Problem escrita por LelahBallu


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Olá!!
Não vou trazer justificativas dessa vez, ou dar sermões, serei breve, para aqueles que ainda estão confusos sobre o que vem acontecendo, apenas peço que acessem meu perfil, e caso acompanhem AMF leiam as notas inicias do último capítulo (Somebody else).
Estou de volta com Problem, para dedicar esse capítulo a Amanda, leitora que me acompanha no twitter, que completou ano ontem, e como havia dito por lá, esse é meu presente para ela. Mais uma vez deixo aqui meus parabéns flor, espero que goste do capítulo!!
Quero deixar meu Xoxo especial também para a “Annearrow”, que recomendou a fic e com tudo o que aconteceu não tive como agradecer a ela por aqui, obrigada pelo carinho flor!!
Agora, estão liberados para a leitura!



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FELICITY SMOAK

Fechei o livro com um suspiro.

Sempre me surpreenderia com a sensação agridoce que me consumira ao terminar um livro. Era boa e ruim ao mesmo tempo. Eu amava quando todos os pontos se fechavam, triste ou não, era excepcional quando um livro finalizava sua história com o máximo de coerência e fidelidade, ver os personagens crescerem era ótimo, ter que dizer adeus a eles, não.

Acariciei o pelo de Luna que estava deitada em minha barriga. Minha gata apenas emitiu um leve ronronar em resposta, ela era uma preguiçosa, e como todo gato me dava atenção apenas quando lhe era conveniente. Percebi que Luna não gostava de dormir sozinha, mais de uma vez fui dormir tranquila em minha cama e acordei com ela embolada em meus pés, a primeira vez quase que a coitada levou um chute, tive que aguentar seu mau humor por todo o dia.

A gata traidora tinha preferência pelo sexo masculino.

Era uma gata safada.

Sempre estava atrás de Diggle, e não preciso dizer que Oliver totalmente mexia com minha gata, mal ele entrava em casa ela já o recebia contornando suas pernas até que ele a erguesse em seus braços e lhe desse carinho. Eu quase podia observar a gata sorrir de forma maliciosa para mim.

Não falei nada para Oliver, pois além de rir, ele diria que era produto do meu ciúme.

Era claro que eu não tinha ciúmes de uma gata.

Minha gata.

O pensamento em si era ridículo.

Como se percebesse a direção dos meus pensamentos e parecendo provar que eu estava enganada, Luna se ergueu em suas patas, indo até meu pescoço, sua cabeça esfregando-se ali. Era fofa, mas não me enganava.

— Eu sei que você está agindo assim só por que está perto de te alimentar. – Resmunguei embora esfregasse sua cabeça com carinho.

Eu estava no apartamento de Oliver, que havia se tornado muito protetor desde três dias antes, quando Cooper resolveu nos provocar ao tomar o boné de Connor. Sempre que possível ele dava uma desculpa para eu ir para o seu apartamento, mesmo ele não estando lá, ignorava o fato de que eu literalmente vivia com um segurança. Eu não liguei muito porque aproveitei a oportunidade para fugir do meu pai. Ele ainda estava na cidade e muito repentinamente decidiu virar o pai do ano. Pois estava fazendo visitas constantes e sempre trovejando ameaças sobre Cooper. Eu tive que contar a Roy que meu ex namorado psicopata estuprador em potencial era o culpado pelo acidente que quase havia custado sua vida, Roy ficou puto porque ele se lembrava bem de Cooper pelo episódio da festa, o dia em que o vi pela primeira vez, Roy de imediato ficou preocupado comigo.

Tentei tranquiliza-lo já que embora ele tivesse recebido alta, ele ainda estava sob observação, estando sob cuidados de Thea no apartamento dela. Não havia muito que ele podia fazer por mim, não dessa maneira.

Interrompi meus pensamentos ao escutar o suave clique da porta dianteira se abrindo. Luna não perdeu tempo, a gata pulou do meu colo com velocidade surpreendente e em um piscar de olhos estava no colo de Oliver.

Eu disse, minha gata estava competindo comigo pela atenção do meu namorado.

E não, eu não estava com ciúmes.

— Eu reconheço esse olhar. – Levantei meus olhos para encarar o de Oliver, ele estava sorrindo, parecia divertido até. Sem demora ele colocou Luna de volta ao chão e veio até mim. – Você está com ciúmes de uma gata. Sua gata. – Falou parando em minha frente e se agachando. Só então percebi que não tinha sequer me dado o trabalho de me erguer para recepciona-lo.

Não era a toa que gata estava ganhando.

Franzi o cenho percebendo o que ele dizia e ergui meu tronco até meus olhos estarem na mesma altura que os seus.

— Isso é ridículo. – Protestei. O sorriso de Oliver aumentou ainda mais quando escutou meu protesto.

— Mesmo?

— Esse olhar, é o olhar de quem não está gostando nem um pouco de ficar trancada nesse apartamento esperando por você. – Menti. Eu poderia ter me encontrado com Thea e Roy, poderia ter feito minha caminhada com Diggle, poderia ter passado o dia com Connor, ele havia me pedido que eu o ensinasse a tocar piano, eu até mesmo poderia ter ido para a biblioteca já que o período de provas estava retornando. Mas eu gostava do apartamento de Oliver, eu gostava principalmente da cama de Oliver. Tinha seu cheiro.

Mas ele não precisava saber disso.

Então, apenas o encarei com desafio.

Apenas para receber um beijo como resposta.

Eu não estava preparada para esse beijo.

Seu beijo foi longo e molhado. O tipo de beijo que me fez imediatamente me esquecer de todos os meus problemas e a penas desejar arrancar suas roupas fora no próximo segundo, e foi o que eu fiz. Sem perder tempo ergui-me sobre o cotovelo antes de me sentar e abraçar seu pescoço o puxando para mim, aprofundando o beijo. Oliver ficou ajoelhado entre minhas pernas, que o aprisionaram, enquanto suas mãos apertavam minha cintura e as minhas brincavam com a sua camisa, procurando pelos botões.

Oliver conseguia me levar de 0 a 100 com apenas um beijo.

Foda.

O homem sabia como beijar.

Oliver recuou ganhando um protesto em forma de gemido. Com seus olhos fixos em meus lábios enquanto eu me ocupava de desabotoar sua camisa.

— Felicity. – Chamou-me entre um beijo e outro.

— Hum? – Resmunguei enquanto lidava com um botão particularmente difícil.

— Precisamos conversar. – Murmurou segurando meu rosto e impedindo-me de tornar a beija-lo, meu corpo ainda ansioso por seu toque, demorando alguns segundos para perceber que não ia vir, não agora.

Suspirei interpretando sua expressão.

— Não. – Murmurei deixando minhas mãos caírem.

— Não? – Perguntou tentando se afastar, sua mão tocou minha perna em um pedido que o soltasse, mas tudo o que fiz aperta-lo ainda mais. Oliver sorriu, não sendo todo contra a posição.

