Após o casamento Mr. e Mrs. Darcy decidiram ir viver para Pemberley, uma vez que o convívio com Mrs. Bennet não agradava muito a Mr. Darcy nem a Mrs. Darcy. Elizabeth gostava da sua mãe como todos os filhos gostam, mas sabia que para o seu esposo seria um grande sacrifício, que este por si estaria disposto a fazer. Assim decidiu que partir para Derbyshire seria a melhor solução. Apenas uma coisa lhe estava a entristecer, ter que deixar o pai e Jane tão longe.

Mr. Bennet, estava também ele triste, mas assegurou à filha que assim que fosse possível a iria visitar. Elizabeth prometeu-lhe então um passeio pelos magníficos jardins de Pemberley e já a chorar abraçou-o. E assim Mr. e Mrs. Darcy deixaram Longbourn em direcção à sua nova residência, onde já os aguardava Georgiana.

Quanto a Mr. e Mrs. Bingley foram viver para Netherfield, onde todos os dias recebiam a visita ora dos pais, ora das irmãs de Jane. Miss. Bingley e a irmã embora não desgostassem de Jane não suportavam os modos de Mrs. Bennet por isso viviam quase todos o ano em Londres. Jane também não se incomodou muito com isso, uma vez que a intimidade que um dia tivera com as duas tinha desaparecido.

E assim se passaram dias, semanas, meses e anos depois do casamento. Mr. Bennet passava quase todo o tempo no seu escritório a ler ou a escrever à sua Lizzy. Mrs. Bennet continuava à espera de novos vizinhos para casar as filhas ainda solteiras. Estas por sua vez estavam um pouco mais ajuizadas: Kitty com o afastamento de Lydia demonstrava maior vontade em estudar e em tocar piano, no entanto, não deixava de ser a menina que se empolgava em cada baile que havia; já Mary que talvez fosse um pouco rejeitada por todos, tanto por não ter a beleza das irmãs como por ser a única que sempre se mostrou interessada em estudar, deixou tudo isso de lado já que deixou de ter razões e assim conseguiu deixar um pouco os seus interesses pessoais de lado e concentrar-se em dar a assistência que a mãe necessitava.

Em Netherfield Mr. e Mrs. Bingley viviam numa tranquilidade e harmonia invejável. As visitas que Mr. Bennet fazia, quase todos os dias eram sempre recebidas com grande entusiasmo por Jane. Muita vezes com ele iam as filhas, principalmente Kitty que com a paciência da irmã mais velha e fora da influência negativa de Lydia, demonstrava-se sempre muito disposta a aprender.

Certo dia, enquanto Mrs. Bennet se dirigiu a Meryton para falar com Mrs. Phillips sobre as suas férias em Bath, Mr. Bennet decidiu ir caçar com Mr. Bingley. Kitty e Mary acompanharam o pai, se uma amava tocar no enorme piano que este tinha em Netherfield a outra tinha na ideia ler todos os livros que conseguisseda biblioteca de Mr. Bingley. Jane nunca se demonstrava insatisfeita com estas visitas e por outro lado Mr. Bingley agradecia pela companhia.

Mr. Bennet sentia muita falta das filhas, principalmente de Lizzy, e Jane bem o sabia, porém, também tinha a certeza do amor que o pai tinha por todas as outras. Quanto às duas irmãs achava-as menos "grosseiras" e mais educadas, sabiam quando falar, como estar, não eram as moças perfeitas da alta sociedade, mas com certeza estavam muito mais educadas. No fim da caçada Mr. Bennet demonstrou a Mr. Bingley, a vontade que tinha em ir a Pemberley visitar Mrs. Darcy, salientando a falta que ela lhe fazia e o transtorno que era ela viver tão longe. Bingley apesar de dar um leve sorriso, não deixou de ficar algo incomodado com a afirmação do sogro, não por ele mas por Jane. E como que imaginando o que o genro estaria a pensar falou.

— Não pense que desprezo Jane ou que não gosto dela. Ela é, e sempre foi uma boa filha, e tenho a certeza que é uma óptima esposa, porque sei que nunca arranjaria melhor...a minha Jane é uma mina de candura.

— Sem dúvida que é. A melhor de todas as esposas...e eu tenho um profundo sentimento por ela.

— Sim, sim...Jane é uma boa rapariga.- disse Mr. Bennet a sorrir...- Talvez um pouco dócil demais por vezes, penso que as pessoas podem ser levadas a crer que Jane é até algo ingénua, mas ela não o é. Apenas acredita que todos são bons...e por vezes penso que se desilude.

— Concordo com o Senhor. Mas todos gostam de Mrs. Bingley, porém, diga-me quem poderia não gostar de uma pessoa tão doce e bonita?

