Seu corpo está colado ao meu, nus ainda na cama. O sol entra pelas janelas abertas e iluminam o quarto. Já deve ser mais de nove da manhã e nós não ligamos pra isso, não queremos levantar. Estamos em conversando sobre nossa vida e sua mão brinca com a minha por cima dos nossos corpos, sua mão se encaixa na minha como se tivéssemos sido feitos um pro outro. Ela conta alguma coisa engraça e as rugas em seus olhos aparecem, ela não gosta disso, mas a deixam extremamente linda. Eu sei cada detalhe dela, em apenas uma noite cada dobra do corpo dela ficaram gravadas em mina mente. As covinhas nas suas costas no final da espinha é a minha parte favorita. Ela combina exatamente com o corpo de Kate, e vê-la deitada de bruços e as covinhas aparecendo é a visão do paraíso. Ela não vive sem café e eu sei disso, acho que me viciei um pouco mais em café por causa dela. Ela adora quando levo café pra ela e eu sei que ela sente falta quando eu esqueço. Ela fala enquanto dorme, notei enquanto a observava dormir durante a madrugada, eu não consigo entender, mas vou guardar comigo esse segredo que nem sei se ela sabe. E mesmo nada disso fazendo sentindo, ela é perfeita pra mim. Talvez se ela soubesse cada mínimo detalhe que eu amo nela, ela conseguiria ver o quanto ela é extraordinária. Eu estou completamente apaixonado por ela, e por todas essas pequenas coisas.

— Eu amo você - falo no meio de uma frase dela, ela conta uma história que eu não prestei bem atenção, estava ocupado demais penando em todas as pequenas coisas que amo nela.

Kate sorrir pra mim e seu olhar tem um brilho diferente, tem um verde diferente, tudo está diferente nela. Ela foi amada ontem à noite, e continua sendo amada hoje de manhã. Ela cola nossas bocas como resposta, nosso beijo calmo e demorado poderia ter levado para algo a mais, mas só o beijo me deixou satisfeito, porque ali, ela transmitiu todo o seu amor por mim.

— Eu também te amo, Rick. - ela diz ainda com nossos lábios colados e os olhos fechados.

Eu sorrio. Ela me ama. Ela disse que me ama. E eu sei o quanto foi difícil pra ela perceber isso, o quânticos difícil falar depois de tudo o que ela passou. Eu a puxo para outro beijo demorado e assim nós ficamos por horas e horas, sem nos incomodar com nada.

Saio do banheiro e encontro ela sentada na cama digitando algo no celular. Esta concentrada e parece importante. Sei que não é nada no trabalho porque ela está de licença. Seus cabelos molhados indicam que ela acabou de tomar banho. NÓS acabamos de tomar banho juntos. Nós nos amamos novamente no banheiro, e foi totalmente diferente do que fizemos na cama. Eu realmente não tinha ideia que Kate possuía todo esse.. Fogo dentro dela. Espero que continue assim, só pra mim. Kate vestia apenas uma camisa minha, a mesma que eu vestia ontem à noite e que ficava enorme nela, e mesmo assim ela ainda conseguia ser a mulher mais linda e sexy que eu já vi na vida.

Me aproximo dela e puxo seu celular com as mãos, ouvindo uma reclamação que eu nem ligo.

— Vamos tomar café, Kate. Depois você mexe no que quiser. - digo vendo seu olhar mortal. A detetive está presente.

— Caste, é importante. - ela tenta pegar o celular das minhas mãos, mas eu não deixo.

— Mais importante que tomar café da manhã comigo? - ela fica calada um segundo e suspira.

Seus olhos encontram os meus e vejo que algo está errado. Ela está seria, seu humor não está mais presente. Eu sei que ela não se arrepende de nada do que fizemos ontem, ou hoje. Mas mesmo assim bate aquela insegurança. Algo está errado e eu preciso saber o que é.

Seu olhar desce por meu corpo ainda meio molhado, seus olhos ganham um brilho diferente quando ela ver a toalha presa a minha cintura.

