Linhas Cruzadas. escrita por MissDream


Capítulo 26
Termino.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos, tudo bom com vocês? Não, eu não abandonei essa fic kkkkkkkkkkk
Gente eu nem vou mais me desculpar com vocês, só aceitem no coração que eu sou a escritora com mais bloqueio criativo desse nyah (depois de Karly, claro) e tudo ficará bem.
Eu trouxe um capítulo cheio de ação, sofrimento, revelações e claro, como bem diz o titulo, termino. Sim, teremos não só um como dois términos e a música do capítulo combina com os dois kkkkkkkkkk
Anyaway, espero que gostem e aguardem fortes emoções do próximo (que provavelmente vai demorar kkkkk). Boa leituraaaaaa ♥



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“Know that I love you so I love you enough to let you go...”

 

Felicity Smoak.

Abri meus olhos me sentindo desconfortável com a posição do meu corpo, respirei fundo sentando direito na cadeira enquanto recobrava as ideias.

̶  Finalmente ela acordou. – ouvi a voz de John se aproximar e sua mão estender um copo com água que aceitei prontamente.

̶  Onde a gente está? – quis saber lembrando-me de estarmos sendo perseguidos. – Oliver ele...

̶  Estamos na argus, Oliver continua com Chase e você desmaiou depois de bater a cabeça. – Sarah explicou me fazendo recobrar os últimos acontecimentos. – Conseguimos despistar os caras maus, mas precisamos ir atrás de Oliver.

̶  Eu vou. – levantei soltando o copo em cima da mesa. – Vou trocar de roupa e vocês me passam todas as coordenadas. 

̶  Felicity, Chase ligou e ele quer negociar Laurel. – Diggle suspirou cansado. – Dessa vez é ela quem precisa ir.

̶  Nós não negociamos John, temos que resgatar Oliver e pegar esse infeliz de vez. 

̶  E como você sugere que façamos isso? – Lyla perguntou. 

̶  Laurel vai, mas eu a seguirei até o lugar marcado. – expliquei. – Onde ele quer fazer a troca?

̶  Em praça pública. – Ray arrastou sua cadeira até nós. – Ele sabe que nós não abriremos fogo onde tenha civis, fazendo assim ficarmos nas mãos dele, esse Adrian Chase é mais esperto do que eu pensei. 

̶  Temos a planta do quarteirão onde fica a praça? – ele abriu a imagem no tablet nos mostrando o lugar. – Certo, ele virá com Oliver e com certeza trará homens armados até os dentes, podemos usar os prédios e deixar Diggle e Lyla com os rifles, Sarah me dará cobertura e Roy cobre a retaguarda enquanto o Ray fica de olho nas câmeras de segurança e avisa se houver algum movimento estranho.  

̶  Tudo bem, fiquem todos com seus pontos. 

(...)

Agradeci por a praça estar razoavelmente vazia devido ao horário, observei Laurel, sentada no banco central enquanto Sarah estava na cabine telefônica. Eu já estava ficando impaciente quando vi Oliver e Adrian se aproximando dela, mas antes que eu pudesse tomar qualquer atitude senti algo encostar-se à lateral da minha cabeça.

̶  É melhor não tentar nenhuma gracinha. – o homem falou com a arma encostada na minha cabeça. - Ande.

— Achou mesmo que eu viria desprevenido senhorita Smoak? – Chase falou assim que eu me aproximei com seu capanga. – Óbvio que você não deixaria Oliver e Laurel sozinhos, digo, ela é a ex dele e isso deve incomodá-la. 

̶  No momento não é isso que me incomoda para ser sincera. – o encarei trocando um rápido olhar com Oliver. 

̶  Claro que não. – tranquei o ar nos pulmões quando ele desferiu uma coronhada na nuca de Oliver fazendo-o desmaiar. – Leve-o. – ordenou ao outro capanga. 

̶  Esse não era o trato, Laurel está aqui, não está? 

̶  Não subestime minha inteligência querida, acha mesmo que eu vou arriscar minha pele e me colocar a frente do rifle de John Diggle? - ouvi John soltar um palavrão através do comunicador. – Claro que não.

̶  Então você não ficaria chateado comigo se ele apagasse seu amigo aqui, certo? 

̶  Como?

