Nobre Amor escrita por DennyS


Capítulo 16
Dessa Vez Não Foi Um Erro


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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~*§*~

Capítulo 16 – Dessa Vez Não Foi Um Erro

 

—O que você disse? – Perguntou Sakura surpresa. Ela sentia seu coração bater forte, mas não sabia dizer se era por causa do medo ou do olhar intenso de Sasuke. Ele ainda segurava firme em sua mão e não parecia querer solta-la.

—Eu disse que você pode me abraçar se quiser. – Respondeu Sasuke sem desviar o olhar.

Sakura sentiu sua pele se arrepiar somente por ouvir a voz rouca de Sasuke tão de perto. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo com seu corpo e era tão intenso que chegou a assusta-la.

—Você não se lembra das regras que criamos hoje mais cedo? – Perguntou Sakura nervosa, tentando ignorar as sensações que queriam dominar seu corpo. – Segunda regra: sem contato físico dentro de casa.

—Toda regra tem uma exceção. – Respondeu Sasuke. – Pode-se relevar em um momento de necessidade.

—Momento de necessidade? – Perguntou Sakura com um olhar estreito. – Mas do que você está...

Uma forte trovoada a interrompeu. Sakura gritou e abraçou Sasuke sem pensar duas vezes. Ela o envolveu com seus braços e escondeu o rosto no peito dele como se quisesse se esconder.

—Me refiro a esse momento de necessidade. – Disse Sasuke sentindo o corpo dela, pequeno e delicado tremendo contra o seu. Ele levou uma das mãos até a cabeça de Sakura e com a outra a segurou pela cintura.

Sakura levantou a cabeça e encontrou os olhos dele, negros, intensos e brilhantes. Ela sentia seu coração acelerado, seu corpo tremia pelo medo das lembranças ruins, a angustia daquele trauma a sufocava. Mas ao olhar naqueles olhos tão bonitos e misteriosos, ela sentiu o medo se afastar, as lembranças ruins desaparecerem e um forte alívio a inundar. Sakura sabia que se ela se afastasse, tudo voltaria. Só de se imaginar sozinha, sem a segurança que Sasuke lhe passava apenas por abraça-la, ela já ficava em pânico.

—Então... Hoje é uma exceção? – Perguntou Sakura com o rosto corando.

Sasuke assentiu com um leve sorriso e sem dizer nada, caminhou até a sala de estar com Sakura em seus braços. Eles se sentaram no sofá e ficaram abraçados por longas horas, até mesmo quando o silêncio da noite indicava que a chuva já tinha passado.

Meio sonolenta e com a cabeça deitada sobre o peito de Sasuke, Sakura se lembrou que na noite que o salvou chovia muito forte, mas ela foi capaz de pegar no sono apenas por estar ao lado dele. Já naquela época, ela se sentia segura com Sasuke e não tinha se dado conta.

Sem saber se era por causa do sono ou dos fortes pensamentos combinados com a sensação de conforto por estar abraçada ao Sasuke, Sakura adormeceu com uma voz sussurrando em sua mente:

Você o ama...

 

~*§*~

 

Sakura acordou de um sono profundo ao sentir o cheiro delicioso de café. Ela abriu os olhos enquanto se espreguiçava e percebeu que estava deitada no sofá da luxuosa sala de estar da mansão de Sasuke.

De onde estava era possível ver o balcão da cozinha. Sasuke estava lá preparando alguma coisa, parecendo mais bonito que um modelo de revista de moda. Sua camisa branca estava desabotoada e amarrotada, seus cabelos estavam bagunçados e a sua barba por fazer. Sakura ficou olhando para ele por um longo tempo, antes de resolver se levantar e correr para o banheiro.

Sasuke era lindo de manhã, mesmo com as roupas amarrotadas e os cabelos bagunçados, mas Sakura não acreditava que ela também fosse. Depois de lavar o rosto e escovar os dentes, ela voltou para a sala de estar e ficou um momento olhando para o sofá bagunçado com almofadas espalhadas e um fino cobertor pendurado no encosto.

Foi inevitável não se lembrar da última noite. Ela realmente tinha dormido nos braços de Uchiha Sasuke, por mais inacreditável que lhe parecesse. Sem poder se conter, ela sorriu ao recordar da segurança que sentiu por estar com ele e desejou poder se sentir daquele jeito sempre.

—O café da manhã está pronto. – Anunciou Sasuke atrás dela, fazendo-a pular de susto.

Sakura o fitou um pouco constrangida, depois se ocupou em arrumar a bagunça de almofadas sobre o sofá.

