Jade acordou enroscada com Cobra na cama. Ela suspirou e sorriu.

— Bom dia, minha Dama. – Ele beijou o ombro da namorada.

— Bom dia, meu Vagabundo. – Ela sorriu se virando para o namorado.

Os dois se beijaram.

— Vamos tomar café? – Ele perguntou.

— Acho melhor a gente tomar um banho primeiro. – Aconselhou Jade. – E você precisa escovar os dentes.

— Ah é? – Ele riu e subiu em cima dela dando baforadas em seu rosto.

— Eca. – Ela riu virando o rosto.

—X-

Cobra e Jade estavam tomando café da manhã com Quitéria e os meninos.

— Cobra, por que você não dormiu no seu quarto? – Perguntou Reinaldo. – Eu fui lá te procurar, mas você não tava lá.

Cobra e Jade pararam de mastigar e olharam para Quitéria que os olhou repreensiva e os dois abaixaram o olhar culpados e voltaram a comer. Ela balançou a cabeça, mas disfarçou um sorriso.

— Seu leite vai esfriar, Reinaldo. – Ela mudou de assunto.

A campainha tocou e logo em seguida, Bruno, Pedro, Ben, Vítor, Gil e Fatinha passaram pela porta.

— BOM DIA, FAMÍLIA! – Gritou Fatinha.

Bruno e Pedro beijaram o rosto de Quitéria e todos se sentaram à mesa.

— Olha, vou falar que não tomei café da manhã, então tô mortinha de fome. – Avisou Fatinha.

Quitéria riu.

— Pode se servir, Fatinha. – Disse Quitéria. – Comam o quanto quiserem.

— E vocês vão embora hoje mesmo, Cobra? – Vitor perguntou se servindo.

— Vamos. – Assentiu Cobra. – A gente tem aula amanhã. Nosso avião sai às 20h.

— Que pena. – Lamentou Gil.

— É, foi ótimo conhecer você, Jade. – Disse Pedro.

— Foi mesmo. – Concordou Bruno de boca cheia. – Nem pensei que o Cobreloa pudesse ter tanta sorte com mulher.

— Eu também adorei conhecer todos vocês, gente. – Jade sorriu. – Mas cadê a Sofia, a Ju e a Lia.

— Elas não têm o hábito de invadir a casa dos outros no café da manhã. – Fatinha deu de ombros.

— A gente tem esse hábito mais porque se conhece a vida toda. – Explicou Vitor. – Elas conheceram a gente depois.

— A gente estuda junto desde a pré-escola. – Prosseguiu Gil.

— A Ju e a Lia a gente conheceu no muay thai mesmo. – Lembrou Bruno.

— Daí a Sofia conheceu a Ju na costura. – Acrescentou Jade.

— Isso. – Todos assentiram.

— Mas elas deviam ter vindo mesmo assim. – Jade deu de ombros.

— Deviam mesmo. – Concordou Quitéria.

— A Sofia tá de castigo. – Lamentou Ben.

— Por quê? – Lastimou Jade.

— Brigou com a irmã dela. – Justificou Ben.

— Quando a Sofia e a Anita não brigam. – Cobra virou os olhos.

— E ela ficou de castigo? – Estranhou Jade. – Quantos anos ela tem mesmo?

Cobra, Fatinha, Bruno, Pedro, Vitor e Gil riram e Ben revirou os olhos.

— Quase dezessete. – Ben suspirou.

— Qual o problema, gente? – Questionou Jade.

— Nada não. – Cobra sorriu. – É que você tocou no calo do Ben.

— O Ben acha que ainda vai ser preso um dia por pedofilia ou aliciamento de menores. – Caçoou Vitor.

— Eu posso ser preso sim, tá. – Defendeu-se Ben. – Ela só tem dezesseis, eu já tenho vinte e dois.

— Quando ela fizer dezoito, você vai ter vinte e quatro e essa diferença não vai parecer nada, Benjamin, para de chorar. – Fatinha suspirou. – E ela te ama, os pais dela te amam, você a ama, ninguém vai denunciar você por isso. Relaxa aí.

— Não, é verdade. – Aquiesceu Jade. – Você pode mesmo ser denunciado por sedução de menores.

— Tão vendo? – Disse Ben.

