A Escuridão Escarlate escrita por Tris Z


Capítulo 5
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Obrigado SaSa Cullen Royal,Davylla e Bela 02 pelos comentários :3. Obrigada Andreza e Filha de Gaia por marcarem a minha historia como favorito. Isso é um grande incentivo para eu continuar escrevendo.
Esse capitulo ficou meio grande. Desculpe se tiver alguns erros,não tive tempo de corrigir tudo. Espero que gostem.
beijos
Tris Z.



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A semana seguinte foi melhor e pior.

Melhor porque a preocupação não era mais um peso em meus ombros. Melhor porque eu quase me senti humana, com todos aqueles adolescentes. Melhor porque Damon estava se comportando.

Mas havia coisas de que eu não podia fugir. Foi ruim ver a dor nos olhos de meu irmão. Ele não admitiria, mas depois de tantos anos era quase impossível não saber o que se passava em seu coração.

—Você esta bem? — falei apoiando a mão em seu ombro enquanto andávamos no corredor.

Ele estava irritado com minha preocupação. Stefan não gostava de mostrar fraqueza.

De uma forma quase bruta, ele balançou o ombro fazendo com que minha escorregasse.

— Já disse que estou bem.

Ele saiu bufando, andando a minha frente.

Foi aí que aconteceu.

Enquanto Stefan andava com raiva, aporta do banheiro masculino abriu abruptamente, revelando o clone de Katherine: Elena Gilbert.

 Eles se toparam, e por alguns segundos seus olhares se cruzam. Mesmo de costas eu estava ciente da carranca que estampava a face de meu irmão. E sem mais nem menos, ele desviou dela e continuou a andar raivosamente pelo corredor.

Corri atrás dele.

— Stefan — chamei inutilmente.

Passei pela garota.

— Desculpe meu irmão, ele está mal humorado.

Em choque, ela apenas balançou a cabeça em assentimento.

Voltei a correr atrás dele — ou o mais rápido possível que eu podia andar naquela multidão — empurrei os alunos para conseguir passar, mas em poucos segundos ele desapareceu, e não me atrevi a procurá-lo. Sabia que ele precisava de um tempo sozinho, de um tempo para pensar.

 Tentada a ir contra meu lado racional — mas não o fazendo — fui para minha próxima aula.

*******************

Não voltei a ver Stefan nas aulas, tampouco o vi na hora do almoço. Estava nevando, o que, se eu conhecia bem Stefan — e eu conhecia — dizia que ele já tinha ido para casa.

Suspirei pesadamente, enquanto caminhava junto com Jessica para o refeitório e ao mesmo tempo, desviava das bolas de neve que voavam para todos os lados devido às incessantes guerras que alguns alunos começavam.

Já lá dentro do prédio e salva da pequena chance de ganhar uma bola de neve em meu rosto pálido, xinguei Stefan internamente por me deixar sozinha com os novos — porém nada confiáveis — “amigos”. Eu confiava em Carlisle, e também confiava em sua doce esposa, Esme, mas meus instintos levavam a crer que a loira — Rosalie —, o grandalhão — Emmett — e o esguio — Jasper — não se simpatizaram muito conosco e que eu teria que ficar de olho neles. 

Eu estava completamente ciente do desprezo que nutriam por mim e meus irmãos. E eu não precisei de muito para descobrir isso.

 Nossa raça possuía instintos que tinham uma força maior que a raça vampirica dos Cullens, nossos sentimentos eram muito mais ampliados, nossas força físicas e mentais mais complexas, e foi exatamente por isso que quando passei próxima a sua mesa, senti seus olhares cravarem em minhas costas como lâminas cortantes banhadas em verbena.

Suspirei outra vez e tentei fazer com que o ânimo da humana que eu julgava ser minha amiga me contamina-se.

Tentei me envolver na conversa humana. Eles estavam marcando para ir a uma praia próxima a Forks, La Push.

