Sekai no Sozokujin: Herdeiros de um mundo -revisão escrita por SabstoHoku, FrancieleUchihaHyuuga


Capítulo 32
Acordos.


Notas iniciais do capítulo

HEEEYYY!
PESSOAAALL! Sentiram nossa falta? Eu estava MORRENDO de saudade de vocês, acreditem.
Primeiramente, devendo nos desculpar pela demora com a atualização do capítulo. É que fiz uma cirurgia recentemente de estou em processo de recuperação, então as coisas andavam bem complicadas, entendem? Mas se acalmem, pois agora realmente estamos nos encaminhando para ao final dessa temporada e tanto eu quanto a Fran estamos mais animadas do que nunca para essa fic!
Então, sem mais delongas, está aí o capítulo! Espero que gostem!
#SNSsegundatemp.



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Tic, toc

—Ela está agindo estranho. -Declarou, sentindo os dedos rígidos e dormentes de tanto apertarem a borda da cadeira onde estava sentada. Ela olhava para baixo, parecendo estar prestando bastante atenção nos próprios pés. Hora nenhuma seus olhos azuis focavam no homem à sua frente, ou no que estava ao lado dele.

—Estranho como? -Os olhos também azuis do mais velho pareciam inquietos, bem mais que o normal, porém nunca continham-se na menina, assim como a mesma fazia com ele. Era quase um jogo - que pararia caso ele ao menos tentasse resgatar o rosto e o olhar baixo dela, coisa que parecia estar fora de possibilidade. Nenhum dos dois levantaria os olhos um para o outro. Haviam guerras internas sendo travadas ali, e nenhuma delas parecia prestes a se resolver.

Tic, toc

—Estranho. -Reafirmou. Levantou o olhar para o relógio que fazia seus barulhos constantes, e sustentou-o ali, encarando o objeto com raiva. Uma gota de suor escorreu por sua testa. Por tudo que era mais sagrado, não conseguia mais suportar aquilo. -Ela parece estar sempre com medo, e bem desconfiada. Não se aproxima mais de Hitomi, e nem de mim. E sempre tem uma expressão triste. Não está bem, 'ttebane. -Tentou dar a descrição mais plausível e rápida possível, buscando arranjar uma maneira de sair dali. Não poderia dizer os reais motivos que lhe indicavam o estado atual de Toshiko.

—Desde quando? -A voz do Uchiha finalmente surgiu, entrando na conversa sem aviso prévio.

Tic, toc”

—O q-que? -Ela fechou os olhos, apertando-os fortemente. A tensão parecia fazer moradia em seus ombros, deixando-os ainda mais pesado do que realmente eram. Ela sentia-se cansada, ou até mesmo exausta, porém mal faziam dez minutos que aquela conversa começara. Se não saísse dali naquele instante, seu pai teria que arranjar um relógio novo.

—Desde quando ela vem agindo assim? -Repetiu a pergunta. Poderia ser sua imaginação, porém sentiu que a voz do Uchiha parecia temerosa.

—Desde que voltamos daquela missão na Vila do Algodão. Quando ela foi sequestrada.

Sasuke não respondeu. Pelo contrário. Lançou ao amigo um olhar preocupado e sério, e uma conversa silenciosa aconteceu.

Tic, toc”

—É isso. Eu vou ir. -Ela se levantou, finalmente livrando seus dedos do aperto em que havia condicionado-os. Observou as próprias mãos: estavam vermelhas e doloridas. Não se importava. Queria apenas sair. Apenas dois passos faltavam para que chegasse até a porta quando a voz de Naruto parou-a novamente.

—Eu queria conversar com você. Sobre Hitomi. Moegi nos disse…

—Eu vim aqui pra falar sobre a Toshiko. Estou preocupada. Não sei de nada sobre Hitomi, 'ttebane. Não sei o que a Moegi-sensei acha que viu, mas ela está errada. -Fechou os olhos novamente e respirou fundo, sentindo suas mãos começarem a tremer. Temia que aquilo acontecesse. Não diria nada à eles. -Eu preciso ir.

