Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 43
O Pião de Reddington


Notas iniciais do capítulo

Olá



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—Não vai mesmo me dizer quem você é, não vai?-Adrian perguntou.
—Já disse. Sou Emeraude Reddington.
—Não dificulte as coisas, por favor. –Sentou perto de mim, a expressão totalmente ao contrário de ameaçadora. Ele estava indo pelo caminho errado se queria me assustar. –Não quero te machucar, mas preciso saber quem está me caçando. Me diz.
—Eu já disse. Se não acredita... Não posso fazer nada. Apenas... Vamos logo? Ou me solta, ou me mata. Não tenho nada pra dizer, então se decida.
—Por que está dificultando? Só quero um nome, só isso.
—E-M-E-R-A-U-D-E R-E-D-D-I-N-G-T-O-N. Esse é o nome. –Bufou.
—Por favor, apenas me diga.
—Eu já disse, Adrian! Que droga, garoto surdo do inferno. Já disse! Ninguém me contratou!
Eu não ia dedurar Red. Ele tinha me contratado e era o nome que devia dar à Adrian, mas eu tinha meu próprio código de honra, e entregar quem havia me contratado estava fora de questão.
Adrian levantou, parecendo exausto e foi para a porta.
—Não quero mesmo machucar você, Eme, por que você é... –Mas eu nunca descobri o que eu era, pois Adrian caiu com tudo no chão, desacordado. Demetri havia o nocauteado com uma pancada na cabeça.
—Uau.
—Como se deixou ser pega, Mhoritz?-Perguntou, atravessando o quarto e vindo me soltar. Esfreguei meus pulsos e me estiquei, estava toda dolorida de ficar naquela posição por tanto tempo. –Vamos. Temos que ir antes que alguém procure por ele.
***
Assim que tranquei a porta do meu apartamento, Demetri jogou o corpo inconsciente (e amarrado) de Adrian no chão e se virou pra mim, as mãos segurando meu rosto e os olhos me analisando como se procurasse alguma coisa.
—Ele machucou você?-Demorei um pouco para responder, pega de surpresa.
—Hã... Não, não. Estou bem. O que vamos fazer com ele?-Apontei para Adrian com a cabeça.
—Avisei Reddington do que aconteceu, ele disse que virá pessoalmente cuidar disso. Ele decidirá o que será feito de Adrian. –Esperava que Red estivesse mais calmo do que da última vez em que nos vimos.
—Tudo bem... Vou tomar banho e trocar de roupa. Me avise quando ele chegar.
—Como quiser.
Me soltei e subi as escadas sem pressa. Demetri parecia preocupado comigo, ou talvez fosse apenas o trabalho dele, se manter de olho em mim, e garantir que eu continuasse viva para ser o cãozinho de Red, o pião que eliminava todas as peças que ele queria fora do jogo. Era isso que eu era pra ele.
Tomei um longo banho quente, tentando tirar todos os pensamentos da cabeça. Não consegui. Red estava vindo... Será que ele havia conseguido algum progresso em provar minha inocência? Será que ele era capaz disso? O FBI e ele tinham um acordo, sim, mas será que ligavam para qualquer coisa que Reddington dizia, tirando sobre a lista?
Minha vontade era de ligar para Ressler e tentar tirar informações dele, porém, o agente não parecia nada feliz comigo antes de eu partir. Ele também achava que eu era uma espiã de Miguel? Achava que eu era uma agente dupla? E Keen? Meera com certeza achava que eu era. E o mais importante... O que o diretor do FBI achava? Se ele me achasse culpada, aí sim eu ia me ferrar completamente.
Batidas na porta do banheiro me tiraram da minha linha de pensamento. Desliguei o chuveiro, me enrolei numa toalha, e a abri a porta o suficiente para espiar. Era Demetri.
—Reddington chegou.
—Diga que já estou descendo. –Pedi. Ele assentiu e saiu.
