Era uma noite como outra qualquer. Os carros buzinavam no trânsito causado por um acidente de ônibus, os trens cruzavam os trilhos, as prostitutas se vendiam por 5 dólares na esquina da West 137th Street com a Broadway.

O céu estrelado foi testemunha do que estava para acontecer no topo do prédio da Rádio WKNY. Grudado em uma teia de aranha, de cabeça para baixo, eu podia ver ele se aproximar. Elegante como um lorde descendo de sua montaria, com movimentos sedutores, cruzando as pernas como um felino selvagem em busca de sua presa.

Se não fosse por minha máscara, ele poderia ter visto que suas passadas me deixavam com o rosto todo avermelhado.

Tão logo se aproximou de mim, vociferou com aquela voz armada de poder.

“Qual é o seu problema, cara? Quase matou aquelas pessoas no ônibus.”

Ele continuou me encarando, sem saber que causava arrepios em meu corpo. Continuou falando e falando e falando, como se ele fosse o papagaio de pirata mais bonito da cidade.

“Você tem um poder incrível, devia usar ele para alguma coisa boa, pra variar”.

Meu Galahad se virou e partiu, me deixando ali, pendurado naquela teia de pau duro.