—Hokuto…

“Tic, to…”

—Tchau, pai. -Abriu a porta e saiu, fechando-a antes que algum dos dois pudesse dizer alguma coisa. Ainda no corredor, sentiu algo quente percorrer sua bochecha direita e chegar até seu queixo. Só então notou que suas bochechas estavam molhadas. Quando tinha começado a chorar? Antes ou depois de sair daquela sala? Ao menos havia se livrado do maldito relógio. Usou a mão esquerda para secar suas próprias e indesejadas lágrimas, ignorando a dor que ainda sentia nos dedos e na dobra do pulso, estes ainda vermelhos e latentes. Sem dúvidas, aquela não era a pior dor que sentia naquele momento. Por quanto tempo e com quanta força havia ficado apertando aquela cadeira? Pelos tiques do relógio -que sua mente lhe obrigara a contar, praticamente torturando-a - havia ficado cerca de dez ou onze minutos no escritório do pai. Porém, não sentia como se tivesse sido apenas isso. Sua mente e corpo cansados lhe diziam que não tinham sido apenas onze minutos, e sim onze horas.

Onze horas de um agonizante interrogatório.

Queria se livrar do peso que tinha nos ombros - Queria não ter aqueles olhos, para que não visse o que quer que fosse que aflingia Toshiko. Porém via, via que algo estava errado, e isso não poderia passar em branco. Uma história mal contada era melhor que não haver história nenhuma, certo? Eles precisavam notar de alguma forma. Precisavam se preocupar.

Porém, parecia que todos estavam de mãos atadas. Seu pai, seu tio.

Até mesmo ela.

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—Oi, Bolt. -Ouviu Hokuto lhe cumprimentar, da exata mesma forma que fazia a duas semanas. Era apenas um “oi” dito secamente seguido de seu apelido, talvez para que ainda demonstrasse a mínima intimidade. Era sempre da mesma maneira, dito com o mesmo timbre de voz.

Duas semanas.

Fazia duas semanas que havia sido um completo idiota. E sabia disso. Atualmente, passava a ver as consequências que toda a sua raiva descontrolada trouxera, e não estava gostando nada daquilo.

Bem, ele não deveria mesmo gostar, afinal.

—Onde estava? -Questionou, encarando a irmã, que permanecia parada no batente da porta, parecendo observar de forma perdida a sala. Tinha um olhar distante, inquieto, e era possível notar uma certa vermelhidão em suas bochechas e olhos, o que indicava que provavelmente estivera chorando.

—Treinando, 'ttebane. -Respondeu, secamente. Boruto conhecia a irmã bem demais para saber que ela havia falado a primeira desculpa que lhe viera à mente. Bem, não estava em posição de exigir nada da garota naquele momento.

—Sei.

—É. E você? Acordou agora?

—Mais ou menos.

—Hm… -Hokuto desencostou-se do batente, abaixando a cabeça. Durante esse movimento, por um instante, apenas um, os dois pares de olhos azuis se encontraram, e Boruto conseguiu ter a certeza de que algo estava muito errado. A rosada manteve a cabeça baixa, evitando ao máximo encontrar-se novamente com o olhar do irmão, e dirigiu-se até o começo da escada. Encarou o primeiro degrau durante alguns segundos, como se fosse algum obstáculo insuperável. Boruto manteve seu olhar na irmã, estranhando tal atitude.

—Hokuto…

—Estou bem. -Ainda assim, não houve mudança em sua posição. O loiro soltou um suspiro. Sabia que deveria fazer algo. Talvez a atitude correta fosse abraçá-la, confortá-la de alguma forma.

Mas ele não o fez. Pelo contrário, desviou seu olhar para qualquer outro lugar que não​ fosse onde ela estava. Não voltou a olhar para a direção da escada até que ouvisse os passos da gêmea no andar de cima.

“O que estamos fazendo, 'ttebane?”

