alto e bom som. — E eu duvido que o Stormwatch vá deixar você ir longe. 

Ao ouvir isso, Gladiador soltou uma risada. 

— E quem disse que quero estar longe? Ainda tenho muito o que fazer aqui — ele olhou na direção de Apolo, que Kate podia ver que estava a uma frase de avançar para cima do criminoso. — Nos veremos logo. 

E com isso, ele voou para longe e sumiu nas núvens. 

Dos outros criminosos que estavam ali, apenas Fulgr, Sephtis e Wolf não conseguiram fugir. Kate não se importava se fugissem ou não, apenas correu na direção de Kevin conforme ele pousava. 

Em um primeiro momento, ele pareceu hesitar um pouco, sabendo que ela pularia nele assim que tivesse a chance. O corpo dele estava diferente, parecia mais alto e mais musculoso, porém ainda tinha a mesma expressão doce em seu rosto que ela tanto amava. 

Kate se jogou nos braços dele, o apertando tão forte e deixando suas lágrimas caírem. Finalmente, sentia que podia respirar. Ele a abraçou de volta, como se ela fosse feita de cristal com a delicadeza que a segurava, e beijou a bochecha dela quando sentiu que estava chorando. 

— Estou aqui, amor — ele sussurrou, não a soltando nem por um segundo. 

— Eu te amo — ela sussurro várias vezes, e se afastou o suficiente para beijá-lo. 

— Ah, mentira que eu perdi a luta épica! — eles ouviram Dale gritar da entrada. — Por que isso sempre acontece comigo?! 

Ele carregava Joe, que estava acordado, mas parecia um pouco desnorteado. 

— Todo mundo vivo? — Melissa perguntou pelo comunicador, parecendo sem fôlego. 

Todos ouviram várias confirmações, algumas mais curtas do que outras. 

Kate sorriu ao perceber que apesar de feridos e cansados, todos estavam vivos.