— Mas se ela e os pais dela deram consentimento, acho que você não vai ser preso. – Informou Jade.

— Mas posso ser denunciado. – Finalizou Ben.

— Por sedução de menores? – Riu Fatinha. – Você nem transou com ela ainda, Benjamim.

— Olha as crianças, Fatinha. – Repreendeu Quitéria.

— Foi mal, tia Quitéria.

— Peraí. – Jade riu. – Vocês não tão juntos há tipo um ano?

— Quase um. – Confirmou Ben.

— E você não transou com ela? – Chocou-se Jade. – Isso é que é auto controle.

— Isso é que é medo de ir pra cadeia. – Corrigiu Ben.

— Isso é que é amor, isso sim. – Jade sorriu.

— É. – Concordou Fatinha. – Nosso Ben é louco pela nossa mascotinha.

Ben sorriu e revirou os olhos.

— É que os pais da Sofia são ricos. – Informou Bruno. – E o Ben tem medo que se deflorar a princesinha deles, eles vão esquecer que gostam dele e vão querer colocá-lo na cadeia. Como eles têm dinheiro e o Ben não, é fácil pra eles fazerem isso.

— Mas eles nem tem que se preocupar de verdade com isso. – Descartou Vitor. – Os pais da Sofia amam ele, muito mais do que os pais da Lia gostam de mim, os da Ju gostam do Gil ou os da Fatinha gostam do Bruno.

— Os pais da Fatinha me amam. – Discordou Bruno.

— Não tanto quanto os pais da Sofia amam o Ben. – Reforçou Vitor.

— Ele é um filho pra eles. – Completou Gil.

— Até tirar a virgindade da filha deles. – Suspirou Ben.

— Os pais da Sofia te adoram, eles não vão te colocar na cadeia. – Acalmou Cobra.

— Ele só tem que tomar cuidado pra irmã mais velha dela não denunciar ele. – Zombou Pedro.

— A irmã mais velha da Sofia estudou com a gente e ela tem uma queda pelo Ben. – Cobra explicou para Jade.

— Gente, que história de novela. – Surpreendeu-se Jade. – Deu até vontade de ficar aqui e ver o desenrolar.

Todos riram.

— O desenrolar é bem simples. – Comentou Bruno.

— O Ben vai ficar na seca por mais um ano inteiro. – Continuou Cobra.

— A princesinha vai fazer dezoito. – Prosseguiu Pedro.

— O Ben vai casar com ela um dia depois. – Vitor foi adiante.

— E finalmente vai desvirginar a menina. – Completou Gil.

— E eles vão viver felizes para sempre. – Finalizou Fatinha piscando os olhos teatralmente.

Todos riram.

— Vocês ficam aí zoando, mas quando eu e a Sofia formos casar mesmo, vai ficar todo mundo vindo me pedir pra ser meu padrinho. – Afirmou Ben.

— É claro que nós vamos ser os padrinhos, isso é óbvio. – Brincou Cobra.

— Não. – Discordou Ben. – A Jade é a única a ser convidada.

— Nossa, que honra. – Jade sorriu brincalhona. – Mas e aí, o Ben é um pedófilo entre duas irmãs, a Fatinha e o Bruno tem um relacionamento montanha-russa, vivem terminando e voltando, sempre na corda bamba e o Pedro tem um enrosco com a ex namorada dele. E vocês dois?

— Nós somos pessoas normais. – Garantiu Vitor. – Nós temos relacionamentos normais.

— Completamente normais e saudáveis. – Acrescentou Gil.

— O Vitor conheceu a Lia atropelando ela. – Lembrou Cobra.

— Isso foi um acidente. – Defendeu-se Vitor.

— E o Gil era afim dela antes de namorar a Ju. – Recordou Pedro.

— E os dois pegaram a Fatinha antes de namorarem. – Robinson entrou na conversa.

— Ah, mas isso aí é de praxe. – Cobra deu de ombros. – Todo mundo pegou a Fatinha.

— Eu é que peguei todo mundo. – Corrigiu Fatinha.

— Eu mereço. – Bruno suspirou.

Todos riram e continuaram conversando durante o café.

—OXOXOXOXOX-

Bianca estava stalkeando Duca e Jade tentando descobrir alguma coisa quando Karina entrou no quarto e pegou sua chave.