Não saberia responder essa questão, caso lhe perguntassem. Sequer sabia quando perguntava para si mesmo dessa forma.

Quem estamos nos tornando?”

Tampouco essa. Gostaria de poder fazer esses questionamentos à irmã. Hokuto sempre fora a mais inteligente. Talvez ela soubesse lhe responder. Porém, a exatas duas semanas, parecia estranho o pensamento de perguntar qualquer coisa à ela.

Suspirou de forma cansada e se virou em direção à cozinha, bagunçando os próprios cabelos com a mão enquanto andava.Talvez comer alguma coisa o acalmasse.  Sabia que, se a situação continuasse daquela forma, acabaria ficando louco alguma hora;

Antes mesmo que pudesse entrar no cômodo seguinte, a campainha tocou. O loiro franziu as sobrancelhas. Alguém ali, àquela hora? Dirigiu-se até a porta e a abriu, dando de cara com um Konohamaru apresentando uma expressão transtornada.

—Konohamaru-sensei? O que 'tá fazendo aqui?

—O time 7 foi convocado.

—Convocado?

—Sim. Uma missão de baixo nível, de rotina. -Respondeu o moreno, calmamente. Boruto arqueou uma das sobrancelhas.

—Missão de rotina? Somos chunnin, sensei. Esse tipo de missão é para os novatos. -Um sorriso iluminou a face do garoto, que naquele instante quis, de verdade, sentir o tanto de orgulho que demonstrava.

—São ordens do Hokage. Vocês não tem escolha. Temos que estar lá em vinte minutos. -Konohamaru soltou, de forma direta. O sorriso do Uzumaki falhou por um instante, e então foi murchando aos poucos. Queria tudo, menos ver o pai naquele dia.

—Do… -Suspirou. -Certo, 'ttebane. Vou chamar a Hokuto. -Dito isso, o loiro abandonou a porta, sem sequer se lembrar do professor parado ali; subiu as escadas, rumo ao andar de cima, e dirigiu-se até o quarto de Hokuto. Após vários anos, a garota finalmente voltara a ocupar o cômodo, fazendo com que sua convivência com o irmão diminuísse cada vez mais. A culpa? Mais uma vez, pertencia à Boruto.

Para a sorte do garoto, a porta estava aberta. Quase chegou a suspirar de alívio: não sabia se seria capaz de chamá-la, caso fosse necessário. Hokuto estava sentada na cama, desenhando algo que não estava visível para o menino. Boruto aproximou-se devagar, parando no batente da porta, de um jeito meio sem graça.

—Konohamaru está nos chamando. -Disse, em voz alta, de forma direta. Hokuto, que estava absorta demais em seu desenho para notar a aproximação do irmão, foi pega de surpresa, levantando-se num pulo, derrubando tanto o caderno quanto o lápis que utilizava. Boruto arregalou os olhos e balançou as mãos, sentindo-se arrependido e com medo da reação da rosada, e falou, de forma apressada: -Eu não quis…

Hokuto olhou para o caderno de forma sombria, e então, para sua surpresa, a expressão no rosto da irmã mudou,e ela riu, jogando-se de costas de volta na cama, tudo isso em questão de segundos. Uma risada alta e com muito humor, que há muito tempo ele não ouvia. O menino estava inexpressivo. O quê tinha acabado de acontecer?

—Eu… -Tentou, mas logo teve sua fala cortada pela garota.

—Espera, Bolt, 'ttebane! -Pediu, em meio ao acesso de risos, virando a cabeça para olhar para ele, um grande sorriso enfeitando seu rosto. Boruto viu, por um momento, os olhos brilhantes e cheios de vigor da irmã, como sempre haviam sido. Viu também aquele sorriso gentil e divertido, que ela costumava dar. Viu Hokuto de verdade, acima de qualquer problema, como a garota sempre se mantinha, e isso involuntariamente o fez sorrir também.

