Linhas Cruzadas. escrita por MissDream


Capítulo 11
Escuridão.


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, eu sei que ando meio sumida, mas é tanta coisa pra fazer que eu fico desorientada.
Antes de partir para o cap, deixa eu recomendar uma música caso queiram ouvir algo durante a leitura: behind blue eyes, essa com certeza seria tema do Oliver caso isso aqui fosse uma novela kkkkkk (thank you Karly).
Bom, espero que gostem, pq esse é um pouco mais tenso, porém o meu favorito até agora.
Boa leitura! ♥



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“No one knows what its like, to be the bad man to be the sad man, behind blue eyes...”

 

̶  Para Ollie. – a gargalhada alta dela ecoava pelo quarto.

̶  Diga, quem é o amor da sua vida? – perguntei aplicando mais cócegas em sua barriga.
̶  Você. Você é o amor da minha vida. – falou com dificuldade. – Agora chega.
̶  Vem, vamos para o banho. – a puxei para os meus braços, a arrastando até o banheiro.
̶  Você é um idiota.
̶  O seu idiota. – ralhei divertido.
̶  Sim, o meu idiota, e eu amo cada pedacinho desse idiota. – agarrou meu pescoço, beijando-me com paixão.

 

O liquido amargo descendo pela minha garganta, enquanto outra lembrança povoava minha mente. Pergunto-me se algum dia serei capaz de esquecer Laurel, se serei capaz de esquecer a dor que ela me deixou. As palavras de Felicity voltando a todo o momento, me lembrando do que eu tinha me tornado, eu não era mais aquele agente que lutava por justiça e um mundo melhor, aquela idealização de que eu iria mudar o mundo, salvar pessoas, isso tinha morrido junto com o antigo Oliver, aquele cheio de vida. Agora tudo o que restou foi a sede de vingança. Eu vingaria cada gota de sangue dos meus pais e de Thea.

̶  Hey. – ouvi a voz baixa e insegura de Sarah ecoar pelo cômodo. 
̶  Ela está certa. – bebi mais um gole do whisky, meus olhos grudados na vista da cidade. 
̶  Ela não te conhece como eu.
̶  Ela teve o suficiente hoje.
̶  Não. Você não é esse assassino que ela viu hoje, você só agiu de acordo com as circunstâncias. Você é...
̶  Para Sarah. – gritei tentando aliviar a raiva, a assustando. – Para de sempre querer achar pretextos e desculpas para minhas ações, você não entende? Aquele Oliver de sete anos atrás não existe mais, não restou nada dele.
̶  Você só está falando isso porque o que Felicity falou te atingiu.
̶  Eu não me importo com o que ela pensa ou fala de mim. – contornei a mesa de vidro, ficando frente a frente com ela. – As palavras dela não me pegaram de surpresa, eu até concordo. Entenda, eu não preciso de motivos para matar ou torturar alguém.

Eu podia ver o brilho do choque e decepção cintilar nos olhos dela, era melhor assim quanto antes Sarah entendesse que eu já não era o mesmo, melhor seria nosso trabalho. Eu estava me sentindo claustrofóbico com todo aquele clima pesado, o ar parecia chumbo e só piorou quando encarei a porta e me deparei com o olhar indecifrável de Felicity. Céus, eu me sentia frustrado por nunca conseguir ler seu olhar, ela sempre parecia se deixar ler mesmo vendo um resquício de medo naqueles globos azuis, era como se sempre tivesse algo mais por trás, era sempre assim. Frustrava-me Felicity ser uma incógnita.

̶  Só vim avisar que o Ray conseguiu descriptografar o chip. – sua voz saiu gélida. De soslaio vi Sarah limpar uma lágrima.
̶  Venha, não precisamos de um agente bêbado.
̶  Sarah... – eu conhecia a forma com que ela costumava lidar com a mágoa, geralmente eu era o alvo.
̶  Não, Oliver. Eu não vou mais me meter, não posso salvar alguém que não quer ser salvo.

