Registro Panorâmico escrita por Titi


Capítulo 12
Malquerença


Notas iniciais do capítulo

Bem me quer, mal me quer
Bem me quer...



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Incrível mesmo foi o fato de eu não ficar triste mesmo tendo que suportar a bruaca da professora de Português durante um tempo.

Logo depois iria ter aula História outra vez. Foi aí que apareceu um inspetor chamando a mim e a Ágata. Ficamos nos entreolhando e saímos da sala.

—O que será que aconteceu? –ela perguntou enquanto o homem nos levava para a diretora.

—Você ainda tem cara de pau pra perguntar?! –tentei não parecer preocupada.

—Será que foi o que rolou no refeitório?

—O que você acha? –cruzei meus braços e fitei meus pés. O Edgar iria me matar.

A gente entrou na sala e se deparou com a diretora (é claro) e a Ariadne (ainda tirando macarrão do cabelo). Eu esperei encontrar aquela garota que sujou o vestido choramingando e aquele poeta obeso também, mas eram só elas duas.

—Então, quem vai começar? –quando a diretora disse isso, nós três começamos a falar ao mesmo tempo. –QUIETAS!

—Mas você quem disse... –a patty foi interferida.

—Eu sei o que eu disse. Comece com a sua versão da história, Quésia...

—Resumidamente: eu estava andando, a Ariadne botou o pé pra eu cair, me chutou, a Ágata apareceu pra me defender, jogou macarrão no cabelo dela e a Ariadne continuou com guerra de comida. Só isso.

—O que vai dizer pra se defender, senhorita Galvão?

—Como ela já disse, não fui eu que comecei! E eu não derrubei a Qué, ela só escorregou e eu estava perto. Gostaria que a gente fosse amiga. Ela parece ser formidável! Eu só queria fazer as pazes, mesmo não sendo culpa minha. –impressionante como os olhos alagados dela davam emoção à cena.

Eu ia desmentir, mas a Ágata se jogou nela.

—Você é mais falsa que nota de três reais! Chega a dar nojo! –as duas começaram a se emaranhar.

O inspetor tirou-a de cima da Ariadne. Raitz tentava chutar o rosto dela mesmo sendo segurada pelo homem.

—Fica calma... –ele começou a acariciar a cabeça dela.

—Tá bem, tá bem... –ela parou de se debater e respirou fundo. –Pode me soltar...

—Vou acreditar em você. –o cara a largou.

A Ágata pegou a cadeira da diretoria, ia jogar na loira, que começou a gritar. Eu segurei a o braço dela. Queria me vingar tanto quanto ela, mas aquilo era exagero...

—Senhorita Raitz... Detenção. Hoje, amanhã e a próxima semana inteira. E amanhã, não venha à escola sem ser para cumprir o castigo, você não vai poder entrar. A menos que traga seus responsáveis...  –a mulher falou, e a Ágata ficou de olhos arregalados. –Abaixa isso se não quiser que sejam duas semanas.

Fez o que ela mandou, mas bateu com a cadeira na parede. Quebrou. Ou ela era muito forte ou aquela madeira era muito podre...

—Ela estragou o seu assento, Cibele! Faz alguma coisa! –falou a Galvão, parecia querer fazer qualquer coisa pra piorar a situação da Raitz.

—Primeiro que eu não te dei autoridade para me chamar pelo primeiro nome. Segundo que o pai dela está disposto a pagar os estragos que ela faz, pois já conversamos com ele sobre isso e você não tem que se meter. E terceiro: você vai ficar na detenção hoje até sexta-feira.

—Mas...! –ela não conseguiu barganhar.

—Caso encerrado! Estão liberadas. Voltem às salas de aula.

Fiquei feliz pela diretora não chamar meu responsável... Por outro lado, a Ágata me largou sozinha no corredor. Foi andando desanimada. Não sei até quando eu vou tentar uma amizade por nós duas... Isso é aquele tipo de coisa que não dá pra fazer sozinho.

Voltei pra sala. Ágata ficou de cabeça jogada na carteira até o fim da aula. Eu ia perguntar se poderia ir com ela até lá fora, mas quando bateu o sinal, a maioria saiu correndo, ela inclusive.

—Qué, me espera? –o Hebrom fez cara de cachorro pidão.

—Ah... Sim... –se demorasse muito o Cortês ia acabar puxando minha orelha. Mas ficar perto dele, com certeza, ia me fazer esquecer a frieza da Raitz.

—Ok! Vamos. –pegou a mochila, foi pra minha esquerda e apoiou o braço no meu ombro direito.

Começou a falar de assuntos aleatórios, eu estava em pânico, ele acha que somos íntimos assim. E também ficou tentando conversar enquanto olha nos meus olhos, desviei o rosto todas as vezes. O Salamander sabe bem ser tapado. Não deve ter entendido que não sou extrovertida como ele.

Folk estava sendo empurrado até nós por um homem bem alto de terno.

—Anda! Peça desculpas! –o cara fantasiado de agente secreto o colocou na frente do Hebrom.

—Foi mal ter te acertado com a bola ontem... –ele parecia querer fazê-lo ouvir, mas usando o tom de voz mais baixo possível.

—Sem problema. Eu quem estava na frente do seu lance. –Salamander sorriu, mas não parecia estar mentindo, mesmo que eu ache impossível alguém deixar o rancor tão depressa.

—Vamos para casa. –o homem arrastou o mal encarado com casaco de couro pra longe.

—Quem era? –perguntei ao Hebrom.

—Não sei... O Folk me disse uma vez que o pai dele era executivo, então deve ser...

—Onde você estava?! –meu irmão revoltado apareceu e me tirou de perto do branquelo. –Foi mal aí, Salamander, mas a gente não pode ficar de conversinha agora, tá? –bem louco como o Cortês trata estranhos melhor do que a mim.

Me jogou dentro do carro e fomos embora.

—Notei que vocês são oficialmente namoradinhos. –lá vem ele.

—Não. A gente só tinha brigado, fizemos as pazes hoje.

—Pô... Nem uma semana de relacionamento e vocês já tinham discutido? Tá pior que eu, hein, irmãzinha?

—Desde quando tá saindo com alguém?

—Eu não estou, mas bem que gostaria. Só ficar trabalhando e cuidando de você tá começando a me deprimir.

—Poxa. Valeu mesmo, nojento. Mas... Que tal a Marisa?

—HÃ? Como você diz uma coisa dessas? Eu nunca ia querer nada com aquela psicopata!

—Ah, ela é um encanto...

—Ela é uma tiazinha.

—Que eu saiba não é tão mais velha que você.

—Pelo amor, não tenta me empurrar pra ninguém, Quésia. Eu prometo que paro de importunar você e aquele menino de olho verde lá. –chegamos, enfim. –Mas aí, tirando o Hebrom, o que mais teve de interessante pra você na escola hoje? –perguntou, saindo do carro.

—Hm... Nada. Tudo o mesmo lixo... –olhei pra esquerda.


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Notas finais do capítulo

Mal me quer.



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