O sorriso e o brilho dela, porém, se desfizeram ao capturar a imagem do irmão. A expressão se fechou, tornando-se quase triste, e ela se levantou lentamente, pegando o caderno e o lápis que havia deixado no chão.

—Konohamaru-sensei? -Perguntou, deixando suas coisas em cima de uma cômoda e se virando para olhar para o irmão. -Para quê?

—Uma missão. Coisa de genins...

—Genins? -A garota ergueu uma sobrancelha -Agora?

—É, 'ttebane. Ele disse que foi o pap… o Hokage que ordenou.

—Ah… -Uma expressão preocupada passou pelo rosto da Uzumaki, de forma rápida. -Certo… Vou colocar o uniforme.

—Eu também. -O loiro respondeu, já prestes a fechar a porta. -Ah, temos vinte minutos.

—Vinte? Está ótimo. -Encarou pacificamente o irmão.- Vai logo Boruto, não podemos demorar, tenho que me vestir, dattebane!

—Tá, tá. -Fechou a porta, dirigindo-se ao próprio quarto, não podendo se impedir de soltar um sorriso ao se lembrar da cena repentina que presenciara.

—-----------------

O céu nublado poderia ser muito bem um reflexo dos pensamentos barulhentos do loiro. Além de estranhar a jeito de agir de Hokuto alguns momentos antes, enquanto caminhava com a irmã e o sensei em direção ao prédio do Hokage, sentia também uma falta inexplicável de algo. Olhou para os lados, de forma confusa. Hokuto se distraía olhando o fluxo de moradores que se deslocam para lá e para cá, vez ou outra dando um “bom dia” ou um simples “oi” para a menina, que ela conseguia perfeitamente responder na mesma intensidade. Konohamaru andava olhando para frente, tanto sua expressão quanto sua postura tão duras quanto pedra.

Uma missão do time 7

Mas tinha algo faltando. Alguém do time 7.

—Bolt. -Ouviu alguém chamando, a voz que jurava ser de Hitomi. Mas não poderia ser de Hitomi, pois era ela quem estava faltando ali.-Bolt!

—O quê?! -Finalmente ele se virou, saindo de seus devaneios e percebendo, enfim, que quem o chamava era Hokuto, que agora andava ao seu lado. A menina franziu o cenho diante da reação do irmão, e levantou uma sobrancelha.

—Está tudo bem? -Ela abriu a boca novamente, prestes a perguntar mais alguma coisa, porém Boruto a cortou, virando-se bruscamente em direção a Konohamaru.

—Sensei, e a Hitomi?

—Num treinamento. Ela não vai poder ir nessa missão. -Respondeu automáticamente, sem desviar o olhar, de forma quase ensaiada. Boruto levantou uma das sobrancelhas.

—Treinando? Ela não estava querendo nem sair de casa, 'ttebane. -Hokuto murmurou, porém suficientemente alto para que o Sarutobi ouvisse.

—Foi de última hora, um convite de Toshiko.

—Toshiko? Ouvi dizer que ela não estava fazendo missões, porque não estava bem. -Rebateu a menina.

—Não é uma missão, é um treinamento. Ela está melhor. E como você sabe disso?

—De todos os jounins da vila, tinha que ser uma Anbu a treinar Hitomi? -Hokuto questionou em resposta, ignorando a pergunta do mais velho.  Boruto também não sabia dessa informação, e não fazia ideia de como Hokuto poderia saber, apenas acompanhava o que parecia o começo de uma discussão com os olhos.

—Toshiko é Uchiha.

—Tio Sasuke também.

—Sasuke está ocupado.

—Ele está treinando eu e o Bolt. Não está fora da vila. Ele não está tão ocupado, dattebane.

—Está ocupado treinando vocês.

—Ele não nos treina todos os dias. O que faz no resto do tempo?

—Isso não te diz respeito. Ele não tem tempo.