 

̶  Vamos garoto, eu não tenho tempo. – o homem me arrastou brutalmente.
̶  Quem é você? Quem te mandou? – perguntei com os olhos vendados, perdido no escuro.
̶  Dantes. Edmond Dantes. – riu brevemente. – Nunca esqueça esse nome, jovem Queen... Oh perdão, esqueci que você não sobreviverá para lembrar.
̶  Onde eu estou?
̶  Dê olá para sua família, Oliver. – o homem arrancou minha venda me mostrando papai, mamãe e Thea, amarrados a minha frente.
̶  Ollie. – Thea me chamou assustada. – O que estamos fazendo aqui?
̶  Vamos garoto, conte para sua família o motivo de estarem aqui.
̶  Eu...
̶  Oh não, me dê a honra de contar. – pediu sorrateiro. – O querido Ollie é na verdade um agente secreto e se vocês estão aqui é por única e exclusiva culpa dele.
̶  Você o que? – não me lembro de ter visto Robert Queen tão surpreso antes. 
̶  Vamos do começo; eu quero saber o porque de estarem investigando as transições na Bahia de Star City? – perguntou apontando uma arma para minha cabeça. – Ou melhor, onde está o dinheiro apreendido?
̶  Eu não sei e mesmo se soubesse, não te responderia. – rugi entre dentes. 
̶  Você vai falar ou prefere morrer? 
̶  Me matar não te dará respostas. – ralhei convencido.
̶  Tem razão, mas matá-lo vai. – o disparo agudo em direção ao meu pai fez as mulheres ali gritarem, apavoradas.
̶  Pai. – eu estava desesperado com a visão de Robert sangrando. – O que você fez?
̶  Vai me dizer agora, ou precisarei fazer mais uma vítima? 
̶  Você é um covarde, solte-me e poderemos resolver isso. – olhei mamãe que tentava se manter firme, mas as lagrimas a denunciava.

̶  Oliver, querido olhe para mim. – pediu. – Não sei o que significa tudo isso, mas quero que saiba que eu estou muito orgulhosa de você, eu te amo. Se mantenha firme.

̶  Mamãe, me desculpa tudo isso. Desculpe-me. – senti meus pulsos doer conforme eu tentava me livrar das amarras. – Eu vou tirá-las daqui, eu prometo.

̶  Ande garoto, eu não tenho o dia todo.

̶  Vá para o inferno. – gritei desesperado com toda aquela situação.
̶  Você quem sabe. – o infeliz deu de ombros e atirou em mamãe, fazendo Thea e eu gritarmos juntos.
̶  Mãe, acorda mãe. – pedi sentindo o gosto salgado das lagrimas. – Por favor.
̶  E então garoto? Você não tem a Waller para te contatar. – a voz era cortante. – E  que não quer colaborar comigo, sinto ter que fazer isso.

̶  Não. – senti o grito arranhar minha garganta, o bolo formando em meu estomago e um nervoso nublando minha mente. Meu suor descia grosso pelo rosto, misturando-se as lágrimas, enquanto meu corpo era tomado por uma agonia gigante.

̶  PÁ. – a voz do infeliz ecoou por minha mente, misturando-se ao grito assustado de Thea. A arma não expulsara nenhuma bala do cano. – Não tão rápido. – riu parecendo se divertir com o pavor que corria o ambiente. – Eu gosto de jogos garoto, na verdade essa sua lealdade a Argus é até admirável. Já vi que matar ela não é o caminho, então vamos de vagar.
̶  Você é insano. – Thea gritou no ápice do desespero. – Maluco.

̶  Eu só cumpro ordens, bonitinha. – se aproximou dela que ainda estava presa próximo aos dois corpos sem vida.
̶  Afaste-se dela, Dantes. – rangi sentindo um calafrio cortar minha garganta.

̶  Não sei, o pescoço dela parece bastante atraente. – raspou uma faca próxima a garganta de Thea que tremeu com o movimento.

̶  Oliver, socorro. – o desespero dela se estampando no meu, enquanto um filete de sangue escorria por seu pescoço. – Ollie.
̶  Tudo bem, eu falo. Eu falo. – me mexi inquieto sentindo novamente o pulso arder, quando ele ameaçou cravar a faca no pescoço dela. – Thea, Thea olhe pra mim. – pedi chamando sua atenção. – Isso, mantenha o foco em mim, vai ficar tudo bem. Eu prometo que nós vamos sair daqui, eu vou cuidar de você Speed.

