A Lagarta escrita por Vatrushka


Capítulo 25
Uma Cajadada


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu não sei se você tem essa mesma mania de se perguntar toda vez que lê uma história/vê um seriado: "Ei, qual seria o signo desse personagem?" Maaaaas como eu tenho isso sempre, consequentemente que gosto de definir os signos dos meus quando os crio.
Entãããão aqui a lista dos signos que eu defini:
Lana: Câncer
Ghunter: Sagitário
Giullian: Gêmeos (daah)
Alan e Luce: Aquário
Carl: Virgem
Pan: Peixes
Anh: Leão
E confesso que foram só esses que eu bolei mesmo... Agora chega de enrolar, boa leitura!



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Luce aguardou que todos fossem a seus respectivos aposentos. O Parlamento oferecera quartos no Palácio para ela e seus amigos passassem aquela noite, depois de um dia tão longo. Seriam reapresentados à população no outro dia de manhã, e à tarde voltariam às suas casas.

Menos Alan. Porque o imbecil do irmão concordara em ser Rei, iria morar sozinho no Palácio.

A Lebre entrou no próprio quarto, bufando. Um ano realmente fazia muita diferença pra uma pessoa.

Esperou no total de uma hora, para ter certeza de que todos os outros haviam dormido. Foi quando, silenciosamente, se direcionou ao corredor e entrou no quarto de seu irmão - futuro rei.

Ele estava acordado, sentado frente à sua escrivaninha, encarando fixamente sua coroa.

Luce o analisou por um tempo. Tentou entender o que se passava.

"O que está tentando encontrar?" Começou a irmã. Alan não mudou de posição. "Algum significado? Alguma razão, objetivo, motivo para ter aceitado usá-la?"

Alan pegou a coroa, sentando de forma mais ereta.

"É só um brinquedo, Alan. Agora, pelo menos, não passa de um brinquedo. Ou melhor: é o que te torna um."

O irmão tornou a olhar para ela. De novo, indiferente.

"Não é isso que Carl iria querer, Alan. Foi para isso que Carl cuidou de nós a vida inteira, foi disso que ele tentou nos proteger, foi por isso que ele morreu...!"

"Silêncio!" Bradou Alan, interrompendo a tempestade de Luce.

A Lebre quase caiu para trás, com tanto susto. Nunca, em nenhum momento da vida, que o Arganaz havia aumentado o tom de voz.

Lacrimejando, o príncipe regente se levantou. "Você é uma cega, irmã! Não foi disso-" Ele ergueu a coroa, jogando-a no chão logo em seguida. "que Carl fugiu a vida inteira. Ele fugiu da perseguição, da Dinastia Vermelha...!"

"Ele fugiu do passado, Alan!" Corrigiu Luce, se recompondo. "E era o que você deveria estar fazendo também! Droga, já não tivemos destruição o suficiente?"

Os ombros de Alan murcharam. Ela simplesmente não entendia!

"Eu sei o que você pensa, irmã. Você acha que todo o símbolo de poder que já conheceu automaticamente é relacionado a algo ruim, a morte, a destruição...! Mas não precisa ser assim! Por mais que você queira esquecer, é impossível! Está no seu sangue!"

Luce revirou os olhos. Alan agarrou seus braços, tentando convencê-la a ter lucidez. "Pare. De tentar. Esquecer. Quem você é! Você é Luce, filha do rei Zeno e da rainha Glaura, herdeira oficial da Dinastia Branca! Você é uma princesa, Luce! É seu dever acudir seus súditos na hora que precisam!"

A Lebre tentava se debater, inutilmente. Alan continuou:

"Você acha que os nossos pais aprovariam o que está fazendo? Desonrando o nome deles?! Negando seu lugar de direito?!"

"Nossos pais estão mortos, Alan!" Luce se soltou, finalmente. "Assim como a Dinastia!"

Os dois se encararam, enfurecidos, em um profundo silêncio. Chegaram a um impasse. Não conseguiriam convencer um ao outro.

"Foi a Duquesa, não foi?" Retomou Luce. "Ela colocou essas ideias na sua cabeça!"

Alan indignou-se. "O quê?! Denise foi a única pessoa que esteve ao meu lado no ano mais difícil da minha vida! Ao contrário de você, que se considera da minha família!" Apontou o dedo para o rosto de Luce, alterando-se cada vez mais. "Está vendo? Você sempre me subestima! Me acha um palerma, influenciável! Acha que não sou capaz de pensar por mim mesmo, afinal, você é tão mais velha e tão mais inteligente! Sendo que não passa de uma covarde!"

A fúria subiu aos olhos de Luce, cada vez mais vermelhos. Apertava o próprio pulso, para não socar o irmão.

Negando a possibilidade que o irmão poderia ter razão - como sempre fazia - Luce desistiu. Não conseguiria trazê-lo para casa.

"VOCÊ JAMAIS SERÁ CARL!" Esbravejou, saindo do quarto e batendo a porta atrás de si.

