Tua Ausência. escrita por Ginna Mills


Capítulo 18
Apple


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!! Eu voltei e nem fez um mês -palmas- Está tudo bem com vcs?
Queria agradecer a todos que comentaram aqui e surtaram no twitter ♥ vcs são uns bolinhos msm ♥...
Obrigada a Tais por ser a melhor pessoa no mundo e me aturar ♥
Bora para fic �/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/690001/chapter/18

 

    Con la fuerza de mi corazón
             (Com a força do meu coração)
             y el coraje de un amor sin fin
                (E a coragem de um amor sem fim)
              volveré a conquistar lo que perdí.
                 (Voltarei a conquistar o que perdi)

Quem via de fora poderia achar estranho um casal divorciado, rindo, conversando e preparando o almoço para três crianças e dois adultos. As coisas tinham sido agonizantes nos últimos anos, depois do acidente de Regina, eles nunca mais fizeram uma refeição em conjunto, e ambos adoravam cozinhar. Era por isso que preferiam ficar em casa à noite cozinhando do que ir há algum restaurante. Foi numa dessas primeiras noites de cocção que Robin lhe deu o apelido de Apple.

Tempos  Atrás.

— Achei que nós fossemos em algum restaurante. Não que eu tivesse que cozinhar também – Regina apontou a faca, na qual estava cortando maças, para ele.

— Eu realmente sinto muito por isso, Milady. – sorriu – Minha irmã me ligou aos prantos, mais uma briga com o meu pai, e acabei me atrasando.

— Ele é realmente difícil, não? – se concentrou em cortar as maças em rodelas.

— Sim, mas não vamos falar sobre isso. -  se colocou atrás dela a abraçando. – Eu amo o seu cheiro, é como maças frescas.

— Eu estou cortando maças frescas, Robin. – sorriu – O cheiro é delas.

— Não! – Roçou o nariz no pescoço da morena a fazendo se arrepiar. – Você cheira a maças. E eu amo esse aroma! É tão... seu. Amo quando ele fica nas minhas roupas depois que você me abraça, amo a forma como nossos cheiros se misturam quando fazemos amor, e sua essência fica no meu travesseiro durante dias.

Regina deixou a faca e as maças esquecidas da tábua de corte e se virou para ele. Se olharam por alguns segundos antes de se beijarem. O beijo foi calmo e apaixonado, Robin não conseguia entender porque até mesmo o gosto daquela mulher era o mesmo de maças, mas ele não se importaria de beijá-la pelo resto da vida para tentar descobrir.

O beijo foi parando com selinhos, e os dois ficaram ali de testas coladas, olhos fechados esperando as respirações se normalizarem.

— Você acha que é cedo demais? – o loiro sussurrou sorrindo ao acariciar as bochechas dela.

— Cedo demais para que? – abriu os olhos para encontrar outro par de olhos cheio de amor.

— Para apelidos carinhosos? – o sorriso dele aumentou com a careta que ela fez.

— Você não vai me chamar de chuchu, anjo ou bolinho... ou...

 Robin a interrompeu roubando um beijo rápido.

— Não! Esses são muito clichês e você é única.- segurou as mãos dela nas dele. – O que você acha de “Apple”?

— Apple? – lhe deu um meio sorriso. – Não me parece tão ruim!

— Minha Apple! – a puxou mais para ele.

— Vamos com calma com esses pronomes possessivos, Hot-stuff. – passou os braços pelo pescoço do loiro.

—Hot-stuff? – ele gargalhou.

— Sou péssima para dar apelidos carinhosos – deu de ombros e sorriu. – Nesse momento você está tão irresistível.... Hot-stuff.

— Um dia você ainda me mata, Apple. – aperto a cintura dela.

— Espero que não! – roçou o nariz no dele antes de morder o lábio inferior do mesmo – Vamos deixar o meu aroma no seu travesseiro agora?

— Não precisa pedir duas vezes.

Ele a pegou no colo e entre risadas e beijos os dois subiram a escada para o quarto principal, deixando para trás legumes e frutas que ainda não tinham sido cortadas. Eles amavam cozinhar, mas amavam um a outro mais do que fazer uma simples refeição.

Tempo Atual

— Você pode me alcançar o, brócolis? – Regina pediu para Robin que estava arrumando as compras na geladeira e armários.

Ele morou na mesma casa com Regina durante anos, e sabia todas as manias dela na cozinha, sabia todas as ordens das coisas, mesmo que o apartamento dela hoje estivesse na maior bagunça.