̶  Eu não tenho o dia todo garoto. – novamente ele movimentou a faca, impaciente.

 ̶  O dinheiro está no caixa forte da Argus.
̶  Onde fica? 
̶  Num galpão próximo a fronteira com Central City. – suspirei cansado. – Agora a deixe. Deixe-nos ir.
̶  Tarde demais. – num movimento rápido, ele cravou a faca na garganta dela.

̶ NÃO. Speed. – tudo dentro de mim parecia desmoronar com a visão dela convulsionando enquanto seu sangue espirrava por todo o ambiente. Minha garganta parecia fechar e a cena se repetia na minha cabeça em câmera lenta. – Thea. – chamei por ela na esperança de tudo não passar de um pesadelo, mas ver a vida se escorrendo languidamente de seus olhos me dizia que aquilo era real.

As forças pareciam se esvair de mim e tudo o que eu vi antes de apaga foi uma tatuagem da rocha do elefante.

 

 

̶  E então, o que temos? – me aproximei de onde Ray estava digitando algo freneticamente. 
̶  Imagens de uma negociação entre dois homens. – abriu o vídeo, onde dois caras conversavam nervosamente enquanto um passava um envelope para o outro.
̶  Você já conseguiu identificações?
̶  Joguei o rosto no detector facial. – se dirigiu até outro monitor. – Slade Wilson, foi soldado do exercito australiano, se mudou para Coast City pouco mais de três anos, onde dirige uma empresa de financiamento. 
̶  Típico empresário corrupto. – Sarah revirou os olhos.
̶  Na verdade não amor, ele tem uma ficha bastante exemplar. Cursou administração na universidade da Austrália, casado e com dois filhos, ficha limpa na polícia, nenhum envolvimento com desvio de dinheiro e ah, ele costuma criar eventos beneficentes.
̶  Não entendo, se ele é tão exemplar, porque alguém queria esse vídeo dele? – John traduziu o pensamento de todos naquela sala.
̶  Espera, volta um pouco o vídeo. – pedi. – Aí, para aí. – Ray pausou quando o tal Slade estende um envelope para o outro homem. – Você pode ampliar a imagem?
̶  Oliver, o que foi? – Sarah perguntou inquieta.
̶  Não pode ser. – minha voz saiu num sussurro surpreso. – Essa tatuagem, eu conheço essa tatuagem. Sarah é ele.
̶  Ele quem, Ollie?
̶  Edmond Dantes. – respondi sentindo algo remexer dentro de mim.
̶  Espera, como no livro? – Ray questionou divertido e só depois pareceu notar minha carranca para sua pergunta fora de hora. – Entendi.

̶  Você pode puxar a ficha dele, Ray?
̶  Na verdade já tinha feito isso, só que você me atrapalhou. – lhe lancei um olhar irritado que ele pareceu entender. – Marco Andere, um enólogo filho de italianos, foi preso por trafico em Coast City, onde passou dois anos cumprindo pena na penitenciária. Foi solto há seis meses e não sei como conseguiu voltar ao mercado.

Eu podia ouvir minhas engrenagens trabalhando nervosamente, eu precisava atrair esse homem, mas ele não podia saber de quem se tratava, eu não vi seu rosto, mas ele viu o meu. Dantes, Marco ou sei lá como se chama, pagaria com juros cada gota de sangue que derramou da minha família.