—Você não disse que iria me tratar como visita só naquele dia? – Ela perguntou sem olhar para ele. Suas bochechas estavam quentes e seu coração batia acelerado.

—Você está reclamando?

—Não! – Sakura parou e olhou para ele com uma almofada nas mãos. – Só estou surpresa...

—Não fique. – Disse Sasuke colocando as mãos nos bolsos da calça. – Combinamos de dividir as tarefas. É o que estou fazendo.

Sakura o fitou em silêncio e Sasuke devolveu o seu olhar intensamente. Ela queria entender o que era aquela agitação em seu estômago e o motivo de estar ficando sem ar, mas não conseguiu encontrar uma explicação que fizesse sentido.

Sem dizer nada e se sentindo mais envergonhada do que nunca, Sakura seguiu até a cozinha, pegou no armário uma lata de comida para gato, serviu o café da manhã para sua gatinha Marie e depois se sentou à mesa.

Se Sasuke se incomodou por Marie estar ali comendo com eles, ele não reclamou. Apenas lançou um breve olhar estreito para a gata perto do balcão da cozinha que deu um longo miado em agradecimento pela refeição.

 

~*§*~

 

Naquela tarde chuvosa de domingo, Sasuke fez algo que nunca tinha feito antes na sua vida. Ele ficou em casa de bobeira, assistindo televisão e comendo porcaria. Se alguém lhe dissesse meses atrás que ele um dia estaria perdendo seu tempo na frente de uma TV, sentado ao lado de uma mulher de pijamas comendo pipoca e chocolate ele teria dado uma sonora gargalhada.

Primeiramente, depois de comer o almoço que Sakura havia preparado, Sasuke foi para o seu escritório, como sempre fazia nos domingos. Mas, por mais incrível que possa parecer, Sakura o convidou para assistir um filme e ele não conseguiu recusar.

Sasuke desconfiou que ela o convidou unicamente para não ficar sozinha na sala, já que o dia estava chuvoso e a cada hora um trovão soava pelo ar. Mas depois de um momento, enquanto assistiam a TV e conversavam sobre trivialidades, ele percebeu que ela apenas queria sua companhia.

Durante o longo momento em que ficaram juntos apenas conversando, ambos foram capazes de se conhecerem um pouco melhor. Sasuke descobriu que tinha algumas coisas em comum com Sakura, embora ela parecesse ser tão diferente dele quando a conheceu. Assim como Sakura também notou que ele não era o homem insensível que ela imaginava. Era teimoso e um tanto arrogante, sim. Mas também sabia ser gentil, era determinado e confiante.

Você gosta dele... Sussurrou aquela voz mais uma vez enquanto Sakura o observava comer um bocado de pipoca.

—O que você está olhando? – Perguntou Sasuke com os olhos na TV enquanto pegava mais pipoca.

Sakura sacudiu levemente a cabeça e tentou disfarçar o embaraço. Ela também estendeu a mão para o balde de pipoca e olhou para a televisão.

—Nada...Só estou surpresa por você continuar comendo a pipoca. Você disse que odiava besteiras não tem muito tempo.

—Não é tão ruim como eu pensava. – Respondeu Sasuke dando de ombros.

—Como assim? Você nunca tinha comido pipoca antes? Nem quando era criança? – Sakura arregalou os olhos surpresa e Sasuke sacudiu a cabeça em negativa.

—Minha mãe nunca permitiu que eu e meus irmãos comêssemos esse tipo de alimento.

—Nem mesmo doces? – Sakura quase saltou horrorizada do sofá.

—Principalmente doces. – Sasuke sorriu da reação dela.

—E imagino que você nunca tenha comido escondido, não é? – Perguntou Sakura em voz baixa.

—Por que acha isso? Eu não pareço o tipo de filho rebelde?

Sakura o avaliou com um olhar estreito antes de responder.

—Não, não parece. – Disse ela sacudindo a cabeça.

Sasuke contou a ela sobre suas aventuras de adolescente e o que já tinha feito escondido da mãe. Sakura também compartilhou suas experiências de adolescente, causando risadas histéricas em Sasuke.

Eles riram juntos, fizeram novas descobertas e ficaram trocando lembranças boas até tarde da noite. Quando perceberam que já era hora de dormir, ficaram felizes por saber que no dia seguinte estariam juntos mais uma vez.

 

~*§*~

 

 Na manhã de segunda-feira, antes que Sakura pudesse sair de seu quarto para tomar o café da manhã, ela viu que em seu celular havia mais de cinco chamadas perdidas de Ino. Como tinha ficado o dia inteiro e boa parte da noite distraída com o Sasuke, ela não tinha dado atenção ao seu celular.