Red havia chegado. Adrian não duraria mais que alguns minutos. Troquei de roupa o mais devagar que pude. Estava com frio, mesmo que o aquecedor estivesse ligado (em todos os cômodos). Quando desci, Red estava no sofá, Demetri encostado perto da porta, e Dembe na cozinha, a geladeira aberta.
—Posso...?-Começou.
—Pode, Dembe. E então?
—Nosso amigo Adrian morrerá. –Red disse, levantando. Minha garganta apertou. Por que eu me importava com Allivan?-Você devia ter feito isso, mas foi descuidada e bebeu demais.
—Reddington, eu...
—Não, não importa. Dembe. –O homem entregou uma arma à Red. –Vai ficar e assistir, Jen?-Fiz que não. Red se aproximou de Adrian, que estava inconsciente ao lado do sofá, ainda amarrado.
Passei por Demetri e saí do apartamento, o russo fez o mesmo, fechando a porta. Comecei a andar de um lado para o outro. Um som baixo, abafado, veio do apartamento. Um tiro. Adrian estava morto. Demetri olhou pra mim, vendo que havia algo errado comigo.
—Jenna...
—Estou bem. –Menti, então saí correndo.
***
Andei sem rumo por vários minutos. Não me lembro como, mas acabei pondo as mãos numa garrafa de bebida, e foi com ela que eu fui para uma ponte, assim que a noite caiu. Me sentei na borda, olhando a camada de gelo que estava por cima do rio. Uma queda ali era fatal, sem dúvida.
—Jenna!-Olhei lentamente na direção da voz. Estava cansada, bêbada e confusa. Demorei alguns segundos para reconhecer Demetri.
—Que?
—O que está fazendo aí? Pode cair.
—Ah, cala a boca. –Olhei pra frente, dando mais um gole. –Adrian... Ele está mesmo morto, não está?
—Está. –Assenti, minha garganta apertou de novo. De um modo estranho e inesperado... Eu me importava com Adrian Allivan. –Jenna...
—Red acha que... Pode resolver assim, as coisas... Mas...
—Jenna, desça daí.
—Ah, eu vou descer, vou sim. –Soltei a garrafa. Ela bateu no gelo com um som baixo. –Vou descer agora mesmo...
—Jenna!
Escorreguei, propositalmente, da borda da ponte para a água. Um mergulho mortal.
O gelo não estava tão grosso assim. Quando o atingi, caí direto para a água gelada. Minha primeira reação seria tentar sair dali, mas eu estava lenta e com muito frio. A água parecia mais diversas facas entrando pela minha pele.
Tudo escureceu.
***
—Jen, preciso que acorde. Jenna.
A voz foi o que me fez acordar. Permaneci de olhos fechados, escondida dentro do escuro, tentando entender o que tinha acontecido. Aos poucos fui usando meus outros sentidos pra saber onde estava. Havia algo macio embaixo de mim, uma cama, provavelmente, e uma coberta também. O cheiro era inconfundível: hospital. Havia uma máquina ligada a mim, fazendo aquele estranho bip irritante. E havia alguém perto de mim.
Finalmente abri os olhos, encarando o teto branco. Virei a cabeça devagar, com medo de fazê-la doer se me virasse rapidamente. Ressler estava ao meu lado, e parecia estar além do preocupado. O que ele fazia na Rússia?
—O que... Ress, como chegou à São Petersburgo?
—Você está em Washington, Jenna. A trouxemos de volta. –Meu coração acelerou. Se haviam... Me trazido de volta... Ou eu tinha sido considerada inocente... Ou... –Jenna, você está presa. –Tentei me levantar, desesperada. Alguma coisa puxou meu braço. Meu pulso esquerdo estava algemado na cama de hospital. –Jenna...
—Não, não! Eu não fiz nada errado, eu... Cadê o Red?
—Ele não está. Temos que levá-la, agora.
—Não, por favor, eu não fiz nada errado... Ressler...
—Lamento. Vou chamar Lizzy para... –Saiu sem terminar. Elizabeth entrou, parecendo um pouco nervosa.
—Vou soltá-la daí. –Avisou, pegando uma chave no bolso da calça. –Mas preciso que não tente fugir. Troque de roupa o mais rápido possível, temos que levá-la imediatamente.