— Tchau, Bi. – Despediu-se ela.

— Aonde você vai? – Perguntou Bianca.

— Vou sair com a Nat e a Sol. – Respondeu Karina.

— Com a Nat, é? – Sondou Bianca. – Então o Duca ainda não apareceu?

— Você fala como se ele tivesse evaporado. – Riu Karina. – Ele só tá em casa com a vó dele.

— É, né.

— Bom, tô indo. – Anunciou Karina. – Tchau.

— Tchau, Ka. – Bianca despediu-se sem olhar para a irmã.

Karina saiu e Bianca ficou sozinha com seus pensamentos.

—OXOXOXOXOX-

Cobra guardou a última mala no porta malas do carro enquanto Jade se despedia de Quitéria.

— Querida, foi um prazer enorme conhecer você. – Comoveu Quitéria.

— O prazer foi todo meu, Quitéria. – Correspondeu Jade. – E desculpa o importuno.

— Que importuno? – Chocou-se Quitéria. – Foi um prazer ter você aqui. Só fiquei triste por ter sido por tão pouco tempo.

Jade sorriu e as duas se abraçaram.

— Cuida bem do meu filho. – Pediu Quitéria no ouvido de Jade.

— Pode deixar. – Jade sussurrou em resposta.

Cobra se aproximou das duas que se separaram sorrindo.

Ele se despediu da mãe enquanto Jade abraçava Robinson e Reinaldo.

Depois Cobra passou a mão pelos cabelos dos meninos e deu soquinhos de leve em seus ombros.

O casal entrou no carro e partiram. Jade acenou para Quitéria e os meninos da janela enquanto o carro se afastava.

Quitéria e os filhos mais jovens acenaram de volta até o carro desaparecer com o casal em uma curva.

—OXOXOXOXOX-

Bianca e Mari se espreitaram até um canto do Perfeitão onde de longe observaram Karina conversando animadamente com Sol e Nat.

— Ela não mentiu. – Comentou Mari. – Elas estão sozinhas.

— É, mas onde está o Duca? – Questionou Bianca.

— Deve estar com a Jade. – Mari deu de ombros.

Bianca suspirou.

—OXOXOXOXOX-

Cobra e Jade chegaram ao aeroporto e encontraram os amigos de Cobra festivos esperando por eles na sala de embarque.

Jade riu e Cobra sorriu quando eles pularam exageradamente ao ver o casal.

Eles se aproximaram e Ju foi a primeira a correr para abraçar o casal.

— Foi muito bom ter vocês aqui mesmo que por um final de semana só. – Ela disse enquanto abraçava aos dois de uma vez. – Vou sentir saudades e voltem mais vezes.

— Ju, tá bom, né? – Lia riu. – Pelo menos abraça um de cada vez pra gente poder abraçar o outro.

Ju apertou mais o abraço e depois soltou os dois. Todos riram e Bruno abraçou Cobra enquanto Lia abraçava Jade.

— Foi bom te ver de novo, irmão. – Despediu-se Bruno. – E vê se cuida bem dela que você não arranja coisa melhor não.

Cobra riu.

— Sofia, conseguiu sair do castigo. – Jade sorriu quando Sofia se aproximou para abraçá-la.

Ben riu segurando os ombros da namorada.

— Eles me liberaram só pra vir me despedir. – Lamentou Sofia.

Jade sorriu.

— Relaxa. – Acalmou ela. – Quando você fizer dezoito, só piora.

As duas garotas riram e os outros as acompanharam.

— Foi ótimo te conhecer, Jade. – Sofia a abraçou. – Eu adorei mesmo.

— Eu também. – Respondeu Jade. – E se você for pro Rio, me procura.

— Pode deixar. – Sofia sorriu se afastando.

Ben abraçou Jade e depois passou para Cobra enquanto Pedro abraçava Jade.

— Toma cuidado com esse cara que ele não presta. – Avisou Pedro recebendo um tapa de Cobra que abraçava Fatinha.

Jade riu.

— Brincadeiras à parte. – Pedro sorriu. – Bem vinda aí a gangue, Jade.

