Shattered escrita por Nash


Capítulo 9
To the place we belong




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Espero que você e Pattie estejam bem – SH

A caneca de chá parou no meio da viagem à boca. O notebook não era tão mais interessante agora quando não tinha as aventuras de Sherlock para relatar, mas buscava alguma maneira de passar um tempo. Tinha entrado para assistir alguns vídeos, mas o e-mail tinha piscado chamando sua atenção.

Encarava a tela do computador atônito. Fazia dois meses que tinha chegado em Manchester com a filha e dois meses que John não tinha notícia alguma do detetive. Tinha passado metade do tempo se preocupando com o bem-estar do moreno e metade do tempo o amaldiçoando por não dar notícias. Sabia como o outro era desligado para esse tipo de coisa mais do que ninguém, afinal tinha sido ele que tinha passado dois anos inteiros achando que ele estava morto quando até uma dúzia de mendigos sabia da verdade.

O e-mail o encheu de alívio. Era pequeno, curto e direto, mas era uma luz no fim do túnel depois de semanas a fio sem algum sinal algum. Pode sentir um peso sair do seu peito e, por fim, se lembrou de liberar o ar dos pulmões. Sherlock não falava nada sobre como estava na mensagem o que preocupava John. Mas, decidiu se acalmar. Olhou para a filha se divertindo com um piano de brinquedo que tinha comprado para ela no outro dia e sorriu.

Por um instante, prestou atenção no endereço de e-mail, mas o remetente era uma sequência aleatória de letras e números que o médico não compreendia. Talvez tivesse algum significado para Sherlock, mas para ele não dizia nada. Ficou encarado a sequência se perguntando se era algum modo que o detetive tinha feito para confirmar que a mensagem vinha dele, mas o máximo que podia fazer era confiar na certeza que apontava dentro de seu peito.

Estamos sim. Sentimos sua falta. Volte assim que puder. - JW

Respondeu.

Foi difícil e angustiante. Porque ele ainda não conseguia entender o sentido daquela distância entre os dois. A única coisa que John queria era estar perto dele para poderem lutar suas aventuras juntos. Claro que agora ele tinha a filha a qual merecia um cuidado a mais, mas mesmo assim não era razão para aquela situação. Os dois juntos haviam demorado tanto tempo e depois de tudo o que aconteceu para que ele pudesse entender o que Sherlock significava realmente...

Encarou a tela do computador mais uma vez. Talvez o Holmes nunca mais entrasse naquele endereço e nunca visse sua resposta, mas, mesmo assim, era importante para John responder. Respondendo ele tinha a esperança que de alguma forma lembraria Sherlock do que estava perdendo e assim o moreno se cuidaria para que pudesse voltar para Pattie e ele.

Exatamente 21 dias se passaram para que o médico pudesse saber do moreno outra vez. Vinte e um longos dias. Dias que John se imaginou socando Sherlock por causa da raiva que sentia. Tinha certeza que tinha quebrado pelo menos uma dezena de lápis no consultório por conta do nervosismo.

Era um fim de semana bonito e tinha acordado com uma vontade enorme de espairecer. Quando chegou o horário adequado para que Pattie pudesse sair, a vestiu com um macacãozinho azul-escuro e foi dar uma volta com ela no parque. Já bastava ele se sentindo longe e distante de tudo, a filha não precisava passar o tempo todo isolada e era bom que interagisse com outras crianças.

John andava distraído passeando no parque com a filha quando um rapaz vestindo roupas sujas se aproximou. No primeiro momento pensou que pudesse ser um mendigo querendo assalta-lo, mas o jovem logo estendeu um papel.

— Para você, Dr Watson – o homem disse de supetão.

John recebeu o papel e viu que era um pequeno envelope castanho com um pequeno cartonado branco no seu interior.

Estive por perto, mas não poderia aparecer. Se cuidem. – SH

Pelo visto a rede de Sherlock havia se estendido até Manchester. O médico deu uma careta quando terminou de ler o telegrama e um resmungo saiu da sua boca. Passou um tempo encarando a mensagem sentindo raiva do detetive. Quase amassou o papel na mão, mas fechou os olhos e respirou fundo. John lembrou-se de todo o tempo que o moreno fora dado como morto e ele ansiava todos os dias por um sinal de que tudo era uma jogada de mal gosto, até que chegou a época que ele não podia fazer outra coisa senão aceitar que era a crua verdade.