—Elizabeth...
—Por favor, Jenna, agora.
—Tudo bem.
Soltou meu pulso e se afastou, atenta. Era minha colega de trabalho? Era. Éramos quase amigas? Sim. Mas ela sabia que eu era perigosa quando queria, e não ia arriscar.
Troquei de roupa e esperei. Keen se aproximou de novo, a algema em mãos.
—Vou precisar algemar você.
—Tá. –Virei de costas, colocando as mãos para trás. Lizzy algemou meus pulsos, saímos do quarto. Ressler e Meera esperavam do lado de fora. Donald segurou meu braço direito, Keen e o esquerdo. Parece que eu merecia uma escolta.
***
Fui mandada para uma prisão especial, uma cela só pra mim. Agora eu sabia o que Daniel havia passado, sendo inocente, como eu. Era um lugar ruim, e eu não recebia visitas. Poucos acreditavam em mim. Quando me trouxeram, dias atrás, Ressler sequer falou comigo novamente. De modo discreto, Keen disse que acreditava em mim, e que tudo ia se esclarecer. Meera disse que era uma pena que eu tivesse decidido servir meu pai e o crime, em vez da lei. Além disso... “Eu gostaria de acreditar em você, Jenna, mas não há prova alguma”. Me perguntei se fariam o mesmo caso se eu nunca tivesse feito parte da Dangerous.
Eu só saía da cela na hora das refeições, e os carcereiros hesitaram no começo em fazer isso. O motivo era claro. Nenhuma das presas parecia feliz em ter uma integrante da Dangerous e do FBI ali dentro, mesmo que “supostamente” eu fosse inocente.
Nenhuma delas me ameaçou, mas eu podia sentir os olhares hostis enquanto me sentava num canto afastado e me concentrava na comida. Se não mexessem comigo... Não haveria problema.
Bom, meu lado irresponsável sabia que eu ia arrumar briga na primeira oportunidade, mas isso não era bom. Quando mais treta eu arrumasse, pior. Era melhor eu me manter na minha, e só revidar se alguém realmente fizesse alguma coisa.
Depois de quase duas semanas, alguém veio me visitar.
O carcereiro veio me buscar, alerta como nunca antes de me algemar, como se eu pudesse atacá-lo. Seguimos por uma série de corredores e portas e entramos numa sala parecida com uma de interrogatório, onde me sentei a uma mesa, de frente para meu visitante. Reddington.
—Como vai, Jenna?
—Como acha?-Retruquei.
—Esse uniforme laranja definitivamente não está favorecendo você. –Bufei.
—Podia me trazer uma garrafa de bebida na próxima.
—Não. Tem que parar de beber. –Me segurei para não revirar os olhos.
—Red, você não conseguiu provar minha inocência?-Silêncio. Ele sequer se mexeu. As engrenagens do meu cérebro começaram a trabalhar. Então eu entendi. Fúria começou a tomar conta de mim. –Você nunca tentou provar minha inocência, não é? Enquanto eu estivesse lá, matando pra você... Você estaria ganhando com isso. E se eu voltasse, inocente... Te traria prejuízo...
—Jenna...
—Seu filho da mãe, desgraçado!-Levantei, tentando alcançá-lo. Dois homens me puxaram para trás. Porém, me conter seria difícil. –Como pode me usar desse jeito? Desgraçado! Eu vou te matar!
—Jenna, pare com isso...
—EU. VOU. MATAR. VOCÊ! Você estava me usando! Filho da mãe!
—Jen...
—Eu não sou seu pião! Vou acabar com você! Vou te destruir!-Os homens tentaram me tirar da sala, não estavam tendo muito sucesso. –Vou dizer a eles o que me mandou fazer! Vou dizer o que fez com Adrian!
—Se sabe o que é melhor pra você, não dirá nada.
—Está me ameaçando? Eu vou te matar! Entendeu? Eu vou te matar, Raymond Reddington! Não se esqueça disso!


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Notas finais do capítulo

OPA! As coisas estão bem complicadas, não é?



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