Batgirl - Sombras na Escuridão escrita por CaptainPhasma


Capítulo 5
Caindo na Armadilha




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— Vou perguntar mais uma vez. Por que aqueles homens estavam te seguindo?

Chloë tateou a parede em desespero procurando o interruptor. Com um tapa ligou a luz, iluminando o apartamento. A mulher estava logo a sua frente. A máscara pontuda, o uniforme negro e o morcego dourado no peito. A expressão não estava das mais amigáveis.

— Eu... eu não sei. Fique longe de mim! – Chloë gaguejava.

— Não lhe machucarei. Estou aqui para ajudar.

— Quem é você?

— Uma amiga.

— Uma amiga? Você é uma assassina! Eu a vi matar aqueles homens.

— Aqueles homens iam te matar.

— Quem eram aqueles homens?

— Capangas de Lester Cumming. Você está mexendo com pessoas muito perigosas.

— Precisamos chamar a polícia então.

— A polícia não a ajudará, apenas eu posso. Agora, me diga o que sabe.

— Não muita coisa. Só sei que algumas pessoas ligadas a Lester foram encontrados mortos, tinha alguma coisa a ver com casos de pedofilia e ... você.

— Contou para mais alguém?

— Não. Não sei. – Chloë parou por um segundo, as mãos na cabeça. Estava agitada e isso dificultava sua concentração. Então se lembrou. – Ah, merda.

— Para quem você contou? Preciso saber, essa pessoa está em perigo.

— Léo, um amigo meu. Eu mandei uma lista com nomes para ele pesquisar. Você acha que esses homens irão atrás dele?

— Onde ele mora?

— Num apartamento na Rua Lincoln. O número é 786 e o apartamento é 27.

— Não saia daqui.

— Eu não posso deixar meu amigo. – Falou Chloë, mas a misteriosa mulher já havia sumido. As cortinas balançavam ao vento da janela aberta.

Pegou seu celular e ligou para Léo enquanto corria para fora do apartamento. O apartamento onde Léo morava não ficava longe dali. Uns dez minutos se fosse correndo. Léo não atendia a nenhuma das ligações de Chloë. Desligava e tentava mais uma vez. A gravação lhe dizia para deixar uma mensagem na caixa de mensagens. Merda. Atende porra.

Chegou ofegante ao prédio. Digitou no interfone o número do apartamento na esperança que Léo respondesse.

Nada.

Tentou mais uma vez.

Nada.

Pensou um pouco e digitou um número novo no interfone. Alguns segundos depois uma voz feminina respondia do outro lado da linha. Sua voz parecia cansada, como se tivesse sido acordada pelo barulho da campainha ou estivesse indo para cama naquele momento exato. Chloë não se ligara que poderia ser tão tarde, depois de tudo o que acontecera após o evento, o tempo era algo irrelevante.

— Karen, oi é a Chloë desculpe lhe incomodar esse horário. O Léo quebrou a chave do apartamento dele e me pediu para trazer a reserva que ele deixa comigo. Mas, ele deve ter saído porque não atende. Vou deixá-la embaixo do tapete para quando ele voltar.

A história era muito ruim, mas era o Chloë conseguira pensar em pouco tempo. O silêncio imperou por algum tempo do outro lado da linha. Ela temia que sua história não tivesse sido convincente o suficiente. Por fim, o barulho da porta destrancando trouxe um alívio. Ela correu até o elevador e foi em direção ao terceiro andar. Parou em frente ao apartamento de Léo. A porta estava destrancada. Não havia sinal de arrombamento, as colunas estavam intactas. Abriu lentamente a porta, atenta ao que conseguia visualizar pela pequena fresta que se expandia. Tentava controlar também o ranger das dobradiças, para que fizesse o mínimo de barulho possível. Quando a fresta ficou grande o bastante para ultrapassar, entrou para dentro. Tentou o interruptor de luz, mas não funcionava. O breu contaminava o ambiente. Utilizou a luz do celular para iluminar. O apartamento estava uma bagunça. Os sofás da sala apontavam para o alto, a televisão jazia rachada no chão. Na cozinha, cacos de vidros de louça espalhavam-se pelo chão juntamente com restos de comida dos armários. Mais adiante encontrou sangue no chão. A saliva desceu rasgando a garganta e o fôlego sumiu de repente. Entretanto, logo descobriu que o plasma vinha de uma carne descongelada caída aos pés da geladeira entreaberta. Seguiu em direção ao quarto, iluminando as paredes cujos quadros tortos ficavam a um fio de desabarem. Alguns já estavam no chão. Continuou pelo corredor, passando pelo banheiro. Uma rachadura enorme no espalho fazia o reflexo de Chloë distorcer-se em milhões de imagens como a visão de uma mosca. O quarto de Léo era no fim do corredor. Chloë estava apreensiva. Com toda essa cena de destruição, a probabilidade apontava para um final ruim. Não. Não podia acreditar. Não queria acreditar. Tudo isso seria sua culpa. Tudo isso já era sua culpa.

