Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 46
Capítulo 46




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As aulas tinham ficado cheias. A Diretora fora para Hogwarts para uma reunião dos diretores, Raoni ficara em seu lugar, ele era tão calmo quanto ela, mas fazia questão verificar tudo que acontecia em todas as aulas. Neville ainda estava pela escola e começaram uma pesquisa usando uma de nossas plantas. Eu o ajudava com uma coisa e outra, mas eu tinha mesmo era que me focar nas crianças. 

Depois da noite de retorno do Draco, pesquisei sobre o ocorrido. Li algumas reportagens que o tinham estampado em uma enorme foto em que ele se protegia dos flashes. Me pergunto como não fiquei sabendo disso, porquê ninguém me informou sobre esse ocorrido. 

Em uma das reportagens dizia que Hermione Granger tinha feito a investigação e ela constatou que fora um acidente e nada tinha sido culpa do Draco, mesmo que tenha saído um laudo detalhado as manchetes ainda o estampavam como culpado. A última que li dizia que Draco estaria fugindo para o Brasil para não ter de responder pelos seus crimes. Me perguntei como deve ter sido dificil para ele viver daquela forma, sozinho ainda por cima. 

Nos dias seguintes quando o encontrei não toquei nesse assunto com ele, existem coisas que são melhores se não comentadas e essa era uma delas. Preparei um estrogonofe congelado para nós dois. Servi para mim e para ele que dormia no sofá. Os papéis de suas pesquisas sobre a mesa e o chão. Mesmo afastado do trabalho ele continuava a trabalhar. Abri espaço na bagunça e coloquei nossos pratos, abaixei na frente dele.

— Draco... - eu o balancei - O jantar está pronto - ele abriu os olhos sonolento e sorriu.

— Acho que eu dormi - ele falou me fazendo rir.

— Eu tenho certeza que dormiu - ele se sentou e eu estiquei o prato - Cuidado que está quente.

— Obrigado.

Comemos em silêncio. Ele ainda parecia bem sonolento.

— Acho que vou me deitar - ele falou espreguiçando - Desculpa te deixar sozinha.

— A casa é minha, fique à vontade - falei rindo. Ele se despediu e foi deitar. Arrumei alguns papeis. 

Separei em algumas pilhas as papeladas e encontrei algumas cartas. Eu não deveria lê-las, sei disso, mas eu sou curiosa, sempre fui. E como podem imaginar a curiosidade foi pior. Muitas das cartas não eram do trabalho e sim de uma tal Hermione Granger, eu as coloquei em pilhas separadas. Mas não pude fazer isso sem deixar de ler algumas, princialmente as que diziam que ela e Ronald Weasley estavam se divorciando. Não que fosse uma surpresa para mim a separação dos dois, o que realmente me era surpreendente, era ela relatar isso ao Draco e a julgar pela quantidade de cartas e as datas, ele a respondia, do contrário ela já teria desistido de conversar com ele. Depois de tudo arrumado fui para meu quarto. Levantaria cedo para voltar a escola.

 

Saí deixando o café da manhã pronto, mesmo que quando ele levantasse já fosse estar frio. Dessa vez deixei a vassoura no meu apartamento para economizar com o estacionamento. 

Pensei em passar na casa da minha mãe, ela tinha voltado de viagem e ficaria uma fera se soubesse que fiquei na cidade, mas não fui visitá-la, porém eu já estava atrasada para minha primeira aula e levaria uma bronca do Raoni.

Assim que pousei no pário os alunos já começaram a comentar do meu atraso. Eu os ignorei e fui para minha aula que, claro, não tinha ninguém. Arrumei as coisas para a aula seguinte quando Neville entrou e pareceu surpreso em ver a estufa vazia.

— O que aconteceu?

— Perdi a hora - falei rindo.

— Você nunca perde a hora. - ele falou sorrindo - Isso é novidade.

— Eu não passei a noite aqui - falei pegando um vaso grande que Neville me ajudou a colocar na mesa.

— Ah é? - confirmei pensando no que mais ia precisar para a próxima aula - Passou a noite com o Malfoy? - eu o olhei.

— Ele está na minha casa, então é normal eu passar a noite lá.

— Claro que é, eu só... - eu o observei - Esquece.

— Para ajudar a esquecer que tal me ajudar com esse saco de esterco - apontei para o saco de dez quilos, ele riu - Os alunos vão por a mão na massa hoje.

Separei as luvas e as coloquei sobre a mesa, vários vasos separados por espécies. 

Quando a turma chegou informei que iriam se dividir em grupos e escolher uma planta. Eles o fizeram. Expliquei o que fariam, eles me encheram de perguntas que eu apenas respondi de forma curta, porque o que aguardava por eles era um trabalho sobre a planta escolhida e o produto utilizado para cuidar delas. Neville nos assistia, as crianças enfiavam a mão nos sacos de esterco, misturavam na terra e na água, era engraçado. Algumas reclamavam do cheiro, outras pareciam nem senti-lo.

Quando todos acabaram informei o que fariam. Teriam duas semanas para me entregar o trabalho e aconselhei que lavassem bem as mãos. Eles ficaram irritados com isso.

— Vão ficar ainda mais quando descobrirem no que você os fez meter as mãos - Neville falou rindo - E alguns nem mesmo usaram as luvas.

— Eu dei a dica - dei de ombros e comecei a arrumar tudo - Precisa de ajuda com a pesquisa?

— Acho que vou aceitar sim.

Fui com ele até o pátio, a enorme árvore ainda estava em seu centro bela como sempre, em volta dela várias marcações em pequenas placas, todas anotadas a mão, a letra do Neville. Ele estava catalogando as reações da planta a algumas substâncias.

As placas eram avisos aos alunos, cada dia uma nova.

 

Ao anoitecer fui para o meu quarto e me surpreendi com uma mensagem no celular. O número era da Carla, porém quem assinava o final da mensagem era Jorge Weasley. Eu precisei reler aquilo para ter certeza.

"Sei que você e meu irmão nunca foram muito próximos e que faz anos que não se falam, mas el está péssimo  e pensei que você conhecedora das artes trouxas de distração poderia ajudá-lo. 

Rony está passando por um divórcio não muito feliz (não que esteja tudo dando errado, porque sabemos que a Hermione nunca faz as coisas erradas), porque ele não queria se separar, mas sabia que nada poderia continuar bem se ficassem juntos. Agora que as crianças já estão crescidas eles se sentiram a vontade para dividir os bens sem prejudicar um ao outro.

ele e Harry devem estar indo para *********###### na próxima noite, se puder encontrá-los antes que façam alguma besteira eu agradeceria. 

Eu cuidaria dos dois, mas estou e uma convenção e bem... Eu não cuidaria deles.

 

 

                                                                             Com carinho, Jorge W."

Eu não pude evitar um riso ao final dessa mensagem. Nunca pensei em receber algo assim. 

Olhei meu calendário, eu poderia passar em casa, dar um oi para o Draco e então ir atrás dos dois. Seria rápido e apenas uma noite de farra não me mataria. De acordo com minhas anotações eu não teria aula no dia seguinte o que me permitiria curtir uma ressaca. O que é outra coisa que nunca imaginei pensar que faria.

Separei uma roupa para a noite. Uma bolsa com bastante dinheiro trouxa e telefones de segurança. Peguei a chave do meu apartamento e saí.

Pousei minha vassoura de fora do prédio, subi as escadas de forma desajeitada. Destranquei a porta empolgada e logo toda a minha empolgação se foi. Dois rostos surpresos me olhavam e eu deveria estar péssima, porque eu não esperava ver o que estava a minha frente, eu até tinha pensado em levar Draco comigo, mas diante aquela cena eu já saberia da sua resposta.

— Agnes? - a bruxa mais brilhante de gerações pareceu surpresa - Você tem a chave daqui?

— É o apartamento dela - ele falou se levantando - Eu não sabia que você viria para cá hoje a noite.

— Eu não ia vir - olhei Hermione - Ia te chamar para algo, mas você está com visita - falei e dei o pior sorriso da minha vida. - Aproveitem a noite.

Falei saindo pela porta e a batendo mais forte do que eu gostaria. 

Desci as escadas correndo e ainda podia ouvir os gritos do Draco por mim. Acionei um dos portais e pensei no bar que Jorge tinha me falado. Pensei com todas as minhas forças. Assim que surgi ali de frente, entrei, me joguei na mesa dos meninos que se assustaram.

— Me vê três doses, por favor - falei e eles me olharam assustados. - O que foi?

— Pedi ao jorge para mandar alguém responsável - Rony falou rindo.

— Eu até poderia ser essa pessoa há uns oito anos atrás - eu sorri para ele - Mas essa é a noite de afogar as magoas, não é? - olhei os dois e ri - Harry - ele me olhou, percebi que apenas bebia uma cerveja - Meu celular tem todos os números que você vai precisar para tirar nós dois desse bar mais tarde.

— Acho que eu sou o responsável da noite, então?

— Que bom que entendeu - pedi mais uma rodada.

 

Dizer que eu estava ruim no final da noite não é descrever corretamente o que aconteceu naquela mesa. Nós três conversamos sobre muitas coisas. Eles me contaram muita coisa do tempo de escola, eu contei algumas de minhas coisas. Foram trocas legais, eu imagino, mas que não nos lembraríamos depois de tudo. Mas valeu a pena, conseguimos desabafar bastante. 

Eu lembro de alguém ter ido se encontrar conosco e nos levar para algum lugar. 

Acordei no meu quarto da escola, eu estava bem coberta e com a mesma roupa da noite anterior, minha cabeça estava péssima. Eu desci da cama e tropecei em algo que logo descobri ser alguém que grunhiu quando pisei nela. Olhei para a cabeça vermelha que fugia aos cobertores, levei tempo para assimilar tudo. 

— Rony? - ele grunhiu - Como você...?

— Eu não lembro de nada - ele falou de dentro da toca de cobertor - Só lembro que você quase mordeu uma caipora - ele destapou a cabeça e riu, foi um riso bom de ouvir, ele fez careta, a ressaca não era só minha.

— Eu, o quê? - eu me sentei na cama, ele se esforçou para sentar e riu ao conseguir, me olhou.

— Não lembro direito, mas lembro que uma caipora tentou nos impedir de entrar e você ameaçou mordê-la caso ela não saísse da frente.

— Pelo menos eu não mordi - falei rindo.

— Você correu atrás dela. Você deve ter dado trabalho ao Longbottom.

Eu ri e logo me senti envergonhada, Neville não deveria ter me visto no estado em que eu estava. Eu estava fora do controle.

— Beber nos dá uma coragem inimaginável - Rony falou e se levantou, eu o segui - Eu deveria encher a cara para desfazer os ninhos de aranha lá de casa.

— Não dá tanta coragem - falei rindo - Vamos comer algo.

Já era quase hora do almoço.

Os alunos corriam para cima e para baixo, alguns atrasados para as aulas, outros querendo pegar o melhor lugar na mesa para comer.

— Podemos fazer nossos pratos e trazer para cá - falei depois de lavar meu rosto e ver o tamanho das olheiras que cobriam a parte inferior dos meus olhos.

— Vou agradecer - ele falou fazendo careta.

Nos servimos e voltamos para o quarto, nos sentamos na minha cama e comemos.

— Se sente melhor? - perguntei depois de terminarmos.

— Em relação ao divórcio? - confirmei, ele me analisou e riu - Lembro de você toda confusa com relação aos ocorridos com o Morfino, agora somos amigos de bar, está ai algo que nunca imaginei. - eu ri com ele e coloquei nossos pratos no chão, nos dando maior espaço para conversa.

— Muita coisa pode mudar em alguns anos.

— Pois é - ele suspirou - Eu sabia que não daria certo - eu o observei com a melhor atenção que a ressaca me permitia - Hermione sempre foi alguém muito forte e determinada, eu nunca fui tão forte assim.

— Não foi o que eu estudei sobre você - ele riu.

— Mas a relação tendia sempre para a grande Hermione Granger e seu marido - ele apontou para si - Acho que ela sempre foi grande demais para alguém como eu.

— Sei como é isso - ele me analisou.

— Nos últimos meses quando tudo começou a desandar eu percebi que ela escrevia algumas cartas, ela já tinha esse costume antes, gostava de conversar muito com a Gina, mas agora era diferente, ela usava a própria coruja, não a nossa, eu desconfiei de alguém além de nós dois, mas isso não seria algo da Hermione. Até que um dia eu encontrei uma das cartas dele.

— Draco... - eu falei meio cansada, ele me olhou e confirmou.

— Ele a respondia sempre com as palavras certas, eu imagino, e sempre com urgência, também. As cartas não apresentavam muita distancia de datas. 

Eu lembrei das cartas da Hermione que eu tinha organizado no meu apartamento.

— Acho que os dois usaram um ao outro como forma de desabafo - falei lembrando da Granger no meu apartamento antes da noite em que eu apaguei - Mas, e como estão as coisas entre vocês dois?

— Bem, até. - ele riu - eu pensei que ia ser uma briga só, mas nós nos damos bem demais. - eu ri - Tudo deu muito certo. - ele deu de ombros.

— E por que quis encher a cara no jeito trouxa?

— Eu precisava experimentar - ele riu - Eu queria marcar o início da nova era.

— A era do idiota? - olhamos para quem estava na porta, Neville se juntou a nós - Sério, eu não faço ideia do que vocês tinham na cabeça ontem a noite para beber tanto - ele me olhou e riu - Você é a pior pessoa bebada.

— Acontece - eu ri - E me desculpo se dei muito trabalho.

— Não, foi divertido - ele nos observou - Só que ele morreu aqui e eu não consegui tirá-lo sozinho e você disse que dormiria com o cabeça de fósforo, alguém precisava ficar de olho nele e apagou. 

— Ótima segurança - Rony riu - Mas como soube onde estariamos? - ele me olhou.

— Jorge me mandou uma mensagem informando onde você passaria a noite - falei rindo. - Vamos da ruma volta para ver se curamos essa ressaca.

Saímos do quarto ainda conversando sobre nossas vagas lembranças da bebedeira. Neville parecia não acreditar no que ouvia que tinhamos feito e eu não acreditava em alguns pontos da lembrança do Rony.

— Você desafiou dois caras para ver quem bebia mais - Rony contou rindo - Os dois cairam primeiro que você e...

— Ronald? - ainda rindo olhamos para a voz que o chamava. Hermione e Draco estava ali parados, parecendo confusos com aquela reunião.

 - Mione... - Rony sorriu simpático, eu admiro a coragem desse homem sem álcool.

— O que faz aqui?

— Ahm... Isso é meio complicado de dizer - ele me olhou pedindo ajuda.

 - Ele é meu convidado - falei rindo - Depois da noite de ontem ele precisava de um lugar para dormir.

— E eu fui o motorista - olhamos Neville, ele encarava Draco - esses dois não tinham condições de sair do bar sozinhos.

— Bar? - Draco me olhou - O que foram fazer num bar?

— O que as pessoas costumam fazer - dei de ombros - beber, encher a cara, essas coisas.

— Você não é disso...

— As vezes precisamos fazer algo fora das nossas próprias regras, Malfoy - ele franziu o cenho - Ah! - olhei meus dois companheiros - Na estufa tenho um ótimo chá para curar ressaca.

Levei os dois até a estufa comigo. Coloquei a água para ferver e peguei um dos vasos, cavuquei um pouco e cortei um pedaço da raiz.

— O que é isso? - Rony perguntou.

 - Gengibre. Ele ajuda nosso organismo a eliminar mais rapidamente o álcool e espero que ajude a combater essas nossas caras mortas.

Ele ficou ao lado de Neville esperando eu terminar de preparar, servi uma xícara para cada um. Neville queria experimentar.

— É forte - fizeram um pouco de careta.

— Um pouquinho.

Depois que terminamos Rony me olhou.

 - Você sabia dela?

— Sabia sim - falei recolhendo as xícaras - Ontem eu fui chamar o Draco para ir comigo até você e o Harry e ela estava lá, no meu apartamento.

— Isso explica muita coisa - Neville falou e espreguiçou - Acho que vocês deveriam descansar um pouco. Mais tarde levo mais chá para vocês.

Eu não entendi o comentário do Neville, mas eu não recusei poder descansar mais. Eu preciso estar cem porcento para o dia seguinte. Rony deitou na cama ao chão e voltou a dormir minutos depois. Eu me enrolei em vários cobertores, mas não conseguia dormir. Peguei eu material e comecei a preparar as aulas. Bateram na porta, fui abri-la. Longbottom segurava uma bandeja com xícaras e o chá já pronto.

— Pensei que estaria dormindo.

— Bem que eu tentei. O Rony dormiu por nós dois. - ele riu.

Abri espaço entre os papéis e ele se sentou. Acordamos o ruivo que sonolento aceitou a bebida quente.

Ficamos conversando mais um pouco quando bateram na porta do quarto, ela estava aberta e era só a pessoa entrar. Hermione estava parada com Draco ao seu lado como um fiel escudeiro. 

— Posso falar com você? - ela olhava Rony.

— Claro - ele se levantou e me entregou a xícara.

Draco entrou e fechou a porta como que deixando os dois sozinhos. Ele fitou nós dois na cama e se aproximou, sentou na cama do Rony.

— Quanto você bebeu?  - eu o olhei.

— O suficiente. - falei assoprando o líquido quente.

— Não, mais do que isso - Neville falou - Muito mais do que o suficiente.

— Talvez eu tenha passado um pouco o meu limite.

— Não, você passou muito, Ag. Quando o Harry me ligou eu nem acreditei que ele estava falando de você.

— Pois é... - eu ri.

— Por que o Harry ligou para você? - Draco olhou Neville.

— Discagem rápida do meu celular - falei sem olhá-lo - O número dele está na discagem rápida.

— O número do Longbottom? Por que o dele?

— Porque ele seria a melhor pessoa para me resgatar - falei e olhei o loiro - Pense bem, ele não tinha que tomar conta de ninguém, ele não tinha nenhum compromisso, ele não está envolvido com nada duvidoso - Draco me fuzilou - Por que, mais, você acha que o dele está na discagem rápida?

— Entendi - ele se levantou - Sobre ser envolvido com algo duvidoso, acho que você não viu a noticia do jornal... Mas tudo bem, eu entendo, estava se recuperando da ressaca. - ele olhou Neville - E você não se preocuparia me mostrar isso a ela, não é? 

Ele saiu do quarto, eu o observei.

 - Meu número está mesmo na discagem rápida? - Neville me olhou enquanto eu ligava o computador.

— Não... O dele está.

— E porquê foi para mim que Harry ligou?

— Porque ele não sabia que o Draco estava aqui. - falei lendo a manchete.

Draco fora acusado de um ataque na cidade, ele teria de retornar a Inglaterra para depor e pelo que a noticia indicava ele seria preso. Mas a data e horário de ataque não batiam com nenhum momento em que ele estava sozinho. Era nos meus dias de folga, logo, os dias que eu tinha passado 24 horas com ele.

— Droga!

Saí do quarto, Neville me acompanhou. 

— Droga! - minha vassoura não estava ali. - Rony! - ele saia pelo portão principal - Você está indo para a cidade?

— Estou. Quer carona? - confirmei.

Ele me deixou de fora do meu prédio, subi as escadas correndo. Destranquei a porta, o apartamento estava vazio. Revirei os papéis ali de dentro e encontrei os estudos do Draco. 

Busquei mais um pouco e encontrei uma carta de acusação, tinha o local onde ele seria julgado. Busquei e encontrei na única planta daquele lugar algo inesperado.

— Obrigada, Hermione!

Fui até o mercado próximo, comprei os ingredientes da lista da Hermione, os preparei como ela instruiu. Os joguei na pia, mergulhei meu braço e depois minha cabeça, o outro braço e por fim minhas pernas. A bolsa quase caiu quando eu comecei a queda livre. Levei muito tempo para entender que aquilo era um portal. Pensei no endereço do lugar do julgamento, o cenário começou a mudar. Eu estava de fora do prédio, entrei correndo, peguei o elevador, parei de fora da sala de julgamento. E lá estava ela encostada a parede.

— Achei que não tinha funcionado!

— É da Hermione, sempre funciona - falei a fazendo rir - Estou muito atrasada?

— Não - ela me fez parar - Ele vai gostar de saber que você veio.

— Espero que esteja certa.

Entrei na sala de julgamento. Todos os bruxos ali dentro me encararam. Ao centro Draco que me observou sem entender o que acontecia. Balancei a varinha e todos os papeis começaram a voar pela sala, o juiz lia tudo bem rápido e quando os papeis se organizaram em sua mesa ele me encarou por cima dos óculos.

— E quem é você? - ele perguntou.

— Agnes, sou a responsável legal pelo Draco Malfoy.

— Agnes, não...

— E tenho provas de que ele não estava nos locais do ataque naqueles dias e horários?

— E como espera que acreditamos em você?

Rony entrou carregando algo que eu não conhecia, nunca tinha visto antes. Levou até o juiz que o observava com cuidado. O ruivo veio até mim, com a varinha tirou algo, era um fio preto, foi até o recipiente e o mergulhos nele. O juiz afundou a cabeça, ficou alguns instantes assim. Eu não conseguia tirar meus olhos dele.

— Draco Malfoy é considerado inocente - ele bateu. 

Eu finalmente respirei aliviada, Draco relaxou as costas. Neville passou pela porta junto de Harry e Hermione, os três olhavam nós três. 

— Foi muito arriscado - Draco veio até mim.

— Eu sei que foi. - sorri - Mas teria valido a pena.

— Ser mandada para Azkaban por uma coisa que não foi culpa sua?

— Por alguém com quem me importo, Draco. - ele sorriu.

— Você é muito descuidada - ele falou e abaixou até sua cabeça ficar da altura da minha. Eu observava seus olhos cinzentos. - Obrigado. - ele me beijou, não foi como nosso primeiro beijo, foi algo diferente, algo completamente diferente. Depois de tanto tempo era até estranho.

Quando nos separamos eu lembrei das pessoas a nossa volta.

— Isso merece uma comemoração - Hermione falou sorrindo - Eu pago as cervejas.

— Ah, não! Eu não aguento mais álcool no meu sangue. - falei a fazendo rir - E, Hermione, - ela me olhou sorridente - Obrigada.

— Eu não fiz nada, você foi quem fez tudo, Ag.

— Mas o portal...

— Estava em fase de teste, você foi quem o concluiu. - eu a encarei, ela ria - Harry, Rony - ela pegou a mão dos dois - pelos velhos tempos.

Neville foi conosco. Ele não estava feliz de estar ali e eu percebia isso em seu olhar. Eu o cutuquei por debaixo da mesa e apontei para fora do bar, ele foi e eu o segui.

— Eu deveria ter imaginado que seria ele - Neville falou e sorriu.

— Eu queria ter sabido disso antes - falei sorrindo - Mas você precisa saber que foi muito especial para mim todo o nosso tempo juntos.

— Para mim também - ele pegou minha mão. Sorri para ele - Mesmo você estando com o Malfoy, você vai me ajudar com a árvore? Não que eu precise de ajuda, mas ela não está gostando muito de mim e...

— Sempre vou te ajudar, professor. - ele sorriu.

Nos abraçamos e voltamos par ao grupo que comemorava.

 

~*~*~*~*~*~*

— Agnes, corre ou vai se atrasar! - minha mãe me gritava.

— Calma, mãe, esse vestido não quer fechar, tem certeza que pegou o certo?

— Eu nunca erro, querida.

Depois de finalmente fechar a droga do vestido saí do quarto.

— Você está linda - ela falou - E atrasada. Sei que falam que e chique a noive se atrasar, mas isso já é demais.

— Desculpa.

Entramos no carro. 

De fora da igreja todos já estavam prontos para entrar. 

— Preparada? - ela perguntou nervosa.

— Sempre - ela riu.

Draco me deu o braço.

— Você está linda - ele falou no meu ouvido.

— Obrigada, mas hoje o foco é na mamãe - ele riu - Nem acredito que estou no casamento da minha mãe.

Draco me deu um beijo que eu retribui enquanto um chute acertava minha barriga de dentro para fora, eu fiz careta o que fez o loiro rir.

— Tem certeza que vai ficar tudo bem? Não quero meu afilhado mal lá na frente - Neville falou rindo.

 -Seu afilhado? - Rony o encarou - Ele vai ser meu afilhado.

— Vão logo - Hermione e Gina brigaram - Você está linda, Ag.

— Carla! Achei que nunca chegaria - minha mãe brigou com minha melhor amiga.

— Não me culpe tia, o Leo não saia do banheiro. - olhamos seu marido, ele estava vermelho de vergonha. - Todos já chegaram?

As portas se abriram de forma ruidosa, entramos na igreja...

Engraçado como tudo tinha acontecido, como tudo tinha acabado e as voltas que foram dadas. 

Eu nunca pensei que veria minha mãe se casando e que isso aconteceria comigo grávida de nove meses. Muito menos que meu pai estaria no casamento da minha mãe junto da esposa também grávida. 

O padre estava no meio da cerimônia quando agarrei o braço do Draco com força. Ele me olhou sorrindo, mas logo a tranquilidade dos olhos cinza sumiram dando espaço para um misto de susto, medo, surpresa e alegria.

 - O quê... - ele quase gritou.

 - A bolsa... - falei meio rouca.

— Draco, querido você está... - minha mãe brigava com ele quando me olhou - Ai Minha Querida! - ela olhou em volta - Quem aqui veio de carro? - ela gritou.

Draco me levantou nos braços e correu atrás do meu pai, minha mãe vinha atrás.

— Não, mãe! Se casa, depois você conhece o bebê.

Ela parou no meio do corredor, eu mandei um beijo e encarei seu novo marido.

— Acho bom você cuidar bem dela ou eu chuto sua bunda.

— Ela está brincando, né? - ele olhou minha mãe e a Carla.

— Não duvide das palavras dela - Carla falou rindo.

 

 

Tenho que dizer que o parto foi pior do que todas as torturas do Morfino e que em alguns momentos eu realmente gritei para o Draco arrancar aquela coisa de mim o que o fazia rir. Mas quando tudo acabou foi tranquilo. Eu estava tão cansada que acabei dormindo antes de ver o rosto do bebê. 

Quando acordei meu quarto estava cheio e pequena criatura estava no colo do pai. Draco o levou até mim. Os cabelos eram escuros como os meus, mas os olhos cinzentos eram, indiscutivelmente, do pai. Eu o olhei, era a  coisinha mais frágil que eu já segurara na minha vida inteira.

— Ele é lindo - falei observando aqueles novos olhos cinzentos que eu seria capaz de dar minha vida para vê-lo feliz.

— Pensou em um nome? - Draco beijou minha testa.

— Vocês ainda não deram um nome? - Neville nos ouviu.

— Peace... - olhei Draco - Acho um bom nome.

— Peace? - Draco me observou curioso.

— É como me sinto agora - eu encostei no ombro do loiro - E ele transmite isso para mim.

— Certo. - ele me abraçou.

— Agora, o mais importante - Rony falou se sentando aos meus pés - Quem vai ser o padrinho e a madrinha dele? - olhei Draco, ele ria.

— A madrinha, claro, vai ser a Carla. - ela me olhou espantada, eu sorri - E o padrinho, bom, eu queria um e a Ag outro, mas pensando bem o terceiro seria a melhor pessoa. - eu sorri.

— Neville... - ele me olhou - Você aceita ser o padrinho do Peace?

— Eu não entendo direito essa coisa trouxa de madrinha e padrinho, mas aceito sim, se isso for importante para você... Vocês. - ele olhou nós três. - Posso segurar meu afilhado? - ele pegou Peace no colo e sorriu.

Não vejo a hora de poder ir para casa e curtir com minha família esse momento de calmaria finalmente.


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