Franzi a testa levemente sabendo exatamente sobre o lugar que eles falavam e sobre a restrição dos Cullens com as terras indígenas.

— Você vai com a gente, né Bella?

Fiz uma cara de decepção.

— Eu não posso. Combinei com meus irmãos de terminar de desencaixotar as nossas coisas. Ainda não tivemos tempo.

A maioria dos rostos estampou tristeza, outras como Lauren — uma garota que possuía cabelos que se assemelhavam a palha de milho — e Jessica ficaram satisfeitas. Ignorei suas reações e apenas continuei a negar os insistentes pedidos para que comparece-se.

Cheguei antes de todos na sala de aula de Biologia. Sentei-me em meu lugar e peguei minha pasta me distraindo em desenhar retas e círculos formando o brasão da família que eu carregava em meu anel supostamente mágico.

Pouco a pouco, os adolescentes começaram a chegar e em poucos minutos, o jovem de cabelos cor de bronze, vampiro, e também meu parceiro em biologia, entrou na sala. Involuntariamente, fiquei rígida, mas continuei a desenhar enquanto ao mesmo tempo, prestava atenção em seus movimentos.

Eu ouvi muito claramente quando a cadeira próxima a mim se moveu, mas os meus olhos se mantiveram cautelosamente no que eu estava fazendo.

— Olá — disse uma voz calma e musical.

Eu olhei para cima, abismada por ele estar falando comigo. Edward Cullen estava sentado tão longe de mim quanto à mesa permitiria, mas sua cadeira estava virada em minha direção. O seu cabelo estava pingando de tão molhado, desgrenhado; seu rosto estonteante era amigável, aberto, um leve sorriso nos seus lábios indefectíveis. Mas seus olhos eram cautelosos.

— Meu nome é Edward Cullen, — ele continuou — Eu não tive a oportunidade de me apresentar. Você deve ser Bella Salvatore.

Reprimi um sorriso irônico, daqueles que Damon dá toda hora.

— Sim. É um prazer conhecê-lo. — falei esticando a mão.

 — O prazer é todo meu.

Uma pequena tensão se instalou e no momento que o toquei senti uma estranha eletricidade passar por meu braço. Soltei a mão dele instantaneamente.

Olhei para o outro lado me sentindo estranha.

Por sorte, o Senhor Banner começou a aula nessa hora. Tentei me concentrar na experiência que faríamos hoje. Os slides na caixa estavam fora de ordem. Trabalhando como parceiros de laboratório, nós tínhamos que separar os slides em tipos de raízes das espécies das células das fases da mitose que eles representavam e etiquetá-las adequadamente.

 Não podíamos usar os nossos livros. Em vinte minutos ele voltaria para ver quem havia acertado.

— Comecem — ele ordenou

— Primeiro as damas, parceira? — Edward perguntou

Eu olhei para cima e o vi sorrindo. Não me contive em levantar uma sobrancelha.

— Ou eu posso começar, se você quiser — o sorriso sumiu.

Suspirei brevemente.

— Não — eu disse — Eu começo.

Já havia feito essa experiência milhões de vezes, e sabia o que estava procurando. Encontrei o resultado em uma análise que durou segundos.

— Prófase.

—Você se importa se eu der uma olhada?

Finalmente, eu sorri. Eu possuía quase o dobro de sua idade e igual a ele já havia cursado o ensino médio inúmeras vezes, no entanto apenas deslizei o microscópio em sua direção.

 O observei, enquanto ele examinava o microscópio por um tempo equivalente a minha análise.

— Prófase — ele concordou, escrevendo no papel ao seu lado.

Trocando rapidamente o primeiro slide pelo segundo, Edward murmurou,escrevendo no papel:

— Anáfase

— Posso?— questionei

Ele sorriu maliciosamente e me passou o microscópio. Olhei para a lente, e me desapontei.

Droga, ele estava certo!

— Slide três? — eu levantei minha mão sem olhar para ele.

