Meadowes escrita por Siaht


Capítulo 1
Meadowes


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas queridas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, acho que essa foi provavelmente a one que tive mais dificuldade de escrever até agora, mas gostei do resultado e espero que vocês também gostem! ♥



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DORCAS

.

O vento frio bagunçava os cabelos prateados da garota, mas ela não se importava. Gostava da sensação e daquele momento único de perfeito paradoxo, no qual o sol aquecia sua pele, enquanto o vento a refrescava. Duas forças contrárias atuando juntas como um verdadeiro milagre. Algo lindo e contraditório. Como ela. Não estava sendo pretensiosa ao afirmar que era bonita, aquele era apenas um fato, e se havia algo que Dorcas Meadowes detestava era a falsa modéstia.

Haveria quem dissesse que a menina se assemelhava a um anjo, com a pele de porcelana, os cabelos prateados e os olhos acinzentados. Mas não era um anjo, estava destruída demais para ser comparada a uma criatura tão pura e celestial. Era apenas uma menina quebrada, de sorrisos enferrujados e sonhos inexistentes.   

A pior parte era que sequer sabia o que a destruiu. Talvez houvesse nascido assim, sendo enviada ao mundo como uma boneca de porcelana rachada. Talvez houvesse sido amaldiçoada. No fim, não importava. Na verdade, para a garota era difícil encontrar algo que verdadeiramente importasse. Tudo parecia tão frívolo, errado e mesquinho! Seus olhos acinzentados enxergavam um mundo cinza, no qual pessoas perdidas seguiam com suas vidas insignificantes, buscando incessantemente por algo que desse significado a tudo aquilo. Dorcas não era diferente. A jovem também ansiava por um motivo, ansiava por qualquer coisa que fizesse com que não se sentisse tão entorpecida. Para o bem, ou para o mal.

Aquela, provavelmente, era a parte mais irônica. Havia momentos em que a Meadowes desejava ser infeliz. Profundamente infeliz. Porque até mesmo aquilo era melhor que o grande nada que habitava seu peito. Qualquer coisa era melhor do que se sentir morta, enquanto o sangue ainda pulsava quente por suas veias. Ah, aquela doce contradição! Apenas mais uma em sua lista pessoal de antíteses. Talvez houvesse vindo ao mundo para não fazer sentido e, justamente por isso, não encontrasse sentido no mundo.

Independente do quão suicida tudo isso possa soar, a menina não desejava colocar fim a sua existência. Se a vida era um grande nada, o que, então, seria a morte? Ela não sabia e, na verdade, temia o dia em que encontraria uma resposta ou, ainda pior, a completa ausência de uma resposta. Em Hogwarts conhecera alguns fantasmas, o que deveria indicar que havia algo além daquela vida, no entanto, o destino de quem escolhia seguir em frente ainda lhe era um enigma e, como boa corvinal, a garota odiava e temia qualquer pergunta sem resposta.

Talvez fosse estranho alguém que pensasse tanto sobre a morte, ter tanto medo da mesma. No entanto, Dorcas era assim, uma contradição infinita, buscando insanamente por qualquer coisa que a fizesse sentir que era algo além de uma ilusão. Qualquer coisa que provasse que estava viva e realmente existia. Afinal, existir tinha que ser mais do que um coração batendo e o ar entrando em seus pulmões. Tinha que ser mais do que o sangue pulsando por suas veias e a capacidade de sentir o vento em seus cabelos.

Dorcas queria existir por completo, ser por completo, sentir por completo. Mas não conseguia. Dentro de si existia apenas um vazio sufocante, que fazia a garota sentir que, enquanto não encontrasse esse sentido oculto da vida, não seria diferente dos fantasmas que se arrastavam por Hogwarts. No fim, ela talvez fosse algum tipo de fantasma. Uma criatura trágica e patética, perdida eternamente entre o estar e o não estar, o ser e o não ser.

Como eu disse, um linda e triste contradição.


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Notas finais do capítulo

Quando imaginei essa Dorcas "sombria" a imaginei com depressão e não sei se saiu exatamente assim, mas fiquei satisfeita com o resultado!
Espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos...
Thaís



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