̶  "Abaixe-se."— ouvi a voz de Lyla pelo comunicador e rapidamente me joguei em cima de Laurel no momento em que a arma que antes estava apontada para minha cabeça disparou fazendo as poucas pessoas ali se assustarem. – "Felicity, atrás de você.”

Me virei saindo de cima de Laurel vendo o cara apagado com o tranquilizador da airsoft de Lyla enquanto outro vinha na minha direção. Passei-lhe uma rasteira trancando minhas pernas em volta seu pescoço o imobilizando e com mais alguma pressão ele desmaiou.

̶  Tentei pegar Chase, mas ele fugiu de carro. – Sarah falou com a respiração descompassada. 

̶  Leve Laurel para um lugar seguro e peça reforços, vou tentar ir atrás dele. 

̶  E Oliver? – Laurel perguntou parecendo aflita. – Ele vai machucá-lo.

̶  Eu não vou deixar. – a olhei tentando mostrar toda a minha determinação.

̶  Eu te alcanço em seguida. – Sarah puxou Laurel a levando embora.

̶  Ray, ainda temos o rastro de Oliver? 

̶  "Sim, parece que eles não descobriram o rastreador.”

̶  Ótimo, mande para mim. – pedi atravessando a pista. 

Assim que a imagem do pontinho que sinalizava Oliver apareceu na tela do meu celular, percebi que ele já se afastara bastante, minha opção foi roubar uma moto para tentar ir mais rápido. A adrenalina parecia gritar dentro de mim enquanto tudo a minha volta passava como um borrão.  Apertei o acelerador sentindo o carro mais próximo, mas o maldito Chase entrou numa curva me pegando desprevenida, precisei empinar a moto para evitar o capote, freei com brusquidão dando meia volta e indo atrás do carro.

̶  Droga, ele está se afastando. – murmurei para mim mesma. Encarei o objeto na minha cintura preso ao coldre, eu tinha prometido nunca usar novamente. – Foda-se. – Saquei a arma tentando equilibrar a moto apenas com uma mão, concentrei meus olhos no carro mais a frente e mirei nos pneus errando das três primeiras vezes, respirei fundo tentando manter o foco e o equilíbrio disparando novamente dessa vez acertando o pneu esquerdo traseiro, mas acabei desequilibrando e derrapando com a moto. O impacto do meu corpo com o chão me fez cair por cima do braço direito fazendo a arma saltar para longe da minha mão, fechei os olhos sentindo a dor tenebrosa de algo se quebrando e não pude evitar um grunhido aterrorizado.

Olhei para frente vendo o carro parar e Chase descer caminhando em minha direção com uma arma apontada para mim. Ótimo, eu não podia ter escolhido um jeito melhor de morrer. Cerrei os olhos tentando não transpassar toda a dor que eu estava sentindo no braço, mas percebi que seria impossível quando senti meus olhos marearem. 

̶  Olhe só você, nem parece uma das melhores agentes da argus caída desse jeito sem defesa. 

̶  Vá para o inferno. – proferi sem conter o gemido. 

̶  O que? A gatinha está machucada? Pelo visto suas sete vidas acabaram. – fechei os olhos sentindo o cano frio da arma encostar na minha testa. – Gostaria que Oliver estivesse acordado para me assistir te matar. 

̶  Afaste-se dela Chase. – ele se virou enquanto eu ainda no chão apenas ergui meus olhos para Oliver. Ele tinha um machucado na fronte e estava com uma arma apontada para a cabeça do capanga de Adrian, o mesmo que o arrastou desmaiado. – Eu estou avisando, afaste-se dela ou quem terminará com uma bala na cabeça será o seu amiguinho aqui. – avisou empurrando o homem. 

̶  Não por isso. – contive meu grito quando o próprio Chase disparou em direção a cabeça do capanga que caiu jorrando sangue por todo o chão. – Acham mesmo que eu me importo? – ele sorriu intercalando o olhar de mim para Oliver que mantinha a arma em riste. – Ele me tem em suas mãos, então foda-se se eu precisarei comprar seu silencio com algum sangue. 

̶  O que ele tem de tão grande contra você? Deve ser um podre e tanto, não é mesmo? Mas veja bem, eu também não me importo e posso facilmente te matar.

̶  Então atire Queen. – ele levantou sua arma na direção de Oliver. – Atire ou eu atiro. – senti meu corpo tremer só com a ideia de Oliver caído e sangrando até a morte. – Veja bem, eu lhe darei a chance de atirar primeiro, mas assim que apertar esse gatilho, eu não hesitarei em fazer o mesmo. 