Ele me passou com um extremo cuidado para não tocar minha pele.

— Interfase — eu passei o microscópio antes que ele pudesse pedir.

Deu uma olhada rápida e então escreveu.

Nós terminamos antes que qualquer outra pessoa estivesse perto.

Podia ver Mike e sua parceira comparando dois slides de novo e de novo, e outro grupo tinha aberto o livro por debaixo da mesa.

Sem mais nada para fazer, eu não tinha opção além de tentar puxar conversa com Edward. Assim que levantei a cabeça, vi seus olhos me analisando com curiosidade.

— Você usa lentes de contato? — soltei

Ele pareceu confuso

— Não.

— Seus olhos não deviam ser... — apontei para o meu rosto — Você sabe... Vermelhos?

Podia ver seu desconforto quando respondeu.

— Não com a nossa dieta.

— Ah... — murmurei

De todos os vampiros que havia conhecido e que eram relativamente diferentes a mim e meus irmãos, sua íris geralmente, ou possuíam um tom vermelho vivo, ou tinham um tom mais profundo que a própria escuridão. O tom dourado, ou até mesmo âmbar, era uma novidade imensa. Sim, já havia conversado com Carlisle em outras eras, mas na época, seus olhos estavam pretos, mostrando a fome.

 Embora, Stefan e eu, bebêssemos sangue animal, isso nunca interferiu em nossa aparência física, comparada aos outros vampiros. É claro, que havia o fato de que nossa força e controle mental tivessem uma restrição, mas eram os únicos efeitos gradativos que levávamos conosco. Com curiosidade acrescentei uma nota mental sobre o assunto.

Olhei para baixo. As mãos dele estavam apertadas contra os punhos de novo.

Depois de o Sr. Banner ter verificado o porque não estávamos mais trabalhando e se surpreender com o fato de que sabia fazer aquela experiência com destreza,eu abaixei a cabeça para esconder o sorriso torto que insistia abrir em meus lábios e voltei a desenhar no caderno.

— É uma pena sobre a neve não é? — Edward perguntou. Eu tinha a sensação de que ele estava se esforçando para falar comigo.

O olhei confusa.

— Não muito — eu respondi honestamente, ao invés de tentar ser normal como todo mundo.

— Você não gosta do frio. — não era uma pergunta.

— Ou do molhado.

— Forks deve ser difícil de viver para você. — ele meditou.

— Você não faz idéia — disse obscuramente, enquanto ao mesmo tempo, espanto passou por mim.

Não entendi porque falei aquilo. Nunca havia declarado aquilo em voz alta. Nunca havia dito em plena voz que não gostaria de estar em Forks. No entanto, aqui estava eu, falando sobre mim com um completo estranho.

— Então porque você veio para cá?

Ninguém havia me perguntado isso, não diretamente como ele perguntou, exigente.

— É... Complicado.

— Eu acho que consigo acompanhar — ele pressionou.

Por um breve momento, pensei em dizer qualquer coisa, ou simplesmente mudar de assunto. Mas não podia fazer isso com ele, para mim, mentir para Edward, um jovem que eu mal conhecia,parecia mais do que errôneo. No fim, segui meus instintos. 

— Meus irmãos queriam voltar.

— Isso não me parece complicado — ele discordou, mas de repente estava simpático. — Quando isso aconteceu?

— Há dois meses — minha voz saiu fria.

— E seus irmãos te convenceram a vir junto — de novo, não era uma suposição.

Meu queixo levantou uma fração, de uma forma petulante.

— Não, eu os convenci a vir.

As sobrancelhas dele se encontraram.

— Eu não entendo — ele admitiu e pareceu excessivamente frustrado com o fato.

Eu suspirei

Porque estava explicando isso para ele?

Ele continuou a me encarar com obvia curiosidade.

