Moonlight Lover escrita por Benihime


Capítulo 10
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Katerina

Entro em meu carro e mando uma mensagem para minha irmã, embora mal consiga ver a tela de meu celular através das lágrimas:

Ela sabe o que eu sou. Acabamos de ter "a conversa". Foi horrível!

Nem espero sua resposta. Dirijo devagar, sem querer causar um acidente. Quando chego em casa, Evanora está me esperando na porta. Ela me abraça com força assim que desço do carro.

— Eu sinto muito, irmãzinha.

Eu praticamente me agarro a ela, aspirando aquele cheiro familiar de baunilha e especiarias. É tão único, mas de certa forma sempre combinou com minha irmã.

— Não foi culpa sua, bobona. —  Rebato jocosamente, surpresa de ainda conseguir fazer piadas em um momento como esse.

—  Foi, sim. —  Eva insiste. — Fui eu quem te disse para ir até lá.

— Ah, pare com isso! Nós duas sabemos que eu teria ido de qualquer jeito.

Minha irmã me solta, mas mantém um braço ao redor de meus ombros, que usa para me puxar para dentro de casa e depois para seu quarto.

Desfaço a trança em meus cabelos, jogo as sapatilhas para um canto e fico deitada junto com Eva, sem vontade de me mexer. Ela me faz companhia em silêncio, o tempo todo sem soltar a minha mão, seus dedos entrelaçados aos meus.

— O que eu posso fazer, Kat? — Ela pergunta afinal. — Sério, é só dizer. Eu faço qualquer coisa.

— Nada. —  Minha voz treme e estou sem fôlego pelo esforço de tentar conter as lágrimas. — Só ... Não me deixe sozinha.

— Pode deixar, irmãzinha. Vou ficar bem aqui.

Me viro para ela, escondo meu rosto em seu peito e choro como uma garotinha.

Selene

Três semanas depois

Meu celular toca. É Evanora de novo. Eu a ignoro. Provavelmente, ela também é uma ... Não consigo dizer a palavra, nem sequer pensar nela.

Olho para o porta retrato em minha estante, com uma foto de Katerina e eu abraçadas, ambas com sorrisos que pareciam brilhar de felicidade. Ela não olhava para a câmera, e sim para mim, e seu olhar era da mais absoluta devoção, um amor tão óbvio que até doía.

Me jogo na cama com os olhos ardendo, como tem acontecido com frequência desde aquele dia. Uma batida na porta, porém, me tira dessa linha de pensamento. É Margareth, carregando uma bandeja com café e cookies de chocolate, tão frescos que ainda soltam fumaça.

— Oi. — Ela diz delicadamente.

— Oi, sua peste. — Respondo, sentando-me ereta na cama e disfarçando as lágrimas antes que sequer tenham chance de aparecer.

— Te trouxe um lanche. — Minha irmãzinha diz. — Você precisa comer alguma coisa. Mal tocou no almoço.

— Tá bem. — Eu forço um sorriso. — Certo, mãe. Você é quem manda.

Pego um cookie e dou a menor mordida possível, ainda sentindo meu estômago embrulhado. Margareth coloca a bandeja no espaço entre nós e senta de frente para mim.

— Lene. — Seus olhos estão fixos nos meus, os mesmos olhos castanhos gentis de nosso pai. — O que aconteceu?

— Bom ... — Eu hesito, mas não resisto a colocar tudo para fora. — Lembra da Kat, minha amiga da escola que às vezes pega carona com a gente? Pois é, ela escondeu uma coisa muito importante de mim. Eu descobri, e nós brigamos, só que agora estou achando que fui dura demais. Quer dizer ... Eu fui embora sem sequer ouvir o que ela queria dizer.

— Nesse caso ... — Maggie diz gentilmente. — Eu falaria com ela e tentaria resolver as coisas. Quer dizer, se ela é assim tão importante pra você.

Penso por um segundo, meus dedos acariciando a tela do meu celular até por fim me decidir.

— Tem razão. — Eu declaro enfim. — Vou ligar para ela.

— Ok. — Margareth se põe de pé e me dá um beijo na bochecha antes de se dirigir para a porta. — Você é muito burra às vezes, sabia? E teimosa como uma mula.

Rio e jogo o travesseiro nela em resposta, mas minha irmã se esquiva. Depois que ela sai, finalmente sozinha, disco o número de Katerina.