— Parece que um furacão entrou em todo o seu apartamento.  – riu e lhe entregou o brócolis.

— Eu tentei arrumar, mas no final do dia eu estou tão cansada. – lavou o vegetal e pegou a vaporeira -  Hope estava tão estressada com a mudança. Ela está dormindo tão mal.

— Você também. – cortou os tomates.

— Estou dormindo mal há muito tempo, Robin. – Deu de ombros e tampou a panela.

— Porque você não vai tomar um banho? – sugeriu- Depois pode ficar lá na sala com as crianças. Henry estava focado em terminar de ler “Os bebês de Auschwitz”, e Roland está fazendo graça para Hope.

— Henry está lendo “Os bebês de Auschwitz”? Não é um livro muito forte para uma criança? – cruzou os braços na altura do peito.

— Meu pai acha ótimo que ele se aventure nesses livros. – disse enquanto cortava os tomates. – Pelo menos não o faz ler os livros de direito, como me forçava quando eu tinha a idade de Henry.

— Ele ainda me odeia? – a morena sussurrou

— Meu pai não te odeia, Regina. – a olhou nos olhos. – Henry of Locksley é só um homem difícil de se conviver. Ele não te odeia, diz que fui homem covarde, que não soube cuidar da esposa. Sempre que me encontra, faz questão de frisar que a culpa foi minha.

— A culpa não foi sua.  -engoliu em seco- Ouvi numa noite ele falar para você que eu não servia nem para te dar um herdeiro.

— O que? – largou a faca e foi em direção a ela – Você não me disse nada na época.

— Eu sei. – limpou as lágrimas - Eu estava tão arrasada com tudo, você estava destruído também! Seria somente mais uma briga.

Tempos  Atrás

  Regina passou o dia todo no quarto, as cortinas fechadas, luzes apagadas, não tinha nenhuma luz na habitação. Mesmo com calor que fazia do lado de fora, a morena estava enrolada em um cobertor e deitada em posição fetal na enorme cama de casal. Deveria levantar, lavar o cabelo... ou pelo menos fazer a higiene básica. Porém, toda a força foi esvaída de seu pequeno corpo, não tinha vontade de fazer nada, apenas ficar ali e implorar para que Deus a levasse para junto de seu filho.

Ouviu um murmurinho do outro lado da porta, parecia a voz de Robin, ele estava discutindo com alguém muito nervoso, a voz ficou alta e diminuiu conforme se afastava. Mills fechou olhos e suspirou, quando não era o silêncio que a perturbava eram as brigas, com esforço saiu da cama para ver o que estava acontecendo, ainda enrolada no cobertor atravessou o corredor e desceu as escadas, parou no último degrau. Dali conseguia ouvir e ver Robin no escritório, ele estava conversando por vídeo conferência pelo Ipad.

— A culpa não é dela, pai!! – Robin rosnou.

— Não estou dizendo que a culpa é dela, filho. – disse pacientemente – Estou dizendo que você não deveria ter se casado com ela, como eu disse desde o princípio! Regina não serve nem para lhe dar um herdeiro.

“Regina não serve nem para lhe dar um herdeiro” essa frase ecoou na cabeça de Regina, enquanto lentamente se sentava no chão frio, e se aconchegava mais em sua coberta. O pai de Robin tinha razão, ela não servia para simplesmente nada, não foi capaz nem de cuidar do seu filho. Seu marido devia odiá-la por isso!! As lágrimas banharam o seu rosto e soluços roucos saiam do fundo de sua garganta.

— Não seja tão cruel! – gritou Robin – Regina é minha esposa, eu a amo e nada vai mudar isso! Estamos sofrendo, e seria muito bom não precisar ouvir essas coisas, principalmente vindas do senhor! Adeus, pai! Talvez quando o seu coração de gelo derreter nós possamos conversar.

Ao desligar, Robin amaldiçoou e jogou o Ipad longe, fazendo com que sua tela se quebrasse. As vezes esquecia como seu pai podia ser tão desumano. Limpou o rosto, e foi até o bar se servir de uísque, necessitava de algo para o manter forte. Regina precisava dele, e ele faria tudo por ela. Ao sair do escritório encontrou a esposa no final da escada, encolhida e aos prantos.

— Apple!- correu até ela e abraçou – O que está fazendo aqui?

— Eu queria água. – sussurrou no pescoço do marido.

