W's escrita por Luana Almeida


Capítulo 16
Pesadelos - Parte II


Notas iniciais do capítulo

E aí mereço comentários?



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Sam colocou água para ferver na minicozinha do quarto enquanto me dizia que eu devia dar um cabelo meu para por no chá. De dentro da sacola ele havia tirado um pote de vidro, daqueles de conserva de pepino, com algumas raízes e as colocou dentro da menor panela que eu já havia visto para ferver junto com a água depois que ela começou a borbulhar.

 

Dean ainda procurava mais coisas sobre a lenda e nos deu a informação de que achava que se matássemos aquele monstro do nosso sonho, eliminaríamos ele de qualquer um.

 

—Eu só não entendi uma coisa – falei pegando a xícara fumaceando da mão de Sam – E a arma?

—É o seu pesadelo – ele olhou para o líquido amarelado fazendo careta – Eu posso controlar o que quer que seja para mim.

—Tudo bem – passei a mão pelo cabelo e peguei alguns fios soltos como Sam sugerira.

—Eca – Dean reclamou enquanto colocava em sua xícara.

—Não fala eca, idiota – ri enquanto mergulhava os fiozinhos no meu chá.

—É só tomar e logo faz efeito – Sam me olhava mais do que o normal em todo aquele dia.

—Eu sugiro que você deite – Dean me interrompeu antes que eu colocasse a xícara na boca – Sabe – ele deu de ombros – Você é meio estabanada.

—Eu não sou estabanada – protestei e Dean riu dando o primeiro gole.

 

Tomei tudo de uma vez e achei que ia vomitar. Tinha um gosto amargo, pior que aqueles chás que minha avó me dava quando estava com alguma dor, afinal, não importava a dor, um chá sempre curava. Dean me olhou fazendo uma careta que eu julguei bem pior que a minha.

 

—E então? - perguntei ouvindo um barulho diferente.

—Você tinha que ter medo de avião? - Dean segurou nos braços de uma poltrona.

 

Logo percebi que não estávamos mais no quarto e sim dentro de um avião, o barulho que ouvira antes de tudo mudar era das turbinas. Um raio seguido de uma trovoada cortou o céu fazendo Dean suar.

 

—Eu não tenho medo de avião! - tentei fazer com que minha voz sobressaísse o barulho da tempestade.

—O sonho é seu porque estamos aqui? - ele estava nervoso e apertava minha mão.

—Eu não sei – olhei minha mão e então Dean soltou percebendo o que fazia – Tudo bem, nós precisamos achar o Gilliard – tentei me acalmar, mas até eu que não tinha medo de avião estava passando a ter.

 

As trovoadas se seguiam uma atrás das outras além dos raios que apareciam por todos os lados nas janelas do avião. Levantei com Dean atrás de mim e nós percebemos que não havia mais ninguém lá. Só nós dois.

 

Uma turbulência nos jogou longe, meu corpo bateu em uma poltrona, mais especificadamente a lateral dele e eu gemi de dor. O avião começava a sacudir e parecia estar inclinado para frente caindo e nesse ponto ficou difícil estar em pé.

 

Uma campainha soou e logo a voz de Gilliard encheu as saídas de som.

 

—Senhores passageiros, estamos com alguns problemas mecânicos – o tom era irônico e eu conseguia imaginar a cara que aquele ser detestável fazia – Minha querida, trouxe um amigo, que ótimo, espero que ele esteja gostando do passeio – ele riu e Dean me olhou aterrorizado.

—Ele está na cabine do piloto – ele falou baixo como se alguém pudesse nos ouvir.

 

Mais um solavanco no avião e o desiquilíbrio fez com que caísse em cima de Dean que gemeu me empurrando, surpreendentemente, de um modo delicado para o lado. Nós dois estávamos agora deitados no chão do corredor daquela lataria de asas enquanto a morte nos aguardava.

 

—O problema é comigo – gritei – Ele não teve um filtro dos sonhos.

—Meu doce – a voz novamente na caixa de som – Ele está em seu pesadelo, apesar de você também estar no dele.

 

Dean e eu estávamos tentando nos levantar em meio a aquele balanço, eu o olhei confusa e ele parecia saber menos que eu. Ouvimos um raio atingir o teto do avião e logo um vento gelado começou a entrar nos atingindo de cima. Meus olhos foram para o teto e eu vi o estrago. O teto estava com uma espécie de corte que conforme o vento batia ia se abrindo como se fosse uma lata de sardinha e com isso a chuva começava a cair lá dentro.