Sakura mandou uma mensagem de texto para a amiga perguntando qual era a emergência.

 

~*§*~

Ino: Sakura! Estou chocada!

Sakura: Ino, o que houve?

Ino: Entra no site Amor Animal. Agora!

~*§*~

 

Sakura ligou seu notebook e entrou no site que Ino tinha pedido. Ao acessar o ícone que a amiga indicou, Sakura leu uma matéria que tinha sido postada pela dona do site Amor Animal.

 

“Clínica Haruno

Quero compartilhar com vocês o que aconteceu comigo há poucos dias. Rex, um vira lata muito amoroso, que era como um irmão para mim, faleceu alguns dias depois de comparecer à Clínica Haruno, em Tóquio.”

Sakura viu ao lado da postagem a foto do cachorro com uma senhora e no mesmo instante ela lembrou-se de quem se tratava.

“Quando ele ficou doente por causa da idade avançada, eu não estava na cidade e minha mãe ficou muito preocupada pelo Rex não estar se alimentando. Desesperada, liguei para várias clínicas veterinárias da região e a única que pôde atender o Rex e a minha mãe idosa imediatamente, foi a clínica Haruno.

Minha mãe me falou sobre aquela noite. Ela disse que essa clínica foi a sua primeira e a última com o Rex. Apesar de estar triste por perder nosso fiel amigo, ela ficou comovida pela recepção e pela gentileza prestada pela Dra. Haruno.

Se estiver lendo isso, Dra. Haruno, somos muito gratas à você.”

 

—Eu também agradeço. – Disse Sakura com um leve sorriso ao terminar a leitura.

Ainda com o coração disparado de emoção, ela foi descendo na página e viu que havia vários comentários positivos abaixo da postagem. Muitas pessoas perguntavam o endereço da clínica e diziam animados que levariam seus bichinhos lá.

Aquela simples postagem no site Amor Animal foi o empurrão que Sakura precisava para ser mais conhecida na região e ter mais pacientes. Naquele mesmo dia, ao chegar na clínica ela ficou admirada por ver uma fila enorme de clientes do lado de fora.

Ao parar o carro na frente da clínica, Sasuke tinha um olhar confuso na direção daquela multidão, então Sakura contou a ele o que aconteceu. O Uchiha lhe parabenizou com um sorriso orgulhoso antes que ela saísse do carro.

Sakura teve um longo dia de trabalho. E como não tinha uma assistente, a clínica estava uma loucura. Mas ela foi capaz de tratar cada um de seus clientes com atenção e carinho. Ela tirou uma foto com todos os bichinhos que atendeu e pendurou as fotografias no painel de “Histórias dos Pacientes” que havia aumentado consideravelmente.

O último paciente que atendeu era uma cachorrinha da raça Yorkshire Terrier, que precisou ficar na clínica em observação. Por conta disso, antes do anoitecer Sakura foi até a casa de Sasuke, trocou de roupa, pegou Marie e voltou para clínica.

—Descanse um pouquinho, Lulu. E você se sentirá melhor amanhã, ok? – Disse ela colocando a cadelinha de volta no canil depois de examina-la.

Já passavam das oito da noite e Sakura estava exausta. Seu dia foi tão corrido que ela se esqueceu de avisar ao Sasuke que precisaria passar a noite fora, por isso não se incomodou quando seu celular tocou indicando o recebimento de uma mensagem dele.

 

~*§*~

Sasuke: Onde você está?

Sakura: Estou na clínica.

Sasuke: A essa hora?

Sakura: Sim. Não vou conseguir ir para casa essa noite.

~*§*~

 

Sasuke tinha acabado de chegar em casa e já da sala notou que a casa estava vazia. Era estranho, mas a casa parecia mais silenciosa e escura sem a presença de Sakura.

—Ela está dizendo que vai passar a noite fora ou o que? – Murmurou o Uchiha discando o número de Sakura. Não tinha gostado nada da sua resposta. Como assim não vai para casa essa noite?

A ligação caiu direto na caixa postal e antes que Sasuke pudesse praguejar em voz alta, ele recebeu uma nova mensagem de Sakura. Ela havia mandado uma foto fazendo uma carinha triste e segurando um cachorrinho em seus braços. Abaixo da foto estava escrito: Isso é o que eu tenho que fazer agora, então por favor, entenda.