— Você não pode me beijar daquele jeito e em seguida pedir para conversar. – Protestei. Enquanto meneava a cabeça. – Você não pode ser nosso próprio empata foda.

— Anjo...

— Você não vai me ganhar com isso. – O alertei. – Eu quero sexo, então é melhor você participar disso, se isso te ajuda, você pode ficar sentado aí enquanto eu faço maior parte do trabalho, eu não me importo.  – Movi minha mão para sua nuca, meus dedos enredando-se nos fios de cabelos espessos.  – Vamos Dr. Delícia, está na hora de tirar as calças. – Ele piscou atônito, a imagem até mesmo era cômica, Oliver parcialmente despido, com sua camisa quase completamente desabotoada sentando enquanto sua namorada exigia que ele tirasse as calças. Ele sorriu fazendo-me perceber que o mesmo havia se passado em sua cabeça.

— Eu adoraria obedecer você, eu não poderia querer algo mais do que observa-la enquanto faz todo o trabalho... – Murmurou em tom sugestivo. – Mas nós realmente precisamos conversar.

— Bem, eu não quero conversar. – Retruquei finalmente o soltando. – Você tem esse olhar em seu rosto, o tipo de olhar sério e preocupado, você quer falar sobre Cooper. – Deduzi. – Eu não poderia querer menos do que falar sobre meu ex-namorado psicótico.

Oliver suspirou e sem dizer nenhuma palavra estendeu sua mão para mim, em um gesto instintivo eu a peguei. Ele me atraiu para si fazendo com que eu sentasse em seu colo, ambos no chão, minhas pernas tornando a envolver sua cintura, eu sabia que ele havia gostado. Eu estava completamente apoiada em seu corpo, minha mão tocando sua testa, buscando eliminar aquelas linhas de preocupação.

— O que aconteceu? – Perguntei sabendo que a aquele seu silêncio havia sido provocado apenas para me dar tempo. Ele não queria me pressionar, mas ia esperar o tempo que fosse possível para ter essas conversa. Devido sua insistência eu só podia deduzir que alguma coisa aconteceu. – Algo aconteceu, certo? Você teve notícias de Cooper. – Afirmei.

— Tommy veio falar comigo ontem. – Murmurou. – Ele e Caitlin atenderam uma paciente. Ela teve overdose, eles a estabilizaram. – Ergui minhas sobrancelhas aguardando mais informações antes de chegar a qualquer conclusão. – Ela costumava se drogar ao que parece, mas a garota acordou desorientada e assustada, por enquanto ela está se recuperando, ela não se drogou por que quis, disse que foi sequestrada.

— Ok. – Murmurei assentindo. – Eu posso ver por onde sua mente está indo, mas nem tudo pode ser atribuído a Cooper. – Falei. – A cidade está cheia de idiotas que vão encurralar uma garota apenas pelo prazer de se sentir mais forte.

— Ela não escapou, anjo. – Falou. – Ela foi deixada no estacionamento do hospital. Ela é loira, possui olhos azuis e até mesmo sua altura é semelhante a sua. – Continuou. – Ela também conseguiu descrever quem a pegou, é impreciso, mas se assemelha o bastante com Cooper para me deixar preocupado.

Respirei fundo assimilando o que ele dizia. Deus, o que isso significava? Cooper agora saía perseguindo garotas parecidas comigo? Recriava a noite em que ele tentou me estuprar e as deixava como mensagem no mesmo hospital que fui atendida? O hospital em que Oliver, que era meu namorado, trabalhava?

Era insano.

— A garota... – Murmurei sentindo meu estômago se revirar diante o pensamento. – Ele a tocou... Eu quero dizer ele chegou a...

— Não. – Oliver negou. – Eu acho que essa foi a intenção dele, deixa-la o mais próximo possível das condições em que você foi encontrada.

— Ok. – Murmurei assentindo, minha mente disparando na mais nova loucura dele. Eu não conseguia compreender a razão de um ser humano machucar outro apenas para mostrar que pode, para impor dominância, eu não conseguia compreender muito menos ele fazer isso como uma mensagem para alguém. – Ok.

— Felicity? – Oliver tentou chamar minha atenção novamente. – Você está bem?

— Eu... – Murmurei embora não soubesse como respondê-lo. – Eu...

— Anjo...

— Eu... Ela está bem? – Perguntei o encarando. – A garota.

— Eu não cheguei a vê-la. – Murmurou. – Eu não era seu médico, e ela só recebe visitas da família e da polícia. Mas fisicamente, eu diria que está se recuperando, ao menos foi o que Cailtin e Tommy me disseram, já sua mente... Eu não sei. Eu jamais poderia imaginar sua mente. – Deu de ombros. – Às vezes eu não sei o que se passa na sua. – Apontou para mim.

— Mas eu... – Murmurei de forma automática, pronta para deixar claro que éramos diferentes, nada havia acontecido comigo.

— Você foi uma vítima.  – Falou já prevendo o que eu ia dizer. – Assim como ela, como você pode enxerga-la tão facilmente como uma vítima, mas não a si mesma?

— Você sabe que outras palavras soam como vítima? – Perguntei tentando me erguer, mas dessa vez foi Oliver que me segurou com firmeza, impedindo-me.  – Frágil. Fraca. Impotente. – Oliver me encarou, sua expressão me dizendo que ele não gostava da direção que eu estava tomando. – Eu não gosto de me sentir assim Oliver, eu prefiro pensar que eu consegui evitar com que uma coisa terrível e revoltante acontecesse comigo, foi por pouco, foram minutos no inferno, mas não aconteceu.

— Mas poderia ter acontecido. – Argumentou. – E é com isso que você não consegue lidar. Felicity, Deus sabe quantas garotas Cooper encurralou e não conseguiram esse “quase” que você conseguiu. Você não falou com ninguém, mal fala comigo e sempre foge quando toco no assunto. Você não o denunciou, e constantemente o chama de covarde, minimizando o que ele realmente pode e deve ter feito tantas outras vezes. O problema de covardes e que eles constantemente tentam provar o contrário subjugando alguém. Alguém que eles consideram sim fracos, mas que não são. Eles, pessoas como Cooper que são.

— Você está dizendo que é minha culpa o que aconteceu com essa garota? – Perguntei na defensiva. Como eu poderia julga-lo por pensar nisso, se eu mesma vinha cogitando isso desde o momento em que ele falou? – Que se eu tivesse feito algo antes...

— Não. – Negou firmemente. – Nunca tome para si a culpa do que um bastardo, um doente como Cooper fez. – Sua mão foi até meu rosto, ficando mais próximo de mim. – Eu não culpo você por seu silêncio, seria o mesmo que culpar tantas mulheres que passam pelo mesmo e acabam mantendo para si. Eu queria que você o quebrasse, por que mais do que qualquer outra pessoa, isso pode ajudar a si mesma, sabemos que a lei é falha, sabemos o quanto de poder pessoas como Cooper e seu pai possuem, nada garante que sua denúncia resultaria em algo de imediato, que impedisse o que ocorreu com a outra garota, mas eu tenho certeza, que você se sentiria muito melhor se fizesse isso.