Então finalmente encontrou seu amigo.

— Ai meu Deus! – Chloë deixou escapar antes de tapar a boca.

O corpo de Léo estava ao pé da cama. A cabeça escorada no colchão. Os olhos abertos, sem vida, vidrados no teto, olhando para lugar nenhum. Sua face estava descolorida, quase branca. Uma corda fina no pescoço misturava-se a sangue e carne. A camisa estava manchada de sangue, assim como o tapete onde o corpo estava sentado.

— Eu mandei você esperar. – Chloë virou, iluminando a vigilante que a esperava perto da porta.

— Eles o mataram. – Chloë tentava falar entre as lágrimas e soluços. – Foi tudo culpa minha. Eu o envolvi nisso.

— Olha. – A vigilante aproximou-se de Chloë. Seu tom mudara transformando-se do autoritário para um familiar e reconfortante de um jeito que apenas quem já passou por situações desse tipo poderia fazer. – Sinto muito pelo seu amigo, mas precisamos sair daqui.

— E o corpo? Vamos deixar ele aqui? Eu não posso fazer isso.

— Preciso de uma amostra do seu sangue.

— Como? – Aquele pedido a pegou de surpresa. Mas, antes que conseguisse protelar, um aparelho já tinha perfurado sua pele. – O que pensa que está fazendo?

— Como eu suspeitava. A casa está impregnada de seu DNA.

— Mas, eu não toquei em nada.

— Eles implantaram. Querem te incriminar pelo assassinato de seu amigo. Por isso, precisamos sair imediatamente daqui. A polícia provavelmente foi chamada a tempos e chegará a qualquer momento.

— Não fui eu, eles não podem acreditar nisso! Eu posso explicar a eles.

— Ninguém acreditará em você. Seus amigos não estarão ao seu lado agora, possivelmente ameaçados ou comprados. Não podemos depender de ninguém, não podemos contar com ninguém. Que merda! Você provavelmente foi pega pelas câmeras do prédio quando entrou.

As sirenes chegaram fortes. As luzes vermelho e azul adentravam o quarto pela janela. Os homens saiam dos carros, as armas em punho, entravam no edifício.

— Vamos! Agora! – Falou a vigilante.

Chloë correu para porta, mas vacilou. – Espere! – Voltou para onde estava o corpo de Léo. Abaixou seus olhos em sinal de respeito e sussurrou em seu ouvido. Perdão.

A vigilante seguia na vanguarda, liderando o caminho. Cholë tentava segui-la em seu ritmo. – Pelas escadas! – Ordenou a mascarada.

Chloë olhou para baixo, os policiais vinham apressadamente. – Ali! – Falou um deles. - Parada!

Ela e a vigilante pulavam de dois em dois os degraus. Subindo a longa escadaria do edifício. Os andares agora tinham dois dígitos e os números não paravam de crescer. Os policiais continuavam a subir atrás. A vigilante notou o elevador subindo, as luzes dos andares iluminando cada vez que os números trocavam. – Estão nos seguindo pelo elevador também, precisamos nos apressar.

Quando enfim chegaram ao último andar, deram de cara com a porta fechada.

— E agora? – Perguntou Chloë.

— Afaste-se. – Falou a mascarada.

A vigilante utilizou uma pistola para jorrar uma goma acinzentada na fechadura. Então se afastou e apertou um botão naquela arma. A porta explodiu liberando a passagem.

— Cheia de truques você.

— Não viu nada ainda.

Era o vigésimo andar, estavam na cobertura. A sua volta todo o horizonte noturno da cidade. Os prédios altos alongando-se para o infinito. Ao lado podia ver também o centro histórico com suas casas mais baixas. Seria uma ótima vista de se desfrutar, se não estivessem sendo perseguidas.

Os policiais apareceram na porta. – Fiquem onde estão. – Ordenavam.

— Estamos encurralados. – Falou Chloë.

— Segure-se em mim. – Falou a mascarada.

A vigilante agarrou Chloë pela cintura, protegendo seu corpo com a capa. Os policiais atiravam, mas as balas pareciam ricochetear na capa. Elas corriam em direção ao parapeito do prédio.

— O que você vai fazer?

— Só confie.

E os dois corpos se jogaram do edifício. Chloë sentiu seu corpo cair livre pelo ar e depois um puxão bruto para cima. As duas eram içadas para cima por um tipo de corda firme acoplado em um gancho que se grudava a outro prédio a frente. Rolaram ao cair na cobertura do outro prédio. Longe dos policiais.

— Eu não quero ver mais dos seus truques. – Falou Chloë com um tom meio assustado, meio piadista.

— Temos que nos esconder. Eu tenho um lugar onde você estará segura.


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