— Porque você não vai vestir uma roupa? - ela diz voltando a me olhar e vejo desejo em seus olhos. - Assim não vamos conseguir tomar café mesmo.

Eu sei que ela quer voltar pra essa cama tanto quanto eu, mas é melhor nos controlar. Quem sabe alguém chega aqui e nos pegar no meio do sexo não é muito legal.

— Sua tarada! - digo com uma cara de ofendido e ela rir. Sua risada enche meu coração de amor, e a minha Kate está de volta. Como ela consegue? As rugas em seus olhos estão presentes mais uma vez e eu não quero que ela sumam, nunca. - Já volto. - me inclino e a beijo.

Vou direto para o closet e vejo ela cair de costas na cama com um sorriso no rosto. Ela está tão linda! Kate descontraia e relaxada é mil vezes mais sexy do que detetive durona. Não sei por qual me apaixonei primeiro, só sei que estou perdidamente apaixonado.

— Vai fazer panquecas? - pergunta sentando no lado de dentro do balcão da cozinha, apenas me olhando.

Tenho quase certeza de que ela gosta de me ver cozinhar para ela, ela sempre me olha diferente quando faço isso. Me lembro de quando ela cozinhou pra mim, e vê-lá foi uma das coisas mais sexy que já vi. Acho que ela sente a mesma coisa que eu.

— Sim, vou fazer a minha especialidade. E você deveria fazer o café. - digo jogando a panqueca pelo ar e amparando com a frigideira.

— Meu café não é igual ao seu. - tem razão, o café dela é horrível.

— Gosta do meu café, detetive.

— A pergunta é: o que eu não gosto em você? - sinto suas mãos rodearem minha cintura e seus lábios tocarem a pele das minhas costas.

— Eu vou me queimar - digo num sussurro.

— Então preste atenção no que faz - ela diz enquanto me beija de um canto a outro nos meus ombros.

— Você não colabora. - suas mãos sobem acariciando meu peito e eu sinto outra coisa subir mais embaixo.

— Qual é Rick, você não consegue se concentrar nisso enquanto eu me divirto com seu corpo ? - eu sei que ela está rindo.

— Não. - suas mãos descem - Definitivamente não - digo assim que sua mão quente desce pelo meu moletom e entra sem aviso prévio.

Num milésimo de segundo estou de frente pra ela, agarrando sua cintura enquanto sua mão acaricia meu membro já excitado. Ela me enlouquece só com um toque.

— Sem cueca ? - ela me olha pervertida.

— Pra que colocar se nós não vamos precisar dela? - ela rir e eu avanço em sua boca, a empurrando até encontrar no balcão, a prendendo contra meu corpo.

Sua mão deixa o meu membro e sobe pelo meu corpo. Eu solto um gemido contrariado, aquilo tava bom. Nossas línguas se entrelaçam, minhas mãos sobem sobre sua perna e eu tento achar a calcinha, mas não tem nada lá.

— Sem calcinha? - pergunto com o mesmo olhar pervertido que ela me lançou.

— Pra que colocar se nós não vamos precisar dela? - ela repete minhas palavras e aquilo foi sexy.

Minhas mãos sobem diretamente por seus seios por debaixo da blusa, e seus mamilos estão duros feito pedra. Gosto de saber que causo esse efeito nela, principalmente quando ela geme parando nosso beijo como se não conseguisse se concentrar nas minhas carícias enquanto me beija. Sua respiração já está ofegante quando escuto um barulho na porta.

— Alguém tá chegando - digo tentando me recompor.

— Quê? - ela se afasta de mim e desce a blusa como se fosse cobrir ela inteira.

— Querida isso não cobre nem suas pernas direito. - digo acariciando ela enquanto a porta se abre. - Bom dia - digo ao ver Alexis entrar. Sua cara não está nada boa.

— Bom dia - ela se aproxima e eu me mantenho atrás do balcão escondendo meu estado que ainda está beeem visível. - oi Kate - ela fala seria.