Enquanto ouço o toque da ligação à espera de ser completada, me perco em pensamentos. Katerina é uma vampira, mas jamais fez nada que me ameaçasse. Pelo contrário, sempre me ajudou quando precisei. Mesmo naquele dia, perto do rio, ela não tentou fazer nada, apenas respeitou o que eu queria quando mandei que ficasse longe.

Nesse momento, alguém atende o telefone, interrompendo meus pensamentos. Reconheço imediatamente a voz. É Katerina. A minha Kat.

Katerina

A linha segue em silêncio por alguns momentos, até uma voz baixa quebrá-lo dizendo meu nome num quase sussurro sem fôlego.

— Kat. — Ela repete, dessa vez mais alto e mais firme. — Kat, sou eu.

Reconheço-a imediatamente. Essa é a voz pela qual eu sofri dias a fio, que não me dera um segundo em paz nessas três semanas. Selene. Minha Selene.

Se meu coração ainda batesse, estaria aos pulos. Eu, porém, tento soar calma, como se ela não me afetasse.

Selene

— Katerina, eu ... Queria pedir desculpas. — Falo depressa, antes que perca a coragem. — De verdade. O que eu sei não muda nada, e fui uma idiota por dizer o contrário lá no rio.

Percebo que, em minha agitação, estou falando tão rápido que ela talvez nem compreenda, então respiro fundo para me acalmar.

Katerina

Suas palavras me pegam de surpresa. Não sei exatamente o que eu esperava dessa ligação, mas certamente não era isso.

— Tudo bem, eu entendo. — Consigo dizer enfim. — Você estava com medo.

— Que tal uma conversa cara a cara? — A morena sugere gentilmente. — Tem muita coisa que eu quero te perguntar.

Me surpreendo de novo. É quase como se ela lesse minha mente, adiantando-se ao meu desejo.

— Pode ser. — Concordo. — Lune Coffee em meia hora?

— Estarei lá. — Ela afirma, e posso ouvi-la rir baixinho. — Ei, Kat, qual a frase que tem sete letras e três palavras?

Penso por alguns segundos, mas sou forçada a admitir que não faço a menor ideia. Selene ri alto dessa vez, dizendo que eu pense sobre isso e lhe responda quando nos virmos.

Ela é a primeira a desligar, e tenho vontade de correr sem parar até o outro lado do mundo só para extravasar minha alegria. Ao invés disso, porém, corro para meu closet e começo a vasculhar tudo em busca de uma roupa decente.

Meia hora depois, exatamente no momento em que estaciono na frente do Lune Coffee, meu celular vibra com uma mensagem.

Arrase, irmãzinha. Não esqueça de sorrir, viu?

Balanço a cabeça para a mensagem de minha irmã. Depois que nos acertamos, parece que ela está tentando compensar o tempo perdido. Não me oponho a isso, então respondo:

Pode deixar. Deseje-me sorte.

Você não precisa disso, sua bobinha.

Respiro fundo e estendo minha mão para a maçaneta, criando coragem para descer do carro.

Selene

Três dias depois

A campainha toca, interrompendo meus pensamentos e fazendo meu coração disparar num ritmo alucinado.  

Corro escada abaixo, saltando de dois em dois degraus, resistindo ao impulso de descer deslizando pelo corrimão como uma garotinha. Chego à porta e praticamente a escancaro, dando de cara com Katerina sorrindo para mim.

— Oi. — Ela diz timidamente.

— Oi. — Jogo meus braços ao seu redor num abraço apertado. — Você está linda!

— Obrigada. — A loira sorri. — Você também.

— Vem, está todo mundo morrendo de vontade de te conhecer. — Digo, pegando-a pela mão e a conduzindo até a sala de estar, onde minha família está esperando.

Katerina

A família dela está reunida na sala e, para minha surpresa, Selene não solta minha mão quando nos aproximamos deles.

— Pessoal, essa é a Kat. Ela é, tipo ... A melhor amiga do mundo. Kat, esses esquisitões são a minha família.

— Se nós somos, você também é. — O homem, um grandalhão com bondosos olhos castanhos, rebate com uma risada. — Genes, queridinha.

— Oi. — Eu digo baixinho, embora sem conseguir conter um sorriso ante a troca bem humorada de farpas entre pai e filha. — É um prazer conhecê-los.

A mãe de Selene, a mesma mulher que vi pela janela com as filhas tantos anos antes, sorri para mim. Logo percebo que a minha morena herdou o sorriso da mãe.

— O prazer é nosso, meu bem. — Ela responde amavelmente. — Minha nossa, você é tão adorável quanto Selene descreveu!