̶  Tem como localizá-lo? – Ray mexeu freneticamente nos teclados.
̶  Eu posso ajudar, Ray. – me virei encarando Felicity, essa fugia de me encarar. – Parece importante.
̶  É importante. – corrigi sua frase.
̶  Ollie... – Sarah chamou cautelosa. – Eu sei que te disse tudo aquilo, mas você tem certeza?
̶  É importante Sarah, essa é a minha chance de ter uma vingança. Talvez a única. – ela assentiu com a cabeça.
̶  Ele está na cidade. – a voz de Felicity sobressaltou aos barulhos do teclado. – Rastreei o celular e o GPS e mostra Star na localização.
̶  E eu rastreei o cartão de crédito, Marco está hospedado nesse hotel há duas noites.
̶  Parece que o universo está por fim conspirando ao meu favor. – ri com escárnio, a ideia de ter minha família por fim vingada era saborosa. – Sarah, eu vou precisar de você.
̶  Do que você precisa?
̶  Quero que você mande para a recepção um convite impresso. – comecei a lhe explicar, tendo olhares atentos a mim. – Um convite de baile endereçado a Marco Andere, convidando-o para um jantar de negócios. Diga que se trata de um dono de vinhedo que busca contratar um enólogo.
̶  No nome de quem? – ela quis saber.
̶  Seguindo o jogo dele, envie no nome de Edmond Dantes. – eu conseguia sentir o gosto da vingança tilintar meus lábios e ela não era tão fria quanto dizem por ai.
̶  Oliver, posso falar com você? – Felicity que até então estava quieta, resolveu me encarar.
̶  Claro. – apontei para a minha sala. – John, depois eu quero que vá até minha sala, preciso da sua ajuda.

Segui com Felicity pelo corredor, ela parecia tensa e nada lembrava aquele sarcasmo ambulante com quem eu estava me acostumando a trabalhar.
̶  E então, o que você tem para falar comigo?
̶  Esse Marco Andere, ele está ligado ao caso? – foi direta, sentando-se a minha frente.
̶  Não, ele está ligado a outro caso.
̶  Achei que Amanda tivesse dado ordens explicitas para focar apenas neste caso.
̶  Acontece que eu não obedeço ordens da Amanda. – está ai uma mentira, eu sabia que Amanda tinha certa autoridade sobre mim.
̶  Você não pode vir com outro caso e mobilizar toda a equipe, bagunçando toda uma estrutura de trabalho.
̶  Sim eu posso. – gritei sem paciência. – Esse homem matou um casal e sua filha mais nova na frente do filho mais velho, esse homem torturou a jovem antes da morte e depois jogou toda a família num carro o empurrando numa ribanceira para forjar um acidente. – eu continuava gritando sem me dar conta da situação, eu só precisava canalizar toda aquela raiva ou enlouqueceria. – Então sim, eu posso. – meu peito subindo e descendo freneticamente mostrando minha respiração descompassada. Só quando parei para tentar controlar a respiração foi que percebi Felicity com os ombros encolhidos na cadeira. Eu havia a assustado... De novo.
̶  Eu sinto muito. – suas palavras saíram mais baixas do que o esperado.
̶  Eu não espero que você me entenda ou que me ajude com isso, mas esse cara matou minha família e agora eu tenho a chance de acabar com ele. Não espere que eu fique parado.
̶  Oliver. – ergui meu olhar até a porta onde encontrei John que parecia receoso se deveria ou não entrar. 
̶  Diggle, eu quero que você dirija com esse cara até a mansão, guie-o até a adega e o deixe lá sozinho, o resto é por minha conta.
̶  E quando será isso? – ele perguntou indiferente.
̶  Amanhã a noite. – ele assentiu saindo. – Mais alguma coisa, Felicity?
̶  Nada, estou voltando para as atividades do hotel. – se levantou apressada.

(...)

̶  Achei que você não me ajudaria. – falei quando a vi junto de Sara e John na sala.
̶  E não vou, só quero ver até onde vai essa sua escuridão. – fez aspas com as mãos. E lá estava à velha Felicity.
̶  Você não me conhece, Felicity, não deveria ter minhas palavras como um blefe.
̶  É mesmo? Mas acontece que eu tenho, você está me testando, testando até onde vai minha coragem, mas advinha, eu odeio que duvidem de mim e da minha capacidade de ser uma boa agente. Eu entendi seu jogo, Queen, você me quer fora da sua equipe e o que melhor do que me mostrar seu lado mais sombrio na tentativa de me assombrar? Vamos lá, tente.

