Paixões Gregas - Destinados a Amar(Em Degustação) escrita por moni


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oiiieeee
Mais um capítulo. Espero que gostem.



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   Pov – Luka

   −Se veio atrás das minhas panelas pode dar meia volta, as meninas acabaram de arrumar a louça do café da manhã. – Mira me avisa sem tirar os olhos das batatas que descasca. Envolvo seu pescoço e beijo seu rosto.

   −As meninas são espertas, agora sobra a louça do almoço para os meninos. É sempre o dobro. – Me sento ao seu lado. – Quer ajuda?

   Mira ergue os olhos e me sorri, me oferece uma faca e meia dúzia de batatas.

   −Direito. – Usa seu tom severo de sempre. – Senti saudade da sua mãe menina. – Ela diz largando as batatas e me encarando com olhos úmidos. – Novinha, assustada. Pedindo para eu deixar ela me ajudar na cozinha. Tão linda, delicada. Cozinhando escondido do seu pai.

   Minha mãe tem tanto amor, me faz sorrir. Eu conheço nossa história, meu pai contou, desde a vingança até o final feliz, é admirável ele ter feito isso, não precisávamos saber, mas segredos não combinam com essa família e ele fez questão de nos contar tudo.

   −Ela ainda é linda, mas nada delicada quando está furiosa. – Mira ri.

   −Exagerado, ela nem consegue ficar furiosa, não é da natureza dela.

   −Exagero é meu nome do meio. – Entrego uma batata descascada a ela. – Está bom?

   −Ótimo. – Pego a segunda batata.

   −Mira. Você conhece uma moça chamada Bia? Bia Kamezis.

   −Uma flor de menina. Seu pai vai te matar se pensar em se meter com ela.

   −Não vou me meter com ela. Que coisa! Só quero saber mais dela. Sabia que ela estuda comigo? Papai falou em ficar, não em ser amigo, tenho amigos na ilha.

   −Sexo masculino Luka. Você não tem amigas.

   −Claro que tenho. Alana, July, Lizzie...

   −Todas com o sobrenome Stefanos, não por acaso.

   −Só quero saber quem ela é. Pode me contar?

   −Posso. – Ela responde descascando mais uma batata. Entrego a segunda batata descascada a ela. – Justine era costureira. A avó da Bia. Nasceu na ilha como eu e sempre fomos amigas. O marido morreu no mar, foi há muito tempo. Agatha, a mãe da Bia era menina. Ela criou a filha costurando, antes do seu pai chegar na ilha a vida de todo mundo era muito difícil.

   −Eu sei. Papai melhorou muito as coisas por aqui.

   −Muito. Agatha casou com Aiki, ele era muito bom rapaz, me lembro dele desde menino. Uma pena ter morrido. –Bia não tem pai, sinto pena. – Tiveram duas filhas. A mais velha Lais e Bia. Lindas as duas. Bia tem o cabelo do pai.

   −Vermelhos. – Sorrio com a lembrança.

   −Quando o pai morreu ela era pequena, a irmã mais adolescente. Agatha casou de novo. Henri. Estrangeiro ele. Chegou rapaz aqui. Tem uma loja que vende roupas e quinquilharias para turistas. Ele é bem grosseiro.

   −Um cara mal?

   −Não. Sim, difícil dizer. Só antiquado, dono da verdade, mal humorado. Justine morreu uns meses depois do casamento da filha. Que dia triste.

   −Sinto muito Mira. – Toco sua mão, ela larga a faca e segura minha mão entre as suas.

   −Tudo bem, foi há muito tempo. Bom, Lais era uma menina complicada. Henri queria as duas dentro de casa, ajudando a mãe na costura. Cabeça do século passado. Dai um rapaz veio passar férias aqui e a menina se apaixonou e foi embora com ele um tempo depois. Ele proibiu ela de voltar a casa deles.

   −Babaca! – Tem gente que para no tempo. Mira balança a cabeça concordando.

   −Depois a Bia foi estudar. Acredita que ele não queria? Proibiu também. Como pode proibir alguém de aprender? Conhecimento é tudo na vida.

