Safira e Moisés continuaram se olhando intensamente ate que Ramsés atrapalhou o momento mágico.

— Vamos hebreu, o Deus-Rei esta lhe esperando. - Disse o príncipe, curto e grosso praticamente empurrando Moisés para  frente. Mas o hebreu ainda conseguiu olhar pra trás e sorrir pra Safira uma ultima vez antes de ir, e ela ficou encantada.

Henutmire percebeu o encanto da filha pelo escravo e resolveu questiona-la.

— Safira, é impressão minha ou você se encantou por aquele hebreu? - A Princesa perguntou, naturalmente.

A jovem moça obviamente ficou nervosa, e olhando para sua mãe tentou disfarçar.

— Claro que não minha mãe, apenas o achei bonito. - Mentiu.

— Eu te conheço muito bem minha filha, e advirto que tente não se apaixonar por ele, pois seu avô nunca permitiria uma relação amorosa entre vocês dois. - Aconselhou Henutmire, esperando para ver a reação da filha.

Safira suspirou e decidiu se entregar.

— Eu me encantei sim pelo hebreu. Quando o vi senti algo que nunca antes havia sentido em toda minha vida. Tenho medo de me apaixonar por ele e acabar o prejudicando, então diga ao faraó que pode trazer meu tal noivo. Aceito firmar um compromisso de casamento com ele. - A jovem disse, decidida.

Henutmire abraçou a filha. Ela sabia o quão difícil seria para Safira se casar com alguém que não amava, e o que menos queria naquele momento era ver a filha sofrer.

Na Sala do Trono, Seti recebeu o filho Ramsés acompanhado de Moisés. Assim que pôs os olhos no escravo sentiu um desprezo tão grande, que por pouco não vomitou. O faraó ainda não conseguia entender como uma raça tão inferior e inútil poderia existir na face da Terra. Só podia ser castigo dos Deuses.

— Soberano, este é o hebreu de que ouvimos falar, o melhor arquiteto do Alto e do Baixo Egito. - Ramsés anunciou, com um pouco de ironia na voz.

— Pois bem, venha até aqui hebreu. - Seti pediu.

Mesmo com um pouco de receio, Moisés se aproximou do Trono do Rei.

— Como se chama? - O Rei perguntou.

— Moisés, senhor. - Ele respondeu, nervoso.

— E é mesmo o melhor arquiteto do Alto e do Baixo Egito? - O Rei quis saber.

— Sim senhor, fui eu que fiz a planta de todos os seus templos. - Revelou.

— Pois muito bem. Anuncio neste momento que Moisés, o hebreu arquiteto, é agora o arquiteto oficial do Palácio. Para isso terá que ficar morando aqui conosco, obviamente. - O Rei disse.

Moisés não podia acreditar no que ouvia. E claro que seria uma grande honra ser o arquiteto oficial do Rei, mas não podia deixar sua família para trás, depois de tudo que todos fizeram por ele não era digno de Moisés simplesmente deixa-los. Além do que ele amava demais a todos, e não sabia se poderia ficar muito tempo longe deles.

Moisés respirou fundo e falou:

— Mas, senhor, tenho minha família, não posso simplesmente deixa-los e.. - Foi interrompido pelo grito do faraó, que ficou furioso.

— VOCÊ OUSA ME DESAFIAR, SEU HEBREU ASQUEROSO? OUSA DESAFIAR O DEUS-VIVO NA TERRA? TUDO O QUE DIGO É LEI, E SE EU DISSE QUE VAI FICAR AQUI É PORQUE VAI FICAR! - Seti esbravejou, praticamente fuzilando Moisés com os olhos.

O filho de Joquebede num ato de coragem se levantou e disse:

— Me desculpe, soberano, mas o senhor não é o Deus-Vivo na Terra. Existe apenas um Deus, e você não o pode ver, apenas pode senti-lo dentro de si. - Moisés exclamou, mas com isso conseguiu despertar ainda mais a fúria do rei.