Aproveitei de sua distração e me arrastei até minha arma que estava caída alguns passos longe de mim, foi preciso muito autocontrole para não gritar de dor quando tentei mexer meu braço, ainda assim eles pareciam estar alheios a mim naquele momento. Eu não tinha alternativa, com a queda o ponto parou de funcionar e qualquer movimento brusco da equipe poderia por a vida de Oliver ou a minha em risco, respirei fundo agarrando a arma de um jeito desastrado, eu já não pensava mais, era Oliver ali prestes a morrer, mesmo que ele acertasse Adrian, ele também teria o seu.

Tudo aconteceu muito rápido, o disparo fez meu coração parar por alguns segundos e então minha mão pareceu trabalhar por si só, apertando o gatilho uma, duas, três vezes fazendo o corpo de Adrian Chase cair num baque mudo e minha garganta explodir um grito de dor com o esforço. 

̶  Felicity. – Oliver correu até mim. – Ei, está tudo bem agora, você vai ficar bem. – suspirei tentando tragar o ar. 

̶  Você está ferido. – tentei tocar seu braço, mas tudo doía.

̶  Não foi nada, o tiro pegou de raspão. Você está bem? – forcei um sorriso, mas a dor no braço era insuportável o que me fez gemer, - Seu braço está quebrado. – ele tentou tocar, mas se afastou com o som grotesco saído da minha garganta. A dor estava insuportável e tudo parecia um borrão. – Ei, eu vou precisar botar isso no lugar tudo bem? 

̶  Oliver, eu não vou aguentar. – eu estava me esforçando para não olhar o estrago ou aí sim eu surtaria.

̶  Olha pra mim. – ele puxou meu queixo para encará-lo. – Você confia em mim? – assenti sem tirar os olhos daquela imensidão azul. – Tudo bem, no três então. – ele respirou fundo e sustentou meu olhar. – Três.

O urro que saiu da minha garganta me assustou, nunca um grito pareceu tão tenebroso e animalesco antes, a dor pareceu se apossar de todo o meu corpo que instantaneamente amoleceu. Eu nunca acreditei em desmaio de dor até aquele momento quando tudo de mim abraçou a escuridão. 

Senti um cheiro forte invadir minhas narinas e amargar minha garganta me fazendo engasgar e abrir os olhos assustada, Oliver segurava um algodão próximo ao meu rosto, sua feição estava séria, concentrada em mim. Puxei o ar com força tentando fazer aquele cheiro ir embora enquanto me sentava na cama, meu braço estava pesado, só quando o olhei percebi que estava engessado.

̶  Olá estranha. – a voz de Sarah preencheu meus ouvidos. – Como você se sente?

̶  Como se tivesse acabado de ser passada num triturador. – sorri fraco.

̶  Você teve uma fratura óssea – a voz de Oliver estava grave fazendo algo se revirar dentro de mim. – Eu precisei voltá-lo para o lugar.

̶  Você esqueceu do um  e do dois. – vi um resquício de sorriso tremular seus lábios e um sussurro de desculpa escapar logo em seguida.

̶  Nós te trouxemos para o ambulatório da argus o mais rápido possível, aqui o médico te deu o devido tratamento, aliás eu vou chamá-lo. – observei John se afastar em direção a porta.

Assim que ele voltou com o doutor, fui informada de que precisaria permanecer com o gesso até o osso afetado tornar a calcificar e que eu teria que evitar movimentar aquele braço, ele também prescreveu alguns antibióticos para dor e marcou a próxima consulta assinando minha alta em seguida.

(...)

Suspirei irritada com a coceira incessante no braço imobilizado, eu estava me arrumando para ir embora, com a ajuda de Sarah, claro. Olhar para o meu braço me fez relembrar a noite passada quando quebrei a única promessa que tinha jurado nunca quebrar, eu estava conseguindo me manter longe daquele troço e seguir minha carreira de agente sem problemas, então Oliver cruza meu caminho e já não tenho mais escolhas, era a vida dele na mira de um assassino.

̶  Oi. – a voz tão conhecida invadiu meu campo sonoro como se tivesse adivinhado que eu estava pensando nele naquele momento. – Eu queria saber como você está. 