   −Também acho. Agatha ficou tão triste, até conversamos na época, ela não sabia o que fazer, queria convencer a menina a não ir. Uma dó, mas Bia foi assim mesmo. Tem bolsa de estudos, Agatha me disse que eles dão moradia e um dinheiro para as refeições, não é uma vida fácil, mas ela ajuda. Agatha sempre separa um dinheirinho da costura para ela.

   −Que bom que ela foi. Perder essa chance seria burrice. – Admiro a coragem. – Agora está tudo bem?

   −A menina está terminando o curso, depois não sei, Henri disse que na casa dele nenhuma das duas entra mais, daí vamos ver como que ela se vira. Agatha não tem força para largar o marido e cuidar da filha.

   −Acho que não gosto de nenhum dos dois.

   −Acho que Agatha ama a filha, mas se eu for ser bem sincera acho que ama mais o marido, tem gente assim no mundo Luka. Nem todo mundo é como seus pais e tios.

   −Eu sei, mesmo sendo estranho. Então Bia não vem a ilha? Deve ser por isso que não a vejo por aí.

   −Ela vem sim. Encontra a mãe no cais, ficam juntas um pouco, depois ela volta. Fica só um pouco com a mãe, mas vem bem pouco. Tem que pagar a balsa, ela não tem onde ficar porque ele não a recebe, então ela fica um pouco e volta. Agatha diz que ela é uma joia, podia nem olhar na cara da mãe depois disso, eu não olharia. Me trocar por homem? Mas Bia entende e não deixa a mãe sozinha.

    −Posso oferecer carona para ela toda vez que vier, não seria errado, não acha Mira. Isso é o tipo de coisa que meu pai faria. Não custa nada e ela veria mais a mãe.

   −Não seria mal ela ter um bom amigo Luka. A mãe diz que ela é bem sozinha. Parece que é tímida e não fez muitos amigos na universidade.

   −Também achei ela bem tímida. Achei bonitinho, ela é toda bonitona e garotas assim sempre estão cheias de amigos, homens eu digo, em torno, mas ela não. E é toda atrapalhada.

   −Que jeito de falar? – Mira me olha.

   −O que eu?

   −É. Você mesmo. O jeito que fala dela. Luka acho melhor não oferecer carona nenhuma. Vai querer beijar a menina.

   −Eu quero beijar a menina Mira, mas não preciso fazer isso. Ela é bonita e só isso já me daria vontade de beija-la, mas quero beijar outras garotas e nem por isso beijo.

   −Está certo. Você é quem sabe. Não tenho nada com isso, mas só vá se meter com ela se puder trata-la com respeito, beijando ou não.

   −Muito moderna você. – Eu brinco terminando de descascar as batatas em silencio. Se soubesse dessa situação podia ter ajudado muito. Deve ser difícil viver sozinha. Odeio ficar sozinho, se não tivesse Alana nunca teria ido morar sozinho, gosto de ter gente a minha volta.

   Penso nela. Toda atrapalhada com os livros, eu jogando bola e ela passando apressada, abraçada com todos aqueles livros, tropeçou bem na hora que eu ia fazer o passe, a bola foi para o lado errado, todo mundo gritou comigo. Quando Pedro foi devolver a bola o perna de pau acertou bem no rosto dela.

   Fiquei com pena. Os livros todos espalhados no chão. Ela podia ter xingado, mas apenas se abaixou para apanha-los e claro que não podia ignorar aquilo.

   Sorrio com a lembrança e pego mais batatas para descascar. O quarto é tão pequeno. Deve ser menor que a varanda do meu quarto, mesmo assim eu me senti confortável ali. Comendo biscoitos, não devia ter comido, e se faz falta para ela?

   −Comi os biscoitos da menina Mira. – Ela me sorri. – Lembra daqueles biscoitos de aveia e canela que a vó dela mandava para a mamãe? Tinha lá e eu comi.

   −Tudo bem Luka. Faço uma coisa gostosa e leva para ela como presente.

    −Isso! Não, melhor não, muito fresco isso. Coisa de mulher.

   Volto meus olhos para a faca e as batatas. Ela tem sardas e fica corada de vergonha. Posso ser amigo dela, por que ela não faz nada meu tipo. É tímida, delicada e deve até ser virgem, eu gosto de garotas ousadas, donas de si, sem muitos pudores. Não gosto de ficar adulando ninguém.

