Por sua causa escrita por Elie


Capítulo 24
Elisa


Notas iniciais do capítulo

Ele quase suplicou.



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Beatriz já havia viajado para o Canadá e Tainá estava conversando com Cecília. Tentei me esconder um pouco das pessoas, mas não foi possível.

— Elisa? — Laysa chegou perto de mim de supetão enquanto eu respondia aos comentários no meu último vídeo. 

Arregalei os olhos e franzi o cenho. Nunca havia falado com aquela garota antes. A única coisa que me ligava a ela era Daniel e eu não queria falar sobre isso.

— Oi? — mal consegui encará-la.

— É que... Eu queria falar com você sobre um assunto chato... — ela estava relutante.

Justamente o que eu imaginava. Cocei meu nariz, pois nem soube como agir direito na hora.

— Pode falar... — eu sabia que me arrependeria de dizer aquilo. 

Laysa sentou-se ao meu lado e respirou fundo. Vi que estava muito tensa e ficou um pouco pensativa antes de falar. Aposto que refletiu muito para ter coragem de chegar até ali. Percebi o quanto era bonita ao reparar melhor nela, devido a nossa proximidade. Invejei um pouco seu maxilar bem delimitado e os olhos amendoados que lhe conferiam uma beleza exótica que deixava qualquer um embasbacado.

— É sobre o Daniel... Sei que não tenho nada haver com a sua vida, mas ele não é uma boa pessoa. 

Acho que meu estômago ficou meio embrulhado. Ela foi mais direta do que eu imaginei. Quis sair correndo dali.

— Se fosse qualquer outra pessoa, Elisa, eu não falaria nada. Mas é que eu assisto todos os seus vídeos e gosto de você. Sei que pode parecer uma desculpa para falar mal do Daniel, mas não é. Estou te falando o que eu falaria para minhas amigas. Daniel é o tipo de cara que some do nada sem dar explicação. Ele não se importa com ninguém a não ser ele mesmo. 

Lembrei do tempo em que andava com Daniel, antes de tudo aquilo ter acontecido. Laysa não se preocupou comigo quando ficou com ele dias depois de ter nos visto conversando no intervalo. Por sorte dela, aquilo não me atingia mais.

— Não tenho nada com ele — retruquei.

— É porque eu vi seu vídeo no canal e... 

 — E você viu um vídeo de dois amigos. Não se preocupe, eu sei quem ele é... — falei. Fui curta e grossa.

Laysa ergueu as sobrancelhas meio que duvidando do que falei e mexeu em seu celular. Procurou algo por um tempo e me mostrou o que era.

— Não sei se ele também sabe disso... — ela rebateu.

O celular dela estava aberto no perfil dele. Daniel havia postado uma foto há um dia. Eu não mexia muito em outras redes sociais além do meu canal de vídeos então ainda não tinha visto. Era uma foto nossa em São Paulo quando passeamos pelo parque. A legenda era um "Ela me ama". Trezentos comentários com muitas suposições de pessoas que torciam pelo casal inexistente.

Revirei os olhos, sem paciência. A voz de Pedro Lira ainda estava vívida em minha memória. Uma onda de indignação tomou conta de mim. 

— Ele sabe sim. Não se preocupe — falei.

Percebi que ela ainda estava meio nervosa. Dei um sorriso leve para mostrar que estava tudo bem, mas morri de ódio por dentro. Senti como se Daniel estivesse usando minha imagem para se aparecer. Para completar, seus seguidores haviam aumentado consideravelmente depois do vídeo. Tive vontade de jogar a real publicamente.

— Claro que só você sabe o que é melhor para sua vida. Estou te falando isso para que se prepare e não se decepcione tanto como eu.

Só que já era tarde demais para me dizer isso. Laysa apertou os lábios, deu um sorriso triste e saiu. Continuei mexendo no celular mais um pouco quando Daniel veio até a mim desesperado para falar que Laysa estava com raiva dele porque não aceitava que ele não gostava dela.

— Juro pela minha família que nunca tive nada com ela. Laysa é uma louca obcecada por mim. Deve estar com inveja de você. Não caia nessa, Lili.

Quis falar tantas coisas que parei por uns segundos para me segurar. Não sei como ele conseguia ser tão fingindo.

— Relaxa. Ela só veio elogiar um vídeo meu. Por que isso tudo agora? — menti.

Eu seria capaz de falar dez minutos de coisas que ele merecia ouvir, mas já tinha perdido a esperança. Algumas pessoas não mudam tão fácil assim. Pessoas precisam receber nãos de vez em quando para aprender. Foi isso que fiz por um tempo.