Desviei meus olhos dos seus antes por fim voltar a encara-los.

Eu poderia compreender onde ele queria chegar. Ele estava certo, eu conseguia ser sensata quando avaliava toda a mesma situação ocorrendo com outra pessoa, e me calar não era justo, mas eu podia pensar em outra razão para não levar o que aconteceu naquela noite a polícia.

Eu escapei, por que fui salva.

Roy me ajudou.

Revelar a Oliver que Roy me ajudou, era revelar que ele estava naquela festa e o que estava fazendo. Oliver não ficaria nem um pouco feliz com seu cunhado ao saber que ele estava vendendo drogas.

Roy havia acabado de sair do hospital, eu definitivamente não precisava dar uma razão para ele voltar. E eu não iria falar sobre isso, sem antes conversar com ele. Então quando meus olhos encontraram os de Oliver, eu apenas suspirei, sabendo que por hora eu não poderia seguir tendo essa conversa.

— Você não pode me pressionar. – Murmurei sentindo-me culpada, pois eu sabia que essa havia sido sua última intenção.

— Eu não quero...

— Eu sei. – Assenti. – Eu entendo, você está preocupado. Eu seria uma idiota se não tivesse também. – Murmurei. – É claro que tenho medo Oliver, mas não vamos ser guiados por isso ok?  Não vamos deixa-lo ganhar. Cooper entregou sua mensagem, vamos não tentar reagir a ela com pânico.  – Segurei suas mãos tentando tranquiliza-lo. Ao notar seu olhar confuso, as soltei então o abracei. – Eu sempre pensei que Cooper era minha escolha errada. – Confessei. - Então só agora percebi que ele nunca foi uma escolha. Cooper me foi imposto, crescemos juntos, fui encaminhada a isso. Ele nunca foi minha escolha. Você é. E não poderia ser mais certa.

Seu rosto se transformou quando me afastei para encara-lo. Estava mais leve e carregava um sorriso. Foi impossível não lhe devolver o sorriso. A preocupação ainda estava lá, eu podia enxerga-la, mas não o dominava mais.

Meu Oliver estava de volta.

— Você está tentando me distrair com palavras doces. – Acusou-me abraçando minha cintura.

— Estou conseguindo? – Brinquei enquanto acariciava sua nuca.

— Hum. – Seus olhos fecharam-se brevemente. – Talvez sexo fosse mais eficiente, eu acho.

— Você acha? – Repeti divertida.

— Apenas um palpite. – Retrucou. Estava pronta para lhe dizer que havia sido ele que jogou a oportunidade fora, mas que eu estava disposta a recupera-la quando escutei o breve toque do meu celular informando-me que havia chegado uma mensagem.  Oliver apoiou sua cabeça em meu ombro ao escutar o som.

Eu poderia ignorar, mas poderia ser minha mãe, poderia ser algo relacionando a Connor. Então, eu não ia ignorar por mais que quisesse, com um suspiro de derrota peguei meu celular que estava na mesinha próxima ao sofá e li a mensagem que para minha surpresa não era da minha mãe, mas de Caitlin.

“Preciso de ajuda, chego em seu apartamento em 10 minutos.”

— Ok. Isso é estranho. – Murmurei ainda encarando a tela. Oliver ergueu a cabeça, afastando-se levemente para me encarar.

— O quê? – Oliver perguntou-me com curiosidade, levantei-me saindo do seu colo, logo ele também estava em pé, acompanhando-me enquanto eu pegava minhas coisas.

— Caitlin está indo para minha casa. – Falei. – E desde que eu não estou lá, eu preciso ir correndo. – Caminhei até ele e o beijei levemente. – Desculpe por isso.

— Agora quem está sendo o empata foda? – Perguntou com um sorriso. Trinquei os dentes pensando nas coisas deliciosas que eu poderia fazer com meu namorado, mas que eu não estaria fazendo sabe-se Deus e Caitlin a razão. Oliver sorriu percebendo minha hesitação e tornou a me beijar, sua mão apertando levemente a minha. - Eu levo você. – Murmurou antes de se afastar para procurar suas chaves.

— Oliver você acabou de chegar. – Murmurei. – Você está cansado e aposto que deseja um banho.

— Eu queria um banho, com você. – Deu de ombros. – Mas Cailtin estragou isso. Então, eu vou deixa-la em sua casa e brigar com ela. – Prometeu.

— Não. – Neguei. – Eu vou chamar um carro para mim. – Murmurei enquanto já fazia isso pelo celular. – Você vai me colocar dentro dele, depois de me dar outro beijo de despedida, e então marcaremos algo para depois.  Você só entrará em casa depois que o carro ter sumido de sua vista, e receberá uma mensagem avisando-lhe que cheguei bem e que sua amiga está viva, Já que eu sei que apenas isso vai deixa-lo menos preocupado, depois nos falaremos, mais tarde. – Prometi. – Quem sabe o que pode acontecer? Talvez eu possa fugir e voltar para aquele banho? – Sugeri colocando-me nas pontas dos pés para beija-lo levemente.

— Diggle vai estar te esperando? – Quis se certificar.

— Eu tenho certeza que sim. – Assenti. – Em frente a casa. – Deduzi. - Entre vocês dois, eu não sei qual está mais protetor.

— Avise-me se precisar de qualquer coisa. – Pediu.

— Ok. – Concordei o puxando pela mão. – Agora vamos, eu não gosto de deixar ninguém esperando.

— Ei. – Protestou me parando com um leve puxão. – E a gata? – Perguntou apontando com o queixo Luna que estava dormindo no degrau da escada.

— A guarda é sua hoje. – Murmurei deixando-o carrancudo. Era falsa, é claro. Eu sabia que Oliver tinha se tornado um verdadeiro amante de gatos, pelo menos dessa. – Não se esqueça de alimenta-la.

Ainda parecendo aborrecido ele assentiu e me seguiu e levando-me até o carro, justo como eu havia dito.

Quando cheguei em casa, mal o carro havia parado e Diggle estava abrindo a porta. Confirmando o que eu já havia dito a Oliver. Segurei qualquer comentário mordaz, por que em seu semblante eu podia notar que ele já sabia das novidades. A única razão de que ele não discutiria isso comigo agora, era a presença de Caitlin.

Eu estava entre agradecer a amaldiçoar sua presença, pois tinha medo de que ela estivesse aqui na qualidade de consciência. Que viesse conversar sobre a garota que Cooper atacou e tudo fosse à mesma direção da conversa com que tive com Oliver.

— Você falou com Oliver. – Murmurei andando lado a lado com Diggle.

— Eu falei com seu pai. – Corrigiu-me.