— Concordo consigo Mr. Bingley. Mas Mrs. Darcy, a minha Lizzy, ela vê as coisas de outra forma. Ela tende ás vezes a ser injusta nas suas primeiras impressões, mas também é suficientemente recta e se porventura se engana tem a capacidade de se corrigir. Acho que talvez sofra menos desta forma.

E assim continuaram o caminho até casa sem dizerem mais nada, Mr. Bingley pensando na sua doce Jane e Mr. Bennet pensando na sua Elizabeth tão longe, contudo saber que ela era feliz atenuava a saudade. Assim que entraram em casa foram recebidos por Jane que logo os informou que a mãe já chegara à mais de meia hora. Em vão Jane e Mr. Bingley os tentaram convencer a ficarem para o Jantar. Mr. Bennet não queria abusar da bondade da filha e do bom coração do genro, e assim afirmou que tinha alguns assuntos pendentes para tratar, a Mrs. Bennet não lhe agradou a ideia de se ir embora antes de jantar, mas o esposo estava irredutível e foi firme na sua decisão, e assim partiram os quatros para Longbourn deixando Mr. e Mrs. Bingley sozinhos no aconchego da sua casa.

No dia seguinte de manhã Jane recebeu uma carta, era de Lizzy. Mr. Bingley que entrou na sala na mesma altura dirigir-se a esta.

— De quem é minha querida?

— É de Elizabeth.- respondeu Jane com um sorriso nos lábios.- Já estava admirada por ela não me escrever! Se incomoda se for andando, eu irei ter consigo mais tarde.

— Claro que não, eu vou tratando de outros assuntos, voltarei para te vir buscar daqui a meia hora.

— Obrigado, meu querido.- Jane assim que Charles saiu começou a ler a carta.

"Minha Querida Jane,

Não sei se haverá mulher mais feliz que eu, e por favor não te zangues por eu me afirmar mais feliz que tu. Darcy é sem dúvida o homem mais bondoso e carinhoso que conheci. Não há um dia que passe que ele não me dê provas do seu amor por mim. Não posso desejar nada que ele logo mo dá."

— Oh, Lizzy! Que bom, saber-te tão feliz como eu...- Jane continua a ler a carta...

"Georgiana é a mais doce da raparigas, passamos horas a passear por Pemberley e a tocar, embora ela o faça melhor que eu. Mas minha querida Jane, não fiques com ciúmes, tu serás sempre a minha doce e boa Jane."

— Ciúmes? Não, claro que não Lizzy, nunca...- e ri-se desta preocupação tão infundada de Lizzy.

"Os nossos Tios Gardinner vieram fazer-nos uma visita na semana passada com os nossos primos. Georgiana foi muito doce para com eles, que por sua vez a adoraram não a deixando sossegada um segundo. O nosso Tio e Darcy form quase todos os dias pescar, enquanto eu e nossa Tia nos encantámos mais uma vez pelos extensos jardins de Pemberley. Espero receber noticias vossas em breve, como estão todos por aí? Como está o nosso querido pai? E a mãe como tem passado? Espero que Mary e Kitty esteja a dar-lhe todo o apoio que ela necessita. Em relação a Lydia...bem recebi notícias dela."

— Notícias de Lydia, meu Deus o que será que aconteceu?

"Parece que Wickham voltou a fazer grandes dívidas em Newcastle. A nossa irmã escreveu pedindo-me ajuda para o esposo, embora não lhe possa negar ajuda não mencionarei nada a Darcy, sei que para ele é um assunto que o aborrece, embora saiba que por mim eles os ajudasse. Mas é algo que não lhe posso pedir...já escrevi a Lydia, transmitindo-lhe que a iria ajudar, pois como bem sabes ambos gastam mais do que podem e devem, sendo que o seu rendimento é tão baixo que não sei como o conseguem viver com o conforto que ambos ambicionam. Espero receber notícias tuas em breve...e pensem em vir até cá para uma visita. Da tua Irmã.

Mrs. Elizabeth Darcy "

Jane não pode deixar de se sentir sozinha, as saudades que tinha de Lizzy, das suas conversas, da forma como Lizzy sempre lhe dava ânimo sempre que esta necessitava. Naquele momento estava Jane nestes pensamentos nostálgicos quando Mr. Bingley entrou. Este assim que vê a esposa com lágrimas nos olhos logo se mostrou preocupado.

— Minha querida Jane, que se passa? Alguma notícia desagradável?

