Thantophobia escrita por Katherine


Capítulo 20
We four




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Lydia Martin

Minha cabeça doía de uma maneira quase insuportável, impossibilitando que meus olhos fossem abertos. Não fazia ideia de onde estava, mas tinha certeza que não se tratava do chão húmido da floresta, onde eu me entreguei totalmente a dor e a escuridão. Eu tinha de abrir os olhos e perguntar sobre Scott para a primeira pessoa que visse, estava preocupada. O fato de continuar viva me fez questionar se Stiles havia o tirado a tempo de evitar uma tragédia. Esforcei-me ao máximo para abrir os olhos. A claridade aumentava aos poucos, isso era bom de certa forma. Sentia a luz fritando o meu cérebro.

Encarei o teto branco piscando bem mais de uma vez para focar a visão. O meu corpo inteiro estava dolorido, mas nenhuma parte se comparava com a dor no pé direito, o qual eu havia machucado. Tinham alguns fios conectados a mim, e aquele bip irritante fazia com que minha cabeça doesse mais ainda.

— Lydia? – ouvi uma voz conhecida chamar pelo meu nome. Inclinei a cabeça para o lado com o máximo de cuidado e delicadeza possível, para não piorar a situação. Minha mãe estava sentada em uma poltrona exatamente ao lado da cama em que me encontrava deitada. E só então percebi estar em um hospital. Questionei o quão grave era a minha situação e, por quanto tempo dormi, até que ela continuasse. – Você vai ficar bem. Está tudo bem.

— O que exatamente aconteceu? – perguntei, com a voz mais fraca do que gostaria, exigindo um esforço maior de mim.

Ela ajeitou-se na poltrona cor clara que me causava inveja, com certeza era mais confortável do que aquela cama. Pude ver em seus olhos cansados que havia chorado à algum tempo, só não sabia dizer o quanto, suas olheiras profundas denunciavam que não estava tendo boas noites de sono, e aquilo me fez questionar mais ainda por quanto tempo eu fiquei desacordada, mas esperei que ela falasse.

— Encontraram você na floresta – disse, unindo nossas mãos – Eu não sei como você foi parar lá, ninguém sabe. Mas foi encontrada por Christopher Argent, o pai da Allison, ele estava fazendo trilha ou algo do tipo – suspirou pesadamente – Você estava desmaiada, e havia perdido muito sangue devido aos machucados, que também não sabemos como foram feitos. Você se lembra de algo?

Neguei movendo a cabeça.

— Ficou desacordada por uma longa noite – falou, tirando uma de minhas enormes duvidas – Seus amigos estão lá fora, não saíram daqui desde então.

Quis gritar descontroladamente perguntando de quais amigos ela estava falando, mas não poderia fazer por dois simples motivos. Não queria assusta-la e não conseguia gritar. Então meu olhar seguiu para a janela do quarto procurando, entre as cortinas, alguma fresta de cabelos escuros. Minha prioridade no momento era saber de Scott. Teria de falar com ele sem minha mãe, ou qualquer outra pessoa que não fosse ligada ao mundo sobrenatural, no recinto. Usei a dor de cabeça como desculpa.

— Pode chamar alguma enfermeira? – perguntei franzindo o cenho – Estou com dor de cabeça.

— Tudo bem – ela sorriu amigavelmente – Vou tentar chamar Melissa. Ela é a responsável por você desde que chegou no hospital.

Não respondi e tentei assimilar alguma dica de suas palavras. Ela disse que Melissa, a mãe do Scott, era responsável por mim desde que cheguei no hospital, o que significava que ela não estava em casa chorando pelos cantos. Scott estava vivo, tinha de estar. Minha mãe levantou-se da poltrona indo em direção a porta. Fechei as mãos sentindo as mesmas soarem. A porta foi aberta em um rompante, fazendo-me assustar.

Stiles e Scott se posicionaram ao lado da cama, cada um de um lado diferente, com os olhares preocupados sobre mim. Era fácil demais fazerem isso, mas não para mim. Eu havia achado que Scott estava morto, e para o meu alivio tudo não passou de achismo. Eles me olhavam com o cenho franzido, tinha certeza que queriam me bombardear de perguntas, mas sabiam que não era o momento.

— Você está vivo – falei ao lobisomem, sem esconder o sorriso. Ele retribuiu.

— Graças a você – disse – Muito obrigado, Lydia.

— Não deveria ter feito isso – Stiles disse – Você se machucou feio.

Não importava

Nada importava

Eu estava com Stiles e Scott e tudo estava bem

As coisas sempre acabavam bem

Uni minha mão direita com a do lobisomem e a esquerda com o humano que lançaram um olhar cumplicie um para o outro. Fechei os olhos ignorando toda a dor que irradiava pelo meu corpo. Tínhamos de aproveitar o momento em quanto pudéssemos. Estávamos em paz, mas sempre durava pouco. Decidi que ao menos dessa vez não me preocuparia com quanto tempo ainda tínhamos.

Apenas aproveitaria o momento com nós três.

Olhei a garota morena ao lado de Scott e não pude deixar de sorrir. Ela sempre estaria conosco.

Nós quatro.


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