— Valeu, Pe. – Agradeceu Jade. – Olha, e quando eu voltar, quero ver você e a Cat juntos. Eu quero conhecer ela.

— Pode deixar. – Pedro gargalhou.

— É, trata de se acertar com ela. – Concordou Cobra.

Pedro assentiu.

Todos se abraçaram e se despediram. Cobra e Jade se abraçaram e olharam para os amigos que também estavam abraçados e sorriam comovidos.

— Foi muito bom conhecer cada um de vocês. – Discursou Jade emocionada.

— Foi ótimo pra gente te conhecer também, Jade. – Garantiu Sofia se emocionando também.

— Vocês não vão chorar, né? – Preocupou-se Bruno.

— Não façam isso, por favor. – Pediu Gil.

— Não, a gente não vai. – Riu Jade. – Mas foi realmente incrível conhecer vocês.

— E voltem mais vezes. – Suplicou Ju.

— A gente volta sim. – Prometeu Cobra.

— Mas vocês também tem que ir até o Rio nos visitar. – Convocou Jade.

— Claro, pode deixar. – Eles assentiram.

Então todos se despediram e Cobra e Jade embarcaram.

—X-

Jade estava deitada no ombro de Cobra com seus dedos entrelaçados ao dele já vendo as praias do Rio se aproximarem.

— Esse foi o melhor final de semana da minha vida. – Ela suspirou alegremente.

— Foi ótimo pra mim também. – Cobra sorriu acariciando a mão da namorada. – Pra ser perfeito, só faltou o Duca e o resto da minha família.

— Ah não, pra ser perfeito tinha que ter a Vicki também. – Discutiu Jade.

— Tá bom. – Cobra riu. – Pra ser perfeito só faltou nossos outros amigos.

— Mas se a Bianca estivesse lá, não ia ser perfeito, ia ser um desastre. – Lamentou Jade levantando a cabeça.

— É. – Cobra concordou tristemente.

— Nosso final de semana mágico acabou e é hora de voltar pra realidade. – Lastimou Jade. – Nossa realidade conturbada.

Cobra não respondeu, apenas abaixou a cabeça com tristeza.

Jade soltou seus dedos de Cobra e segurou a mão dele com suas duas mãos. Ela olhou abatida para a mão do namorado e depois delicada e lentamente retirou a aliança dele e depois a corrente do pescoço dele.

Jade colocou a aliança de volta na corrente e olhou intensamente para ela antes de prender de volta a corrente no pescoço do namorado.

Cobra segurou a aliança em seu pescoço e depois colocou por dentro da sua camiseta. Ele segurou a mão de Jade e a beijou, depois ela melancolicamente deitou de novo no ombro dele novamente.

—OXOXOXOXOX-

Karina, Nat, Sol, João, Pedro, Vicki, Wallace, Lírio, Joaquina e Jeff estavam no Perfeitão se divertindo quando Duca chegou.

— Amor. – Nat se levantou e foi abraçar o namorado.

Ele a segurou pela cintura e a beijou.

— Como tá a dona Dalva? – Ela perguntou preocupada.

— Ela tá bem agora. – Respondeu Duca. – Ela fez uns exames, o médico disse que foi só uma indigestão mesmo.

— Ai que bom. – Nat respirou aliviada.

— Duca, bem vindo de volta. – Brincou Karina.

— É, sentimos sua falta esse final de semana, lutador. – Vicki deu uma piscadela para ele.

— Ei. – João a encarou enciumado e cruzou os braços.

Duca riu e Vicki deu um beijo na bochecha de João que sorriu abobalhado.

— Minha irmã perguntou de você o fim de semana todo. – Informou Karina.

— Ué, por quê? – Estranhou Duca.

— Sei lá. – Karina deu de ombros.

— O que ela perguntou? – Questionou Duca.

— Ah, nada demais. – Karina tentou lembrar. – Só perguntou de você mesmo. Tava toda esquisita.

— Que estranho. – Comentou Duca.

— Foi estranho mesmo. – Assentiu Nat.

— EI! – Karina gritou entusiasmada pulando de sua cadeira. – Olha quem tá de volta.

Ela apontou para a porta e todos olharam para Cobra e Jade entrando sorridentes.

— Ei, e ai, parceiro. – Duca sorriu, soltou Nat e foi abraçar ao amigo.