E agora ele tinha um papel avisando que ele estava bem. Sabia que tinha concordado em algum ponto com aquela loucura, mas era difícil. Ele queria estar com Sherlock e não com um papel. Definitivamente, não bastava para John. Precisava da companhia do detetive, não de um maldito recado avisando que ele não poderia aparecer.

Quando levantou os olhos do papel e já ia pondo a mão no bolso em busca da carteira para dar uma gorjeta ao mensageiro percebeu que o mesmo já tinha desaparecido.

— Mas que droga, Sherlock – o Watson bufou sozinho.

Pattie em seu carrinho reagiu ao nome e fitou-o com aqueles enormes olhos azuis curiosos e perguntou:

Papá?

— Papa está em outro lugar, meu doce.

Onde?

— Espero que a salvo. Só isso que importa. – John resmungou a resposta mais para si mesmo do que para a pequena. Era realmente só o que importava, o médico se preocupava a cada dia com a possibilidade de Sherlock nunca voltar. E aquilo doía demais. Ele não queria ter que passar o que havia passado com Mary tudo de novo. Não conseguiria suportar.

Olhou para o céu em uma espécie de prece secreta, pedindo para que o detetive ficasse bem e seguro. Não sabia do que Morgan poderia ser capaz, mas, com certeza, era capaz de muita coisa, afinal alguém que não se preocupou com o estardalhaço que uma explosão em uma propriedade antiga pudesse proporcionar só para tentar mata-lo, era uma inimiga que não tinha limites.

O dia tinha amanhecido nublado naquela ocasião. E John poderia jurar que aquilo simbolizava mais um dos dias apáticos que não receberia nenhuma notícia de nada. Levantou-se, tomou banho, arrumou a filha e foi com ela para o supermercado.

Olhava as prateleiras desatento quando uma mulher parou para puxar conversa com Pattie. Ele já estava acostumado com a situação e sentia-se um pai coruja pela filha ser tão fofa e chamar a atenção dos desconhecidos. De vez em quando alguém passava por eles e elogiava a menina.

— Qual o nome dela? – A mulher perguntou.

— Patricia – John respondeu. Ao se virar das prateleiras percebeu que era alguém muito bonita, com cabelos escuros e olhos verdes.

— Eu sou Olive – ela disse sorrindo. – E o pai dela como se chama?

— John.

— Nunca tinha visto vocês por aqui antes, John.

— Somos de Londres, vim para cá por causa de uma oferta de trabalho.

— E o que você faz?

— Sou médico.

— Está a fim de tomar um café depois, John?

É verdade que ele poderia ter aceitado o convite, é verdade que poderia ter ido tomar o café sem que nada demais acontecesse depois, mas a maior verdade de todas é que jamais poderia fazer aquilo tranquilamente.

Afinal, sua cabeça só se voltava para Sherlock e às preocupações que tinha com sua segurança. Afinal, para o moreno era prático saber que ele e Patricia estariam sendo protegidos com a ajuda de Mycroft, mas o médico não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo com o moreno, onde ele estaria e, principalmente, se estaria morto ou vivo.

Pelo que sabia, poderia se passar dias até que o Holmes mais velho obter a notícia da sua morte e mais dias até que resolvessem contar a ele. Haviam tido noites que John mal sabia como conseguia pegar no sono, já que pelo que sabia, poderia nunca mais ver Sherlock. Temia que em algum momento ele acabaria sendo devagar demais, afinal de contas ele era um homem sozinho contra o reerguido império de Moriarty.

E vivia o amaldiçoando por toda aquela situação.

E esse era um resumo do que se passava pela sua cabeça. E quando aquela mulher dos olhos verdes o convidou para um café após conhecê-lo carregando Pattie por um supermercado, ele se achou a pior pessoa do mundo.

Não que estivesse em seus pensamentos trair a confiança do outro de alguma forma, afinal, John Watson poderia ser uma centena de coisas, mas, com certeza, não era um traidor. Mas, mesmo assim sentiu o estômago revirar dentro de si.