 

***

Meu pai Ailton fez um camarão na moranga naquela noite, sua especialidade. Bárbara, a namorada do meu pai Tales, estava conosco. Apesar de se comportar como uma adolescente mesmo na casa dos trinta, eu gostava dela, principalmente pelo fato dela nunca precisar apelar para falsidade. Dizia as coisas que pensava, muito embora muitas vezes quando ninguém pedia sua opinião. Tinha um sorriso extremamente branco de quem investe muito tempo e dinheiro no dentista, uma pele bronzeada de quem adora ir à praia e um cabelo descolorido pelo sol. Poucas pessoas duvidavam quando Bárbara diminuía cinco anos de sua idade. 

— Preciso falar com vocês — avisei.

Falei de forma a deixar explícita minha urgência, mas todos só me olharam por um segundo e, com ar de riso, suporam que não era nada tão sério.

— Espero que seja notícia boa — meu pai Ailton falou enquanto colocava a abóbora gigantesca na mesa. O cheiro estava maravilhoso.

— É sobre Daniel — avisei.

 Essa frase fez uma ruga de preocupação brotar na face de meu pai biológico. Meu pai Tales, entretanto, não escondeu sua alegria. Tentei conter minha irritação quando percebi que ele estava aquela expressão de quem está prestes a fazer uma piadinha ruim.

— Não. Não é isso, pai — olhei para meu pai Tales, prevendo que faria algum comentário desnecessário sobre Daniel e eu. — É o contrário. Eu não quero que ele venha mais aqui nos visitar com tanta frequência. Eu já tinha falado que não me sentia muito confortável, mas gostaria que ele não viesse mais aqui.

A ruga de preocupação de meu pai Ailton sumiu no exato momento em que falei isso. Em seu lugar, notei que um alívio evidente. 

— O que houve? — meu pai Ailton perguntou, tentando esconder sua felicidade.

— Ele fez algo com você? Tem algo te chateando, Lili? — agora era meu pai Tales quem estava preocupado.

No geral, Bárbara tentava nunca se intrometer em assuntos de família, mas dessa vez senti que até ela estava interessada na conversa. 

— Não é nada para se preocupar — evitei contar sobre o episódio em São Paulo para não causar maiores estragos. — Ele não fez nada — menti.

— Então por que isso assim tão de repente? — Daniel e meu pai Tales tinham se aproximado muito nos últimos tempos. Portanto, meu pai sabia que o pedido era direcionado a ele, a pessoa que convidava Daniel para assistir jogos lá em casa. Ele tinha se afeiçoado ao garoto.

— Bem... Preciso focar na minha carreira agora. Daniel é uma pessoa um tanto complicada, tem uma família complicada... Não tenho tempo para isso. E fica mais fácil para mim desse jeito, se todos nós nos afastarmos dele. Ainda mais agora que as pessoas estão fazendo suposições desnecessárias sobre nós na internet.

Quando expliquei minhas razões, meu pai Ailton não conseguiu conter seu sorriso. Tales, por sua vez, ainda parecia preocupado.

— Entendo, Lili. Não o convidarei mais se prefere assim — ele não ficou feliz.

Bárbara deu um beijo em sua testa como que em ato de proteção. Devia ser por isso que ele gostava tanto dela, por ser tratado como se fosse frágil.

— Mas ela está certa — Bárbara interveio, me surpreendendo. — Aquele garoto é meio complicado mesmo. Acho que ele preferia ficar aqui a ir para casa.

Mesmo com o que Daniel fez comigo na festa, senti um pouco de pena dele. Deve ser duro não se sentir em casa na própria casa.

— Faremos o que for melhor para você — senti que meu pai Ailton sempre desconfiou das intenções de Daniel, sempre pedindo para gravar vídeos comigo e perguntando sobre conhecidos famosos.

— Conversei com ele sobre isso algumas vezes. Tem uma relação complicada com os pais, que são pessoas bem difíceis. O pai dele é um homem insuportável. O irmão mora longe. Mas sei que é um bom garoto — senti um pouco de ciúmes da relação que meu pai Tales construiu com Daniel.

"Nem tanto" é o que eu queria dizer, mas preferi suavizar.

— Isso porque não viu o boletim dele —brinquei.

Mas só meu pai Ailton riu. Bárbara voltou a prestar atenção ao seu celular e meu pai Tales apenas esticou os lábios numa tentativa falsa de sorriso. 

Parando um pouco para pensar, uma ideia me chamou atenção. Talvez fosse por conhecer a família de Daniel que meu pai o chamava tanto para nossas reuniões de família. Infelizmente, preferi me afastar, pois precisava me priorizar.

 

***

Já estava me preparando para dormir quando meu celular tocou. Quando se trabalha com internet, o celular acaba virando uma extensão sua.