— É.. Oi Alexis.. Como está ? - Olho para Kate e nunca a vi tão vermelha. Ela está com vergonha, que linda.

— Bem. Só com uma dor de cabeça enorme.

— Filha, você bebeu? - ela está com cara de ressaca. Eu reconheço uma cara de ressaca de longe.

— Preciso dormir - ela não responde e sobe as escadas.

— Alexis eu quero conversar com você.

— Me deixa pelo menos tomar banho - ela diz sem olhar pra trás e se tranca no quarto.

Tenho certeza que ela ainda não tirou da cabeça a história da promessa.

— Como você faz isso comigo? - diz Kate depois de me dá um tapa no braço.

— Ei! Isso dói. - faço cara de ofendido esfregando o local.

— Você disse que ela estava numa festa.

— Sim, ontem à noite. Ou você achou que ela ficaria lá pra sempre?

— Não Castle, mas eu não estava preparada para conhecer sua filha assim. - diz ela apontando para o corpo.

— Eu devo dizer que você está linda - digo dando um selinho nela - e você já conhece a Alexis a anos.

— Sim, como sua parceira. Não como sua namorada. - namorada! Kate Beckett é minha namorada. Não consigo esconder meu sorriso.

— Então nós somos namorados..

— Ué, não é isso que somos? Ou você só me queria por uma noite?

— Não, definitivamente nós somos namorados - digo sorrindo com meus lábios próximos do seus pronto para beija-la. Mas ela vira o rosto.

— A Alexis tá em casa.. - ela sussurra.

— Kate, ela já me viu com mulheres antes.

— Castle, eu não quero saber das suas namoradas, ok? - ela diz emburrando a cara.

— Okay, detetive. Desculpa. Mas devo lembra-la - digo entre selinhos para ela desfazer a cara emburrada - que agora - outro selinho - eu sou - outro selinho - um homem - outro selinho - comprometido - ela sorrir.

— E eu tenho uma arma - ela diz passando seus braços ao redor do meu pescoço.

— Não, você não tem. Ainda está de licença. - ela estreita os olhos.

— E quem disse que eu só tenho aquela arma ?

— Uhh, é bom saber disso. - passo meus braços pela cintura dela. - eu também tenho uma arma guardadinha aqui e adoraria que você a usasse.

— Oh meu Deus, Castle. - ela diz rindo - Se controle, sua filha está em casa.

— Okay - rio também. - Mas um beijo pode?

— Um beijo... Acho que pode - ela rir e nossas bocas se unem num beijo calmo.

— Desculpa. Eu volto depois - ouço Alexis dizer e olho pra ela sorrindo.

— Não, filha. Pode ficar. - Kate enfia a cara no meu peito rindo e eu passo meu braços por seus ombros, eu sei que ela está com vergonha.

— Não, eu.. Eu só vim porque você disse que queria conversar.

— E quero. Vamos pro meu escritório? - ela assente e vai andando. - Eu já volto. - digo para Kate.

— Sem pressa. Eu vou vestir uma roupa descente e te espero no quarto. - ela tenta sair dos meus braços mas eu seguro mais forte.

— Não vai fugir? - pergunto brincando, mas no fundo eu tenho medo que ela fuja.

— Não.. Eu prometo. - ela me beija e sai andando. E o fato de eu saber que ela não está usando nada além de minha camisa me faz querer acompanhá-la.

Afastado meus pensamentos e tento me concentrar no meu maior problemas agora, Alexis. Ela ainda não aceitou o fato de eu e Kate estarmos... Nos entendendo. E agora nós estamos namorando, ela não vai aceitar bem. Eu sei que tudo o que ela sente é medo. Medo de eu me magoar, medo dela se magoar, medo de eu a deixar. E a verdade é que eu não posso prever o futuro, eu quero estar ao lado dela, quero poder dizer que eu nunca vou deixá-la, mas eu não sei o que pode acontecer comigo amanhã. Mas onde eu estiver, seja lá em que mundo for, eu vou estar com ela. Não quero brigar. Só quero que ela entenda o meu lado.