Se eu ainda pudesse, teria corado. Selene e eu nos sentamos lado a lado num pequeno sofá de dois lugares. No começo, ainda me sinto fora de lugar ali, até a irmãzinha de minha namorada se inclinar e segurar de leve a ponta de minha trança.

— Eu adorei seu cabelo, é tão bonito! — Ela exclama. Nunca tinha visto a cor tão de perto.

— Obrigada. — Eu sorrio. — Mas, se quer saber, acho preto muito mais bonito.

— Sério?! — A menina agora parece encantada. — Quer saber, é uma surpresa a Lene ter se dado bem com você. O tipo dela normalmente são as bonitinhas sem cérebro.

— Maggie! — Selene repreende. — Sua língua de trapo!

— Não, Lene, tudo bem. — Eu digo, rindo com gosto. — Vou tomar isso como um elogio.

Margareth sorri e assente, indicando que essa era a verdadeira intenção de suas palavras. Nesse momento a mãe de Selene, que havia se ausentado, reaparece na sala com uma travessa tamanho gigante cheia de cookies.

— Acabaram de sair do forno. — Ela anuncia. — Alguém quer?

A irmãzinha de Selene imediatamente dá um gritinho de alegria e pula de pé para pegar uma mão cheia dos cookies.

— Guardem alguns para nós. — Minha namorada diz. — Preciso falar com a Kat um minutinho.

Ninguém protesta, e Selene logo me puxa para fora da sala. Nos sentamos juntas no patamar das escadas, e vejo seu rosto ensombrecer.

— Que foi? — Pergunto, nervosa. — Não faça essa cara.

— Desculpe. Eu estou nervosa. — Ela responde baixinho. — Temos que contar a eles.

Coloco minha mão sobre a dela, que entrelaça nossos dedos com força.

— Não precisa ser hoje. — Digo. — Podemos esperar, nos preparar melhor.

— Não. — Selene balança a cabeça, fazendo seus cabelos negros dançarem. — É só que ... Minha família nem sabe que eu gosto de garotas. Só isso já vai ser um choque. Tenho medo de como vão reagir.

— Selene ... — Eu ergo seu queixo delicadamente, fazendo-a olhar para mim. — Não precisa ter medo de nada. Eu prometo que vou estar ao seu lado, aconteça o que acontecer.

Ela hesita, mas por fim assente. Eu a beijo bem de leve em resposta, atenta a qualquer ruído que anuncie uma aproximação indesejada. Momentos depois, Selene joga os braços ao meu redor e esconde o rosto na curva de meu pescoço.

— Você é fria. — Ela comenta suavemente. — Como foi que nunca percebi isso antes?

— Acho ... Que sua atenção estava em outro lugar.

A morena ri e, para surpresa de nós duas, é nesse momento que Margareth aparece. A menina não diz nada, mas o brilho de diversão e malícia em seus olhos deixa óbvio que compreende perfeitamente a situação. Eu nem sei o que fazer, de tanta vergonha, mas Selene apenas ri.

— Cai fora daqui, pirralha. — Ela diz. — E não se atreva a contar nada, ok? Deixe isso com a gente.

— Tá bom. — A menina mais nova concorda inocentemente. — Mas, se não contar, eu conto.

— E, se você contar, eu te mato.

Margareth simplesmente ri e volta para junto da família. Selene sorri para mim, segurando minha mão enquanto também voltamos para a sala de estar.

Selene

Entramos na sala e nos sentamos de novo no sofá de dois lugares, de frente para meus pais.

— Mãe, pai. — Eu digo, mantendo o tom mais sério que posso. — Precisamos conversar.

Eles trocam um olhar grave ao ouvir isso, obviamente esperando pelo pior.

— Maggie, querida. — Minha mãe diz. — Suba, por favor.

Para minha grande surpresa Margareth, que tem a mania de questionar tudo, simplesmente nos deixa a sós sem protestar. Katerina aperta de leve minha mão, sinalizando que é a hora certa.

— Katerina e eu ... — Não sei exatamente como contar isso, então decido ir direto ao ponto. — Somos mais que amigas. Ela ... É minha namorada.

Meu pai parece surpreso, mas minha mãe apenas sorri como se já soubesse de tudo. O silêncio se estende até começar a me dar nos nervos, e Katerina acaricia as costas de minha mão com o polegar para me acalmar.

— Vocês duas ... — Minha mãe enfim quebra o silêncio. — Ficam bem juntas.