Duca soltou Cobra que foi até Karina que praticamente pulou no irmão enquanto o amigo abraçava Jade.

—O-

Bianca estava em seu quarto conversando alegremente com Henrique em seu celular. Ela foi sorridente até a janela e viu Duca e Jade se abraçando na entrada do Perfeitão.

— O Duca e a Jade voltaram. – Anunciou ela.

— O que? – Henrique achou graça.

— Nada não. – Desconversou ela. – Henrique, eu tenho que desligar agora. A gente se vê amanhã.

— Tá. – Estranhou Henrique.

Bianca desligou o celular e correu para fora do quarto.

— Bianca, aonde você vai com toda essa pressa? – Perguntou Gael abraçado à Dandara no sofá.

— Eu vou encontrar a Karina e o João no Perfeitão. – Avisou a garota já abrindo a porta.

— Tá bom. – Assentiu Gael.

— Divirta-se, querida. – Disse Dandara.

— NÃO VÃO CHEGAR MUITO TARDE! – Gritou Gael enquanto Bianca já fechava a porta e corria.

Ela chegou ao Perfeitão meio ofegante e viu Jade abraçada a Nat conversando com ela, Duca e Cobra.

— COBRA! – Ela gritou animada correndo para o irmão.

— E ai. – Cobra sorriu e abriu seus braços feliz em ver a irmã.

Os dois se abraçaram e Jade revirou os olhos.

Eles se afastaram e Bianca permaneceu com o braço ao redor da cintura do irmão e a cabeça em seu ombro, enquanto ele manteve o braço ao redor dos ombros mesmo.

— Duca, como tá a sua avó? – Sondou Bianca.

— Ela tá bem. – Respondeu Duca. – Obrigado pela preocupação.

— E você, Jade? Como foi o final de semana com o namorado? – Insinuou Bianca.

— Foi MA-RA-VI-LHO-SO, Bianquinha. – Jade exclamou provocativa. – Você nunca imaginaria algo assim. Quem sabe seu namorado não te leva pra passar um parecido. Ai desculpa, eu esqueci, você não tem namorado.

Cobra revirou os olhos e suspirou.

— E você tem mesmo? – Provocou Bianca. – Porque eu ainda não vi nenhuma foto do seu namorado perfeito.

— Tá interessada em saber quem você vai atacar na próxima? – Respondeu Jade.

— Jade. – Pediu Cobra.

— Imagina, eu não uso peça de segunda mão. – Bianca sorriu.

Cobra apertou a cintura de Bianca a repreendendo.

— E o Henrique é o que? – Lembrou Jade. – Carro usado, meu amor.

— É. – Assentiu Bianca. – Mas é um zero quilômetro, a antiga dona não sabia dirigir.

— Bianca. – Implorou Cobra.

— Você quer saber qual foi o único defeito do meu final de semana? – Jade perguntou irritada soltando Nat. – Foi voltar pra cá e ter que olhar pra essa sua cara azeda.

— Jade. – Cobra falou entre dentes.

— Deixa, Cobra, o que vem de piriguete, não me atinge. – Maliciou Bianca.

— E o que vem de recalcada, dá um beijinho no meu ombro e volta. – Zombou Jade.

Cobra suspirou e Nat puxou Jade para mais perto de volta.

Bianca encarou as duas atentamente e comentou:

— Eu não sabia que vocês eram amiguinhas agora.

Jade riu.

— É, eu gosto muito da Nat, ela é maravilhosa. – Enfatizou a bailarina. – O Duca não podia ter escolhido alguém melhor. Nós descobrimos que temos muito em comum. Nenhuma das duas gosta muito de você.

— JADE! – Gritou Cobra.

Jade arregalou os olhos para o namorado e Nat apertou o braço ao redor dela assustada.

— Eu não tenho nada contra você, Bianca. – Desmentiu Nat.

— É, acho que a afinidade de vocês é que EU não vou com a cara de nenhuma das duas. – Corrigiu Bianca.

— Bianca, por que você não vem sentar aqui com a Sol e eu? – Chamou Karina se aproximando e já puxando a irmã pela mão. – A gente tá jogando “Qual é a música”.