— Meu pai? – Parei bruscamente em sua frente. – Como assim?

— Ele tem estado acompanhando as notícias de Cooper. – Respondeu. – Ele tem alguns homens atrás dele, seu pai não está nem um pouco contente com seu ex Felicity. – Diggle murmurou. – Ele está o caçando.

— É eu percebi que de repente ele virou um pai devoto.  – Murmurei acidamente. – Eu não me lembro dessa devoção quando eu tentei contar sobre o que aconteceu antes.

— Ele não acreditou em você. – Franzi o cenho para o que Diggle disse.

— Esse é o ponto. – Argumentei.

— Eu não o estou defendendo, ou justificando. – Diggle falou. – Eu estou explicando a você como funciona a cabeça de seu pai. Ele não acreditou em você, ele escolheu não acreditar em você, porque era conveniente para ele que você estivesse exagerando, que não passasse de um mal entendido entre casais, um casal que constantemente, para ele vivia indo e voltando, por que Cooper sempre agiu dessa forma, então, ele não acreditou em você. E agora que ele acredita, Damien não irá descansar até ele mesmo colocar suas mãos em Cooper.

— Eu não vou simpatizar com meu pai, apenas por que agora ele resolveu voltar a ser um. – Meneei a cabeça em negativa. – Ele devia ter acreditado em mim, me defendido, não apenas nessa ocasião, mas na primeira.

— Eu concordo. – Assentiu.

— Bom.  – Murmurei tensa, por um momento pensei que Diggle ia tentar tomar o lado do meu pai, e essa seria a pior traição que ele poderia fazer comigo. – Agora vamos falar sobre minha visita.

Diggle sorriu.  Ele parecia achar algo engraçado.

— O quê? – Perguntei entre curiosidade e medo.

— Sua visita... Ela parece um pouco sobrecarregada. – Murmurou antes de abrir a porta para mim, franzi o cenho querendo indagar mais sobre, mas fui recebida por Caitlin que veio correndo ao meu encontro.

— Graças a Deus. – Murmurou. – Pensei que Oliver ia convencê-la a ficar. – Ele quase conseguiu. Na verdade eu quase o convenci.  – Preciso de sua ajuda.

— O que aconteceu? – Perguntei segurando seu antebraço. –Tem a ver com a garota que Oliver falou?

— Oh não. – Meneou a cabeça em negativa firme. – Ela está bem, se você conseguir ampliar o significado de estar bem, mas eu não estou aqui para falar sobre ela. – Negou. – Ou lhe dar conselhos sobre o que você deve fazer. – Acrescentou rapidamente. – Eu farei isso, outro dia. – Prometeu. – Agora eu preciso de sua ajuda com minha despedida de solteira. – Murmurou me surpreendendo.

— Caitlin, você disse que não queria uma despedida de solteira. – A lembrei.

— Sim. – Assentiu. – Mas isso foi antes de cada parente meu apontar na minha cara que eu nunca soube me divertir.  Eu não saio muito, eu tenho colegas de trabalho, muitos, mas não tenho amigas. Meu amigo mais próximo é Oliver, se você não contar meu noivo. Nossos encontros sempre foram em bares apenas para sermos interrompidos por alguém que estava prestes a morrer. Eu estudei como uma louca durante a faculdade, eu quase não fui para uma festa, e quando fui eu saí cedo, por que o barulho me incomodava, ou por que fui apenas com conhecidos que me largaram tão logo eles chegaram a festa em questão.

— Seu ponto é...

— Eles estão certo! – Exclamou. – E eu odeio a ideia de que algum parente meu esteja certo sobre algo, mas eles estão. – Suspirou. - Eu poderia tentar ser mais chata, mas não tenho certeza se conseguiria.

— Você não é chata. – Neguei. – E ter uma despedida de solteira não vai determinar isso.

— Não. – Concordou. – Mas serve como uma ótima desculpa para eu tentar algo diferente, eu não estou dizendo que vou usar essa despedida para, eu sei lá, trair Tommy e sair impune. – Deu de ombros. - Eu só quero ter um momento entre garotas, me divertir, beber como se não houvesse amanhã sem me preocupar em ter que abrir o peito de alguém depois. Então, minha agenda está livre, e todos os meus casos foram passados para outra cirurgiã cardíaca. – Explicou. – Ela ficará de plantão para caso alguém resolva morrer hoje, então não serei incomodada. Podemos agora falar como você irá organizar minha despedida de solteira?

— Ok. – Concordei. – Eu só preciso... – Murmurei vagamente enquanto tentava encontrar em minha mente qual era o passo a seguir. – Precisamos de bebida, é claro, é...  Um stripper? – Perguntei a encarando precisando de confirmação.

— Você está me perguntando se é preciso um stripper em uma despedida de solteira? – Murmurou incrédula.

— Eu nunca organizei uma antes. – Argumentei.

— Você é a garota problema. – Lembrou-me. – A primeira vez que eu a vi foi em uma revista falando exatamente sobre quão badalada era sua vida, e como você ganhou esse nome. Você supostamente deveria ter alguma ideia do que fazer.

— Despois eu falo com você sobre como nem tudo é o que parece ser. – Falei pegando meu celular no bolso. Isso chamou sua atenção.

— O que você está fazendo?

— Bem, eu posso não ser uma expert em despedidas de solteiros. – Murmurei enquanto digitava freneticamente. – Mas sei que só nós duas não pode contar como uma, estou convidando Sara, uma amiga minha e Thea. Quem provavelmente deve saber fazer tudo como você quer. – Falei.

— Thea. – Perguntou em dúvida. – Ela tem estado ocupada com Roy, até onde eu sei.

— Sim. – Concordei. – Mas conhecendo Thea como conheço, ela jamais deixaria passar a oportunidade de ver Drª Snow bêbada tirando as roupas de um stripper. – Levantei meu olhar e encontrei o seu, pela primeira vez desde que havia soltado tudo sobre querer se divertir pelo menos uma vez na vida, Caitlin parecia apreensiva.

— Não, eu não vou.

— Oh. – Sorri. – Você vai.

[...]

Observei os corpos dançantes antes de sentir o toque rápido e gélido sobre meu ombro. Encarei Sara com um olhar de censura, ela havia encostado a garrafa de cerveja em minha pele, mas ignorou meu olhar e me entregou a cerveja com um sorriso.

— Você me prometeu um stripper. – Murmurou sentando-se ao meu lado. – Mas agora tudo que eu tenho visto é sua amiga se embebedar... – Apontou para Caitlin que estava na pista de dança bebendo e dançando, eu acho. Drª Snow precisava pensar melhor nos seus passos de dança. – E você fingir que está se embebedando.

— Thea está a caminho. – Falei. – Ela disse que conhecia alguém e que ia nos encontrar aqui.

— A irmãzinha de Oliver conhece um stripper? – Perguntou surpresa.

— Sim. – Assenti. - Eu acho que sim.