— Venha, vou leva-la para cama. – a pegou nos braços e começou a subir os lances de escada. – E desço para pegar água para você.

— Eu amo você, Robin! – acariciou o rosto do marido, assim que foi colocada na cama.

—Eu também amo você, pequena! – lhe deu um pequeno sorriso e um selinho.

— Não mereço o seu amor!- se encolheu.

— Você merece todo amor do mundo, Regina! – beijou os cabelos da mulher e saiu do quarto para pegar uma garrafa de água.

Regina queria gritar, talvez a dor saísse, quem sabe se gritasse bem alto com toda a força cansasse seus pulmões e ela ficaria exausta, então, poderia dormir. Entretanto, não fez nada disso.... somente chorou, assim como fez todos os dias depois que acordou no hospital.

Tempo Atual

— Eu sinto muito, Apple! – ele limpou as lágrimas dela como sempre fazia quando eram casados- Foi cruel da parte dele, me sinto tão culpado.

— Está tudo bem. – deu um sorriso fraco e se afastou das mãos de Robin. – Você acha que sua família vai reagir bem a Hope?

Antes que pudesse proferir algo o som da risada de Hope, seguida pelas risadas dos garotos, preencheu todo o cômodo e respondeu todas as indagações.

— Eles vão amar a nossa filha. -  lhe deu um sorriso verdadeiro, destes de covinhas, que chegam aos olhos e fazia o coração de Regina parar uma batida.

— Você está certo.- sacudiu a cabeça e sorriu – Ela é incrível. Vou tomar banho e volto daqui a pouco.

— Leve o tempo que precisar. – piscou para ela e voltou a cortar os temperos para uma macarronada rápida.

— Tire um pouco do macarrão sem temperar e não coloque sal no brócolis. – disse ao sair da cozinha.

 

 Mills nunca tinha tomado um banho tão demorado desde que chegou em Boston, era tão bom sentir a água correndo pelo seu corpo, sua mente ficou vazia por um momento até que parou para pensar nesses últimos dias, e não podia acreditar no que tinha acontecido. Se falassem para ela sete meses atrás que Robin estaria na casa dela juntamente com a sua filha, ela iria rir diante da pessoa, mas lá estavam eles.... Tendo o primeiro almoço em família. Uma família bem complicada.

— Aleluia, tia. – Roland sorriu para Regina, assim que ela entrou na sala – Estou morrendo de fome.

— Desculpe, senhor – colocou a mão no coração, e pegou Hope que até então estava no colo do pai. – Vamos?

— Ela também come? - Henry perguntou guardando o livro em sua mochila.

— Sim! Não como a gente, mas está aprendendo, não é, joaninha? – beijou a bochecha da filha e a colocou no cadeirão.

— Eu separei como você disse – Robin trouxe a travessa do macarrão para mesa que já estava montada.

— Obrigada. – sorriu, enquanto fitava a mesa- Uau, vocês fizeram um ótimo trabalho!

— Obrigado! – os três disseram em uníssono.

— Foi Henry e eu. – Roland disse ao se sentar ao lado do irmão – Tio Robin estava tentando trocar a fralda de Hope. Ele é muito atrapalhado para isso, e Hope se mexia muito.

Regina levantou uma sobrancelha e olhou para Robin com ar de riso. – Conseguiu?

— Depois de muita luta. – Robin fingiu enxugar o suor da testa – Ela parecia uma minhoca elétrica.

Os dois meninos riram, a pequena que batia com as mãozinhas na mesa do cadeirão, olhou para a mãe e sorriu.

— Às vezes ela pode ser agitada. Dou graças a Deus por isso. – beijou o topo da cabeça da filha e inspirou seu cheiro, nunca ia se cansar disso. – Hora de comer.

— Obaaa!! – as crianças gritaram acompanhadas dos pequenos gritos do bebê.

 O almoço foi animado, eles achavam tão fofo o modo que Hope acabava jogando o macarrão no chão, e se encantava com o brócolis em suas mãos. Roland deixou claro para sua tia que ela devia ter um cachorro, porque assim o animal poderia comer toda a comida que Hope jogasse no chão. Regina nem ousaria pensar em ter um cachorro, um bebê já era suficiente para cuidar e alimentar.

Depois do pequeno banquete Hope precisava de um banho e o chão de uma limpeza.

— A gente limpa o chão!- Henry se prontificou e arrastou Roland para o serviço também. – Podem ir lá dar banho na filha de vocês, vamos ficar bem!