— Meus irmãos queriam vir, mas não tinham coragem, não depois de tudo o que passaram aqui a mais de cento e cinqüenta anos. Eles guardam muita magoa no coração. Não agüentava mais ver sua existência ser jogada fora. Então os convenci a enfrentar seu medo, e substituir as lembranças antigas de Forks, por lembranças melhores. Talvez eles ficassem felizes — dei de ombros, como se fosse algo irrelevante.

— Mas agora você esta infeliz. — ele apontou

— E? — eu desafiei

— Isso não me parece justo. — ele encolheu os ombros, mas seus olhos ainda estavam intensos.

Eu sorri sem humor.

— Nunca te contaram? A vida não é justa.

— Eu acredito que eu já tenha ouvido isso antes — ele concordou secamente.

— Então isso é tudo — eu insisti, me perguntando por que ele ainda estava me olhando daquele jeito avaliativo.

— Você fez um belo show — ele disse vagarosamente — Mas eu seria capaz de apostar que você esta sofrendo mais do que deixa os outros verem.

Eu fiz uma careta para ele, tentando controlar o impulso de mostrar minha língua para ele, como uma criança de cinco anos e olhei pro outro lado.

— Estou errado?

Eu tentei ignorá-lo

— Eu acho que não — ele disse

— Porque isso importa para você? — questionei com os dentes cerrados.

— Essa é uma pergunta muito boa. — ele murmurou tão baixo que eu imaginei se ele estaria falando consigo mesmo.

Eu suspirei e olhei para o quadro negro, carrancuda.

— Eu estou te aborrecendo? — ele me perguntou.

Eu olhei para ele sem pensar... E disse a verdade de novo.

—Não exatamente. Eu estou aborrecida comigo mesma. Meu rosto é tão fácil de ler, meu irmão sempre me chama de livro aberto.

— Pelo contrario, eu acho você bem difícil de ler.

Apesar de tudo o que eu disse e de tudo o que ele adivinhou, ele parecia sincero.

—Você deve ser um bom leitor então. — eu repliquei

— Geralmente — ele sorriu largamente, mostrando uma serie de dentes perfeitos e super brancos.

Sr. Banner pediu ordem na sala ,e eu me virei aliviada para ouvir.

Eu tentei fingir que prestava atenção, enquanto o Sr. Banner explicava. Mas não consegui me concentrar, a todo minuto aquela estranha conversa voltava a minha cabeça. A esquisita eletricidade que nos cercava, também não era muito útil.

Quando o sinal finalmente bateu. Edward saiu o mais rápido que podia sem revelar seu segredo.

Mike pulou rapidamente para o meu e pegou os méis livros para mim.

— Aquilo foi horrível. — ele gemeu — Todos pareciam exatamente iguais. Você tem sorte por ter o Cullen como parceiro.

— Não tive problema nenhum — disse com raiva pela suposição dele. E me arrependi pela grosseria — Eu já tinha feito essa experiência.

— Cullen pareceu amigável o suficiente hoje — ele comentou enquanto vestíamos os casacos da chuva.

Ele não pareceu feliz com isso. E eu fiz questão de ignorá-lo.

*******************

No final do dia, depois de passar por uma pavorosa aula de Educação Física, caminhei até o meu carro. Afundei em seu estofamento de couro velho, e soltei um longo suspiro. O dia havia sido longo.

Por alguns minutos, meditei sobre a conversa que havia tido com Edward Cullen. Era surpreendentemente esquisito, que ele, um completo estranho, conseguisse com tanta facilidade me desvendar.

Realmente não queria estar em Forks. Era o pior lugar do mundo para mim. Obviamente, pelas lembranças ruins. Mas assim como meus irmãos, eu estava disposta a esquecê-las e substituí-las. E eu estava torcendo para que isso realmente acontecesse.

Ajeite-me e joguei a mochila no banco de trás. Dei a partida e vi, ao longe, um adolescente de cabelos cor de bronze me encarando com um enorme sorriso.                                                                                                   


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