Assim que Karina se afastou com a irmã que foi sendo arrastada para longe sem deixar de encarar a rival com rancor, Jade se voltou para Cobra.

— Cobra, desculpa. – Jade se aproximou do namorado que segurou seus pulsos e a afastou.

— Você não tem controle, né, Jade? – Ele se irritou.

— Desculpa. – Ela sussurrou. – Mas sua irmã me tira do sério. – Ela se exaltou de novo. – Desculpa.

Cobra bufou e colocou os dedos nas pálpebras.

— Eu vou sentar com as minhas irmãs. – Avisou ele. – Depois eu te levo pra casa.

— Cobra. – Jade chamou tristemente enquanto Cobra se afastava.

Jade suspirou e seus ombros caíram ao assistir o namorado sentar com as irmãs.

— Ela consegue me deixar louca. – Ela voltou-se para Duca e Nat. – Me faz perder o controle.

— Eu sei. – Lamentou Duca.

— Tava tudo tão bom. – Recordou ela. – Tava perfeito. Pena que durou tão pouco.

— Relaxa, Jade. – Nat colocou a mão no braço de Jade a consolando. – O Cobra te ama, tudo vai melhorar quando ele contar pra ela.

— Mas algum dia ele vai contar? – Jade questionou com a voz marejada. – Você viu como ele falou comigo. Ele nunca falou comigo daquele jeito.

— Tá tudo bem, Jade. – Duca a puxou para um abraço.

E Jade colocou a cabeça em seu peito chorando suas mágoas ali.

—O-

O abraço de Duca e Jade não passou despercebido por Bianca que assistiu da mesa enquanto Jade era consolada por Duca e Nat que a acariciavam.

Bianca encarou os três com confusão tentando entender o que estava acontecendo de verdade entre eles. Ela cruzou os braços e suspirou pensativa.

—OXOXOXOXOX-

Cobra estacionou o carro na frente da casa de Jade e desceu imediatamente.

Jade suspirou tirando o cinto e abrindo a porta.

Cobra colocou a mala de Jade no chão na frente dela enquanto ela descia do carro.

— Tá tarde, então eu não vou subir. – Avisou Cobra. – Dá um abraço nos seus pais por mim.

— Tá. – Jade assentiu tristemente. – Boa noite.

Ela pegou a mala no chão e começou a caminhar em direção a sua porta, mas Cobra sorriu e a puxou pelo braço.

— Vem cá. Não vai se despedir de mim direito?

— Pensei que você estivesse com raiva de mim. – Ela disse com superioridade.

— Eu tô. – Confessou Cobra. – Mas se eu for ficar bravo de verdade com você toda vez que você e minha irmã brigarem, a gente já termina de uma vez.

Jade temeu que ele realmente fizesse isso.

— Jade, eu não sou ingênuo. – Ele disse. – Eu não acho que quando a minha irmã descobrir sobre nós as coisas vão melhorar magicamente, pelo contrário, acho que vão piorar, por um tempo. Por isso eu preciso que VOCÊ se esforce pra fazer dar certo. Eu sei que não é fácil pra você e eu te amo, Jade, e não vou terminar com você por isso, mas eu preciso da sua ajuda pra chegar a ter paz.

Jade assentiu.

— Eu vou me esforçar. – Prometeu ela.

Cobra sorriu fracamente e assentiu.

— Agora vem cá. – Ele a puxou para um abraço.

Então os dois se beijaram e depois Jade sorriu.

—OXOXOXOXOX-

Jade estava na aula de dança contando para os amigos sobre seu final de semana e lhes mostrando as fotos em seu celular.

— Essa é a Sofia. – Ela mostrou. – Ela é uma graça. Bem mimadinha, meio egocêntrica, mas é uma fofa. Eu adorei ela.

— Você tá feliz mesmo hein, Jade. – Lírio sorriu.

— Eu acho que eu nunca estive tão feliz na vida, Lírio. – Ela admitiu sorrindo iluminada.

— Que bom, Jade. – Comentou Jeff.

— A gente fica muito feliz mesmo por você, amiga. – Vicki vibrou abraçando a amiga.

— É. – Concordou Joaquina. – Quer dizer, era pro forasteiro ser meu, mas tudo bem, eu tô torcendo por vocês.