— Oi.. -digo entrando no escritório e fechando a porta atrás de mim.

Ela não diz nada, apenas me olha e eu sei que ela sabe porque está aqui.

— Vamos conversar? -minha voz é calma.

— Vocês estão namorando? - ela é direta.

Alexis é tão determinada quanto eu, sei que não vai ser fácil.

— Sim. - digo num desabafo.

— Eu sabia! O que aconteceu com o 'só amigos'? - ela anda de um lado pro outro.

— Alexis eu não quero brigar. Eu escutei tudo o que você tinha pra dizer naquele dia, agora você pode me escutar?

— Pai, não tem nada pra explicar. Você já escolheu ela!

— Isso é ridículo!! Eu não escolhi ninguém, eu não quero escolher ninguém. Eu quero vocês comigo, quero você feliz porque eu to feliz!

— Até quando? Até o dia que tentarem matar ela de novo e você se afundar nesse escritório como fez quanto ela te expulsou da vida dela? Ou pior, até o dia que tentarem TE matar e você me deixar sozinha aqui, PORQUE VOCÊ ESCOLHEU ELA!! - ela grita com as lágrimas escorrendo no rosto.

Eu não queria que fosse assim. Eu não queria.

— Eu pensei que você ficaria feliz por em ver feliz.. - tento esconder as lágrimas que caem em meu rosto insistentemente.

— Eu não posso ficar feliz em te ver se afundar nessa briga. Pai, eu quero te ver feliz mas eu quero te ver bem, vivo.

— Você nunca se importou com quem eu namorava. Porque agora?

— Porque elas só queriam seu dinheiro, só queriam um marido rico e bancar a mordomia. A Kate te coloca em risco só de estar ao seu lado. Você não ver isso? Ela é um alvo ambulante!

— Eu devo isso a ela.. Eu causei isso tudo. Você sabe! - falo mais alto do que eu queria.

— Então você está com ela por culpa?

— Não! Eu estou com ela porque eu a amo. E é por amar ela demais que eu não posso abandoná-la. Nem agora, nem nunca.

Ela fica em silêncio olhando pra qualquer lugar, menos pra mim.

— Você não pensou nem por um segundo em cumprir sua promessa? - sua voz é calma.

— Foi uma promessa feita no desespero, você não pode me culpar por quebra-la.

— Não, eu não posso. Do mesmo jeito que eu também não posso ficar aqui pra ver você se matar. - ela faz menção de sair.

— Alexis ainda não acabamos! - para, solta uma risada ironia e me olha.

— Pra mim já acabou.

— Alexis você tem que entender..

— Eu entendo. - ela me interrompe. - E quero que você entenda minha decisão também! Eu.. Eu estou indo para passar um tempo com a mamãe. - ela diz e sai do meu escritório.

Não tenho ação nem para manda-lá parar, a única coisa que eu faço é sentar na minha cadeira enquanto ouço a porta bater. Ela saiu e me deixou aqui, mais uma vez, com uma bomba na mão. Na visão dela eu "escolhi" a Kate, e por isso ela tem que sumir daqui. Essa não é minha filha! Eu não posso escolher entre as duas, eu não quero escolher entre as duas. Elas são minha vida.

Tenho contas de socar alguém, mas me controlo. Bebo meu whisky puro e sem gelo e o líquido quente desce rasgando minha garganta, eu não ligo. Bebo mais uma vez e novamente rasga minha garganta, é um tipo de punição por algo que não sei que fiz.

Quando me controlo eu lembro que a Kate está me esperando, ela deve ter ouvido alguma coisa e isso me causa medo. Ela não tem culpa nenhuma nisso. A culpa é minha, a culpa se tornou minha no momento que eu decidi investigar a morte da mãe dela, anos atrás.

Vou até o quarto, mas ela não está mais lá.