Sakura estava saindo do hospital quando esbarrou com Naruto. O ortopedista sorriu imediatamente quando seus olhos se cruzaram com a médica. Ele ainda sentia algo. Tentava reprimir, mas sentia.

— Olá, Sakura! Posso chamá-la assim já que estamos do lado de fora do hospital certo?

— Claro, Naruto! Aqui fora somos amigos!

— Já fomos até mais que isso. – A afirmativa deixou Sakura sem graça.

— Nem lembrava mais. – A resposta foi como um balde de água fria no médico.

— E seu namorado? Como estão as coisas? – O fora lembrou Naruto de que Sakura tinha outro alguém.

— Na verdade, terminamos ontem. – Disse e parecia incomodada ao contar a novidade.

— Sinto muito, quer dizer, não sinto, mas – Naruto se embaralhou e Sakura riu.

— Eu já entendi. Tá tudo bem.

— Quer jantar comigo? – Perguntou como quem não queria nada, mas Sakura no fundo sabia que haviam segundas intenções.

— Melhor você chamar outra pessoa... Oi Hinata! – Ela respondeu já acenando para a pediatra que também estava indo embora do hospital.

— Olá Sakura, Naruto! – Cumprimentou.

— Oi Hinata! – Naruto respondeu e entendeu o que Sakura queria dizer. Ela desejava que ele chamasse Hinata para jantar. No entanto, ele já tinha feito isso e a médica recusou suas investidas. Depois da conversa com Neji, ele não quis tentar de novo.

— Eu já vou! Beijos pessoal! – Sakura mandou um beijinho no ar para os dois amigos e foi embora rumo ao mêtro.

— Tchau! – Responderam Naruto e Hinata e então focaram-se na conversa que manteria dali a diante.

— Você já jantou Hinata? – Perguntou Naruto num tom desinteressado.

— Ainda não. Acho que vou ir naquele restaurante que fica a três quadras daqui. – Disse ajeitando a bolsa sobre o ombro.

— Posso ir com você? – Ao invés de convidá-la, o médico achou melhor se convidar. Hinata teria vergonha de negá-lo.

— Claro!

Os dois andaram lado a lado os três quarteirões conversando sobre amenidades. Vez ou outra, Naruto reparava na forma como Hinata estava nervosa, as bochechas levemente coradas mesmo sem que ele falasse qualquer gracejo. Por um momento, Naruto se sentiu especial. Quando chegaram ao restaurante, o médico puxou a cadeira para Hinata sentar. Deveria ser cavalheiro. Pediram a comida, jantaram e na hora de irem embora ele ofereceu uma carona. Ela aceitou.

— Causei muitos problemas entre você e Neji? – Perguntou Naruto a Hinata quando parou o carro em frente a seu prédio.

— Ele só é superprotetor. Já conversei com ele sobre isso e Neji prometeu tentar melhorar.

— Desde a última vez que nós jantamos, eu fiquei pensando numa coisa...

— No que?

— Você não cedeu as minhas investidas por que acha que eu ainda estou apaixonado pela Sakura? – Perguntou Naruto, enquanto observava Hinata corar.

— Ah Naruto... Só sendo cego para não ver que você ainda sente algo por ela... Seria imprudente da minha parte. Eu ia me machucar.

— Então isso quer dizer que você gosta de mim? – Ele se aproximou seu rosto ao da médica que o encarou ainda envergonhada.

— Gosto. – Confessou e foi o suficiente para que Naruto a beijasse. A médica correspondeu o beijo na mesma intensidade. Era um beijo que variava entre um ritmo apaixonado e um mais lento. Naruto finalizou o beijo com uma mordida seguida de um selinho demorado. Quando voltou a olhar para Hinata ela estava sem jeito.

— Podemos tentar de novo? – Perguntou Naruto.

— Como assim? – Perguntou Hinata ainda tentando assimilar o que havia acontecido.

— Eu agi errado com você. No nosso primeiro encontro eu realmente quis te usar para esquecer a Sakura, mas depois de hoje eu quero tentar por nós.

— Você esqueceu a Sakura? – Para Hinata era importante saber.

— Não vou mentir. Ainda sinto algo por ela, mas também sinto algo por você.

— O que quer de mim?

— Quero te conhecer melhor. Podemos ter um novo encontro fora do hospital qualquer dia desses?

— Podemos! – Hinata sorriu e Naruto a beijou novamente.

— Te vejo amanhã? – Perguntou ao reparar em Hinata tirando o cinto.

— Claro. Amanhã é meu dia de plantão.

— Engraçado, meu plantão é amanhã também! Você bem que podia ir na minha sala numa horinha pra gente...

— Naruto! Não podemos! – Hinata o repreendeu e Naruto riu da reação dela.

— Só um beijinho na hora do intervalo não vai matar ninguém! – O loiro então tomou os lábios da médica mais uma vez. Hinata não resistiu. Definitivamente, ela era completamente apaixonada pelo ortopedista.

[...]

No apartamento de Sakura...

— Não acredito que você bancou a cupida! – Konan ria enquanto Sakura escolhia qual seria o próximo seriado que elas colocariam em dia. Fazia tempo que as amigas não se reuniam para atualizar os episódios de séries perdidos.

— Eles só precisavam de um empurrãozinho! Imagina quanto a Ino ficou puta porque entreguei o Naruto de bandeja para a Hinata? – Sakura também sorria.

— Ela sonhava em ser a madrinha do seu casamento com o loiro! Deve ter sido difícil segurar essa barra!