— Por que você está tão distante? – Perguntou-me preocupada. – Eu soube de Cooper, é por cauda dele?

— Meu ex além de um idiota é um psicopata que sequestra e droga garotas. – Falei a encarando com desafio. – Como não seria por causa dele?

— Por que você é o tipo de garota que dar de ombros quando o perigo é para você. – Respondeu. – Você se preocupa mais com os outros do que com si mesma, e isso Felicity, não é uma qualidade. – Estreitei meus olhos esperando onde ela queria chegar. – Eu não estou dizendo que você não está preocupada com Cooper, eu acho que você está preocupada com o que Cooper pode fazer com as pessoas que te importa, Oliver por exemplo.

Suspirei reagindo ao que ela dizia.

— É idiota não é? – Perguntei realmente pensando no quanto surreal era tudo isso. – Ele foi um garoto com quem namorei e me traiu, ele armou para mim, fez com que eu passasse como drogada para toda minha família e amigos, sempre me perseguiu, mesmo depois que voltei da clínica de reabilitação. – Falei. – Para todos, eu ainda o namorava, por que ele fazia questão de passar essa imagem, mas ele nunca se importou comigo, nunca me amou. Eu sou um objeto para ele. – Sara me encarou com pena. – Eu não entendo, por que machucar outras pessoas apenas para me alcançar?

— Você mesma disse. – Sara respondeu. – Você é seu brinquedo, ele acha que a possuí. Ele não deixará que outro a tenha sem antes danificar o que antes era seu.

— Eu estou com Oliver. – Murmurei por fim.  – Por enquanto Cooper está querendo bagunçar minha mente.

— Você teme o momento em que Cooper chegará ao seu coração. – Sara murmurou surpresa. – Eu confesso que não tinha certeza de quão longe Oliver havia avançado. – Sorriu admirada. – Você o ama. – Concluiu.

— Eu não esperava confiar em alguém novamente. – Falei. – Quem diria que de todas as pessoas no mundo, eu resolvi me apaixonar por alguém como ele? – Murmurei lembrando-me das minhas primeiras impressões sobre Oliver Queen. – Ele era lindo, eu assumo isso, mas era arrogante e em alguns níveis um completo idiota comigo, tinha esse ar que me fazia querer bater nele, quase tanto quanto beija-lo. E antes que eu percebesse, eu queria bater nele por que apesar do quanto eu me esforcei para ocorrer o contrário, eu me apaixonei.

— Eu amei isso. – Praticamente pulei quando Caitlin gritou em meu ouvido, eu sequer a tinha visto se aproximar. – Eu quero que você escreva isso.

— O quê?

— Eu quero isso nos meus votos. – Assentiu jogando-se sobre a cadeira. – Tudo.

— Você não pode copiar o que eu disse. – Protestei. – Tommy não é Oliver.

— Mas ele é arrogante. – Argumentou. – Ele só esconde isso muito bem, por trás daquele sorriso de moleque, ele é muito arrogante. Ele também é um idiota.

— Você já não tinha seus votos prontos? – Perguntei tentando chamar sua atenção, Cailtin agora parecia mais interessada em roubar a bebida de Sara. – Caitlin!

— Sim?

— Seus votos.

— Sim? – Repetiu confusa.

— Eu pensei que já estavam prontos. – Repeti.

— E estão. – Falou. – Eu sou uma médica Felicity, eu estou sempre em busca de melhorar.

— Deus, você é arrogante também. – Sara falou divertida.

— Eu sou uma médica. – Caitlin murmurou simplesmente.

— Oh, sim. – Sara assentiu. – Eu esqueci que vocês recebem isso com o diploma.

— Minha bebida acabou. – Caitlin resmungou, observei a cerveja que Sara havia me entregado e coloquei em suas mãos. – Onde está Thea? – Perguntou após levar a bebida aos lábios. – Eu pensei que ela ia ser o grande cérebro por trás da minha despedida de...

— Cheguei! – Thea murmurou fazendo com que fosse Caitlin a pular dessa vez.  – Desculpe pelo atraso, mas foram vocês que não planejaram nada e jogaram tudo em cima de mim. – Embora falasse vocês, eu não deixei de perceber que seu olhar estava em mim. – E para completar Roy virou um verdadeiro bebê enquanto está se recuperando, foi difícil explicar que eu estava deixando-o só e convalescendo para assistir outro homem tirar suas roupas. – Sorriu docemente.

— O que é tudo isso? – Perguntei apontando para as sacolas.

— Adereços, é claro.  – Falou as abrindo. – Isso é para a noiva.  – Colocou uma tiara com um pequeno véu sobre a cabeça de Caitlin e entregou a ela uma placa. Os olhos de Cailtin cresceram quando ela leu “Um beijo por um dólar”.

— Eu não vou fazer isso. – Negou.

— Sim, você vai. – Thea falou. – Se acalme, será um selinho, Tommy não vai enlouquecer sobre isso, principalmente por que nenhuma de nós aqui vai ter entregar.  – Em seguida nos entregou algumas taças. – Bebidas só vindo desses copos, garotas. – Nos encarou enquanto dava o alerta, quando viu que assentimos concordando pegou uma bomba de confete e explodir sobre nós, deixando rastro em nossos cabelos, a esse ponto nós três estávamos assustada. – Agora assim, quando eu cheguei isso aqui estava parecendo um funeral.

— E o stripper? – Sara perguntou direta.

— Meu amigo reservou uma das salas privadas. – Esclareceu. Thea parecia muito mais animada do que a própria noiva. – Primeiro vamos ver o quanto Caitlin consegue arrecadar em dinheiro por seus beijos açucarados, e então vamos lá para cima. Oh eu quase esqueci.  – Abriu a segunda sacola, mas só o suficiente para olharmos para dentro. – Trouxe brinquedos sexuais.

— Oh Deus. – Caitlin piscou assustada.

— Então, se você ainda não é uma expert em boquete, eu prometo lhe tornar antes da lua de mel. – Thea sorriu antes de puxa-la. – Agora vamos vender alguns beijos!

— Oh merda. – Sara e eu, falamos juntas antes de ir atrás das duas. Acabou que ter Thea Queen como organizadora deu certo, nós realmente nos divertimos, Caitlin aos poucos foi perdendo o constrangimento inicial e se soltando. Agora exibia aquela placa de beijos trocados com orgulho e quando chegou a hora de subir, eu tenho certeza que ouvi um pequeno lamento vindo dela. Lamento que logo foi substituído por animação quando lembrou o que subir significava. Tão logo entramos na sala as três se jogaram no grande sofá que havia dentro, estavam bêbadas, não havia dúvidas que eu teria que cuidar de cada uma.

— Ok. – Murmurei parando em frente de Thea. – Onde está o Sr. Stripper, eu estou louca para ir para casa.

— E você vai levar ele com você? – Caitlin perguntou com olhos bastante abertos. A encarei sem humor.