— QUE BLASFÉMIA. VOCÊ OUSOU DESAFIAR E DESONRAR O DEUS-REI, AGORA VAI PAGAR AS CONSEQUÊNCIAS. ORDENO QUE ESSE HEBREU ESTÚPIDO SEJA EXECUTADO AINDA HOJE, E TODA SUA FAMÍLIA TAMBÉM. - Ordenou.

Os seguranças do Palácio começaram a levar Moisés, mas foram impedidos por Ramsés.

— Calma meu pai, tenho certeza que Moisés não fez nada por mal, não tome decisões radicais de que possa se arrepender depois. Moisés é um bom homem, acredito que ele ficaria muito honrado em viver aqui conosco e servir ao senhor. Além do mais, não encontrará no Egito inteiro melhor arquiteto que ele, isso eu garanto. - Ramsés falou.

Todos estavam surpresos com a atitude do filho do Rei, e nem mesmo o próprio Ramsés parecia conseguir entender da onde veio essa necessidade súbita de defender Moisés. Seti pareceu refletir por alguns minutos, e logo depois sua expressão suavizou.

— Esta bem, eu desculpo o hebreu, mas da próxima vez não haverá conversa. Ramsés, leve Moisés aos seus aposentos, podem ir. - Dispensou os dois.

Seti voltou a sentar-se no trono e suspirou. O ódio e a inimizade para com Moisés havia sido imediato, e isso com certeza nada iria mudar.

— Obrigado por me salvar príncipe, você não tinha razão nenhuma para fazer aquilo, no entanto você fez. Lhe serei sempre grato por isso. - Agradeceu Moisés, tocado pela atitude dele.

Ramsés olhou para o hebreu nervosamente. Parecia que as palavras não vinham para sua boca, e ele ainda não conseguia entender porque, mas quando ouviu seu pai ordenou a execução de Moisés, sentiu uma aflição e um aperto no coração inexplicável. Sentiu uma necessidade súbita de defender o hebreu e salva-lo. Ramsés apenas não conseguia entender o porquê disso. O filho do Rei pigarreou, olhou pro hebreu e falou.

— De nada, mas nunca mais enfrente o faraó, pois da próxima vez não estarei lá para te salvar. - Ramsés tentou parecer sério, mas acabou por rir, fazendo Moisés acompanha-lo.

— Tentarei seguir seu conselho príncipe. Agora, posso lhe pedir um favor? - Perguntou, e continuou ao ver o outro assentir.

— Deixe-me ir a vila dos hebreus, apenas para me despedir da minha família, e avisa-los do que esta acontecendo para não os deixar preocupados. - Pediu.

— Pode ir. Ikeni irá com você. Mas não voltem tarde demais, para que o rei não descubra. - Pediu Ramsés.

Agradecido por tudo que o príncipe estava fazendo por ele, Moisés abraçou Ramsés, que, mesmo surpreso, acabou por retribuir.

 - Você irá morar no Palácio? - Perguntaram Joquebede e Miriã, surpresas com o que tinham acabado de ouvir de Moisés.

— Sim, irei morar no Palácio sim. O faraó ficou sabendo que sou o melhor arquiteto do Egito, e me nomeou como o melhor arquiteto do Palácio, mas para isso exigiu que eu morasse lá. Chegou até a ameaçar fazer mal a vocês se eu não aceitasse. - Explicou Moisés, emocionado ao ver as duas mulheres mais importantes de sua vida com lágrimas nos olhos.

— Não quero te perder meu irmão, te amo muito. - Soluçou Miriã, em meio as inúmeras lágrimas que caiam dos seus olhos.

Emocionado, Moisés abraçou a irmã.