— A Hinata e o Naruto formam um casal tão fofo! Eu não podia deixar aquele homem nutrindo uma paixão por mim! Até porque eu ainda amo o Sasuke... – Tocar no nome do moreno deixou a médica meio triste.

— Xô tristeza! Nada de falar dos irmãos Uchiha pelo amor de Deus! – Pediu Konan.

— Que foi? Você e Itachi brigaram?

— Não! Claro que não! Mas desde que o Pain definiu sua situação comigo, eu tenho tido sonhos eróticos com o Itachi! Acho que é carência e o Uchiha foi tão bacana comigo que meio que fiquei encantada. – Confessou Konan afundando o rosto numa almofada.

— Já falei que você devia pegar o Itachi...

— Chega! Bem, mas já que estamos falando dos Uchiha eu preciso te dizer que acho que o Sasuke tá escondendo alguma coisa. Terminar com você do nada? Vocês tavam num grude só nos últimos meses!

— Acho que foi por isso mesmo que ele quis terminar. Estávamos muito envolvidos e tanta intensidade o assustou.

— Você acha que ele volta atrás?

— Acho que não é impossível, mas vou me preparar para caso ele não volte.

Konan e Sakura viraram a madrugada assistindo a séries. Como no dia seguinte era a folga da médica, elas poderiam dormir até tarde. Após acordarem e tomarem café da manhã, Konan fez um convite a sua amiga.

— Sakura, daqui a pouco vou para a casa da sua tia experimentar umas receitas novas para o food truck. Quer ir?

— Até queria... To com saudade da tia, mas o Sasori mora do lado...

— Você já encontrou com o Sasori antes. Se encontrar de novo é só mostrar o dedo do meio e ir embora. – Konan falou como se fosse algo simples, mas Sakura se sentia mal só de pensar em vê-lo.

— Ok! Eu vou!

Konan comemorou e como combinado foram até a casa de Tsunade, que, infelizmente, era vizinha de Sasori. Quando chegaram, encontraram a tia de Sakura na cozinha. A primeira fornada de macarons já estava pronta.

— Chegaram na hora certa! – Exclamou Tsunade.

— A hora de comer! – Vibrou Konan como uma criança.

— Tá um cheiro divino! – Admitiu Sakura já metendo a mão em um e mordendo.

Passaram-se algumas horas e a campainha de Tsunade tocou. Era Sasori. A tia da médica deixou que ele entrasse, mas pediu para que o ruivo se comportasse.

— O cheiro bom da comida chegou lá em casa, então vim aqui filar a bóia. – Admitiu o ruivo e Konan riu.

— Que esfomeado! – Disse Konan.

— Prove essa massa folheada que está recheada com queijo, Sasori! – Entregou Tsudade e o ruivo comeu de uma vez. Estava mesmo morto de fome.  Embora Sakura ainda estivesse magoada com o ruivo, era meio óbvio que Tsunade e Konan já o tratavam como antes.

— Está uma delícia! Na próxima festa que eu for dar, o buffet será do Guloseimas da Konan com certeza! – Afirmou o ruivo e as duas se sentiram envaidecidas.

— Você e a minha tia voltaram a ser amigos? – Perguntou Sakura assim que Tsunade e Konan foram para a cozinha e deixaram os dois sozinhos na sala.

— Eu nunca briguei com a sua tia, Sakura. A briga foi nossa e atingiu todo mundo, mas Tsunade me perdoou. Ela viu que eu mudei. Não sou mais tão agressivo. – Explicou o ruivo.

— Que bom que parou com essa mania boba de perder a calma! – Sakura falou e Sasori riu. Sakura ficou sem entender – Falei algo errado?

— Você já amenizou o jeito como fala do meu temperamento difícil. – Disse sorrindo.

— Já faz sete meses desde que tudo aconteceu, não é mesmo?

— Sim. Eu me arrependo todos os dias de ter lhe causado tanto sofrimento. Queria muito que acreditasse em mim. – Pediu Sasori. Parecia sincero.

— Já passou. Você nunca tinha batido numa mulher antes. Acredito que você foi levado a uma situação limite. Acabou não aguentando e descontou em mim. – Sakura disse, então Sasori se levantou e se ajoelhou na frente da médica, apoiando-se nela.

— Você me perdoa?

— Ah Sasori... – Ela retirou as mãos dele de suas pernas. Ainda se sentia mal com o toque do ex.

— Tudo bem... ultrapassei um limite. – Sasori se afastou, percebendo que Sakura ainda não estava pronta.

— Que bom que sabe... pode ter reconquistado a confiança de minha tia e até Konan pode ter voltado a simpatizar com você, mas isso não muda nada entre nós.

— Você sabia que a Konan me ameaçou? Ela disse que me mataria se eu te machucasse de novo!

— Não sabia, mas é a função dela como melhor amiga. – Sakura sorriu.

— Senti saudade desse sorriso. As fotos não são tão fieis a realidade. – Sasori disse e Sakura ficou sem graça. Ele ainda sabia mexer com seu ego.

— Nós não vamos ser amigos, Sasori. – Sakura o alertou.

— Não quero ser seu amigo. – Enfatizou o ruivo, mas não tiveram oportunidade de continuar a conversa porque Tsunade e Konan voltaram com mais comidas e eles dedicaram a tarde a experimentar tudo. No fim, Sasori alegou ter um compromisso e deixou Sakura encafifada. Se ele não queria ser seu amigo, o que ele queria com ela? Ele ainda achava que poderia ser o seu amor? Que louco! Sakura não cogitava essa possibilidade.