As palavras dela fez uma raiva venenosa crescer dentro de mim, como ela podia achar que eu estava usando daquela situação para  testá-la? Tratava-se da minha família, minha tormenta particular e eu não usaria isso para afetar ninguém. Eu estava enxergando em vermelho, então foi com essa raiva que eu a arrastei até a adega.

̶  Aqui. Fique aqui e aprecie o show. – rugi furioso a soltando num canto escuro da sala. O lugar estava iluminado apenas em seu centro, onde havia uma mesa, ainda assim a luz era fraca, o que contrastava com a temperatura fria para conservar as garrafas enfileiradas em diversas estantes ali. Hoje eu teria minha vingança e de quebra ainda mostraria a Felicity que isso não é um jogo.
̶  Oliver, John está a caminho com o tal Marco. – Sarah se aproximou de onde nós estávamos. 
̶  Perfeito. – sorri vitorioso, pela primeira vez em muito tempo eu estava saboreando o momento. – Quero as duas aqui, o mais escondidas que puderem no escuro. – ambas permaneceram caladas.

Diggle não demorou muito a chegar, já passava das 20:h e a esse horário as ruas de Star não eram tão congestionadas. Observei os dois homens adentrarem o local com atenção, o silencio era palpável.

̶  Onde está o conde? – o homem perguntou a John que permaneceu quieto, sumindo no escuro, mas ainda permanecendo no ambiente.
̶  Sr. Andere. – resolvi me pronunciar ainda entre as sombras. – Fez uma boa viagem até aqui?
̶  Sim, seu motorista apesar de calado, foi bastante... Cordial. – eu até podia ver Diggle revirando os olhos. – Você deve ser o conde, acertei?
̶  De monte cristo. – completei a frase ainda o observando.
̶  Eu não te vejo. – ele passava os olhos por toda a adega me procurando.
̶  Calma, Marco, tudo a seu determinado tempo. – pude ouvir um riso temeroso ecoar. – Então você está na cidade a trabalho?
̶  Devo perguntar o porquê de me trazer até aqui vendado? – ele escorregou da minha pergunta.
̶  Chegaremos lá. – dei a volta numa estante ficando de costas para ele, mas ainda fora de suas vistas. – Então você gosta de vinho?
̶  Depois de mulher pode-se considerar a melhor coisa do mundo. 
̶  Diga-me, é pelo sabor? Pela cor? Pela sedução.
̶  Digamos que um misto dos três. – ele prendeu sua atenção a mesa onde uma garrafa e duas taças estavam posicionadas. – Você não vai aparecer?
̶  Eu gosto de me manter nas sombras, aprecio a escuridão. Sabe, eu devo muito disso a alguém que um dia me empurrou para ela, e agora somos como amantes.
̶  A conversa está boa, mas não deveríamos tratar logo de negócios?
̶  Uma vez alguém me falou que a pressa é a inimiga da perfeição, e eu realmente concordo, o que é melhor que a ansiedade pelo próximo passo e a excitante tortura em esperar... Torturar o próprio inconsciente com a espera. Você não acha fascinante?
̶  Eu geralmente sou mais prático. – eu podia sentir a tensão emanar de seu corpo. Incrível como o escuro deixava as pessoas tão vulneráveis.
̶  Tem certeza? Até mesmo quando se trata de torturar jovens inocentes?
̶  Do que você está falando? – ele girou nos calcanhares, tentando me achar? – Quem é você?
̶  Como vai Marco, ou devo dizer Dantes? – por fim saí das sombras encontrando seu rosto empalidecido com a surpresa.
̶  Queen? – sua voz saiu incrédula.
̶  Fico feliz que lembre de mim. – sorri sentindo a excitação do momento borbulhar meu sangue. – Não adianta querer sair, estamos trancados aqui dentro. – falei quando ele fez menção em fugir.
̶  O que você quer?
̶  Temos uma conversa pendente, lembra? – ele parecia apavorado.
̶  Vai me matar? Faça logo, o que está esperando?
̶  E te dar a saída mais rápida? Não tão fácil assim. – observei Dig acertar seus joelhos o desequilibrando. – Acho bom permanecer ai.