Kat e eu nos entreolhamos, surpresas com aquele elogio repentino.

— Isso quer dizer ... — Pergunto, ainda cautelosa. — Que temos permissão para continuar nos vendo?

— E desde quando adiantaria proibir? — Meu pai rebate, rindo.

Uma hora depois

Katerina

— Nos vemos mais tarde. — Selene sussurra ao me dar um abraço de despedida.

A família dela está saindo para uma festa de aniversário, e pensam que vou para casa. Isso é só parcialmente verdade, uma vez que voltarei antes do que eles imaginam. A mãe dela passa por nós, inclinando-se para beijar o topo da cabeça da filha.

— Juízo, mocinha. — Ela diz. — Voltamos amanhã à tarde.

A morena assente com toda a inocência, acenando para sua família enquanto eles entram no carro e se afastam.

— Até amanhã! — Ela grita em despedida, depois se vira para mim com um sorriso que brilha de malícia. — E até depois, Kat.

Selene

Assim que Katerina sai, entro novamente em casa. Meu coração está aos pulos, e não consigo deixar de sorrir. Agarro meu celular de cima da bancada da cozinha e mando uma mensagem para Evanora:

O plano está dando certo!

Estou tão agitada que me pego contando os segundos antes de sua resposta chegar. A contagem chega a cinco antes de uma curta frase brilhar em minha tela:

Boa sorte com a fase 2.

Depois disso, largo o celular e coloco mãos à obra. A parte boa é que tenho muito tempo. A parte ruim é que estou tão ansiosa que não consigo impedir que minhas mãos tremam.

Katerina

Saio do banho tremendo, embora não de frio. Estou nervosa. Agora que a noite caiu, tudo parece carregado de expectativa. Tenho a impressão de que, o que quer que aconteça hoje, vai mudar tudo.

— Pronta, irmãzinha? — Evanora pergunta maliciosamente de sua posição, empoleirada sobre minha cama. — Falta só meia hora e, se você se atrasar, Selene vai ficar uma fera.

— Ainda nem consegui decidir o que usar. — Confesso, erguendo as duas blusas que separara mais cedo, uma em cada mão. — Qual você prefere?

— Nenhuma. — Largo as blusas com um suspiro de derrota, e minha irmã mais velha ri. — Venha cá, deixe a mestra cuidar de você.

Ela pula de pé, me pega pela mão e me puxa para o closet. Dez minutos depois, estou pronta, e mais envergonhada impossível. Se ainda fosse humana, sei que estaria vermelha como um pimentão.

— Tenho mesmo que usar isso, Eva?

Ela cruza os braços, obviamente achando graça. Não me admira, pois pareço uma garotinha fazendo birra.

— Se quiser chegar a algum lugar com a Selene essa noite, então sim, com certeza tem que usar isso.

— Mas me sinto uma idiota.

— Uma idiota muito linda. — Eva rebate de pronto. — Se a Selene for burra de não te agarrar hoje, eu mesma agarro.

Esqueço meu constrangimento e a empurro de brincadeira, rindo.

— Agradeço o elogio, mas dispenso a parte de ser agarrada. — Declaro. — Você é minha irmã. Que nojo!

Evanora cai na gargalhada e eu também ainda estou sorrindo quando entro em meu carro. Imediatamente, quando penso no que me aguarda, qualquer vestígio de riso some e sou obrigada a respirar fundo para me acalmar.

Selene

Olho para o relógio mais uma vez. Faltam vinte minutos. Será que ela vai se atrasar? De repente meu celular toca, me fazendo dar um pulo de susto.

— Oi, Lene. — Eva diz. — A Kat acabou de sair. Já está tudo pronto por aí?

— Mais pronto impossível.

— Ok. — Ela dá uma risada maliciosa. — Boa sorte. E ... Se você magoar a minha irmãzinha eu mato você e bebo seu sangue. Entendeu?

— Pode deixar, Eva. — Respondo, sem me intimidar com sua ameaça. — Não vou fazer nada que a Kat também não queira.

Ela cai na gargalhada no exato momento em que ouço o som da campainha. Encerro a ligação e corro para atender. O que vejo me faz perder o fôlego e literalmente paralisar por um momento.

Katerina, a garota que raramente vejo com algo mais ousado do que uma camiseta e um short, está simplesmente deliciosa naquele corselete de cetim. A renda negra faz contraste com o cor de rosa da peça, o complemento perfeito para sua saia de couro justíssima e as sandálias gladiador de salto alto.