Por mais chateado que Sasuke tenha ficado por ela não ir para casa naquela noite, ele cedeu sem discutir. Aquele era o trabalho dela, era importante para ela e Sasuke respeitava isso como ninguém. Sakura, além de talento tinha paixão pelo que fazia e Sasuke não podia ignorar o sentimento de orgulho e admiração que tinha por ela.

 

~*§*~

Sasuke: Ok. Se cuide.

~*§*~

 

Na manhã seguinte, enquanto tomava o café da manhã e lia o jornal, Sasuke tentou evitar aquele sentimento estranho de vazio que tomou conta dele no momento em que foi dormir na noite anterior até aquele segundo, em que estava sentado sozinho na cozinha. Ele olhou para o lugar vazio que Sakura ocupara no dia anterior e depois para o pratinho cor-de-rosa de Marie no chão.

Maldição! Até da gata ele sentia falta! Aquilo era um absurdo, afinal não era possível que em tão pouco tempo já tivesse se acostumado com a companhia daquelas duas em sua casa. Sakura tinha se mudado poucos dias atrás e não meses. Além disso, ele deveria estar se sentindo incomodado com a presença dela, porque a ideia de Sakura morar em sua casa era exatamente essa: perder o encanto por ela e não se acostumar com sua companhia.

Sasuke foi trabalhar de mau humor e em conflito com seus pensamentos. Estava dividido entre sentir raiva de si mesmo por já ter se acostumado com Sakura em sua casa e não cumprir o real objetivo de tê-la convidado a morar lá, e irritado por ela ter passado a noite fora.

A parte em que atirava a verdade na sua cara – a verdade de que realmente estava sentindo falta dela – estava ganhando. Naquela tarde Sakura lhe mandou outra mensagem avisando que mais uma vez não dormiria em casa e Sasuke precisou de muito esforço para não demonstrar sua decepção na sala de reuniões.

Sua decepção se transformou em frustração quando no dia seguinte ele recebeu outra mensagem.

 

~*§*~

Sakura: Estou ocupada hoje de novo. Sinto muito.

~*§*~

 

E a frustração se transformou em raiva quando recebeu outra mensagem no quarto dia.

 

~*§*~

Sakura: Desculpe. Eu posso não conseguir ir para casa hoje também.

~*§*~

 

No quinto dia.

 

~*§*~

Sakura: Sinto muito. Eu não posso ir para casa essa noite também.

~*§*~

 

Cinco dias! Sasuke não a via há cinco dias! Sakura ia até a casa para tomar banho enquanto Sasuke estava no trabalho e por isso eles não se encontraram nenhuma vez.

—Mas que inferno... – Murmurou o Uchiha em voz baixa enquanto caminhava ao lado do secretário Lee para fora da sala de reuniões.

Lee, embora tenha percebido que o Uchiha parecia mais mal-humorado que de costume, ignorou o fato dele estar xingando baixinho e agiu naturalmente enquanto lia a agenda do dia seguinte.

—O senhor tem uma reunião no almoço com os chineses ao meio-dia. Às duas, uma reunião com o chefe de finanças. Às quatro, tem uma vídeo conferência com o gerente da filial da Polônia. Às seis, o senhor...

—No mundo... – Resmungou Sasuke mais uma vez sem ter ouvido uma palavra que Lee falara.

—Perdão, senhor?

—Haruno Sakura é a única veterinária no mundo?! – Gritou ele parando subitamente. Alguns de seus funcionários trabalhando em suas baias esticaram o pescoço para saber se realmente ouviram o CEO Uchiha gritar. – A clínica dela é a única do Japão?! Como ela pode estar ocupada demais, até para me ver?

—A Dra. Haruno não pode ir para casa hoje também? – Perguntou Lee cauteloso, tentando disfarçar o espanto por ver seu chefe tão transtornado.

—Deus! – Sasuke soltou um longo suspiro com os olhos fechados.

—Eu não acho que ela é do tipo que mentiria. Ela realmente deve estar ocupada demais para vê-lo, senhor. – Disse Lee com a intenção de confortar seu jovem chefe.

Sasuke não parecia ser ele mesmo naquele dia e a frustração o deixava com uma aparência comovente.

—Para ser capaz de se tornar seu verdadeiro namorado – continuou Lee, enquanto Sasuke o ouvia com uma expressão pensativa – você tem que ser compreensivo. O que mais o senhor pode fazer? O ditado diz que “quem tem sede, cava um poço”. O senhor poderia ir vê-la pessoalmente. – Lee olhou para o chefe com uma sobrancelha arqueada. – Mas se não quiser, tudo bem.