̶  Me coçando. – sorri tentando quebrar a tensão que pairava sobre ele. – Mas vou ficar bem.

̶  Felicity eu queria...

̶  Eu estou indo embora, Oliver. – falamos ao mesmo tempo o que o fez interromper o que quer que fosse me dizer. 

̶  O que? – as sobrancelhas grossas se arquearam em um sinal de confusão.

̶  Eu já falei com a Waller e ela concordou com o meu afastamento da equipe, eu disse que não tinha mais condições de me manter nessa missão.

̶  Isso é por causa de mim? Eu estou te incomodando, é isso? Por que se for eu prometo me manter o mais longe possível. 

̶  Não Oliver, isso é por mim. – suspirei encostando-me à beira da cama. – Ontem a noite eu quebrei uma promessa que fiz a mim mesma há anos atrás. Eu tinha acabado de entrar para a argus e estava numa missão para desmascarar um político corrupto que mantinha um quartel no sul de Atlanta, meu disfarce de empregada foi descoberto e acabamos entrando numa troca de tiros e um dos meus disparos acabou acertando uma criança. Alice era apenas uma garotinha inocente que não merecia o pai que tinha, e apesar da missão eu tinha me apegado a ela, os cachinhos loiros sempre correndo em minha direção e se agarrando as minhas pernas, o cheirinho infantil e a gargalhada gostosa... Essa culpa nunca saiu de mim, eu matei uma garotinha porque não tive cuidado suficiente com meu disfarce, eu fui imprudente e isso custou à vida de um inocente, então eu prometi a mim mesma nunca mais usar arma de fogo.

̶  Felicity... Eu não sabia. – ele me encarava com piedade nos olhos e aquilo estava me matando.

̶  Ontem quando eu vi que você estava em perigo, sua vida na mira de uma arma me fez agir antes de pensar e eu não sou assim, nunca fui, mas desde que eu te conheci eu venho quebrando todas as minhas regras e ultrapassando os limites. Eu não me reconheço mais Oliver, e por isso pedi afastamento.

̶  Eu não vou tentar te fazer mudar de ideia... Eu não tenho esse direito. 

̶  Obrigada por isso. - sorri fraco sentindo um nó incomodo na garganta.

Oliver Queen.

Dois dias depois...

O alfa conseguiu escapar, nós tínhamos acabado com todo seu negócio sujo e ainda assim ele parecia mais um fantasma evaporado no ar. Respirei fundo enquanto caminhava pelo corredor do andar de administração do hotel, eu ainda precisava falar com Felicity sobre sua decisão de ir embora, fazia dois dias que não nos víamos e nem esse tempo me deu as palavras certas para usar.

Observei a loira que recolhia distraída sua jaqueta do armário, ela parecia tão cansada com seus ombros visivelmente tensos e o braço mobilizado, eu só tinha vontade de cuidar dela, mas também precisava respeitar seu espaço.

̶  Como vai o braço? – perguntei fazendo-a virar para me encarar.

̶  De molho por dois meses, nada de armas ou lutas por um bom tempo. – encolheu os ombros em pura chateação.

̶  Fiquei sabendo que você pediu transferência. – a verdade é que eu não sabia o porquê tinha ficado tão chateado com o desligamento dela, afinal o combinado era esse desde o principio. Só que ela não estava indo embora só da equipe, mas da argus também.

̶  A missão acabou agente e agora você terá sua velha equipe de volta, devia sentir-se feliz. – a tentativa de descontração dela não tinha surtido efeito, eu realmente não entendia para que tanta urgência em ir embora.

̶  Felicity eu...

̶  Não Oliver. – ela deu um passo para trás, me afastando. – Eu quis. Eu sabia das consequências e ainda assim me permiti envolver, eu sabia que você tinha um passado e que a qualquer momento ele voltaria, mas eu não dei atenção para esse detalhe. Ela voltou e você precisa dessa chance... Vocês precisam.

Encarei seu rosto por um momento, preso naqueles olhos azuis antes tão confiantes e agora melancólicos. Felicity era uma mulher extraordinária, ela era forte e decidida, capaz de tudo para alcançar suas metas e eu aprendi a respeitar e admirar sua personalidade. Eu me sentia orgulhoso dela.