 

Daniel (22:33) - Eu preciso de você, Lili

Daniel (22:37) - Lili?

 

Ele mandou aquela mensagem do nada. Já estava ignorando ele há muito tempo. Até no aniversário de Vera eu me escondi e saí cedo. Não foi fácil ignorá-lo naquela noite, pois ele estava mais insistente que nunca. Apesar de tudo que ele havia feito, uma parte de mim queria ajudá-lo de alguma forma. Uma parte de mim também tinha esperança que ele se tornaria uma pessoa melhor algum dia. Por fora, ele era um cara charmoso com um bom potencial para viver de futebol. Por dentro, ele era uma pessoa imatura e infeliz que detestava seus pais, mas estava se tornando como eles.

 

Daniel (21:23) - É sério, Lili. Não tenho mais ninguém.

Daniel (21:27) - Preciso de ajuda.

 

Essa hora eu já estava agitada, sem conseguir pregar os olhos.

 

Daniel (22:45) - É sério, Lili.

 

Tentei fazer um esforço para ignorar as outras mensagens, mas algo no meu subconsciente pediu para checar as mensagens mais uma vez. 

 

Daniel (22:55) - Não estou bem. Não me deixe fazer uma besteira.

 

Então não aguentei mais ignorá-lo.

 

Lili (23:12) - Calma. Não faça nada de que possa se arrepender mais tarde. Espere por mim, estou indo aí.

 Pedi um carro pelo aplicativo e saí sem que meus pais percebessem. Sorte que já era tarde e todos estavam dormindo. Tranquei a porta do meu quarto para deixar menos evidência da minha saída.  

Chegando lá, todas as luzes do casarão estavam apagadas, exceto algumas do primeiro andar. O porteiro do condomínio não pareceu ter se incomodado com a minha presença. Era como se já estivesse acostumado com garotas indo para aquela casa. Não havia sinal de vida no lugar. Subi as escadas e fui até o quarto de Daniel. Ele estava lá, sentado em sua cadeira de estudos, olhando para o horizonte com um olhar vazio.

— Daniel? — perguntei, assustada.

Ele olhou para mim com um espanto fora do normal. Percebi que estava suando muito e com olhos avermelhados. Aproximei-me para verificar se a vermelhidão era o que eu pensava. Quando cheguei tão perto a ponto de nossas respirações se misturarem, ele veio em minha direção com alguma violência, tentando me beijar. Afastei-me bruscamente e o impedi de prosseguir, colocando meu braço entre nós.

— Não! — gritei.

— Desculpa, Lili. Não sei o que pensei — percebi que uma lágrima caiu em seu rosto nessa hora. Fiquei em dúvida se a vermelhidão tinha sido pelo choro.

— Você tomou alguma coisa? — aquela situação me apavorou cada vez mais. Prestei um pouco mais de atenção e tive certeza de que as pupilas dele estavam extremamente dilatadas.

— Foi só uma pílula — ele riu, achando que isso era tranquilizador. — O resto está ali — então apontou para uma pequena trilha de comprimidinhos coloridos em cima da escrivaninha.

— Cadê os seus pais?

"Devem estar brigando por aí", ponderei. Esse pensamento me fez dar uma leve risada sarcástica.

— Meu pai viajou para visitar o filho preferido e minha mãe deve ter aproveitado a oportunidade para traí-lo com o cara mais rico que encontrou — fora de si, caiu na gargalhada enquanto falava.

Cada vez  que Daniel ria, ficava mais assustador. Parecia que o fôlego ia diminuindo a cada frase. As lágrimas foram ficando cada vez mais frequentes.

— Não fale isso com sua mãe! Não a culpe pelas suas revoltas. Nem faça isso ser sobre a sexualidade dela só porque é uma mulher — briguei.

Isso o fez me olhar com desdém e dar outra risada descontrolada. Logo concluí que era uma besteira falar aquilo para uma pessoa dopada.

— Não faça isso sobre feminismo de internet. Eu a vi com o cara — aos poucos a risada foi ficando incontrolável e parecia que ele realmente estava achando graça. Foi muito triste.

— Sinto muito — preferi não discutir. — Mas não faça isso consigo mesmo. Não arrisque sua carreira por um momento ruim. Vou jogar esses comprimidos no ralo, okay?

Daniel concordou. Fiz um montinho com os comprimidos restantes e joguei-os de uma vez em minha mão. Fui até o banheiro e fiquei assistindo cada um deles sumir pelo encanamento. Em seguida, cheguei no quarto e encontrei Daniel ofegante e com o rosto ainda mais vermelho de chorar.