Aquele sentimento de decepção pessoal veio quando ele percebeu que cogitou, mesmo que por um segundo, se divertir sendo que não sabia como estava o detetive. A mulher foi para longe com um sorriso amarelo quando ele rejeitou o convite proposto. Então, pegou o último item restante da sua lista de compras, pagou as contas e foi para casa.

Preparou um jantar rápido para si próprio e ficou observando a filha enquanto ela assistia entretida um filme infantil que tinha posto na televisão. Seus pensamentos viajavam por caminhos tortuosos e sem controle quando uma vibração no seu casaco o tirou do transe. Pegou o celular, olhou a tela e sentiu o peito doer com uma sensação que era a mistura de alívio e tensão.

Isso aqui anda insuportável. Incrivelmente chato. Espero que logo fique mais emocionante. – SH

John riu sozinho, afinal ainda era o mesmo Sherlock de sempre: ansioso e faminto por ação. O Sherlock que precisava sentir a adrenalina vibrando em suas veias. O médico só esperava que essa missão valesse a pena por todo o tempo que eles perderiam juntos. Em prol daquela caçada maluca abdicaram de estar juntos.

O médico precisava saber que toda angústia que ele sentia teria um significado, uma razão no fim. Que os três poderiam ser felizes juntos quando tudo acabasse.

Pattie ganhou um piano de brinquedo de presente, você deveria ver como é emocionante vê-la fazendo sons horríveis naquela coisa. – JW

Respondeu nervoso a única coisa que lhe veio à mente que não incluía discutir com o moreno. Ele queria poder falar com Sherlock sobre coisas banais, coisas do dia a dia –mas que para ele significavam tanta coisa–, coisas que tinham acontecido no consultório, na sua volta para casa, sobre tudo. Queria poder contar as palavras que a filha estava aprendendo, queria contar sobre os livros que ele estava lendo e, também, dizer como de repente dormir em uma cama de casal sozinho era doloroso demais e que precisava dele ali para poder pegar no sono em paz. Por alguns minutos ele encarou o celular esperando que a resposta viesse, mas nada aconteceu.

Não era fácil esperar o próximo contato. John tinha certeza que poderia bater em Sherlock por causa daquela insistente demora que ele tinha em dar sinal de vida. Tinha certeza que apenas as datas que ele apareceria era que haviam sido marcadas com uma longa distância entre si. E falando nessas datas uma delas se aproximava e John aguardava ansioso pelo dia.

Chegara a data do seu aniversário, mas nenhum aviso que o Holmes estaria por vir tinha chego. O médico acordou ansioso pela manhã esperando que o moreno entrasse porta adentro do apartamento fazendo uma surpresa, aparecendo com aquele olhar misterioso. Mas, nada tinha acontecido.

O dia tinha passado, a noite estava escura no céu e John se preparava para ir dormir quando a campainha do apartamento tocou. Quando abriu a porta um homem alto, de rosto sério e vestindo um paletó disse de supetão enquanto estendia um pequeno embrulho:

— Isto é para você, Dr Watson.

John engoliu em seco. Pegou o pacote e o abriu com cuidado temeroso do que havia lá dentro. De canto de olho viu que o homem que tinha identificado como algum empregado de Mycroft dava meia volta e ia embora antes que ele pudesse agradecer.

Quando abriu a caixa o médico viu que era um relógio de pulso muito bonito trabalhado em material prateado, com ponteiros pretos e fundo azul. John olhou atento para o pequeno pacote em suas mãos, mas depois de um tempo apenas o botou em um canto da estante mais próxima. O médico não queria um presente enquanto fingia que estava tudo bem com a falta de Sherlock. Um maldito relógio não bastaria para sua saudade, tudo que ele queria era a companhia dele, não um maldito relógio. Deixaria o presente ali até que o outro voltasse e pudesse ficar em paz.

Afinal, em seu pulso, era só mais um aviso do tempo que estava se esvaindo e que eles continuavam não estando juntos.