Lee deu de ombros como se o que disse não fosse importante, voltou a atenção para a agenda em suas mãos, mas espiou o Uchiha pelo canto do olho. Lee esboçou um leve sorriso ao ver seu chefe suavizar a expressão e sorrir com os olhos brilhando como uma criança ao ganhar um doce.

 

~*§*~

 

Quando Sasuke chegou à clínica, já era noite. Mesmo cancelando seus compromissos daquela tarde para ir ver Sakura, ele precisou ficar para resolver um problema com o seu chefe de finanças.

Já da porta ele viu Sakura sentada no sofá da sala de espera, cochilando com uma xícara vazia nas mãos. Ele se aproximou lentamente e viu Marie sentada na mesinha de centro lambendo uma pata. A gata parou o que estava fazendo e olhou diretamente para ele com a língua vermelha de fora.

—Há quanto tempo, bola de pelos. – Disse ele em voz baixa, sem poder conter um leve sorriso. Marie miou em resposta como se dissesse “também senti sua falta”.

Sasuke desviou seus olhos para Sakura e não entendeu por que seu coração disparou. Ele se sentia aliviado, como se não a visse há uma eternidade.

Sem questionar tudo o que estava sentindo, Sasuke se sentou ao lado dela no sofá e retirou a xícara vazia de suas mãos cuidadosamente, antes que ela pudesse se machucar. Delicadamente, ele deitou a cabeça dela sobre o seu ombro, percebendo o quanto estava cansada, senão teria acordado. Sasuke queria acordá-la e repreende-la por sua imprudência, mas decidiu aproveitar mais um pouco daquele momento. Se sentia bem apenas por tê-la por perto daquele jeito, cochilando em seus braços como na noite do último sábado.

De repente o celular de Sasuke tocou no seu bolso e o barulho estridente acordou a Haruno que se sentou ereta e assustada.

—Aqui é a Dra. Haruno, disponível 24x7. – Disse ela com um olhar sonolento sem perceber que tinha companhia.

Quando percebeu que não estava só, olhou para o Uchiha surpresa e ao mesmo tempo encantada. O sentimento a pegou de surpresa, por isso sentiu seu rosto quente. Admitiu a si mesma que sentiu falta dele.

—Eu te disse para não adormecer em qualquer lugar. – Disse Sasuke em tom de advertência e com uma expressão severa, mas Sakura, ao invés de retrucar ou manda-lo calar a boca, sorriu.

—Não dá pra evitar. – Disse ela com os olhos verdes brilhando e Sasuke foi obrigado a retribuir seu sorriso.

—Sim, você é muito teimosa. – Retrucou o Uchiha cedendo aos encantos dela. Como poderia evitar? – Mas é bom vê-la novamente.

Sakura esboçou outro sorriso e sentiu seu coração acelerar enquanto Sasuke a fitava daquele jeito intenso. Ele também sorria e a imagem de seu rosto bonito era hipnotizante.

Quando Sasuke parou de sorrir e se inclinou na direção dela, Sakura parou de respirar. Ele levantou uma das mãos e a segurou pela nuca, depois se aproximou lentamente. Sakura fechou os olhos e se preparou para o que estava prestes a acontecer. Ela não pensou em mais nada ao sentir os lábios rijos de Sasuke encostarem em sua boca suavemente.

No primeiro instante foi apenas um roçar de lábios, apenas um encontro suave e casto. Mas quando Sasuke entreabriu a boca e sugou seu lábio inferior, o beijo se tornou mais intenso, diferente de tudo que Sakura já tinha experimentado.

Seu coração disparou como um louco e seu corpo todo pareceu receber uma carga elétrica quando Sasuke a beijou como se estivesse provando seus lábios, como se sua boca fosse um doce fino e saboroso.

O celular de Sasuke tocou mais uma vez e os interrompeu. Sakura se afastou com a mente rodopiando e a respiração ofegante. Sasuke enfiou a mão no bolso de seu paletó cinza e ignorou a ligação desligando o celular. Ambos não disseram nada por um momento, enquanto tentavam recuperar a linha de pensamento e o ar nos pulmões.

Quando os olhares constrangidos enfim se encontraram, Sakura não soube o que dizer. Na verdade, ficou apreensiva com o que Sasuke lhe diria. A última vez que ele tinha lhe beijado, também foi de forma repentina e sem explicação. A única explicação que ele lhe deu foi de que cometeu um erro.

Sasuke percebeu a apreensão no olhar dela e não recuou. Dessa vez ele não iria estragar tudo. Dessa vez ela saberia que ele realmente quis fazer o que fez. 