Katerina

Selene abre a porta e meus olhos se arregalam. Ela sempre foi sexy, mas aquele vestidinho preto justo de alcinhas, que mais parece um baby doll, ultrapassou todos os limites do que eu já havia visto. Seu cabelo rebelde está preso em uma trança, o que deixa seu rosto à mostra.

— Oi, Kat. — Ela diz, adiantando-se para me dar um abraço breve, porém apertado. — Que bom que conseguiu vir.

— Está brincando? Eu não perderia isso por nada.

A morena me solta e se afasta, fazendo uma graciosa pirueta. Admiro suas curvas e o modo como o vestido justíssimo ondula sobre elas, evidenciando-as ainda mais.

— Que foi? — Selene inquire maliciosamente. — Não gosta?

— Gosto, sim. — Respondo quase sem me dar conta. — Você ... Você está ótima.

— Obrigada. — Ela sorri e me pega pela mão. — Você também. Agora vem, entre.

Sou guiada até a sala de estar, a mesma em que estive poucas horas atrás. Dessa vez, porém, o cômodo está iluminado apenas pela luz bruxuleante de uma lareira acesa. Ao fundo, baixinho, as notas suaves de um piano enchem o ar.

Sentamos de frente uma para a outra. À luz do fogo, sua pele parece mais escura, e tem um aspecto cremoso. As sombras dão um ar forte e exótico aos seus traços, um charme pelo qual é impossível não se sentir atraído.

Selene

À luz da lareira, a pele dela parece cintilar como madrepérola, e seus cabelos adquirem um tom dourado profundo. Uma mecha cai em seu rosto e eu me aproximo para afastá-la, correndo-a entre meus dedos.

— Então ... — Ela pergunta baixinho. — Qual é o motivo de tudo isso?

Eu me inclino e deposito um pequeno beijo em sua bochecha, descendo meus lábios até a jugular.

— Você sinceramente não sabe?

Ela nega com a cabeça e finalmente beijo seus lábios, deixando minhas intenções bem claras. Kat retribui, embora obviamente ainda confusa. Acho que só percebe mesmo minhas intenções quando minhas mãos começam a explorar sua cintura por cima do corselete.

Katerina interrompe o beijo para que eu possa respirar, sua boca passando a explorar meu pescoço, plantando beijos que vão descendo cada vez mais até atingir o ponto exato onde minha pulsação é mais forte e ali se fixarem. Posso sentir sua respiração em minha pele, rápida e rasa.

Katerina

Não sei por quanto tempo ficamos daquele jeito, entrelaçadas, perdidas uma na outra, só tomo consciência de mim mesma quando Selene pende a cabeça para trás, expondo totalmente o pescoço.

— Selene ... — Balanço a cabeça em reprovação e tento me afastar, mas seus braços me envolvem. — Selene, não.

Seus olhos verdes se abrem para me encarar, enevoados de prazer, brilhando como esmeraldas à luz do fogo.

— Por favor, Kat. — Sua voz baixa e rouca é como um feitiço. — Eu quero.

— É perigoso demais.

— Eu não me importo. — Ela se inclina e me dá um breve selinho. — Sei que não vai me machucar. Confio em você.

Eu quero tanto, e há tanto tempo, que ela não tem muito trabalho para me convencer. Logo, meus lábios voltam a beijar seu pescoço.

Selene

Sinto uma leve pontada de dor quando suas presas penetram em minha pele, aguda o bastante para me fazer arfar, mas logo em seguida vem o êxtase. É algo sem igual, que perde para qualquer coisa que já senti.

Meus olhos se fecham e meus músculos relaxam completamente, e agora só o que me impede de tombar são os braços de Katerina firmemente ao meu redor, num casulo com cheiro de loção de coco.

Eu me perco nesse prazer até que ela subitamente se afasta. Com a unha do dedo mindinho direito, ela faz um pequeno corte no próprio pescoço, bem na base da garganta.

— Beba. — Ordena suavemente. — Vamos, Selene, você precisa beber.

Obedeço sem resistir. Pensei que seria algo nojento mas, quando seu sangue toca meus lábios, é quente e delicioso. Depois de algum tempo, Katerina me afasta e delicadamente faz com que eu me deite, dando mais um beijo breve em meus lábios.

— Durma, meu amor. — Ela diz. — Nos vemos amanhã.

Katerina então me abraça e momentos depois estou viajando para o mundo dos sonhos em seus braços.


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