Quinze dias depois do seu aniversário e quase cinco meses que não via Sherlock faziam John pensar seriamente sobre a próxima vez que o encontrasse. Analisava na possibilidade real de que acabaria o socando por todo estresse que vinha passando. Era fato constatado que amava o moreno, mas era igualmente verdade o quanto Sherlock sabia estressar as pessoas ao seu redor com esse ar de seriedade ao achar que todas as pessoas que estão ao seu redor são como eles: desligadas e despreocupadas com os sentimentos.

Para quem alegava tanto da necessidade da racionalidade, ele tinha sido bem histérico ao mandar o médico para longe de Londres carregando outro nome no documento.

Saía do trabalho em direção a creche de Patricia quando o celular vibrou no bolso do casaco. Achava que era Mrs Hudson respondendo a mensagem que tinha enviado mais cedo perguntando como ela passava. Porém, era de um número desconhecido. Segurou a respiração enquanto uma pontada de esperança o invadiu.

Não pude aparecer no seu aniversário. Sinto muito. – SH

Sem problema. Sinto sua falta. Eu e Pattie. Volte o mais rápido que puder, por favor. – JW

Claro que tinha um problema, um enorme problema, mas ele não conseguia discutir com Sherlock depois daquele “sinto muito”.

John buscou Pattie na creche e voltava para casa ansioso para que o celular vibrasse novamente com uma resposta. Ele sabia que era impossível que o detetive já não tivesse se desfeito daquele número, mas rezava para que ele tivesse respondido a tempo e que Sherlock pelo menos tivesse recebido o recado que tinha enviado.

Uma vibração o tirou dos pensamentos, foi ansioso conferir o celular, mas era apenas Mrs Hudson com a resposta que ele tinha esperado momentos antes, a respondeu gentilmente e pôs o celular dentro do bolso novamente com uma careta. Sentia falta da senhoria no seu dia a dia, ela era doce, amável e de uma enorme valia e não se arrependia de tê-la escolhido como madrinha da filha.

Entrou no apartamento, pôs a filha no chão e jogou a mochila em uma cadeira próxima. Os pensamentos iam até a cozinha pensando se faria algo para comer ou se seria mais viável pedir comida. Mas, quando chegou na sala tomou um susto. Sherlock estava lá em pé parado olhando pela janela do apartamento. John sacudiu a cabeça enquanto fechava os olhos para ter certeza que não estava tendo visões, mas quando abriu os olhos o moreno continuava lá imóvel.

— Por que não avisou que viria? – Perguntou.

— Eu avisei – Sherlock se virou enquanto respondeu, mas sua voz foi engolida pela pergunta do médico que veio de supetão.

— Voltou definitivamente? – John sabia o quanto aquela pergunta era complicada. Sabia que era quase impossível que Sherlock tivesse terminado com a missão, mas tinha sido impossível segurar aquela ponta de esperança. Mas, se antes ele demorara dois anos para (tentar) desmontar a rede de Moriarty e ele nem mesmo estava vivo, como diabos Sherlock poderia ter derrotado agora que aquela mulher terrível tinha tudo sobre controle?

— Não – a resposta veio na forma de um sussurro que John mal ouviu. O moreno sacudiu a cabeça confirmando a negatória. – Todo esse tempo e, por vezes, eu acho que ainda nem comecei, John. – A voz de Sherlock vinha embargada, nervosa. –  Me perguntei várias vezes se estou fazendo a coisa certa ficando longe de você e Pattie.

— Você deveria deixar esse trabalho para as pessoas que tem o trabalho certo... E deveria voltar.

— Mas, você e Pattie... – O Holmes pegou a menina nos braços quando ela se aproximou com um sorriso. Papá, ela disse rindo – Vocês não estão seguros.

— Nós estaremos seguros enquanto estivermos perto de você, Sherlock. Não antes disso.

— Eu não posso...

Você não pode? – A pergunta retórica saiu cheia de mágoa. – Sabe o que eu não posso? Eu não posso mais viver dessa forma. Manchester não é o pior lugar do mundo, mas não é minha casa, nem de Patricia. Nosso lugar é em Baker Street e decidi que vamos voltar.

— Quando você decidiu isso?

— Agora mesmo.

— Por que você é tão teimoso? – O detetive revirou os olhos. – Eu passei um longo tempo analisando os detalhes e vocês estarão mais seguros aqui como eu já te expliquei.