   Alana vai me deixar sozinho, Bia precisa de amigos e posso ser amigo dela. Se ela quiser é claro.

   −Acabou? – Pergunto quando entrego a última batata.

   −Sim. Obrigada querido. – Beijo sua testa e fico de pé.

   −Vou lá achar o Tyler e fazer um favor para Alana. Minha vida é fazer favores para essa menina.

    Pov – Alana

   Ergo meus olhos do computador para observar Matt. Terceira semana de trabalho oficial. Primeira semana de trabalho mesmo. Nas duas primeiras tudo que fizemos foi organizar e montar o laboratório e o barco.

   Achei que ele ficaria irritado com o nome do barco, mas Matt teve um ataque de riso que me fez bem e nos aproximou um pouco, nos dias que se seguiram falamos mais por telefone que pessoalmente e todos os dias eu arrumava uma desculpa para não contar a verdade.

   Depois de muito trabalho tudo ficou pronto. O laboratório consiste em uma pequena cozinha, um banheiro e uma sala grande com nossos computadores, alguns aparelhos numa bancada e num canto uma cama para ele.

   Descobri que Matt precisa de pouco para viver. Todas as manhãs quando chego para trabalhar ele está voltando de sua corrida, toda banho, come uma fruta e se junta a mim. As vezes comemos sanduiches na hora do almoço, outras saímos para um almoço rápido.

   Conversamos bastante. No trabalho temos ideias parecidas, na vida eu não sei. O que sei é que nos cinco últimos dias eu podia ter contado quem eu sou dezenas de vezes e não fiz. Por que tenho medo de deixar esse sonho, tenho medo de deixar Matt.

   Nunca tenho hora certa para ir embora, mas nenhuma vez ele me deixou ir sozinha. Diz que gosta de respirar o ar fresco da noite e me acompanha até em casa.

   Nessas horas falamos sobre a vida, ou ele fala. Minha vida é apenas uma sucessão de mentiras e decidi mentir o menos possível, a única maneira é não falar sobre mim.

   Meu telefone toca meia dúzia de vezes por dia, tem sempre um parente querendo contar algo importante e Luka não consegue ficar um dia inteiro sem falar comigo, mesmo que vá me ver a noite em casa ele sempre liga.

   Matt está tão envolvido que nem me nota ali olhando para ele feito uma boba. Três semanas que as palavras de July martelam minha cabeça.

   Gosto de estar ali com ele, sinto falta quando estou em casa, qualquer coisa que eu faça me lembra ele e sempre fico tentando adivinhar o que ele diria.

   Baixo meus olhos me concentrando mais uma vez no trabalho. Isso sim é que devia me empolgar mais do que tudo. Não ele.

   Vamos numa pequena expedição em dois dias. Ficar em alto mar uma semana. O barco é bom, está equipado, mas dormir e acordar do lado dele parece que vai me deixar maluca.

   Meu celular toca. Ergo sem olhar a tela, meus olhos ainda no computador.

   −Sim.

   −Alana.

   −Saulo. Que bom te ouvir. – Talvez seja isso que eu preciso. Sair com um cara legal com quem me dou bem e esquecer Matthew Connor. Saulo é perfeito, assim como eu, não quer namorar, já quis, mas isso passou há muito tempo.

   −Se não ligo nem se lembra de mim. Achei que com o fim da universidade ficaria mais livre.

   −Comecei a trabalhar. Agora sobra menos tempo.

   −Vamos sair hoje? Jantar, dançar. Está afim?

   −Estou. Tem uma festa de uns amigos, podemos ir e depois... depois a gente vê. O que acha?

   −Ótimo.

   −Me pega em casa. Oito está bom?

   −Estarei lá. Beijo.

   −Outro. – Desligo e Matt tem os olhos fixos em mim.

   −Hoje é quarta-feira. Vai sair?

   −Sim.

   −Será que vai chegar em condições para trabalhar amanhã? – Ele parece realmente incomodado e não sei o quanto isso tem a ver com o trabalho.

   −Nosso trabalho é observar, e não prever.

   −Desculpe. Não tenho motivos para duvidar do seu profissionalismo. – Ele volta para seus papéis. – Namorado?

