Dentro do Palácio escrita por sayuri1468


Capítulo 3
Aquele em que Sherlock tenta fugir




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Apesar do misto de sentimentos que o invadiram quando pisou na St. Bart’s, Sherlock decidiu seguir em frente. Como sempre, era melhor ignorá-los. Ele tinha um trabalho a fazer e isso era a sua prioridade.

Mas mesmo com essa convicção, Sherlock não pode impedir que seu coração disparasse a cada passo que dava em direção ao laboratório.  Ela trabalhava lá, e ele sabia que a chance dela estar naquele lugar era de 75%. Ele queria que ela estivesse ao mesmo tempo em que não queria vê-la.

— Bom dia, Sherlock! – falou a garota quando ele adentrou a sala.

— Molly! – respondeu o detetive com um cumprimento seco.

Sherlock se dirigiu até a sua bancada habitual e removeu dos bolsos os itens que precisava estudar.

— Novo caso?

O detetive não pode deixar de notar o tom leve e alegre na voz da legista. Ela estava feliz, verdadeiramente feliz. Sherlock respirou fundo após essa constatação.

— Você está bem animada hoje! – foi o que ele comentou em resposta.

— Não fale isso nesse tom! – a legista disse em zombeteira reprovação – Parece até que isso te incomoda!

— Desculpe! – Sherlock hesitou - Estou feliz que esteja feliz, Molly Hopper!

Molly emudeceu perante essa frase por alguns segundos. A única resposta que conseguiu emitir foi um sorriso para o detetive. O ambiente, os dois notaram, tornou-se pesado, e rapidamente, cada um voltou ao seu afazer.

— Acha mesmo que eu não estou notando? – perguntou uma segunda Molly. Sherlock não respondeu, mas isso não a impediu de prosseguir – Eu consigo ver você, Sherlock!

— Claro que consegue, você está na minha mente! – respondeu o detetive mau humorado em um cochicho.

Depois de responder, Sherlock olhou para o lado, garantindo que Molly não o ouvira. Graças a Deus, ela estava absorta no próprio trabalho.

— Se está magoado, deveria fazer alguma coisa a respeito! – agora foi a figura de John que tomou o lugar de Molly.

Sherlock o ignorou.

— Sherlock, é isso mesmo que você quer? – John insistiu – Se você aceitar isso, sabe que talvez não tenha outra chance de...

— Quieto, John! – Sherlock gritou, assustando a Molly que estava ao seu lado.

John foi embora, mas Molly permaneceu.

— Palácio Mental? – perguntou a legista.

— Sim! – Sherlock respondeu com hesitação e vergonha.

— Acho demais isso! – comentou sorrindo – Eu gostaria de saber como é ter um Palácio Mental!

— Meio esquizofrênico! – respondeu. Molly riu.

— Podemos adicionar esse problema à lista!

A resposta dela arrancou um sorriso involuntário de Sherlock.  De repente, seu coração apertou. Aquela mulher simples, inteligente e doce, que costumava ser dele, estava se afastando.  Mas era isso mesmo que ele queria, não era? Foi ele que a afastou! E foi para o próprio bem dela, isso sem dúvidas! Molly era uma garota extraordinária e merecia a vida que ela desejava. Sherlock sabia que ela jamais teria a vida que ela queria ao lado dele.

— Então, Molly...como vai Lestrade?

Perguntou, iniciando um assunto no qual ele queria tocar desde que a vira.

— Ele vai bem, eu acho! – respondeu com um sorriso enorme no rosto, que Sherlock não pode deixar de notar – É assim tão estranho?

— O que?

— Eu e Greg! Todos estão estranhando o nosso relacionamento!

— Você está?

Molly não respondeu imediatamente. Sherlock reparou nas bochechas levemente avermelhadas da legista e no brilho que seu olhar emitia enquanto pensava.

— Não estranho, mas estou surpresa! Greg sempre foi um grande amigo! Ajudei ele com a ex mulher e ele me ajudava com... – Aqui Molly hesitou. Tanto ela, quanto Sherlock, sabiam o que isso significava. – Todo o resto! – completou, tentando disfarçar o que não precisava.

Sherlock pigarreou, como se estivesse tentando soltar algo que estava preso na garganta.

— Então, já marcaram a data?

Molly olhou-o surpresa por alguns segundos.

— Como soube? Eu tirei o anel para trabalhar!

— Marca de pele! A área do anel está mais clara! Mas claro que John veio me contar as novidades hoje de manhã!

Molly riu. Sherlock pode ver nos olhos da legista aquele brilho de admiração que Molly sempre lhe dirigia.  Fazia tempo que ela não lhe dava esse olhar.

— Você é incrível, Sherlock! – falou a garota.

O detetive sorriu. Um calor em seu peito tomou conta dele. Um calor agradável e reconfortante, que ele não lembrava ter sentido há muito tempo.

 

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— Você está perdendo todos eles, Sherlock!

A voz odiosa que ele tanto evitava ouvir estava ecoando naquele grande espaço escuro e vazio. Sherlock estava de cócoras, com as mãos tapando os ouvidos. A figura de Mycroft se formava, dando uma cara a voz que ecoava.

— Eu disse: importar-se não é uma vantagem!

Sherlock virou o rosto e o ignorou.

— Molls! Qual é, Sherlock?! Molls?! Sério!

A figura de Moriarty se formava do outro lado.  Sherlock o olhou surpreso.

— Ela é bonitinha, mas sabe...não é pra você!

Sherlock fechou os olhos e respirou fundo. Moriarty e Mycroft desapareceram, juntamente com o local vazio. Era seu Palácio, e ele teria o que queria nele. A paisagem se transformou novamente naquele lugar com mar, com cheiro de sal, com vento gelado que ele tanto adorava. Ele abriu os olhos logo que sentiu o frescor bater em seu rosto. Lá estava ela, bem à sua frente. Sherlock sorriu.

— Desculpe, Sherlock! – ela pediu também sorrindo, enquanto lhe esticava a mão – Prometo não soltar dessa vez!

Sherlock não hesitou. Segurou fortemente a mão daquela garota. Ali, naquele lugar, ele não a deixaria escapar. Juntos, os dois passaram a andar pela praia e passear pelo único lugar onde poderiam ficar juntos.

 

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— Há quanto tempo ele está assim? – perguntou Mary ao marido.

Os três Watson’s admiravam o detetive sentado em sua poltrona. Ele estava na posição de lótus e com o olhar fixo há horas, segundo John que havia chego antes da esposa.

— Desde que cheguei! Está em seu Palácio Mental!

— E a lista? – quis saber a esposa enquanto ajeitava a pequena Emma no colo.

— No bolso dele! Já dei uma olhada! Nada em quantidades significantes!

O choro de Emma preencheu repentinamente aquela paisagem silenciosa. Mary anunciou que a fralda estava suja e correu com ela para o banheiro.

— Ele tem feito muito isso! – comentou John sem tirar os olhos do detetive.

— Palácio Mental? – rebateu a esposa no banheiro.

— É! – concordou se levantando e indo até a porta do banheiro. – Por que será?!

— Ele não está em nenhum caso no momento, não é?!

— Não que tenha me contado! Reclamou de tédio no sms, por isso vim pra cá!

Mary pensou um pouco, enquanto passava talco na pele de Emma.

— Fuga, talvez? – disse em voz alta.

— Fuga? De que?

Mary apontou com a cabeça a direção da pequena mesa de centro que ficava entre as duas cadeiras. John deu uma olhada. Pode ver um papel branco, que ele mesmo já havia recebido, com letras douradas que marcavam “Casamento de Molly Hopper com Greg Lestrade”.


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