— Não, meu querido. Apenas uma certa nostalgia, saudades de Lizzy...- Jane olhou para o marido que lhe foi limpando com afeição as lágrimas que lhe iam caindo pela face...e no fim este sorriu-lhe.- As saudades comoveram-me penso eu.

— Mas está tudo bem em Pemberley? Mrs. Darcy passa bem?

— Sim, tudo está bem. Apenas me conta sobre a sua felicidade, da visita que os meus tios lhes fizeram e algumas notícias inquietantes sobre Lydia. Parece que Wickham voltou a contrair várias dívidas e ela escreveu a Lizzy pedindo-lhe auxílio.

— E o que fez Mrs. Darcy? Ela mencionou alguma coisa a Darcy, sabendo o que ele pensa de Wickham.

— Não, ela nada disse a Mr- Darcy. Lizzy achou melhor não pôr ao corrente da situação, ela sabe que Darcy e Wickham não têm um passado amigável.

—Mrs. Darcy é perspicaz, Darcy não ia gostar mesmo nada de saber. Mas sua irmã respondeu-lhe, quer dizer a Mrs. Wickham?

— Sim, apesar de tudo Lydia é nossa irmã. Ela enviou-lhe alguma ajuda financeira, nada significativo.

— Vais contar alguma coisa aos teus pais? Quer dizer de Lydia?

— Não.Meu pai iria ficar furioso por de novo ter alguém a pagar pelos erros de Lydia, e minha mãe, bem nem sei...- e dando um leve suspiro, se levantou...- Vamos, eles devem estar à espera.

E assim Mr. e Mrs. Bingley saíram rumo a Longbourn, onde tinham combinado ir almoçar. Durante o caminho Mr. Bingley pensou em algo que tinha a certeza que iria agradar à sua esposa.

— Que achas da ideia de irmos a Pemberley no Verão, Darcy está cansado de nos convidar, eu tenho recusado pois tenho tido algum trabalho, mas se te agradar a ideia podemos ir passar uns tempos em Pemberley.

— Sério, sim claro que sim. Mas achas que Mr. Darcy aceitaria? Isto é, assim com tão pouco tempo de aviso.

— Não vai haver problema. E assim que voltarmos a casa escreverei a Darcy. E já que vamos a Longbourn falarei da visita ao seu pai, pode ser que ele se anime, que acha?

Jane não podia conter a sua alegria, ir a Pemberley, ir ver Lizzy era tudo o que mais desejava. em Longbourn comunicaram aos pais os seus planos, Mr. Bennet agradeceu-lhes a ideia e aceitou de bom grado, Mrs. Bennet ficou um pouco desolada por não pode ir mas já tinha feito planos com Mrs. Phillips para a sua ida para Bath. Kitty ficara animada com a ideia de ir a Pemberley, contudo a Mr. Bennet não lhe agradou a ideia de sobrecarregar Lizzy com mais uma visita.Mas Jane que viu a desilusão da sua irmã conseguiu convencer o pai em deixá-la ir, afirmando que não seria por mais uma pessoa que incomodariam Mrs. Darcy. Mary decidiu não ir , preferindo fazer companhia à mãe em Bath. Onde para além de auxiliar Mrs. Bennet teria a oportunidade de se concentrar mais nos seus estudos.

Kitty desde esse dia que só pensava na visita que iria fazer a Pemberley, e com alguma sorte Mr. e Mrs. Darcy dariam um baile, como iria ser maravilhoso. Jane temendo que a velha Kitty retornasse tentou em vão conter todos aqueles planos mirabolantes que passavam pela cabeça da sua irmã. Mas Kitty estava tão feliz com a ideia que nada nem ninguém a desmoralizava. Uns dias depois Mr. Bingley recebeu uma carta de Mr. Darcy afirmando-lhe o gosto que ele e Mrs. Darcy teriam em os receber a todos. Mr. Bennet recebeu igualmente uma carta da sua Lizzy.

"Querido Papá,

Tanto eu como Mr. Darcy esperamos ansiosos pela sua visita, bem como a de Kitty, que segundo tenho conhecimento tem melhorado bastante no seu comportamento. Escreva-me o mais depressa possível dizendo-me o dia em que virão. Peço-lhes também que pensem na hipótese de virem com Jane e Mr. Bingley. Desta forma terão a companhia uns dos outros e a viagem se tornará mais prazerosa. Com saudades da sua filha.

Mrs. Elizabeth Darcy"

Mr. Bennet achou a ideia de Lizzy bastante razoável e desta forma Mrs. Bennet poderia ela levar a carruagem para Bath e ir a Pemberly busca-lo e a Kitty antes de retornar a Longbourn. Falou com Mr. Bingley que aprovou o plano e escreveu a Lizzy a contar-lhe o combinado.