Teimoso? Eu que sou teimoso? Eu já te disse: Nós estaremos bem e seguros quando você estiver por perto.

— Eu já te expliquei que eu preciso

Droga, Sherlock! Sabe o que eu preciso? Eu preciso saber como você está. Não aguento ficar esperando notícia sua por meses a fio. Preciso saber se você está vivo ou não. Porque você pode morrer a qualquer momento e eu não vou ficar sabendo. Porque eu vou continuar minha vivendo sem você por dias a fio até descobrir o que aconteceu e vou me achar a pior pessoa do mundo por isso. Vou me achar horrível por não ter morrido junto com você – John despejava aquilo tudo com raiva. Patricia fez uma careta em sua direção e ele controlou o tom de voz. – Porque depois de tanto tempo segurando o que eu sentia, não quero viver distante do que eu pensei para nós. Se você consegue conviver com isso, eu sinto muito, mas eu não. Nenhum pouco.

O Holmes continuou calado. John achava uma droga aquele tipo de situação porque tinha a sensação que falava sozinho. Sherlock não conseguia funcionar direito quando a tensão do momento envolvia sentimentos. O moreno torceu a boca.

— Se você voltar para Baker Street eu não poderei continuar a missão sem parar de estar preocupado com vocês...

— Para com isso! Droga! Eu já te disse Sherlock. Nosso serviço secreto que tem que cuidar daquela mulher. Não você. Não é sua responsabilidade.

— John, se você fosse racional só um pouco entenderia que eu não poderia fazer isso. O MI-5 se mostrou inútil no caso em que...

— Cala. A. Boca. – O ar no apartamento estava pesado, queimava os pulmões do John quando ele o puxava com força. – Você nem mesmo veio quando era o combinado.

— Você não escuta ou o quê, John? Eu te disse que avisei. – O médico viu Sherlock olhar curioso pelo apartamento até que se aproximou de uma estante e pegou de lá o pequeno pacote do relógio que tinha recebido na data do seu aniversário. Tirou-o de dentro e o jogou para John. – Veja os ponteiros: os números em que pararam são a data de hoje.

— Por Deus, como eu imaginaria que você iria me deixar um recado assim? – Sherlock ficou imóvel e não respondeu nada. – Você mais do que qualquer deveria saber, não é? Já que adora falar por aí como sou medíocre.

— John, o que você...? Eu só não...

O médico se segurou por um instante. Toda aquela raiva que tinha acumulado ao longo dos mesos estava pondo para fora, afinal, se tinha uma coisa que John Watson era, é ser esquentado. Resolveu que era melhor calar a boca antes que falasse algo mais sério e depois se arrependesse.

— Vou me deitar – John olhou em direção a filha, mas viu que ela estava bem com Sherlock. – Amanhã conversamos.

O Watson foi para o quarto dele e se trancou lá. Talvez o outro dia fosse um dia melhor para conversar com o Holmes.

~

Sherlock se jogou na poltrona enquanto ainda segurava Patricia. Era tranquilizador saber que ela estava bem e a salvo. Havia se preocupado com seu bem-estar durante todo o tempo. O cheirinho doce que emanava dela que John sempre falava estava lá. Aquilo o acalmou.

Papá Sherl! – Ela abriu os braços e agarrou dando-o um abraço desajeitado.

— Eu também senti saudade, meu amor. – Aquela palavra fazia cócegas no fundo do peito. Sempre se viu menosprezando o conceito de família e tudo que ela representa. Não que os pais tivessem sido maus pais, mas ele apenas não vinha sentido nenhum naquilo. Mas, depois de tudo que tinha passado ele nunca teria se imaginado que teria uma criança em seus braços a qual amaria tanto. Era verdade que ele ainda não entendia corretamente o conceito de amor, mas aquela devoção que sentia só podia significar isso. Algumas lembranças o atingiram em cheio e ele pôs uma das mãos nos olhos para poder voltar a si. Olhou em direção ao aposento que John entrara e depois para Pattie e continuou assim por alguns segundos, até que gemeu baixinho.

O que eu fui fazer?


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Notas finais do capítulo

Comentários, criticas, sugestões, dicas serão sempre bem vindos.
E não esqueçam que a Nash ama vocês.



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