̶  O que você vai fazer?
̶  Conversar, já disse. – distribuí um pouco de vinho nas duas taças. – Pegue, beba comigo. – ele negou com a cabeça. – Ande, pegue a taça.
̶  Seria conveniente para você uma morte por envenenamento. – respondeu áspero. – Está batizada, não está?
̶  Isso é uma duvida que você terá de carregar. – ri com escárnio. – Vamos, beba. – seus olhos estavam presos ao cálice de forma receosa. – BEBA! – gritei o assustando. Marco entornou a taça toda de uma vez como se quisesse acabar logo com aquilo. – Não vá com tanta cede ao pote, você pode se engasgar. – contornei seu corpo, passando a caminhar em sua volta. – E então? Como é se sentir caindo num abismo? A sensação de não saber de nada, estar completamente no escuro? – ele me olhava aflito, assustado como um animal encurralado. – Parece que você está caindo lentamente de um penhasco sem fim, não é? Cada respiração podendo ser a ultima, cada suspiro vindo mais carregado. Você pode sentir seus pulmões cansando, não pode? – ele respirava sofregamente à medida que minhas palavras deslizavam por meus lábios, de forma livre. – O ar parece algo cada vez mais inalcançável, não é? E então sua garganta trava e você sente a dificuldade em respirar, parece que seu sistema respiratório está parando aos poucos, cada segundo é uma tortura. – eu estava andando em sua volta, até que senti suas mãos agarrar meu braço, respirando descompassado com desespero. – Senti isso? Não é veneno, é o medo. O medo de morrer te apavora, mas mais que isso, o medo de que algo aconteça à pequena Coraline te apavora. – de soslaio pude ver a sombra de Felicity se afastar, abraçando ainda mais a escuridão do lugar.
̶  Deixe-a fora disso. – ele suplicou ainda procurando fraternidade com seus pulmões. – Seu problema é comigo.
̶  Engraçado, não foi isso que ficou claro da ultima vez em que nos encontramos. Você lembra-se da ultima vez? – tirei um soco inglês do bolso de minha calça. – Lembra como você matou Robert e Moira Queen friamente? – eu podia sentir meu autocontrole fugindo de mim. – Lembra em como me torturou? Em como torturou Thea Queen? – inquiri socando sua costela esquerda com o objeto em punho. – Ela só tinha dezessete anos, uma jovem com o mundo pela frente. – cuspi as palavras tornando a socar sua costela. – Ela era minha irmãzinha e você a tirou de mim. – segurei seus cabelos, erguendo sua cabeça. – Olha pra mim, infeliz. – cuspi em seu rosto apertando seu maxilar com a maior força possível. Respirei fundo buscando controle, eu não podia ceder a todo aquele turbinado e emoções que embaralhava minha mente, eu precisava me manter o mais frio possível. – O que você acha de eu trazer a Coraline até você? Seria interessante te machucar na presença dela. O que ela pensaria se soubesse que o papai dela matou uma jovem da mesma idade que ela há quase oito anos atrás? 
̶  Deixe-a fora disso. – ele pediu com a voz entrecortada.
̶  Por que eu deveria?
̶  Porque eu posso te dar informações sobre a morte da sua família.
̶  Estou esperando. – a frase saiu mais afobada que o desejado. – Você tem exatos cinco minutos antes da espátula de choque.
̶  O assassinato de Robert e Moira Queen foi encomendado. 
̶  Por quem?
̶  Não sei. – soquei mais uma vez sua costela, tendo um urro em resposta.
̶  POR QUEM?
̶  Eu não sei, ele nunca disse o nome nem mostrou o rosto, só nos falamos por telefone. – suspirou sôfrego. – Ele se intitula o alfa.

Senti todo o meu corpo se retrair com aquela informação, o tal alfa estava na minha vida antes mesmo desse caso ser aberto, o pior, ele encomendou a morte dos meus pais. Eu podia sentir olhares queimando minhas cosas, olhares tão confusos quanto o meu naquele momento.