̶  Você é tão melhor que eu, Felicity, merece alguém que te ame por inteiro e que esteja cem por cento entregue a você. – e era verdade, ela merecia alguém menos escuro e complicado, sem toda essa bagagem negra que me cercava.

̶  Eu sei Oliver, e é por isso que decidi ser eu a por um fim nessa situação, não posso seguir com alguém que pertence à outra.

̶  Não ache que eu não senti nada por você. – fui sincero.

̶  Eu não acho. – vislumbrei um sorriso triste no canto dos lábios dela. – Eu sei que você está confuso Oliver, eu vejo nos teus olhos, mas no momento que você a viu eu soube que precisava me afastar. Vocês tem uma história, um passado interrompido e para o meu bem Oliver, eu não posso... Eu não quero entrar no meio de vocês dois sabendo que terei meu coração quebrado.

Eu queria tanto dizer a ela que não era verdade, que eu seria incapaz de fazer qualquer coisa para machucá-la e que eu a protegeria sempre, mas nós dois sabíamos que não era verdade. Eu tinha Laurel para cuidar, ela passou por um inferno por minha culpa e precisava de ajuda. E de alguma forma eu sabia que o alfa ainda viria atrás de mim e meu único trunfo era saber que Felicity estaria longe e segura quando isso acontecesse, eu não podia envolver mais uma pessoa nessa loucura. Eu não podia por a vida dela em risco.

̶  Você sempre foi tão forte, tão segura de si. Sabe, eu me lembro de quando você chegou aqui com toda sua bravura e autossuficiência, aquilo me pegou desprevenido, a forma como você me enfrentou e lutou por seu espaço, o que me assustou. Ninguém havia me enfrentado daquela forma antes e tudo o que eu queria era te fazer desistir, porque quando eu olhei para você eu soube que tinha encontrado alguém além de John ou Sarah para me provar que nem sempre eu estava certo. – a encarei na tentativa de fazê-la entender e acreditar em cada palavra. – Felicity, no dia em que você entrou na minha sala com toda aquela ferocidade, naquele dia a armadura que eu passei dois anos vestido veio abaixo, sabe como eu me senti?

̶  Ainda assim você precisa do passado, resolver-se com Laurel, ou do contrário sempre existirá esse fantasma e você sempre se questionará se deveria ou não ter tentado. – o olhar dela era tão melancólico, eu tinha a magoado, eu deveria saber que não existe relacionamentos carnais, em algum momento uma das partes vai ceder aos sentimentos. Mas eu fui egoísta demais, luxurioso demais para pensar nela. – Oliver, não faça isso. – ergui uma sobrancelha em sinal de confusão. – Não se culpe por algo que sabíamos que iria acontecer, eu sabia. – essa era Felicity Smoak, sempre me lendo como ninguém. – Quando resolvi deixar você entrar na minha vida, eu sabia que você pertencia à outra pessoa.

̶  Felicity eu... – não fui capaz de responder, uma voz se antecedeu a minha.

̶  Oliver. – me virei para encarar Laurel na porta.  – Está na hora de ir.

̶  Vai Oliver, a gente se encontra por aí em alguma missão. – encarei seus olhos me permitindo mergulhar uma última vez naquela imensidão azul.

̶  Boa sorte com a nova equipe Felicity, vou sentir sua falta. – encostei meus lábios em seu rosto num beijo mudo de despedida. Eu era capaz de sentir a eletricidade naquele gesto. Um aperto atingiu meu peito quando me afastei dela.

Assim que cheguei à porta senti os dedos magros envolverem os meus num gesto de apoio, sorri fraco para Laurel esperando que ela entendesse que no momento eu preferia o silencio a uma conversa.

(...)

Estávamos num restaurante do outro lado da cidade, Laurel e eu finalmente teríamos a bendita conversa definitiva, eu precisava disso e ela também. 

̶  Por que você não disse a ela que a ama? – a encarei assustado por ter sido pego de surpresa.

̶  Laurel, eu não...

̶  Qual é Oliver, você pode fazer melhor que isso.

̶  Olha, Felicity e eu temos muita química e isso é inegável, mas o alfa já me puxou demais para essa lama toda e consequência disso foi você ter passado por um inferno.

̶  Nós já falamos sobre isso, eu sou causa.

̶  E a quase morte de Sarah? E o acidente de Tommy? A morte de Helena? Você percebe que eu sou como um buraco negro sugando tudo que está a minha volta e destruindo? Eu já tenho muito em minha consciência, não posso deixar que Felicity se torne mais uma vitima, além do mas, eu tenho que cuidar de você.