 

—Só faltava essa – Dean me puxou pelo braço antes que um raio me atingisse e novamente estávamos no chão.

—Posso fazer o que quiser a partir do momento que ele invadiu o seu espaço – a voz continuou – Não posso matá-la com queda de avião – seu tom de voz era suave como se contasse uma história para crianças dormirem – É claro – ele respirou fundo – Mas me resolvo com você lá embaixo.

—Você não pode matá-la – Dean gritou assim que conseguiu ficar em pé – Ela é a última profeta.

 

O tal monstro pareceu desligar o rádio que estava usando para se comunicar conosco e o avião parou de tremer e ficou estável. Dean tateou as costas e arregalou os olhos me olhando.

 

—Minha arma – ele mexeu os lábios e pude lê-los.

—Dean é o seu sonho tam… - não terminei a frase e mais uma vez o avião solavanqueou acompanhado de uma trovoada muito alta.

 

Meu corpo voou para o fundo do avião naquele espaço reservado para as aeromoças, Dean caiu pelo corredor não chegando tão longe quanto eu. O vi levantar com raiva do chão, sua testa e boca sangravam e senti o sangue escorrer por trás de minha cabeça descendo pela minha nuca, havia um zumbido alto nos meus ouvidos e meus pensamentos começaram a ficar confusos.

 

Mais um trovão e eu apaguei.

 

Ás coisas estavam embaralhadas, mas eu vi Dean arrancar um ferro de dentro do banheiro que servia para colocar toalhas e caminhar até a porta da sala da cabine de pilotos e a abrir com facilidade.

 

—Aurora! - Dean gritou e quando abri os olhos ele estava com o rosto próximo ao meu, uma nova turbulência e nossas testas se bateram.

—Dean – olhei para o banheiro – O porta-toalhas – virei meu rosto novamente para o seu.

 

Ele literalmente se jogou para a porta do banheiro que abriu com o impacto o fazendo cair lá dentro, num impulso só ele levantou e puxou o ferro arrancando-o do lugar e saindo do banheiro com dificuldade.

 

O avião inclinou mais e eu me segurei no cinto de segurança do assento das aeromoças para não escorregar. Dean correu para a porta acompanhando a inclinação e a abriu entrando na sala do comandante.

 

Não conseguia ouvir o que estava acontecendo lá dentro, muito menos ver, as turbinas rugiam cada vez mais alto, havia o ensurdecedor barulho do vento entrando pelo teto e uma cachoeira que descia por ele me deixando encharcada e cada vez mais ateerrorizada imaginando o que poderia estar acontecendo na cabine. Quando Dean saiu de dentro da sala com o rosto mais que ensanguentado foi como se uma luz no fim do túnel estivesse sido acendida.

 

—Acorde! - o ouvi gritar e eu fiz o maior esforço que pude para poder sair daquilo.

 

—Até que enfim – Sam estava em nossa frente e nos ajudou a sentar.

—Você matou ele? - perguntei a Dean.

—Claro – ele enxugou a boca na manga da camisa.

—Ótimo – senti algo gelado em minha testa. Era Sam com um saco de gelo – Obrigada – queria sorrir, mas ainda estava chateada.

—Como foi o meu sonho? - Dean parecia pensativo e também recebeu um saco de gelo.

—Seu sonho? - Sam perguntou confuso.

—Um avião – ele olhou Sam – Nós estávamos em um avião e o padastro dela estava lá.

 

Pensei por algum tempo enquanto Dean explicava o que acontecera para Sam em um breve resumo.

 

—Acho que na hora que bati em você – cortei o assunto dos dois – Algum cabelo, ou célula caiu em mim – era a única explicação no momento.

—Pode ser – ele me olhou se levantando.

—Que nojo – comentei – Células mortas de Dean Winchester – era realmente nojento.

—Eu tomei seu cabelo – ele protestou – Também é nojento.

—Acha que acabou? - Sam olhou para mim e depois para Dean.

—Espero que sim – nós falamos juntos.

 

Já no Impala eu fiquei no banco de trás enquanto Dean mal entrara e já estava roncava baixo no banco da frente. Sam me olhava de vez em quando pelo retrovisor do carro e por uma vez esboçou um sorriso, mas quando eu não retribui ele parou de olhar. No meio do caminho eu ponderei não querer dormir por um tempo, mas me sentia cansada e minha cabeça doía então cedi ao sono não me importando com o que viria pela frente. Ao contrário do que pensei, o sono foi sem nenhum sonho ou pesadelo.

 


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