— Cala a boca, Joaquina. – Ralhou Vicki.

Jade riu e Bianca entrou na sala.

— Ai, a Bianca chegou. – Lastimou Jade. – A gente continua depois.

Ela guardou o celular e as duas garotas se encararam até Jade desviar o olhar e voltar-se para seus amigos.

Bianca suspirou e virou-se para as amigas.

— Hoje eu vou chegar ao fundo disso. – Prometeu ela.

— O que você vai fazer? – Perguntou Ruiva.

— Eu vou desmascarar esses dois. – Ela ameaçou.

—X-

No fim das aulas da Ribalta, Bianca manteve seu olhar fixo em Jade e quando a bailarina se despediu dos amigos, a atriz logo se levantou.

— Eu preciso ir. – Anunciou ela pras amigas. – Eu vejo vocês depois, não me esperem.

— Espera, mas aonde você vai? – Estranhou Ruiva.

— Resolver isso de uma vez por todas. – Disse Bianca correndo atrás de Jade.

A irmã mais ciumenta de Cobra seguiu a namorada deste sem ser percebida.

Jade saiu da fábrica e olhou ao redor para se certificar de que não estava sendo vista, mas não viu Bianca que estava sendo discreta.

Jade foi até o namorado e Bianca saiu de seu esconderijo.

— O QG? – Estranhou a atriz.

Ela foi até o local de trabalho do irmão tendo a certeza de que não era percebida.

Pelo lado de fora, ela viu Jade e o irmão sorrindo um para o outro e depois olhando ao redor, eles riram e foram até os fundos da loja.

Bianca sem entender o que estava acontecendo entrou no QG e seguiu até os fundos para onde seu irmão e sua rival tinham ido. Ela se espreitou pela porta e observou chocada ao casal se beijando.

— Eu tenho que trabalhar, sabia? – Ele disse risonho.

— Ninguém frequenta o QG a essa hora, Vagabundo. – Ela respondeu provocativa.

— Todo mundo frequenta o QG a essa hora. – Cobra riu.

— Eles podem esperar. – Jade brincou. – Depois do nosso final de semana em Goiânia, tá muito difícil pra mim ficar longe assim de você. Quase te ataquei hoje de manhã quando passei pela academia.

— É? – Ele sorriu.

— É. – Ela respondeu dando mordiscadas no lábio dele.

— Então ataca agora.

Jade riu e os dois voltaram a se beijar.

Bianca abriu a porta e raivosamente ameaçou entrar e interromper. Mas o casal se beijava tão intensamente que não percebeu e a garota respirou fundo e pensando melhor saiu do local.

Ela deixou o QG completamente aturdida. Ela estava tonta e respirava com dificuldade.

Ela se sentou cambaleando em um banco da praça raciocinando. As vozes começaram a surgir em sua cabeça:

“Eu confio no meu Vagabundo.”

“Eu tô namorando.”

“Ele é lindo, gostoso, tem pegada, é fofo, atencioso, charmoso e tem um jeito meio cafajeste totalmente sexy.”

“Acredite ou não, é lutador.”

 “A Jade já se livrou dela por mim.”

“O QUE VOCÊ TAVA FAZENDO COM A JADE?”

“A Jade não é nenhuma vagabunda não.”

“Agora eu tô brigando com a minha própria família por causa dessa garota.”

“O Cobra tá interessado em outra pessoa.”

“O que você faria se o Cobra arrumasse uma namorada agora, neste exato momento?”

“E se fosse alguém que você não gostasse?”

“E se ELE estivesse com alguém que você não gosta, tipo a Joaquina ou a Jade?”

“Quem é seu namorado, Jade?”

“Alguém que você nunca vai poder ter.”

“Ela nem tá esfregando o namorado novo dela na sua cara e ELA PODERIA.”

Bianca pensou em todas as vezes em que viu Jade e Cobra juntos. Ela se lembrou que os dois sempre ficavam elétricos e mais calados quando ela estava na presença dos dois, pensou em como Jade parecia estar parando de puxar brigas com ela e em como se controlava tanto para não brigar quando Cobra estava por perto. Bianca se sentiu uma idiota.

— O Cobra e a Jade. – Ela conseguiu reunir forças para dizer. – O que eu vou fazer agora?