—Não foi um erro dessa vez, Sakura. – Disse Sasuke com um olhar intenso, cheio de promessas.

 

~*§*~

 

Sakura não precisou passar a noite na clínica naquele dia. Um pouco antes de Sasuke chegar, o dono de um gatinho da mesma raça que Marie, foi busca-lo na clínica, pois ele já estava bem. Sakura estava tão cansada que havia se sentado para descansar e acabou pegando no sono sentada depois de tomar um pouco de chá.

Ela estava feliz por finalmente poder dormir em sua cama naquela noite e poder descansar. Tiraria o sábado de folga, pois nunca teve uma semana tão agitada como aquela antes e seu corpo não estava acostumado.

Sasuke a levou para casa e embora eles estivessem um pouco envergonhados pelo beijo, a viagem de carro até em casa não foi estranha. Sasuke lhe contou como foi seu dia no escritório e Sakura contou a ele o que aconteceu na clínica durante a semana. Parecia que agora era tão fácil conversar com ele. Uchiha Sasuke ainda era um homem de temperamento difícil e às vezes agia como um garoto mimado, mas Sakura conseguia lidar com ele. Era estranho pensar assim, mas era como se ela já o conhecesse bem.

Sakura saiu do carro quando Sasuke estacionou na frente da casa. Ela parou no meio do jardim e percorreu o olhar pelo gramado e pelos arbustos iluminados por pequenas luzes de jardim. Sasuke parou ao seu lado segurando a bolsa de transporte de Marie.

—Como faz tempo, parece mais bonito. – Comentou Sakura com o olhar perdido pelo bonito jardim como se o estivesse vendo só agora.

—Eu concordo. – Disse Sasuke sem desviar os olhos do rosto dela. Sakura olhou para ele com um leve sorriso e as bochechas coradas. – Você parece mais bonita.

Sem poder se conter, Sasuke se aproximou como se fosse beija-la mais uma vez.

—Espere, contatos físicos não são permitidos dentro de casa. – Disse Sakura com a voz falhando. Ela ainda não se sentia pronta para receber outro beijo de Sasuke. Sua mente ainda estava processando os sentimentos provocados pelo outro beijo e receber mais um agora a deixaria louca.

—Não estamos dentro de casa. – Disse Sasuke com um leve sorriso. O rubor de Sakura era encantador, por isso ele não podia se conter. Ele sabia que ela era inexperiente, mas isso não desencorajava seu desejo. Sakura era linda e seus lábios deliciosos e tentadores. Mas ele podia esperar.

Sasuke se inclinou, segurou em seu rosto e beijou a testa dela.

Ele podia esperar o tempo que fosse necessário por ela.  

 

~*§*~

 

Usando jeans rasgados, tênis esportivos, uma camiseta folgada com um palavrão em inglês e óculos escuros. Foi assim que Uchiha Satoru desembarcou no Japão. Para ele esse look era perfeito, mas tinha certeza que seu irmão gêmeo – espere – seu irmão gêmeo-mais-velho por ter nascido dois minutos primeiro, iria enlouquecer quando o visse vestido daquele jeito.

Ótimo. Era isso que esperava.

Ele desceu do táxi e arrastou sua mala de rodinhas até a entrada da mansão de Sasuke. Era uma manhã bonita de sábado, mas ele tinha certeza que o irmão estava no escritório da empresa. Sasuke, diferente dele preferia trabalhar no final de semana do que fazer qualquer outra coisa mais divertida. Era por isso que eles nunca tinham se dado bem. Apesar de terem dividido a mesma placenta, eles eram diferentes como a água e o vinho.

Não era a primeira vez que ficava na casa do irmão, por isso quando chegou à entrada, ele digitou a senha de segurança da porta da frente e a mesma abriu sem nenhuma dificuldade.

Satoru entrou na casa e tirou os óculos de sol. Percebeu um par de sapatos femininos no hall de entrada e sacudiu a cabeça com um leve sorriso surpreso. Seu irmão tinha provocado um escândalo que fez sua mãe quase arrancar os cabelos, mesmo estando do outro lado do mundo e agora tinha sapatos femininos em sua casa?

Bem, por essa ele não esperava. Sasuke era muito cuidadoso e muito careta para aprontar alguma coisa. Por isso, quando viu o vídeo que gravaram dele beijando uma mulher na festa do Sr. Hyuuga, Satoru não acreditou que pudesse ser o irmão. Nem mesmo agora acreditava. Ele tinha que ver com os próprios olhos.