— Você está tão bêbada assim? – Perguntei, ela abriu a boca para protestar, mas ergui um dedo. – Lembre-se eu estou aqui sem meu namorado ter ideia de que apesar de ter dito que íamos apenas beber um pouco, eu e minhas amigas estamos prestes a ver o corpo de outro homem nu.

— Não esqueça que você vai ser responsável por despi-lo. – Thea falou. A encarei confusa.

— Caitlin é a noiva. – A lembrei.

— Caitlin mal sente os dedos. – Sara falou dando um peteleco na cabeça de Caitlin que apenas riu em resposta.  – E ela está aqui para gritar, falar obscenidades, e assistir. – Ressaltou.  Caitlin acenou concordando.

— Eu não gostaria que o meu Tommy tivesse tocado em outra mulher. – Falou.

— Eu devo lembrar que seus lábios tocaram muitos outros homens só essa noite? – Ralhei.

— Ôh Ôuh. – Murmurou parecendo culpada, mas apenas para segundos depois começar a rir novamente.

— Ela já pecou demais Felicity. – Thea argumentou. – É por isso que uma amiga dela precisa fazer isso por ela.

— Faça você. – Respondi.

— Eu deixei meu namorado de cama, assistindo Netflix enquanto se recupera de uma cirurgia. – Respondeu com um sorriso antes de dar um gole em sua bebida. Ela me encarou com um humor quando completou. – Eu posso muito bem não acrescentar “Para despir um stripper” na frase. – Eu não tinha argumentos contra isso, meu sensor de culpa ainda estava alerta com relação a Roy, dirigi meu olhar a Sara.

— Não olhe para mim, acabei de voltar com Nyssa. –Falou. – Ela enlouqueceria se soubesse que eu vim aqui despir alguém, principalmente um homem. - Deu de ombros. – Nada irrita mais Nyssa do que minha bissexualidade.

— Eu tenho um namorado também. – Protestei. – Um muito possessivo a propósito.

— Ollie jamais irá saber. – Thea falou antes de olhar o relógio. – O idiota está atrasado. Quem quer mais bebida? – Perguntou antes de olhar para o lado, para sua surpresa a cabeça de Caitlin caiu em seu ombro.

Ela tinha caído no sono.

Inacreditável.

Sem muita paciência Thea empurrou sua cabeça.

 -Acorde, eu tive que correr atrás de muita coisa para você apenas dormir. – Caitlin piscou seus olhos. – Você vai ter a experiência completa! – Seu olhar veio até o meu. – Não é mesmo Felicity?

Revirei meus olhos antes de acenar com a cabeça.

— Ok. Eu vou despir o stripper. – Falei vencida, Sara comemorou batendo palmas e um pouco atrasada e sem saber ao certo por que estava fazendo isso Caitlin se juntou a ela. – Mas antes eu vou ao banheiro.

— Você vai fugir. – Thea acusou.

— Eu não posso. – Respondi. – Eu queria, mas eu estou responsável por vocês.  Que estão todas embriagadas, mas já que vocês duas estão melhor, fiquem de olho nela enquanto vou procurar o banheiro. – Apontei para Caitlin.

— Felicity...

— O stripper ainda nem chegou. – A lembrei. – Eu volto já. – Falei a impedindo de continuar seus protestos e caminhando rapidamente para a porta, ainda escutei um resmungo, mas o abafei ao fechar a porta atrás de mim, olhei em volta imaginando onde seria o banheiro nesse andar. Havia algumas portas por perto, mas imaginava serem de outras salas como a nossa já que não tinha nenhum aviso, suspirei enquanto rezava internamente para que eu não tivesse que descer para ir ao banheiro de baixo quando o vi.

Foi tão rápido que eu não tinha certeza se meus olhos não estavam me pregando uma peça, a porta estava se fechando quando meus olhos fixaram-se na figura masculina sentada na cadeira enquanto uma mulher quase desnuda estava em seu colo.

Oliver fodido Queen estava recebendo uma lapdance?

Pisquei incrédula antes de ir até a porta em questão e abri-la.

Eu sempre fui impulsiva, ter meu namorado com uma Stripper em cima dele só ia trazer isso de volta com mais força. Ninguém me percebeu a primeiro momento, eu fiquei parada, incrédula, enquanto observava a mulher descer do colo de Oliver que a encarava com um olhar aborrecido, a mulher se ajoelhou em sua frente, cada mão em um joelho seu, o movimento sugestivo o suficiente para me fazer desejar dar meia volta e sair dali o mais rápido possível, Oliver segurou seus pulsos e balançou a cabeça em negativa. Foi quando seus olhos alcançaram os meus e vi pânico nos seus. Estreitei os meus e cruzei os braços enquanto meneava a cabeça, sem uma palavra dei as costas e saí fechando a porta atrás de mim, o escutei chamar meu nome, mas eu já tinha um objetivo em mente.

Se Oliver Queen poderia ter a porcaria de uma lapdance, eu poderia despir meu stripper sem culpa alguma, voltei para a sala privada e abri a porta, não percebendo que por mais que pensasse estar calma, cada movimento meu era dominando pela irritação. A porta bateu contra a parede com um estrondo tamanha foi a força com que a abri.

— Ok, onde está meu cara? Eu tenho coisas que fazer com ele. Sujas. – Completei antes de deixar meu olhar vagar pela sala e cair no homem vestido de policial que estava no centro, aparentemente discutindo com Thea. Meus olhos se arregalaram com surpresa enquanto ele me encarava com aborrecimento.

— Barbie?

— Alex? – Retruquei não acreditando no que meus olhos viam, sem demora fechei a porta atrás de mim. – Você é o stripper?

— Um segredinho que descobri. – Thea sorriu aparentando está muito feliz consigo mesma.

— E disse que ia manter para si. – Alex rebateu.

— Eu não estou te provocando idiota, estou te contratando. – Thea falou. – Você é um babaca, mas seu corpo é legal, e é o único stripper que conheço, então pare de agir como uma donzela e comece a tirar as roupas.

— Você não pode falar disso com ninguém. – Alex falou apontando para mim.

— Alex isso não é problema meu. – Falei indo até ele. – Agora coloque uma música brega e comece a rebolar, eu preciso tirar suas roupas.  – Falei determinada, isso fez com que ele me encarasse como se nunca tivesse me visto antes.  Mesmo Thea parecia surpresa, eu entendia ela, se meus pensamentos ainda não estivessem cheios da visão de Oliver e a outra mulher, eu provavelmente jamais estaria disposta a despir Alex.  Com um sorriso divertido dei tapinha em seu ombro, isso, eu confesso, era pura provocação. – Não seja tímido, tome seu tempo.

Alex me dirigiu um olhar irritado antes de se afastar, não sabia o que ele ia fazer até que a música começou. Thea sorriu de orelha a orelha e Sara fez o mesmo, Caitlin que estava com a cabeça no colo de Sara se ergueu.