̶  Não, não tem. – ela suspirou parecendo cansada. – Se acha que a afastando está protegendo ela dele, tudo bem é uma escolha sua e eu respeito, mas não me use como desculpa para manter-se longe dela. Oliver, o que tinha entre a gente acabou no dia em que eu resolvi ir embora, eu confirmei isso naquele dia do beijo.

̶  Como?

̶  Quando eu te beijei, não era a mesma coisa, sabe? Não tinha mais a gente naquele gesto, pareceu estranho. E quando você percebeu a presença dela, a menor noção de ter a magoado te botou em desespero, o medo de perdê-la... Isso se quebrou entre a gente há dois anos e não existe um culpado, ou melhor, eu fui culpada.

̶  O alfa foi...

̶  Nós dois sabemos que aquele relacionamento já estava definhando antes disso tudo, meu trabalho, suas mentiras... – ela passou a mão no cabelo parecendo exausta.

̶  Felicity disse uma coisa que não saiu da minha cabeça: se eu não tentasse agora com você, sempre existiria uma duvida, e talvez ela esteja certa.

̶  Será mesmo? Olha só para a gente Oliver, todo esse tempo longe, cada um vivendo seu próprio purgatório, tentando sobreviver dia após dia sem deixar que a humanidade quebrasse dentro de si. O tempo muda as pessoas e com a gente não foi diferente, o que somos hoje não foi feito para acontecer, você sabe, não daríamos certo tendo cada um suas tantas feridas. Você precisa de alguém que te ajude a curá-las e eu também.

̶  E o que você quer que eu faça? Vá até e diga que eu a amo? – parei surpreso com minhas próprias palavras. Eu amava Felicity Smoak, mesmo a odiando em metade do tempo, mesmo querendo trancá-la num armário para não encarar suas petulâncias, mesmo quando ela me enfrentava, sobretudo eu a amava quando ela estava em meus lençóis me deixando amá-la com o corpo e a alma. Inferno de mulher que já estava impregnada em mim. – Por que está me dizendo isso? Achei que me amasse.

̶  E não é isso que o amor faz? Deixa o outro livre para ser feliz? Eu estou te liberando de qualquer divida ou dever que você acha que tem comigo.

̶  Você vai ficar bem?

̶  Eu tenho Sarah e no momento tudo o que eu preciso é da família. – sorri com a personificação da mulher madura a minha frente. – Oliver, o que você ainda está fazendo aqui que não foi até ela?

Sorri verdadeiramente pela primeira vez naquele dia enquanto me levantava para voltar ao hotel antes que Felicity fosse embora, mas antes que eu pudesse me despedir de Laurel o meu celular começou a tocar.

̶  Alô?

̶  “Ora ora se não é o famoso Oliver Queen.” — eu tinha a impressão de já ter ouvido aquela voz, mas não podia recordar de onde.

̶  Quem está falando?

̶  “Estou ansioso para finalmente conhecer meu genro.” – estava prestes a repetir a pergunta, mas a ligação foi encerrada.

̶  Quem era? – Laurel perguntou enquanto bebia sua água.

̶  Eu não sei... – senti o aparelho virar em minha mão. – Espera...

“Não demore muito Oliver, a brincadeira está prestes a começar.”

Senti meu corpo inteiro paralisar com a imagem que acompanhava a mensagem. Era Tommy e Felicity, eles estavam amarrados e desacordados. Eu conhecia aquele lugar, era a antiga mansão Merlyn. Quem quer que fosse o alfa, aquela mensagem deixava claro que ele estava querendo por todas as cartas na mesa de uma vez por todas.

Novamente meu celular vibrou.

“Bem vindo à selva.”

̶  Felicity. – ele estava com Felicity e sabia que de todos, ela era minha maior fraqueza.

Desta vez ele me tinha por inteiro em suas mãos.


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Notas finais do capítulo

E então meus amores? O que acharam do capítulo? Reconhecem esse dialogo olicity? Pra quem não lembra, é o dialogo do prologo, dessa vez pelo ponto de vista do Oliver.

Gente, estou indo responder os dois capítulos anteriores agora, não se preocupem ;)

Beijão e aguardo o feedback em ♥



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