W's escrita por Luana Almeida


Capítulo 7
Eu prometo


Notas iniciais do capítulo

Me digam o que estão achando!



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Dizem que quando você está se afogando passa um filme na sua cabeça de tudo o que você viveu. O meu filme começou com minha mãe cantando músicas de ninar em uma voz suave que me levava a um sono intenso e cheio de sonhos bons com direito a sorrisos enquanto dormia.

 

Ele seguiu com minhas primeiras aventuras na bicicleta e joelhos ralados por conta daquilo, lembrava-me exatamente do rosto de Jhon com vários conselhos enquanto tirava as rodinhas de apoio e o medo tomava conta mim.

 

Uma mão me puxou do fundo do lago e senti meu ombro esquerdo doer, mas não sendo nada que me matasse lentamente estava ótimo. Talvez fosse Dean, e entre pensamentos doces a raiva me subiu a cabeça e quando senti o vento gelado bater em meu rosto puxei todo o ar que me foi privado. A água que entrara saiu em meio a tossidos que faziam minha garganta doer e meus olhos lacrimejarem por mais que ainda não os tivesse aberto.

 

—Aurora – a voz era de Sam, e no momento não fez sentido

—Sam – a respiração ofegante dificultava a fala – Dean, ele – levantei a mão e agarrei sua jaqueta em um ato desesperado – Foi atrás de você – meus pensamentos estavam cada vez mais confusos – Está no ninho.

—Eu sei, temos que ir atrás dele – Sam me ajudou a ficar em pé – Temos que ir agora, consegue andar?

 

Em pé e com o ar recuperado foi mais fácil pensar, a vampira bem-humorada mentira sobre Sam estar no ninho e agora Dean estava lá.

 

—Claro – tudo doía, mas meu ombro me matava – Me explique depois o que houve.

 

Andamos o mais silenciosamente possível por um campo aberto até chegarmos a um casarão mal iluminado e silencioso. Chequei se minha arma estava no mesmo lugar e gemi quando meu ombro fisgou com o movimento.

 

—Está realmente bem? - ele perguntou e durante o caminho acho que pela terceira vez.

—Meu ombro está me matando – me encostei em uma árvore.

—Melhor que fique aqui – ele se aproximou – Sabe atirar com a outra mão?

—Sabe que foi seu pai que me ensinou? - sorri.

—Certo – ele riu – Vou ir.

 

Sam saiu de lá e ficar sozinha só fazia aumentar a dor física e emocional. Não tinha nenhum tipo de sentimento por Dean, mas o fato de ter me deixado para morrer me fazia sentir um ódio no qual nunca pensara em sentir de nenhum Winchester. Jhon me dizia sempre quando ia embora que eu poderia contar com os meninos sempre que precisasse, e sobre tudo o que me dissera eu jamais imaginaria que alguém que portasse aquele sobrenome me abandonaria dentro de um lago.

 

Ouvi tiros e gritos de dentro do casarão e me encolhi deixando que um Q de medo me pegasse por um tempo. Meu ombro fazia uma dupla sensacional no quesito dor com meus pulmões que ainda ardiam e naquele momento só pensava em tomar analgésicos para que a dor passasse.

 

—Você é o novo brinquedo dos meninos? - a bem-humorada apareceu em minha frente.

—Olha só, você por aqui – a encarei.

—Eles gostam disso não é? Pegar bichinhos de estimação? Como o anjinho ou a garota ruiva – ela sorriu mostrando as presas.

—Acho que tem inveja – sorri, não queria passar o meu medo – Se vai me matar aproveite.

—Eu matar você? - ela riu – Não estou louca, temos ordem restritas de não encostarmos um dedo na última profeta – ela se aproximou de mim – Você tem sorte, e disso eu tenho inveja.

 

Ela saiu em direção ao casarão e me deixou ali sozinha pensando naquilo. Até então, eu ainda não havia pensado muito bem sobre ser profeta, e pensei que Castiel podia me esclarecer aquilo de ser a última. Não havia perguntado ainda sobre os benefícios ou malefícios de ser isso, se é que houvesse algum benefício.