   −Não exatamente. – Decido provoca-lo. Não sei bem porque, mas até quando ele se torna intransigente eu gosto, me estimula. Matt ergue a cabeça mais uma vez e me olha.

   −Como assim?

   −Nos conhecemos tem uns anos. De vez em quando saímos, sem compromisso.

   −Avançado! – Os olhos dele cintilam.

   −Contemporâneo.

   −Não para mim. Quer dizer, eu saio também. Com mulheres eu digo, só que... esquece.

    −Já esqueci. – Volto ao trabalho, são cinco da tarde, quero terminar essa avaliação e checar a lista da viagem antes de sair.

   −Gosto de estar envolvido com a pessoa. Ter algum tipo de sentimento, não só... físico.

   −Ahm. – Não dou mais assunto, só para vê-lo se incomodar todo. Será que Matt sente algo por mim ou July encarnou em mim e estou criando fantasias românticas?

   −Amanhã temos muito o que resolver. Será um dia difícil. Longo. Vão entregar o oxigênio as oito. Vai estar aqui?

   −Como todas as manhãs chefe.

   −Só para confirmar. Vai trazer seu equipamento de mergulho amanhã?

   −Vou. Como combinamos. Para deixar pronto para a viagem.

   Ele balança a cabeça e cruza os braços, desisto dos papéis e olho para Matt, ele não tinha que ser tão bonito. Não tinha que ter esse charme despreocupado. Muito menos mãos bonitas.

   −Se quiser corro mais cedo e vou te buscar. Para ajudar a trazer tudo.

   −Obrigada Matt eu dou um jeito. Pego um taxi. Não é tanta coisa assim. Nem a primeira vez que carrego meu equipamento de mergulho.

   −Se precisar me liga. Vou trabalhar até tarde hoje. Gosta dele? – Que pergunta estranha.

   −É um bom equipamento e está novo.

   −Não do equipamento de mergulho, do Saulo, não precisa responder se não quiser.

   −Saulo é um cara legal. Muito jovem às vezes, não é como se pudéssemos ter uma conversa sobre politica ou arte, mas ele é engraçado e gentil. Sim. Eu gosto dele, é boa companhia.

   −Você também é bem jovem. 

−Mas acho que sou mais madura. Minha mãe cresceu muito presa se posso dizer assim. Ela só foi mesmo livre quando se casou com meu pai. Então ela e ele nos criaram para sermos livres, sem muitos mimos.

   −Também fui criado assim, tanto que saí cedo de casa, mas no meu caso não era por conta de escolhas ideológicas, era mais porque somos em três e meu pai sempre trabalhou muito e minha mãe é completamente doida, então fomos seguindo nosso rumo.

   −Se virou bem sozinho. Está aqui. Conseguiu. – Ele sorri, sinto que fica um tanto orgulhoso de si.

   −Verdade. Nem sei o que deu na cabeça daqueles dois garotos para investir tanto dinheiro em meus sonhos, mas fico feliz. Pelo menos é um dinheiro bem empregado. Sempre penso neles jogando dinheiro fora em joguinhos de videogame, sei lá. Gente com tanto dinheiro como eles parece sempre exótica para mim.

   −Você acha eles bem idiotas não é? – Isso me irrita tanto. Ele nem imagina, se ao menos se desse ao trabalho de pesquisar a vida deles saberia que são tudo, menos garotos tolos ou exóticos como ele diz. – Bom. Acabei por hoje. Não precisa me levar. Ainda está de dia. Até amanhã.

   Fecho meu computador, pego minha bolsa e caminho para a porta. Ele me tira do sério as vezes.

   −Está brava comigo?

   −Até amanhã Matt. – Saio batendo a porta. Estou furiosa com ele, odeio não poder defender minha família. A vontade de sair passa, não que estivesse mesmo com vontade de sair. Acho que só queria irrita-lo. Vou mesmo assim. Saulo é legal, sempre nos demos bem e ele não tem culpa dos meus enroscos.

   Fico pronta na hora marcada. Luka me olha batendo o pé irritada.

   −Dia ruim?

   −Não. Luka. Cadê aqueles artigos sobre você e o Tyler?

   −No quarto da vovó em um altar com velas e flores.

   −Fala sério! – Ele ri.

   −Na cômoda dela, para que?

