No dia seguinte depois que a aula acabou esperamos todos saírem da sala e colocamos um pote com tinta azul em cima da porta e o Omar disse para a Sabrina que ela tinha esquecido um caderno na sala e nós dois ficamos olhando para a porta da sala pelo corredor.

Quando ela empurrou a porta o pote de tinta caiu todo nela e todos que estavam no corredor riram, e eu e o Omar também.

A professora Flávia chegou perguntando quem tinha feito a brincadeira e a Sabrina na hora disse que foi o Omar porque ele que disse para ela ir na sala.

— Omar, você sempre faz essas brincadeiras!

O Omar abaixou a cabeça.

— Desculpe professora. – Ele disse fingindo estar arrependido.

Nessa hora eu fiquei sem saber o que fazer, o Mateus, a Dóris e o Téo chegaram e estavam presenciando o que estava acontecendo.

Ai que droga, não podia deixar o Omar levar a culpa sozinho, não devíamos ter feito isso, a Sabrina não valia a pena.

— Professora. – Eu disse e ela olhou para mim. O Omar fez um sinal negativo com a cabeça para mim, e eu tinha entendido que ele estava bem em levar a culpa sozinho, mas mesmo assim eu falei. – Não foi só o Omar, eu também ajudei.

Eu disse e vi os olhares de decepção do Mateus, da Dóris e do Téo. Fiquei muito triste na hora, mas tinha que pagar pelos meus erros.

— Vocês dois, vem comigo na diretoria agora.

— Calma professora. – A Sabrina disse.

— O que foi Sabrina?

— Foi só uma brincadeirinha dos dois, não me importo. – Não acredito que ela estava tentando passar imagem de boazinha.  – Olha, vou te mostrar que estou bem.

Ela se aproximou de mim e me deu um abraço, o que me sujou de tinta também. E ela aproveitou e sussurrou no meu ouvido:

— Muito Obrigada por me ajudar mais com seus ex-amiguinhos, e essa brincadeira vai ter volta. – Ela disse me ameaçando e riu baixinho.

Se eu pudesse eu dava um soco nela agora, mas não podia estragar ainda mais a minha imagem, então tive que ir na dela.

— É isso mesmo professora, foi só uma brincadeira, não sabia que ia dar nisso, desculpinha! – Eu disse tentando fazer uma cara de inocente, então me virei para a Sabrina.

— Desculpinha Sabrina, não queria causar nenhum problema.

— Tudo bem crianças, entendi. Mas mesmo assim vocês dois vão ter que ir comigo conversar com a diretora e também vou falar com seus pais, esse tipo de brincadeira não é divertido.

Eu e o Omar ficamos sentados na porta da diretoria esperando.

— Não acredito que te escutei, eu nunca fiz uma coisa dessas agora por culpa sua vou levar bronca. – Eu disse com raiva cruzando os meus braços.

— Nossa, fui eu que dei a ideia, se você foi na minha o problema é seu! – Ele disse brigando comigo e se levantando. – E eu tentei levar a culpa sozinho, se você não quis deixar agora que você se ferre também!

Ele disse meio gritando e foi embora, nem esperou a professora voltar, eu fiquei sentada lá esperando emburrada. Ela abriu a porta da diretoria:

— Cadê o Omar?

— Foi embora. – Eu disse dando de ombros, mas eu estava com um pouco de medo de ir ver a diretora sozinha nunca tinha passado por isso, mas respirei fundo e entrei na sala junto com a professora.

Tentei parecer arrependida o máximo que pude e acabou que não levamos nenhuma advertência, acho que o que a Sabrina disse ajudou. A única coisa que teríamos que fazer era limpar o chão da escola que ficou sujo e lavar o uniforme da Sabrina, o que era tranquilo, ou pelo menos eu achava que era, porque nunca tinha lavado uma roupa antes.

Chegando em casa a Rebeca estava com os braços na cintura e me olhando brava.

— Como você pode fazer isso Manuela?

Eu fiz a mesma expressão de arrependida que fiz na sala da diretora.

— Desculpinha mãe, foi só uma brincadeirinha, não sabia que ia dar problema.

— Essas brincadeiras são erradas Manuela, eu disse que você não deveria andar com esse menino, o Omar, a diretora me disse que vocês dois fizeram isso juntos.

— Ai mãe, não é culpa do Omar, foi uma escolha minha fazer isso, não sou influenciada por outras pessoas.

Não sei se o que disse agora era melhor ou pior para mim, mas me fez ficar um pouco arrependida de brigar com o Omar.

Enquanto eu tomava banho pensei que a culpa não era dele, ele deu a ideia e eu não deveria ter aceitado, a raiva do momento me fez agir por impulso.

A tarde no mesmo dia voltei a escola para limpar a bagunça, não sabia se o Omar ia ir, mas se ele não fosse ajudar a limpar eu ia dar a roupa da Sabrina para ele lavar sozinho!

Chegando na escola, a professora Flávia estava me esperando na entrada e me disse que o Omar já estava lá limpando com os objetos de limpeza e era para eu ir ajudar.

— Oi Omar. – Eu disse quando cheguei na sala, ele estava ajoelhado limpando o chão.

— Oi. – Ele disse sem olhar para mim.

— Desculpa pelo que eu disse mais cedo, sei que não é só culpa sua.

Ele finalmente olhou para mim.

— Ainda bem que você entendeu, mas desculpa também, eu não devia ter dado a ideia.

Abaixei, peguei uma bucha e fui ajudar ele.

— Não devíamos ter feito isso Omar, acabou prejudicando a gente ainda mais e eu não estou me sentindo nada melhor. – Eu disse para ele enquanto limpávamos juntos.

— Eu sei. – Ele disse - Eu entendi agora o que você fala de brincadeiras, você devia ter deixado eu levar a culpa sozinho, eu já estou acostumado.

— Foi muito legal isso da sua parte, tentar levar a culpa sozinho por mim. Mas eu tenho que assumir meus próprios erros. Mesmo assim, obrigada! – Eu sorri para ele.

Demoramos muito tempo para limpar tudo e eu já não aguentava mais, nunca precisei de limpar nada e desde que cheguei nesse vilarejo parece que sou uma escrava!

—---------> No próximo capítulo <---------

Ficamos tentando lavar e não estava dando certo. Colocamos ela na água e começamos a esfregar. A água ficou azul, mas a roupa continuava manchada.

Chegando em casa fui para o quarto olhar o computador e recebi uma mensagem do Joaquim falando que meu padrinho já estava na cidade.

—----------> <---------