 

Os meninos estavam demorando demais, e depois de um breve monólogo mental e a dor do meu ombro aliviar eu decidi entrar e ver se podia ajudar. A porta estava escancarada e eu ouvia alguém rindo ao fundo do corredor principal. Segui devagar pisando leve e evitando fazer qualquer tipo de barulho.

 

—Vocês vão ficar aqui até segunda ordem – um cara enorme algemava Sam em uma tubulação de gás.

 

Dean me viu e arregalou os olhos como se quisesse me passar um recado. Minha única reação foi erguer a arma e atirar contra o vampiro, aquilo fez meu ombro doer mais e um gemido saiu rasgando minha garganta.

 

—Tem mais? - perguntei me escorando em uma parede.

—Não, só faltava o grandão aí – Sam soltava a única mão presa.

—A garota? - olhei Dean – Ela veio aqui.

—Dei conta dela – ele respondeu esperando o irmão o soltar.

—Eu vou matar você – anunciei caminhando até Dean que não saiu do lugar – Você não parou pra pensar se eu ia morrer? - meu tom foi aumentando conforme eu falava, e por mais que tentasse parecer ameaçadora, a falta de altura me tirava o crédito.

—Sam estava lá – Dean usou a manga do casaco para limpar o sangue que escorria da boca – Sabia que você não ia morrer mesmo que ele não estivesse.

 

Sustentei o olhar frio que me deu.

 

—Você não é o Dean que Jhon me descreveu – isso saiu mais da minha mente do que de minha boca.

—Meu pai costumava mentir – ele sorriu desdenhoso.

 

Meu corpo tremeu de raiva e nada saiu da minha boca a não ser um ‘’Qual o caminho de volta?’’ direcionado a Sam.

 

Eu andei a frente pelo mesmo caminho que havíamos chegado ali. Ouvia os passos dos dois atrás de mim em silêncio que me irritava. Queria virar para Dean e gritar mais um pouco com ele, mas isso já estava parecendo infantil demais.

 

—Não choveu – Bobby disse assim que abriu a porta.

—Dean acha que vampiros são abelhas – o calor da casa era ótimo.

—Posso ver seu ombro? - Sam perguntou vindo atrás de mim.

—Claro – o olhei, mas desviei a atenção quando Dean marchou escada acima – Obrigada – foi sincero.

—Dean não faria aquilo se não soubesse que você ficaria bem – Sam me ajudou a tirar o casaco – Eu desloquei seu ombro, desculpe.

—Você salvou minha vida – ri e aquele ódio momentâneo se foi – Eu posso ir com vocês? - a coragem reunida para aquilo era enorme.

 

Sam não me olhava, mas analisava meu ombro passando os dedos levemente sobre ele. Não houve uma resposta, mas com um ‘’Pode doer’’ e antes de acabar a frase ele colocar meu ombro no lugar eu nem queria que ele me respondesse, somente que saísse da minha frente pra que eu não precisasse xingá-lo por ter feito aquilo.

 

Fechei os olhos respirando devagar com medo de sentir qualquer tipo de dor que pudesse ainda existir ali. Sam saiu da sala e também foi para o quarto.

 

Me sentia faminta e as compras do almoço caíram bem em um sanduíche rápido.

 

—Se importa de fazer um pra mim? - a voz de Dean soou atrás de mim, ele entrava na cozinha.

—Não – respondi colocando o pedaço que havia acabado de morder no canto da boca.

 

Ele me olhou confuso.

 

—Não me importo – completei.

—Sam estava lá, você não ia morrer – ele encostou no balcão ao meu lado.

—Já me disse isso – respondi sem ressentimentos.

—Meu pai não mentiu pra você – ele continuou – Não sou um monstro.

—Não acho que seja – empurrei o prato pro seu lado e o olhei – Eu tinha um ombro deslocado e água nos pulmões, e nenhuma explicação.

—Vou cuidar de você, não se preocupe – ele falou de boca cheia.

—Você está bêbado? - perguntei.

—Devo estar - ele riu e eu o acompanhei - Mas vou cuidar de você, eu prometo– seu olhar terno me fez corar, mas o sustentei até o sanduíche dele parecer mais interessante.


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