— Stripper!! – Gritou animada. – Quero ver tudo garoto bonito. – Seus olhos se estreitaram. – Quem é esse?

Ela estava dormindo de novo?!!

Meneei a cabeça e voltei a encarar Alex que ao que parecia tinha sua cota de “profissionalismo”. Ele definitivamente havia entrado no papel.

— Quem é a noiva?!!! – Perguntou movendo seu corpo sensualmente. Caitlin ergueu a mão a balançando, parecia uma criança vendo seu ídolo.

— Eu sou, eu sou!!! – Gritou empolgada.

— Então venha aqui senhorita, eu recebi uma denúncia. – Falou. – Aparentemente você tem sido uma garota muito má. – Revirei meus olhos diante o que disse, Caitlin se ergueu de pronto. E Alex tocou em seu chapéu em cumprimento, antes de andar em volta dela, seus olhos a analisando. – Senhorita, eu temo que deva revista-la, mas antes... – Falou a girando em seu braço e a curvando em uma cena digna de filme, os cabelos de Caitlin chegando a tocar o chão, observei incrédula, Alex tocar os lábios de Caitlin levemente com os seus, havia sido rápido e repentino. Fora todo o gesto teatral parecia até mesmo delicado, percebi que tanto Thea quanto Sara havia se erguido para impedi-lo, e que eu havia dado um passo em sua direção, Alex não se abalou a colocou em pé novamente e sorriu. Caitlin piscou confusa. – Eu sou um policial, eu executo e obedeço ordens. – Murmurou tocando a placa que ainda estava no pescoço de Caitlin, com o movimento brusco havia embolado e não dava para ler, mas estava claro ao que se referia.

— Se é assim, você me deve um dólar. – Caitlin teve o espírito de rebater. Relaxei e observei que Sara e Thea fizeram o mesmo, ao voltar a sentar.

— Não se preocupe, não sou conhecido por não honrar minhas dívidas. – Alex retrucou. – Agora, onde eu parei? – Fingiu pensar, seu dedo tocando levemente o queixo de Caitlin.  – Oh sim, está na hora de revista-la.

Caitlin sorriu, mas me encarou com súplica, mesmo seu cérebro embriagado sabia quando parar.

— Eu estou aqui A...Policial.  – Murmurei odiando ter que fazer parte disso, mas vendo certo humor nisso, parecia que estávamos representando um filme ruim. Muito ruim. – Eu estou assumindo a culpa por todos os delitos da noiva. - Falei puxando a mão de Caitlin e a afastando de Alex que já tinha colocado as mãos em seus quadris. Ele me dirigiu um olhar divertido antes de caminhar até a mim, vi interesse em seus olhos quando girou-me fazendo com que encarasse minhas amigas, Sara parecia pronta para explodir de risos e Thea não era diferente. Revirei meus olhos.

— Erga os braços. – Alex ordenou e o fiz, mas tão logo senti seu toque escorregar em minha pele percebi ,que essa era uma péssima ideia, não importava quão irritada estava com Oliver, sabia que ele jamais entenderia esse tipo de brincadeira, ter Alex me tocando não era algo que ele perdoaria. Girei-me em seus braços o surpreendendo e ficando em sua frente.

— Podemos pular a revista.  – Falei alcançando seu chapéu e o jogando de lado, isso rendeu em um couro de gritos femininos. – Vamos logo para parte em que eu tiro suas roupas. - Falei segurando seu cinto. Quanto antes isso acabasse melhor. Eu ainda estava enfrentando seu olhar surpreso, minha mão parada no mesmo lugar, quando a porta se abriu, e eu me deparei com olhar furioso de Oliver.  Pisquei atônita quando ele deu um passo para frente revelando a presença de Tommy e mais dois homens.

— Oh Deus. – Thea murmurou se erguendo. Caitlin olhou para Tommy que a encarava com olhar semelhante ao de Oliver, suas mãos na cintura enquanto a avaliava.

— Olá, querida. – Tommy murmurou.

— Tommy. – Murmurou de volta. – Eu não sabia que você era um stripper também. – Sorriu.

— Acho que “fodeu” era a palavra certa. – Sara falou.  Minha atenção voltou para Oliver que seguia me encarando.

— Eu preciso pedir para você tirar a mão de dentro da calça de outro homem? – Perguntou fazendo que eu tivesse que olhar para baixo para me certificar que realmente não tinha deixado minha mão escorregar quando eles entraram, após perceber que minha mão ainda estava no cinto a tirei rapidamente antes de me virar completamente para encara-lo. – Obrigado. – Murmurou com sarcasmo.

— Eu não acho que vocês tenham ido a uma despedida de solteira antes. – Alex murmurou atrás de mim, inclinando-se para falar em meu ouvido. – Mas geralmente não se leva o lado do noivo junto.

Oliver dirigiu um olhar irritado para Alex.

— Tire sua boca da orelha dela. – Falou.

— Ok. – Thea murmurou tentando intervir. – O que vocês estão fazendo aqui?

— Oh eu acho que sei o que eles estão fazendo aqui. – Murmurei indo até Oliver. – Eu só não percebi que Tommy estava junto.

— É claro que ele estava junto. – Oliver retrucou. – É a despedida de solteiro dele.

— Como é que é? – Caitlin perguntou se erguendo e tropeçando. Sara a firmou. – Despedida de solteiro?

— Isso é uma placa pendurada em seu pescoço? – Tommy perguntou caminhando indo até ela e virando a placa possibilitando que ele a lesse. – Caitlin!!

— O quê?

— Quanto você arrecadou? – Perguntou. Ela deu de ombros não o respondendo.

— Caitlin...

— Você vai julga-la por ter uma despedida, quando você teve também? – Perguntei sem humor.

— Quanto? – Tommy perguntou novamente, me ignorando. Catilin sorriu atrevida.

— O suficiente para bancar nossa lua de mel. – Respondeu. Tommy respirou fundo, em busca de paciência. Então para minha surpresa ele pegou a carteira e puxou várias notas antes de colocar dentro do sutiã de Caitlin.

— Isso é apenas um lembrete de que todos os beijos, pelo resto da sua vida, serão meus. – Falou antes pegar seu braço e puxa-la para um beijo. Pisquei achando o gesto apesar de autoritário e possessivo, muito bonito. Quando se afastou ele nos lançou um olhar divertido. – Senhoras, eu estou levando essa comigo. – Falou antes de sair nos deixando para trás.

— Não se esqueça do meu dólar, xerife. – Caitlin gritou por cima do ombro de Tommy.

— Você certamente vai ter que me explicar isso. – Tommy a repreendeu.

— Ok, agora eu quero me casar com ele. – Sara falou se erguendo.  – Pena que já foi fisgado. – Suspirou antes de puxar o braço de Thea. – Estamos indo também. – Informou, então olhou para Alex que permanecia observando tudo com muito interesse e aparente diversão. -  Sr. Policial, eu preciso de escolta. – Sara murmurou chamando Alex.