Satoru caminhou para dentro da casa e largou sua mala perto das escadas. Percorreu o lugar com seus olhos negros, notando que tudo parecia igual desde que estivera ali no ano passado e... Espera aí!

—Aquilo é um gato deitado no sofá? – Perguntou Satoru a si mesmo arregalando os olhos. Sasuke odiava pelos de animais, por isso ele nunca foi fã de bichinhos de estimação. Será que estou na casa certa?

Satoru caminhou para dentro da sala, ainda procurando qualquer outra anomalia que indicasse que seu irmão tinha sido abduzido e percebeu que o enorme quadro da família não estava mais na parede atrás do longo sofá de couro da sala de estar. Sua família fazia questão de que seus filhos, mesmo que morassem sozinhos pendurassem o enorme retrato na parede que mais chamava a atenção na casa.

Não havia nada demais naquele quadro, que era renovado a cada dois anos. Mostrava apenas a família Uchiha principal. Ele de pé entre seus dois irmãos mais velhos, Sasuke e Itachi, e sentados à frente deles sua mãe e seu velho pai.

Se sua mãe entrasse em casa naquele minuto e não visse o retrato pendurado onde deveria estar, Sasuke estaria encrencado.

Satoru riu mais uma vez e sacudiu a cabeça, se sentindo curioso sobre as rebeldias estranhas de Sasuke. Ele não via a hora de descobrir tudo o que o irmão estava aprontando.

Satoru estava prestes a seguir na direção das escadas, quando ouviu a porta da sala bater e uma cabeleira rosada passar rapidamente pelo hall na direção do balcão da cozinha.

—Marie! Mamãe chegou com seu salmão! – Gritou uma mulher colocando várias sacolas de supermercado sobre o balcão de pedra.

Satoru arregalou os olhos com surpresa, apenas por alguns segundos. Ao descer seu olhar estreito pelas pernas nuas da mulher que usava um shortinho jeans ele não pôde conter um sorriso.

—Uau! Que gata! – Disse ele em voz alta.

Sakura se virou assustada no mesmo instante e apontou uma baguete na direção dele, ameaçando-o.

—Quem é você?! – Perguntou Sakura com o coração disparado. Nunca tinha lidado com um ladrão antes, mas iria lutar para se salvar se fosse necessário.

O homem a encarou com um meio sorriso e Sakura jurou que o conhecia de algum lugar.

—Olhe de novo antes de perguntar. – Disse o homem ainda sorrindo e Sakura piscou os olhos várias vezes para ter certeza de que estava vendo direito.

O homem era alto e forte, tinha cabelos negros, seu estilo de roupas o deixava com a aparência jovem, mas era possível perceber que ele não era um adolescente.

Sakura abaixou o pão lentamente o se dar conta de onde o conhecia.

Ele era a cópia cuspida de Sasuke.

 

~*§*~

 

—Quem você disse que chegou? – Perguntou Sasuke ao secretário Lee deixando seu celular quase cair da mesa do escritório.

Lee ajeitou a gravata nervosamente. Sabia como Sasuke se dava mal com seu irmão mais novo e não gostava nem de ouvir seu nome. Por isso o secretário começou a suar frio e a gaguejar sem poder evitar.

—S-seu irmão v-voltou da América p-para terminar os est-tudos de administração...

Sasuke fez uma careta mal humorada e revirou os olhos.

—Administração? Aquele moleque irresponsável?!

Lee enxugou o suor da testa com um lenço para se preparar para a próxima notícia que deveria dar ao chefe.

—Onde ele está? Ainda no aeroporto? Já se hospedou em um hotel? – Perguntou Sasuke voltando sua atenção para o computador e dando de ombros como se não se importasse para que buraco o irmão tivesse ido. Ele realmente não se importava e nem queria saber, mas no caso de alguém de sua família lhe perguntar sobre o paradeiro daquele moleque, Sasuke não teria que mentir.

—F-fui informado de que ele f-foi direto para... Para s-sua casa, senhor. – Disse Lee secando o suor da testa mais uma vez.

—Ele foi para... Minha casa?! –Gritou Sasuke levantando-se bruscamente de sua cadeira estofada enquanto Lee tropeçava assustado para trás.

 

~*§*~

 

—Só estou fazendo isso porque você disse que estava com fome. – Disse Sakura cortando alface para fazer uma salada. – Isso vai ficar bom o suficiente?

—Claro que vai. – Respondeu Satoru virando um filé de salmão empanado na frigideira. – Oh, senti tanta falta desse tipo de comida!