̶  E por que ele queria a morte da minha família?
̶  Eu não sei, eu só fui contratado para matar seus pais, sua irmã e você estavam no lugar errado e na hora errada. A morte dela foi uma mudança no plano. 
̶  E por que me deixar vivo? Por que não matar a família toda de uma vez?
̶  Eu não sei, eu só cumpro ordens.
̶  O que esteve fazendo na cidade esses dois dias? E o que foi aquele envelope que você recebeu de Slade Wilson?
̶  Apenas pagamento por mais um serviço, ele me contratou para dar fim em dois sócios de sua empresa. Naquele envelope estava a segunda parte do pagamento.

Slade Wilson estava envolvido na morte dos dois empresários de Star, ele era o responsável por aqueles crimes e mesmo assim, a cidade o adorava por suas benfeitorias nos hospitais. Se todos soubessem da verdade.

̶  O que pretende fazer com essas informações? – perguntou.
̶  Bem, você sabe que com essas informações eu mandarei a policia atrás de Slade, isso claro, depois de ter seu depoimento gravado. Agora pense comigo, o que acha que ele vai fazer quando descobrir que foi delatado? Você tem duas opções: ou morre pelas mãos dos capangas de Slade, depois de claro eles fazerem sabe-se lá o que com você, ou você vai para uma prisão, onde saberá o que é a amostra grátis do inferno.
̶  Qualquer uma das duas será mil vezes pior que essa noite. – ele estava apavorado, eu podia sentir.
̶  Por isso eu serei complacente com você. – ouvi o som do objeto escorregando no chão, parando nos meus pés. – Te dou essa arma, onde contem apenas uma bala. Uma única bala e tudo isso acaba.
̶  Eu poderia atirar em você.
̶  De fato poderia. – constatei destravando a arma. – Mas você sabe que uma bala não vai me parar, e como bem disse, aqui tem pessoas que poderiam te matar com uma colher de sobremesa. – descansei o objeto no chão, chutando em direção a ele. – Vamos lá, tome como uma cortesia.

Observei ele erguer  arma com as mãos tremulas, o brilho do medo cintilando por seus olhos, enquanto sua mente trabalhava em uma melhor saída. Ele posicionou o cano em sua boca, eu podia descrever com riqueza de detalhes seu desespero. O único som ouvido no ambiente foi o estalo do gatilho, indicando a falta de bala no carregamento.

̶  Você não achou que seria tão fácil, achou? – inquiri retórico, enquanto Diggle o algemava. – Leve-o para a prisão da Argus e depois passe o relatório para a Waller. – dei as coordenadas a John. – Tire-o daqui antes que eu o mate de verdade.

Observei o mais velho arrastar Marco que parecia fraco demais devido aos murros na região da costela. Eu poderia ter o ferido mais, porém sabia que o seu psicológico estava bem mais afetado e por hora isso bastava. Observei Sarah sair das sombras onde estava sem falar nada, foram tantos anos nessa busca implacável que só ela tinha conhecimento.

̶  Estou indo para casa, ainda precisará de mim? – neguei com a cabeça a observando deixar o ambiente. Só quando restamos apenas eu e Felicity foi que resolvi me aproximar dela.
̶  O que aconteceu hoje não é metade do que eu posso fazer. Espero que você não volte a me questionar ou duvidar de mim e se não gosta da forma como eu trabalho, então melhor que procure outra equipe, Barbie.

Saí do lugar a deixando para trás. Eu me sentia claustrofóbico com tudo o que tinha acontecido naquela adega, era muito para processar e eu só precisava respirar. Senti algumas lágrimas quentes descer por meu rosto junto às imagens dos corpos sem vida da minha família.

Eu tinha os vingado, então porque não estava satisfeito? Por que toda aquela loucura não parecia suficiente para mim? A cada passo que eu dava, a paz parecia escorrer por entre meus dedos, indo cada vez mais distante.


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Notas finais do capítulo

E então? Confesso que estou ansiosa pelos comentários e opiniões de vcs, esse ep me deu um pouco de trabalho e como eu disse lá em cima, é o meu favorito até agora. Espero muito que gostem e desculpa se ouve erros, pode ter passado pela betagem. Beijos meninas :*



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