— Não vai me perder minha irmã, a vontade de Deus foi que eu fosse para o Palácio, e temos que acatar a decisão DELE, Ele sabe o que faz. Eu sempre darei um jeito de vir aqui ou lhes dar noticias, prometo. Eu amo muito a todos vocês, são todos muito importantes pra mim, não esqueçam disso. Digam a Arão e Eliseba que os amo muito. - Moisés falou, agora também chorando.

Os três se abraçaram, emocionados.

— Vá com Deus meu filho, que Ele esteja sempre com você, te auxiliando e te protegendo. - Desejou Joquebede.

— Amém, que Ele esteja com vocês também. - Moisés também desejou.

— Não esqueça de dar noticias. - Lembrou Miriã.

— Shalon. - Disse Moisés.

— Shalon. - Joquebede e Miriã responderam antes de ver o amado filho e irmão indo embora com Ikeni.

— Não é justo Moisés ter que viver no Palácio. O Rei não pode o obrigar a ficar longe da gente. Vou lá agora mesmo falar com ele. - Disse Arão, indignado ao saber da nova noticia.

— Não vai a lugar nenhum Arão. Deus quis que Moisés fosse para o Palácio. Temos que respeitar a decisão DELE. Além do mais seu irmão terá uma vida muito melhor do que temos aqui, e poderá explorar seu talento. E ele prometeu que sempre dará um jeito de nos mandar notícias. Ele nos ama e nunca vai nos abandonar. - Falou Joquebede.

— Pois não parece me amar tanto já que nem se deu ao trabalho de se despedir de mim. - Notou Arão, ressentido com a atitude do irmão e indo direto para seu quarto.

— Eu vou falar com ele. - Falou Eliseba, indo atrás do marido.

— Mas tem que haver um jeito de sempre estarmos perto de Moisés, de podermos saber de tudo que acontece com ele. - Disse Joquebede. - Tive uma ideia, e você será fundamental para ela Miriã. - A mulher exclamou, deixando a filha abismada.

— Mandou me chamar meu pai? - Falou Ramsés ao entrar na sala do trono.

— Mandei chamar sim meu filho. O chamei para o avisar que daqui a dois dias Siamon, o sumo-sacerdote e o profeta de Waset chegará ao Palácio. Ele trará consigo seus dois filhos, Maya e Joel. - Seti anunciou, parecendo alegre.

— E o que eu tenho a ver com isso? - Perguntou Ramsés, confuso.

— É muito simples meu filho. Maya será sua noiva, e Joel noivo de Safira. Com esses dois casamentos formaremos uma aliança politica com o Reino de Waset. Essa aliança trará muitos benefícios para nosso Reino. - O Rei explicou.

— Mas isso é um absurdo! Não posso ficar noivo dessa tal de Maya. Não a conheço, e além disso estou namorando Nefertari, pretendo pedi-la em casamento em breve. E Safira não aceitará se casar com um desconhecido assim tão facilmente. - Ramsés retrucou, indignado com a decisão do pai.

— Não me interessa se esta namorando Nefertari ou qualquer outra, Maya será a futura Rainha do Egito, esta decidido. E Safira também terá que aceitar que tem que se casar. Chega de rebeldia. - Gritou Seti, irritado.

Safira estava andando pelo corredor absorta em pensamentos. Ela estava pensando naquele hebreu de mais cedo. A jovem não sabia por que, mas desde que o viu não o conseguia tirar da cabeça. Distraída, acabou tropeçando no tapete, mas caiu em fortes braços. Olhou para cima e viu Moises, o hebreu, sorrindo para ela. Ela sorriu. Era incrível. Ela estava justamente pensando nele e ele aparece? Os dois se olharam intensamente e Safira viu ele aproximar seu rosto do dela. Ele teria mesmo coragem de beijá-la?

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No próximo capitulo:

— Ramsés termina namoro com Nefertari, e com raiva, a moça decide usar Moisés para fazer ciúmes no príncipe.

— Yunet destrata Moisés e Henutmire o defende.

— Siamon chega ao Palácio com Maya e Joel.