— Ok- Robin olhou desconfiado para os sobrinhos – Não aprontem nenhuma, me ouviram?

— Não sonharíamos com isso, tio Robin – o menor dos irmãos sorriu.

— Sei... – ele saiu para o corredor junto com Regina e Hope.

— Eles estão tramando algo, não é? – a morena sussurrou.

— Estão!- concordou.

Enquanto isso na sala...

— Temos que limpar isso tudo mesmo, Henry? – Roland fez beicinho.

—  Sim! Nós temos! – sussurrou – Você não quer que tia Regina e tio Robin se casem novamente?

— Sim!!- disse animado.

— Então, eles precisam demais tempo sozinhos. Eles têm que conversar para se entender. Vovó sempre diz que é com dialogo que resolvemos as coisas.

— É só um falar para o outro “eu sinto muito”, “Amo você”, daí eles dão um beijo e pronto! Tudo resolvido... – Roland sorriu satisfeito.

— Não é assim que funciona, pirralho – Henry sacudiu a cabeça e começou a juntar os pratos.

— Porque não?

— Eles são adultos, e você sabe como adultos são....

— Adultos são complicados – lamentou.

 

No quarto Regina despiu Hope enquanto Robin colocava água na banheira de plástico verde clara, a morena testou a temperatura d’agua com o cotovelo e entregou a filha para o loiro.

— Você deve aprender a dar banho nela – explicou ao ver a cara de confusão do homem. – Não é tão difícil.

— Diz isso porque já sabe como funciona. – respirou fundo. – E seu afogá-la?

— Eu fiz a mesma pergunta para enfermeira quando Hope saiu do hospital – sorriu solidaria – Não se preocupe, nós confiamos em você!

— Tudo bem! Como eu faço?

— Hope ainda não senta firmemente na banheira, então, ela precisa se sentir segura. - começou a explicar- Coloque ela sentada na banheira com um dos teus braços debaixo das costas dela, sua mão vai alcançar o lado oposto do corpinho de Hope, e ela vai poder descansar a cabecinha em seu ante braço.

Robin fez o que sua ex-mulher lhe explicou. Se dissesse que não estava tremendo seria uma grande mentira e para piorar Hope começou a chorar em plenos pulmões.

— Eu fiz algo errado?- perguntou apavorado.

— Não – sorriu e sacudiu a cabeça – Isso é manha. Você pode cantar para ela, isso sempre funciona.

Robin começou a cantar “Dancing Queen”, o que fez Regina gargalhar. (Coloquem a música https://www.youtube.com/watch?v=xFrGuyw1V8s)

— Eu não acredito que você está cantando ABBA. Você nunca gostou.

— É a única que me veio à mente, mulher má – riu também – Venha e me ajude com a letra.

— You can dance, you can jive – Robin começou

— Having the time of your life – Regina entrou em seguida.

— Você consegue melhor do que isso. – o loiro a desafiou- Eu sei que você sabe a coreografia~, Apple.

— Eu não vou dançar! – exclamou.

 Robin fez beicinho e seguiu cantando juntamente com morena. Hope parou de chorar, começou a rir conforme os pais se empolgavam na canção, batia os pés na água a espirrando para todos os lados.

Eles ainda estavam cantando e rindo quando começaram a secar a bebê e vesti-la, Regina sentou na cama com Hope no colo, pegou seu telefone e colocou a música, assim que se foi ouvida, colocou a pequena de pé em suas pernas e a movimentou levemente com o ritmo da música. Enquanto Robin fazia os pequenos passos da coreografia. A morena teve que esconder o rosto na filha, seu ex-marido era a pessoa mais engraçada que conhecia. Quando Robin pegou a filha nos braços para dançar com ele, Regina ia falar que não era uma boa ideia, mas Hope fez isso por ela, vomitando na camisa do pai.

— Isso sempre acontece comigo. – Robin fez uma careta e Regina se dobrou de tanto dar risada.

O loiro não se importava que estava todo molhado e que sua camiseta agora estava azeda, a tanto tempo não ouvia a gargalhada da mulher a sua frente... Não foi difícil se juntar a ela e gargalhar na mesma proporção.

As risadas podiam ser ouvidas da sala onde os dois irmãos estavam.

— Está dando certo, Henry? – perguntou esperançoso.

— É um pequeno passo, Roland. – sorriu – Um pequeno passo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sorry os erros!! O que acharam? Logo eu volto, migos!! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tua Ausência." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.