— E agora... Lili? — ele respirava e falava com uma voz cada vez mais aguda. — Quem... Vou ser... Sem... Futebol? Eu não... Serei nada... Nessa... Vida. Vão me tirar... Do time por... Causa disso! Meus pais... Vão me... Matar — com a respiração curta, ficava cada vez mais difícil para ele respirar, chorar e falar ao mesmo tempo.

— Deite-se um pouco. Vou pegar um copo d'água.

 

Elisa (23:57) - Bia! Urgente! O que eu faço quando alguém está tento um ataque de pânico?

Bia (24:12) - Fique aí do lado dessa pessoa. Acalme-a. Peça para respirar calmamente. Garanta que vai ficar tudo bem. E deixe o ambiente o mais acolhedor possível.

Bia (24:12) - Quem é?

 

Fiquei numa situação complicada. Pensei em ligar para um hospital ou algum conhecido, mas aquilo se tornaria público se eu envolvesse outras pessoas. Caso alguém me visse, tudo seria amplificado e as chances seriam de que realmente a carreira de Daniel corresse risco. Decidi que ficaria de observando qualquer sinal de piora.

— Estou aqui. Fique tranquilo. Resolveremos o resto depois. 

Ele foi se acalmando aos poucos. A respiração foi ficando menos ofegante. Acho que a vermelhidão continuava ali, mas reduziu consideravelmente. Fiquei mais tranquila com o passar do tempo. Acho que dei dois cochilos leves.

— Continuarei aqui até você ficar bem — garanti.

Acho que depois de falar isso fiquei cerca de meia hora ao lado dele sem dizer nada. Quando achei que ele havia adormecido, percebi que segurara minha mão. Não retirei.

— Porque você se afastou tanto de mim? — ele quase suplicou.

Na maioria das vezes eu o via como um grande jogador, o garoto que não tinha medo nenhum de seus adversários. Mas ali ele só era uma pessoa vulnerável e instável. Perguntei para mim mesma como acabei ali. Quem diria que há alguns meses eu o colocava num pedestal. 

— Não se lembra? Foi você quem se afastou primeiro — dessa vez eu não pude conter alguma satisfação em falar isso.

Ele não respondeu, só fechou os olhos e ficou naquele estado que de quase transe.

— Cadê seus amigos? — perguntei.

— Ocupados. Está tudo mudando, você sabe... Todo mundo está meio ocupado. 

— Espero que isso não se repita. 

— Não vai... Liguei até para o Tales, mas ninguém me respondeu.

Um pouco de remorso tomou conta de mim. Eu tinha minhas amigas de sempre para manter meus pés no chão. Até Bia, que tinha acabado de viajar para longe, perguntava frequentemente como eu estava. Daniel não parecia ter ninguém assim. Nas poucas vezes que falei sobre Victor, seu irmão, ele pareceu distante. Talvez eu fosse a única pessoa que se preocupou de verdade com ele em muito tempo.

— Meu pai anda um tanto ocupado ultimamente. Você sabe que ele é a única pessoa que me ajuda com o canal.

— Sim, eu sei — ele se acalmou.

Daniel adormeceu após murmurar essas palavras. Fiquei assistindo ele dormir, preocupada em observar qualquer sinal de piora, mas ele dormiu com uma criança. Chuto que dei quatro cochilos longos, mas não consegui dormir direito. Já estava amanhecendo quando fui embora. Certifiquei-me de que ele estava bem mais uma vez. O efeito da droga já devia ter passado. Então ajeitei suas cobertas e saí sem ser notada.

 

Tainá (06:45) - Foi o Daniel.

Bia (07:10) - :O

 

Ninguém  percebeu minha saída. Dormi como uma pedra quando cheguei em casa. Não nos falamos mais depois desse dia. Aconteceu na segunda-feira da última semana de aula. Contei os dias para não precisar mais vê-lo diariamente no colégio. Por sorte, ele faltou muitas aulas e mandou uma mensagem para avisar que estava bem e eu que não precisava me preocupar. 

 

Daniel (12:12) - Vou faltar. É a última semana de aula e meus pais não estão em casa, então não tem ninguém para me regular. Não preciso disso, eu tenho o futebol e um clube bom já está me rondando. Não se preocupe comigo. Estou bem por sua causa. Obrigado por tudo! Depois a gente se vê!

 

Não respondi. Precisava ser forte e seguir com minha decisão de me afastar. Rezei para que ele não fosse pego num exame antidoping. Só o reencontrei no sarau. Daniel deu um largo sorriso quando me viu, mas respondi com um aceno desanimado. Deixei evidente que eu não queria mais nenhuma conversa com ele. 


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Notas finais do capítulo

Maybe in another life
Everything worked out alright
And things that made this harder passed us by

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