Sakura olhou de canto para o Uchiha mais novo, observando o modo como ele aspirava o cheiro da comida com os olhos fechados. Usando um avental rosa bebê era difícil leva-lo à sério, mesmo sendo mais velho que ela.

Satoru era idêntico ao Sasuke se você olhasse mais de perto, mas mesmo assim Sakura nunca o confundiria com ele. Quando Satoru lhe disse que era irmão gêmeo de Sasuke, Sakura não acreditou. Sasuke disse a ela que tinha dois irmãos, um mais velho e outro mais novo, mas não mencionou que o mais novo tinha apenas dois minutos de diferença de idade.

Satoru era tão bonito quanto Sasuke, percebeu a veterinária. Mas não podia deixar de notar as diferenças gritantes entre eles. Sasuke era mais sério, tinha um olhar arrogante que indicava seu espírito de liderança, enquanto Satoru tinha um olhar rebelde e um semblante de desafio. Sem mencionar o quanto parecia imaturo com aquelas roupas de adolescente.

—Então, como você seduziu o meu irmão? Qual o nome da sua família? O que eles fazem? – Perguntou Satoru de uma vez só, virando outro filé de salmão empanado sobre a frigideira.

Sakura ficou rígida e desviou o olhar dele. Lembrou-se que a família de Sasuke não sabia nada sobre ela, porque ela era uma farsa. E revelar isso ao seu irmão era perigoso. Com certeza Sasuke não gostaria disso.

—Eles são empresários? Estão no ramo dos hotéis, construção ou alimentos? – Insistiu Satoru com um olhar desconfiado. Ele percebeu que Sakura ficara tensa com suas perguntas.

—Eu diria que estão no ramo de alimentos. Eles são agricultores. – Respondeu Sakura sem olhar para ele enquanto lavava alguns tomates.

—O que? – Satoru estreitou o olhar como se não tivesse entendido. –Seus pais são agricultores?

—Meus pais morreram quando eu era criança, fui criada pelos meus avós. Eles têm uma fazenda.

Satoru desligou o fogo, os empanados já estavam prontos. Ele passou as mãos pelo avental e a encarou. Sakura era bonita, ele tinha que admitir. Parecia ser uma moça encantadora. Mas ele tinha a obrigação de alerta-la. Se seu irmão não se importava pela família dela não ser rica, era porque ele estava apenas se divertindo com ela. Não havia outra explicação, já que Sasuke levava as tradições de família muito à sério. Além de ser o filho mais obediente, completou mentalmente revirando os olhos.

—Olha, se por acaso você conhecer a minha mãe...

—Isso não vai acontecer. – Interrompeu uma voz grave e irritada da porta da cozinha. Sakura e Satoru desviaram seus olhos para Sasuke ao mesmo tempo. – Pelo menos, não por enquanto.

Sasuke estava parado ao lado da geladeira com o corpo tenso e os punhos cerrados. Sakura já tinha visto aquela expressão irritada tantas vezes que já estava até familiarizada para saber que ele estava muito, mas muito bravo.

—Sakura, venha até aqui. – Disse Sasuke com os dentes cerrados.

—O que? – Sakura o encarou sem entender nada. Por que ele parecia tão irritado? O que ela tinha feito dessa vez?

—Eu disse para vir até aqui! – Repetiu Sasuke sem paciência.

Apesar de achar o comportamento de Sasuke estranho e confuso, Sakura largou a faca e os tomates sobre o balcão, secou as mãos num pano de prato e se afastou para ir até ele, mas Satoru segurou em seu braço e a impediu.

—Aonde você vai? Precisa terminar de enrolar o salmão ou vai estragar. – Disse Satoru lançando um olhar estreito ao irmão. – Não precisa parar tudo só porque ele mandou.

Sakura não precisou olhar para o Sasuke para saber o quanto ele tinha ficado furioso. Em poucos passos ele já estava ao lado dela.

—Satoru, tire suas mãos dela. – Disse Sasuke com um olhar de ameaça para seu irmão. Satoru não a soltou e desafiou o irmão mais velho apenas com um olhar. – Eu mandei solta-la!

Sasuke pegou no outro braço de Sakura, enquanto ela, confusa e inerte olhava de um Uchiha para outro sem entender o que estava acontecendo ali.


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Notas finais do capítulo

Meus amores!! Perdão pela demora! Meu horário de trabalho mudou e ferrou com a minha vida! T.T Nem tive tempo de responder aos comentários! Muito obrigada a todos que estão acompanhando e comentando! Valeu mesmo pelo apoio!
Até o próximo capítulo!!
Beijos!! ^^