   −Nada demais. Vai sair?

   −Vou. Festa na republica dos caras.

   −Eu devo passar lá mais tarde com o Saulo.

   −Ele saiu da geladeira?

   −Ah não Luka. Isso de novo não, ele é meu amigo. Apenas isso.

   −Sei que tipo de amigo. Acho legal ter um assim. Me entende né? Eu sou esse tipo de amigo para umas gatas ai.

   −Vai chegar tarde. Melhor ir. Se demorar quando chegar não tem mais nenhuma garota livre para perder na festa.

   −Entendi, está ai batendo o pé de braços cruzados, mal humor na certa. Vou indo. Eu sei que me ama.

   −Tchau.

   −Qualquer coisa aperta o botão de emergência e te acho em qualquer parte do mundo. – Ele me beija o rosto. – Basta estar com seu celular. Amei essa ideia do Tyler. Possessivo da parte dele criar isso para a July, mas é sempre bom.

   −No caso dele foi por necessidade. Se ela tem uma crise e não consegue ligar para ninguém? – Ele balança a cabeça, pega a chave e me deixa, encaro o celular. A ideia foi boa, meu celular fica conectado com o dele e se precisar aperto e ele sabe minha localização.

   Saulo é pontual, abro a porta com um sorriso congelado no rosto, a primeira coisa que penso é que ele não é tão bonito como achava. Talvez nem tão legal.

   Desisto da festa assim que entramos no elevador. Saulo não sabe, mas acho que esse deve ser nosso último encontro ou eu estou só de mau humor mesmo.

   −Que acha de jantar antes de qualquer coisa? – Eu convido.

   −Acho bom. Vamos lá. – Ele dirige ao som de um rock alto, não sei se gosto de música muito alta no carro. Sentamos num restaurante pequeno, pedimos e ele me conta do trabalho, falo um pouco do meu trabalho e depois de pagar a conta me sinto sem muita vontade de fazer mais nada.

   −Alana, a gente pode voltar para sua casa se quiser. Eu posso te deixar lá e só. Não está animada, não prestou atenção em quase nada do que eu disse.

   −Desculpe. Acho que aceito a proposta. Sinto pelo fiasco.

   −Tolice. Nos conhecemos há tempo o bastante.

   −Obrigada. – Ele da de ombros e sorri.

   Chegamos em casa e Saulo estaciona na porta, não vai descer e me acompanhar, esse não é seu tipo e não me importo. Me viro para olhar para ele. E se a gente se beijar e eu descobrir que foi legal e que não tem nada desse negócio de estar apaixonada pelo Matt?

   −Pode me beijar? – Saulo ri do meu pedido. É bom estar perto de alguém que sinto confiança. – É sério.

   −Eu sei. – Ele me puxa para si. Uma mão em minha nuca, mergulhada em meus cabelos, a outra na minha cintura, nos beijamos, não é bom como antes, não me dá nenhuma vontade de continuar, é só um beijo e quando nos afastamos ele me olha nos olhos. – E então? Está apaixonada? Pensou nele o tempo todo ou tudo bem. Alarme falso.

   −Eu... eu... Você tem razão. Foi um teste e acho que eu não passei no teste. Desculpe Saulo.

   −Estou bem Alana. A gente nunca levou jeito para ficar juntos. E apesar de sempre ter medo de relacionamentos se o cara valer a pena devia tentar.

   −Vou pensar nisso. É bem mais complicado.

   Beijo seu rosto e desço do carro, arrumo minhas coisas, separo os artigos com matérias sobre Ty e Luka e deixo tudo pronto. Não é fácil pegar no sono, a ideia de que posso estar apaixonada é assustadora. Muito mais por conta das mentiras que qualquer outra coisa.

   Faço questão de chegar dez minutos mais cedo. Matt está em sua mesa quando abro a porta com minhas mochilas. Ele me observa preocupado.

   −Bom dia chefe. – Pego as revistas e coloco em sua mesa. – Leia. Depois me diz o que acha dos dois garotos.

   Sigo para minha mesa. Matthew abre a primeira revista em silencio e ligo meu computador. Trabalhar é o melhor remédio para mim.

 


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Notas finais do capítulo

Comentem. Vou tentar colocar tudo em dia hoje.
BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS