Eu não Amo Chuck Bass escrita por Neline


Capítulo 38
Voltando para casa


Notas iniciais do capítulo

Enjoy :*



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O carro parou em frente a casa de verão dos Van Der Woodsen. Eu abri a porta, com o óculos de Sol em meus olhos, e quase suspirei. Estava em casa. O lugar era enorme, no mesmo estilo arquitetônico da Casa Branca, e eu mal via a hora de me jogar na piscina que ficava nos fundos. Cruzei o grande quintal a passos largos, porém lentos, observando tudo dali. Lembrava de ter passado muitos verões naquela vizinhança, antes da minha vida ter dado as várias voltas que deu. Meus  4 meses de casamento já pareciam bem distantes, e a ida a Londres parecia cada vez mais um pesadelo. Eu gostava do Sol, das mulheres de shorts curtos regando as flores, dos cachorros latindo para os spriklers e do cheiro de grama recém-cortada. Gostava da varanda grande e do som da campainha. A toquei, e esperei cerca de 1 minuto para o lado de fora, depois do longo grito de "Já vou!" que Lily deu.

- Oh, Chuck! - Ela exclamou assim que abriu a porta, me dando um abraço apertado logo depois. Tive que sorrir.

- Como vai? 

- Bem querido, melhor agora. - Ela me estudou bem devagar, dos pés a cabeça. - Não mudou nada. - Eu quis dizer que 4 meses não eram tempo o suficiente para mudanças drásticas, mas me contive. Minha camisa polo e minha bermuda eram o tipo de roupas que eu sempre usava no verão, e eu não tinha nenhuma marca nova no rosto. Estava, talvez, um pouco mais pálido, mas pareceu um detalhe irrelevante.

- Não vai me convidar para entrar? - Eu disse em um tom brincalhão, arqueando uma sobrancelha.

- Mas é claro, você sequer precisa de convite. Entre! - A sala continuava do mesmo jeito. Elegante, clara... Sentei-me no sofá da maneira mais confortável que pude, me jogando sem prudência. Lily logo se juntou a mim, com dois copos de suco de abacaxi, e estendeu um para mim. - Então, me conte sobre os últimos meses. - Suspirei, dando uma resumida em toda a história. Os negócios, as festas, as brigas com Analisa... Ela apenas assentia, com um leve sorriso no rosto.

- Não é engraçado. - Eu murmurei no fim da história, vendo que agora, ela sorria abertamente.

- Não me entenda mal. É apenas um tipo de satisfação interna por saber que eu estava certa desde o inicio. Charles, eu não deixei de ir no seu casamento pela distância ou por falta de aprovação. Eu simplesmente sabia que não ia dar certo, assim como sabia que você não ia desistir da ideia. Eu tinha certeza que era uma questão de tempo para você voltar, mas para isso, ia precisar quebrar a cara primeiro. - Suspirei, tentando me irritar, mas sabia que ela tinha razão. 

- Guarde essa alegria, então. Mas me conte, por que a urgência da minha volta? - Lily fechou a cara, e olhou para o chão. - Diga.

- Não é algo que eu possa contar. Você precisa ver por si mesmo. - Franzi o cenho.

- Quanto suspense. Só diga logo.

- Escute... Vá até a casa de verão dos Waldorf. - O que? - A confusão me tomou. Tinha algo a ver com Blair, certamente. Eu havia pensando em procura-la. É claro que faria isso. Agora tenho certeza de que não a felicidade sem ela, e mesmo que tenha tomado tempo pra caralho antes de notar isso, eu sabia agora. - Faça isso. Vá agora, enquanto Eleonor está no clube. Dorota vai te deixar entrar. - Encarei Lily. Ela me encarava, preocupada, mas eu soube que ela não me diria nada pela linha rígida que seus lábios formavam.

- Tudo bem. Até mais.

A casa dos Waldorf era muito parecida com a de Lily. Era, porém, feita de tijolos de barro, de davam um ar colônial, rústico e ao mesmo tempo extremamente elegante. Os jardim estavam todos floridos, e a casa ficava a uma quadra da onde eu estava. Fui a pé. Aproveitei para arrancar algumas tulipas de um vizinho no caminho, fazendo um buque improvisado de tulipas coloridas, segurando-o com firmeza. Avistei de longe a empregada gordinha no quintal, correndo atrás de um buldogue francês. Handsome, o cachorro da Blair, simbolo da Yale, faculdade que ela frequenta e a única coisa que ela desejou mais do que desejou a mim. Dorota estava tão entretida na sua perseguição, que não notou quando eu abri o portão de madeira e caminhei pelo trilho até a varanda, me recostando em um dos pilares e observando sua corrida patética atrás do cachorro que se enfiava no meio dos arbustos.

- Boa dia, Dorota. - Ela se virou rapidamente, e ao colocar os olhos em mim, empalideceu. 

- Senhor... Senhor Bass?

- Em pessoa, obrigado. - Falei com um grande sorriso.

- O senhor deveria estar em Londres. - Ela disse em um tom repreensor e assustado.

- Não, não deveria. - Respondi, erguendo as flores. - Vim trazer isso para Blair. Ela está?

- Não. - Ela respondeu, rápido demais. - Está em NY. 

- Vamos lá Dorota, você é uma péssima mentirosa. - Falei, me aproximando. - Deixe-me explicar. Eu me separei da minha mulher e peguei o primeiro voo disponível até aqui. Vim por ela. - Não era de toda verdade, mas certamente, não era uma mentira. -  Por favor, me deixe entrar. Só quero falar com ela, prometo. - Ela me encarou. Parecia tão assustada quanto indecisa. 

- O senhor já sabe? - Suspirei. Deduzi que ela estivesse noiva, desde que Lily me disse para vir até aqui. 

- Sim, eu já sei. - Ela suspirou, e assentiu.

- Então é justo que o senhor entre. Na Polônia, nós sempre dizemos: o que é certo, é certo. Suba as escadas, e entre na terceira porta a direita. Eu vou pegar esse monstrinho antes que ele destrua as madresilvas da senhora Waldorf e ela me demita. - Falou, se esgueirando entre os arbustos e me deixando sozinho. Abri a porta e subi as escadas com o coração na mão. A porta que Dorota indicou estava meio aberta, e eu conseguia ouvir gargalhadas vindas do quarto. Eu as conhecia. Pertenciam a Blair e a Serena. Escutei a voz familiar de Barbra Streisand, e imaginei que elas estivessem assistindo um dos filmes pela milésima vez. E me senti mais calmo. Continuava tudo igual. Blair, Serena, filmes antigos, hamptons, Dorota, Lily, eu... Tudo igual. Parei em frente a porta, e bati de leve antes de empurra-la.

- Olá. - Murmurei, e as duas automaticamente ficaram estáticas. Estavam de pé, cada uma com uma escova de cabelo na mão, enquanto Don't Rain On My Parede ecoava pelo quarto. Eu analisei Blair. Os cachos castanhos revirados, uma camisola cor-de-rosa e pés descalços. E uma barriga enorme.

- Chuck. - Ela murmurou como se estivesse vendo uma assombração.

- Blair. - Respondi no mesmo tom. Serena nos encarou, como se estivesse prestes a ter um infarto. Eu dei poucos passos, adrentrando o quarto, sem desviar os olhos de Blair. Deixei as flores encima do criado-mudo, confuso demais para entrega-las.

- Eu... vou deixar vocês conversarem. - Blair agarrou o braço da amiga, desviando o olhar de mim.

- Não, você fica. Não tenho o que falar com o Bass.

- Eu não voltei de Londres por nada. - Falei, seco, sentindo meu rosto começando a queimar.

- Você sabe que eu não tenho o que falar com ele. Fique. - Blair falou no mesmo tom autivo e prepotente de sempre, mas parecia nervosa. A ponto de chorar.

- Isso. Fique. Nós vamos conversar em outro lugar. - Blair se virou para mim, com o queixo erguido e as mãos na cintura.

- E quem disse que eu vou a algum lugar com você, Bass? - Senti meu sangue ferver de vez, ao vê-la toda metida com aquela barriga enorme praticamente me condenando. Ignorei.

- Ou você vai por bem, ou te arrasto pra fora. - Falei, quase soando insano, e percebi que daquela maneira não conseguiria nada.

- Você não teria coragem. - Ela murmurou, me encarando, soando irritada.

- Paga pra ver. - Respondi. Ficamos nos encarando por quase um minutos, em silêncio. Eu analisei cada aspecto de seu rosto, e senti o cheiro dela, mesmo de longe. Caralho, como eu senti falta dela.

- S., me espere na sala. - Blair disse, decidida, sem desviar os olhos de mim.- Tudo bem. Qualquer coisa, me chame e eu venho correndo. - Serena disse, saindo do quarto e fechando a porta atrás de si.

Blair sentou-se na cama, pausou o filme e me encarou. Eu estava parado no mesmo lugar, encarando-a com um olhar idiota e surpreso que deveria ser patético, mas eu não conseguia evitar.

- Está grávida? - Perguntei, soando espantado. Eu estava, na verdade, mas não queria deixar transparecer. 

- Não, só anormalmente gorda. - Ela respondeu, irônica, cruzando as pernas com um sorriso torto no rosto.

- De quem é a criança? - Perguntei em tom controlado, e ela abaixou a cabeça. - Eu vou perguntar mais uma vez: De. Quem. É. A. Criança? - Novamente, ela não respondeu. - Você está noiva? - Quase gritei. - Esse filho é do Nate?

- Deixe de ser estúpido. - Ela finalmente respondeu, fazendo um gesto de descaso com a mão. - Eu sei que matemática nunca foi seu forte, mas faça um esforço. Estou grávida de 6 meses. - Eu a encarei. Dois meses antes do meu casamento, nós haviamos transado. Eu estava precisando dela tão desesperadamente que esqueci a camisinha. Isso... Quer dizer...

- Esse filho é meu. - Murmurei, me sentindo idiota.

- Você estava tão preocupado em saciar suas necessidade sexuais que esqueceu da camisinha, Einstein.

- Não eram necessidades sexuais, você sabe disso. - Falei sério, me sentindo culpado e impotente.

- Eu não sei de nada, Chuck. O que você queria que eu pensasse? Você dormiu comigo e sumiu no dia seguinte, me deixou só uma carta estúpida que não explicava droga nenhuma. Me deixou sozinha, confusa, magoada. E depois, ficou noivo do nada, casou, se mudou. O que você quer que eu pense? Na verdade, deveria estar com sua esposa agora, não aqui... 

- ... Ex-esposa. - A interrompi.

- O que? - Blair se levantou, com um tom de surpresa. Eu soube na hora que eu havia virado o jogo. A vantagem agora era minha.

- Ex-esposa. Acabou. Na verdade, nem chegou a começar. Eu já sabia que tudo ia dar errado, e tive certeza disso quando troquei o nome dela pelo seu na nossa lua-de-mel. E todos os outros 4 meses. Porque eu não te tirava da cabeça. 

- Por que foi embora, então? - Suspirei, sabendo que isso seria dificil de responder.

- Porque eu achei que seria melhor. Para nós dois. 

- Acho que eu deveria ter sido consultada, então. - Ela falou, se virando para a janela. Passei as mãos pelo meu cabelos.

- Escute...  Também não foi a decisão mais fácil que eu já tomei. - Comecei, escutando ela gargalhar de um jeito afetado e nervoso.

- Não seja falso. Foi a decisão mais fácil que você poderia ter tomado. Na verdade, agora tudo faz sentido. Foi embora porque percebeu que seus sentimentos por mim eram muito mais do que uma transa no meio da madrugada que você pode abandonar na manhã seguinte. Não conseguia lidar com seus sentimentos, então acabou com os meus. Estava com tanto medo de se magoar, de sofrer por amor novamente, que preferiu deixar toda a dor pra mim. Então, não venha com esse papo de "você não foi a única que sofreu" ou "eu nunca quis te machucar", porque você sabia as consequências de todos os seus atos, desde a primeira letra que rabiscou naquela carta tosca de despedida, pensando que eu poderia me consolar com algumas palavras doces. Você sabia o que estava fazendo quando colocou o anel de noivado no dedo de outra. Sequer pensou como eu me sentiria ao ver a noticia do seu casamentos em todos os jornais. Foi a saída mais fácil que você poderia ter encontrado, portanto nem comece a me dar essas justificativas ridículas, porque só faz com que eu sinta mais raiva de você. - Abri a boca várias vezes para tentar responder. Mas não conseguia. Fiquei parado, balbuciando sem conseguir encontrar palavras. Ela estava certa. Eu sou um idiota. 

- Eu sinto muito. - Murmurei por fim, querendo beija-la mais do que já quis em toda a minha vida. Era como um alcoolatra parado em frente a uma taça do vinho da melhor safra sem poder o beber. - Mas quero fazer tudo diferente agora. Por nós três.

- E você acha eu vai chegar aqui depois de meses e me ter de volta?

- Blair, nós vamos ter um filho.

- Mas isso não quer dizer que vamos casar. Escute, eu não posso te proibir de ter contato com essa criança. Isso não quer dizer que vá ter contato comigo. Eu não sou mais a mesma Blair que sempre voltava para seus braços quando você pedia.

- E eu também não sou o mesmo Chuck. Nós dois mudamos.

- Então prove. Afinal, agora eu não estou tomando conta apenas de mim. 

- Blair...

- Tenha um bom dia, Bass. - Ela disse, indo até o banheiro e trancando a porta. Eu sentei na cama, tonto demais para ir embora. Eu vou ser pai. De um filho de Blair. E eu só tenho dois meses para mudar as coisas. Ela quer provas? Pois então, ela vai ter provas. Nada ia ficar entre eu e minha familia. Percebi que, em toda a minha vida, nunca fiquei tão feliz e assustado com uma coisa como estava agora. Não vou deixar tudo isso novamente, conclui, deixando o quarto a passos largo, com um sorriso enorme no rosto.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? ;D Espero que sim! Mereço minhas reviews?
XOXO. Neli :*