Marchando em direção à sua porta, encontrou Giullian no meio do caminho. 

Se ainda não estivesse tão alterada, até teria se envergonhado com o próprio cabelo embaraçado e com o fato de estar de camisola - e teria se importado em ser mais delicada, cumprimentando-o com um boa noite.

Mas Giullian era outro problema que não queria ver. Tinha a sensação de que este também lhe retribuía os sentimentos - era o que Lana afirmava, em certas conversas escondidas que tinham antes de dormir - mas, como ela, nunca tomava realmente atitude.

Luce odiava esta relação indefinida. Tinha medo de ser como Ghunter e Lana - eternamente implicantes, nunca se resolvendo de fato. E odiava se sentir tão patética perto dele.

"Luce, ouvi..." Ele começou, com delicadeza.

Ela o cortou, não diminuindo a velocidade em direção ao seu quarto. "É? Que bom que tenha ouvido. Quer dizer que não está surdo."

Giullian se pôs na frente da porta de seu quarto, barrando-a. Luce esfregou o rosto com irritação. 'Oh, Giullian, para quê complica...?'

"Olha Giullian, eu realmente, honestamente e sinceramente não quero falar sobre isso. Por favor, saia da minha frente."

Intacto como uma montanha.

Luce revirou os olhos, já se afastando. "Tudo bem. Eu durmo no jardim. Já fiz isso tantas vezes antes..."

Sentiu a mão dele em seu ombro. Amaldiçoou o contato físico.

"Você tem que parar com isso, Luce."

A Lebre nem se deu ao trabalho de perguntar o quê. Não queria lucrar conversa.

"Como eu estava dizendo... Ouvi você falar coisas que nunca tinha reparado que passassem pela sua cabeça. Coisas que realmente te atormentam. Você... Você nunca compartilha o que sente...!"

Luce ergueu a sobrancelha e encarou-o, amarga. "Que nem você?"

Ele a encarou de volta, surpreso. Novamente, não sabia o que dizer. 'Já me cansei de silêncio.'

"Aliás, Giullian, que bom que está acordado. Podemos discutir melhor nossos planos, sim?" Prosseguiu Luce. "Você se aproveitou bem da situação, não é? Teve sorte de eu não querer ser rainha, de eu preferir viver viajando para cumprir meu 'dever'. Assim, você vai poder fazer o que sempre quis! Viajar! Nunca se fixar, nunca criar raízes para nada em lugar nenhum!"

A mão de Giullian foi se tornando cada vez mais leve. Luce se soltou em um movimento brusco.

"E ainda tem a coragem de sair por cima se posando de gente fina, como se estivesse indo junto só pra não me deixar sozinha! É o que faz desde o início desta história toda, não é? Só apresentou Lewis a nós para se livrar de um viajante que estava precisando de ajuda. Só veio com Lana para nos resgatar porquê precisava de fugir para algum lugar - já que Victoria também estava atrás de você."

Luce nunca viu Giullian tão ofendido. Internamente, se odiou por estar o magoando.

"Eu sei o que você é, Giullian. Um falso. Um mentiroso. Um duas caras."

A Lebre se sentiu egoistamente leve e satisfeita por exteriorizar as impressões que tivera de Giullian, em todos aqueles anos de observação.

'Eu te estudei mais do que ninguém, Giullian. Eu te conheço mais do que você conhece a si mesmo.' Completou, mentalmente.

Conseguiu analisar e expressão indecifrável de Giullian. Viu que inicialmente ele estava tentando ser paciente, compreensivo com a situação de Luce, entedia que estava magoada e por isso cuspiria fogo para todos os lados.

Mas aos poucos, viu que Giullian se sentia triste por concordar com ela. Pois sabia que aquilo que havia dito realmente se encaixava.

Luce viu, em poucos segundos de olhares confusos, uma batalha dentro da cabeça de Giullian. Uma parte de si mesmo se odiava por ser tão inconstante, tão distante, tão só. A outra odiava ser cobrado, confrontado de qualquer forma. Prezava a liberdade acima de tudo.

A princesa aguardou o resultado daquela luta - estava muito familiarizada com este tipo de situação.

"Seja lá qual for o lado que você escolher, Giullian, escolha logo."

Giullian subiu o olhar para o rosto de Luce. Cada olho seu representava uma emoção diferente.

Luce se aproximou, olhando fundo nos dois olhos. "Porquê o meu lado, eu já escolhi há muito tempo."

E sem se importar em ser correspondida ou não - ao mesmo tempo - Luce o beijou ternamente.

Sentiu o corpo de Giullian enrijecer. É como se os dois lados de sua cabeça finalmente tivessem se calado. Esta sensação de paz, consenso, realmente era nova para o contador de histórias.

Como um cego que se agarra à visão, Giullian puxou Luce para mais perto.


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Notas finais do capítulo

Agora, comigo: ergam aos mãos aos céus e exclamem: ALELUIA! Esses dois se resolveram! kkkkkkkkk



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