— Eu não acho que... – Comecei a protestar, não gostava da ideia de Alex com minhas meninas.

— Relaxe. – Sara falou. – Não estou tão bêbada quanto parece e ele só vai nos colocar no táxi, não é garoto bonito? – Alex meneou a cabeça com um sorriso, mas assentiu.

— Eu não vou tocar nelas. – Falou. – Eu não me enquadro nesse tipo de idiota, e estou aqui a trabalho. – Seu olhar caiu em Oliver que em nenhum momento deixou de encara-lo. - E eu não consigo ficar aqui com seu namorado me encarando como se fosse me quebrar em mil.

— Eu sou um cirurgião.  – Oliver falou. – Eu prefiro usar um bisturi.

— Apenas garotas bonitas tem o privilégio de brincar de médico comigo. – Respondeu.

— Não toque em minha irmã, e permaneça longe da minha namorada. – Exigiu.

— Eu posso fazer isso. – Alex concordou. – A questão é, não fui eu que fui até elas. – Piscou, Alex estava provocando Oliver, por que não importava o que ele dissesse ele era idiota assim. Oliver felizmente não caiu em sua provocação e apenas o encarou.

Eu não tinha dúvidas de que em sua imaginação ele estava usando o tal bisturi, mas eu podia parabeniza-lo por não colocar em prática seus desejos obscuros. Eu gostava do meu Dr. Delícia, odiaria ter que chama-lo de Dr. Presidiário.

Alex ignorou a ameaçava nos olhos de Oliver e saiu com Thea e Sara. Thea me encarou preocupada, mas tentei tranquiliza-la com um aceno, com o restante indo embora, eu e Oliver ficamos sozinhos.

— Pensei que Caitlin não ia fazer uma despedida de solteira. – Falou, a desaprovação em seu tom não me passou despercebida.

— Interessante, por que eu tinha certeza que você me disse que Tommy não ia também. –Retruquei.

— Não aconteceu nada, foi tudo inofensivo. – Apressou-se em se defender. – Inocente até.

— Claro. Inofensivo. – Assenti. – Eu tenho certeza que a mulher que estava em seu colo, ia ficar de joelhos para rezar por sua alma.

— Felicity... – Começou em tom apelativo, ergui minha mão o impedindo de continuar.

— Nem mesmo tente se explicar Dr. Pervertido. – Falei.

— Oh, você não quer explicações? – Perguntou cruzando os braços. – Pois eu quero.  Alex. Sério?  ALEX!! – Ergueu a voz.

— Não aconteceu nada, foi tudo inofensivo. – Lhe dei um sorriso antes de continuar. – Inocente até.

— Felicity! – Exclamou.

— Ok. – Murmurei não querendo de fato uma briga. – Eu não gostei do que vi e fiquei irritada, mas até eu entrar aqui, depois de tê-lo visto envolvido em uma lapdance devo acrescentar, eu não sabia que era Alex.

— Mas você sabia que teria que tirar a roupa de alguém. – Reclamou.

— Eu só estava sendo uma boa amiga. – Argumentei.  Oliver me encarou descrente, mesmo eu não conseguia entender minha frase, não sem julgamento. – Hey não haja como se você não tivesse fazendo o mesmo. – Tentei mudar de foco novamente. Se ele não se sentia culpado, eu não iria.  – Você estava aqui por que quis? – Adivinhei.

— Não. – Negou.

— Você se sentiu pressionado a agir como um padrinho quando o noivo em questão o chantageou, falando sobre parentes ou colegas que o pressionou a isso? – Perguntei cogitando que o que havia acontecido com Caitlin devia ter acontecido também com Tommy.

— Sim. – Oliver murmurou surpreso.

— Você foi pressionado a ter uma mulher parcialmente desnuda dançando sobre si. – Continuei.

— Sim. – Assentiu estreitando seus olhos. – Como...

— Ótimo.  – Concluí trazendo um olhar ainda mais confuso em seu rosto. – Eu o perdoo. Agora vamos. – Falei indo até ele e puxando sua mão, sem demora o puxei para a porta, ansiosa para sair dali. - Você pode ser aquele que me leva de volta para casa.

— Mas eu não cheguei a perdoa-la. – Observou.

— Não faz diferença, eu nunca pedi perdão. – Dei de ombros.

— Eu estou irritado, mas estranhamente tudo o que consigo pensar é em leva-la para casa e tirar suas roupas. – Respondeu. Sorri diante sua frase.

— Transamos hoje, brigamos amanhã. – Murmurei envolvi minha mão na maçaneta da porta, mas antes que eu pudesse abri-la completamente, Oliver a empurrou tornando a fecha-la. Virei-me surpresa, mas me encostei à porta quando seu corpo empurrou o meu não me dando outra alternativa.

— Eu amo suas prioridades. – Murmurou antes de cobrir meus lábios com os seus.

E lá estava eu novamente, cativa por um beijo.

Deixei o beijo prosseguir e por um momento fiquei mais do que tentada a ir além. Seria tão fácil apenas aproveitar que estávamos aqui, sozinhos, era mais do que conveniente, mas o empurrei impedindo que continuasse.

— Aqui não.  – Falei o surpreendendo. – Minha primeira vez foi em uma boate como essa, não é um trauma, mas não é algo de que me orgulho, eu não quero coisas desse tipo, não com você. – Ele sorriu sua mão indo até meu rosto e afastando uma mecha errante.

— Aqui está você de novo, me aplacando com palavras doces. – Sorri em resposta, sua mão envolveu a minha a apertando daquela maneira tão dele. – Vamos, vamos para casa.

Casa.

Eu realmente amei como isso soou.

Entrelacei meus dedos ao seu e assenti concordando.

Estava quase saindo quando Oliver parou, sua mão ainda envolta na minha impedindo-me de prosseguir.

— Parece que Thea esqueceu algo. – Falou apontando com o queixo a sacola. Imaginando o que estava ali dentro eu já sabia que não, ela não havia esquecido.

— Eu acho que não. – Falei simplesmente.

— É melhor eu pegar e devolver a ela amanhã. – Falou já voltando, mas o impedindo o puxando, Oliver me encarou confuso.

— Vai por mim, você não quer abrir aquela sacola. – Falei.

— Mas...

— Confie em mim, você não vai querer macular a imagem de sua irmãzinha em sua cabeça. – Sorri.

Oliver arregalou os olhos e encarou a sacola, então voltou a me encarar, então encarou a sacola novamente.

— Vamos. – Voltei a puxa-lo. – Eu tenho planos para você.

— Sim? – Perguntou ansioso.

O avaliei dos pés a cabeça. Minha mente despertando para novas ideias, eu tinha meu médico, eu não precisava de um policial.

— Humm.

— O que significa isso?

— Eu acho que encontrei meu stripper.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, nos vemos nos coments!!
Xoxo, LelahBallu.