—Engraçado, eu vi ele hoje de manhã.     Não parecia tão ocupado parado do lado do Hokage. -”Viu? Hoje de manhã?”  O loiro franziu o cenho em reação a afirmação da irmã. Não fazia ideia do motivo que faria a garota ir se encontrar com o tio e o pai naquele dia, e nem em nenhum outro ultimamente. - E se Toshiko tivesse melhorado, ela teria voltado para as missões. Ela adora as missões.

—Hokuto, chega.

—Você não faz ideia, não é, sensei?

—Você é quem não faz ideia. Hitomi está treinando com Toshiko, por isso não pôde vir, é isso. Não tem mais nada para explicar.

—É, não tem. -Boruto quase podia ver veneno pingando das palavras da rosada naquele momento. Quando ela havia se tornando capaz de falar com tanto ódio, e porquê? Entendia que ela poderia estar e estava com raiva, principalmente por conta dele, mas sabia que a irmã não atacava ninguém sem motivos da maneira que parecia estar fazendo com o professor. Mas quais seriam os motivos?

—Hoku… O quê…?

—Nada, Bolt. Nada. -Cortou ela, antes mesmo que ele pudesse perguntar, o olhar focando-se no chão. -Só… deixa pra depois, tá?

O loiro suspirou diante das palavras da irmã, concordou com o pedido através de um aceno de cabeça e então decidiu focar-se no caminho à sua frente. Seus passos o aproximavam cada vez mais do prédio do Hokage, e, no fundo, ele desejava que fizessem o contrário. A verdade era que apenas a anunciação daquela missão o fizera sentir que algo estava errado, e a sensação permanecia inquietando-o, principalmente após a conversa que acabara de ouvir.

—Prometo tentar te contar, se eu puder. -Murmurou Hokuto ao seu encalço, enquanto subiam os poucos degraus que davam acesso ao corredor que os levaria ao escritório, que para Boruto pareciam durar uma eternidade. Cada passo ecoava no prédio, dando uma impressão de profundo vazio. Ou seria coisa de sua cabeça?

—Senhor? Podemos entrar? -Questionou Konohamaru assim que chegaram à porta do escritório, numa formalidade nunca antes vista pelos alunos. Boruto levantou uma de suas sobrancelhas loiras, enquanto Hokuto soltou um “Hm” desinteressado, ambas as atitudes sendo ignoradas pelo jounin.

—Sim, sim, claro. -Concordou a voz de Naruto, vinda do lado de dentro do cômodo, demonstrando certa impaciência (ou talvez fosse nervosismo?). Antes, porém, que Konohamaru pudesse abrir a porta para entrar, ela se abriu “sozinha”, revelando a imagem não só do Hokage, mas também de um garoto alto com cabelos numa tonalidade curiosa de azul, que sorriu para eles de uma forma tímida.O Uzumaki analisou o garoto de longe: lhe parecia extremamente familiar.Virou de leve a cabeça para observar a expressão da irmã ao ver o menino,porém ela mantinha uma expressão fechada, quase nula. -Entrem  -Comentou o Hokage, finalmente tirando o olhar das pilhas de documentos que lia para focar-se nos mais jovens.Konohamaru concordou com um aceno de cabeça e adentrou a sala primeiro, seguido por Hokuto e, por fim,Boruto, que, assim que adentrou a sala, pôde enfim reconhecer o estranho menino; era Mitsuki,o garoto da Vila do Som que conhecera no Exame Chunnin, que era capaz de esticar qualquer parte de seu corpo (embora Boruto ainda tivesse dúvidas quanto a isso), e cujo o Taijutsu era muito superior a vários genins e até chunnins com os quais o loiro já lutara contra. Nem sequer se lembrava mais de quem ou o quê fizera com que aquele garoto, com talento tão aparente, não passasse as últimas fases do Exame.

Ah,é. Fora ele.

Mas como?

—Olá. –Mitsuki cumprimentou amigavelmente,porém era impossível não notar a forma quase sistemática que ele tinha ao falar.

—Hã...Oi. –Respondeu, de forma meio sem-graça, fechando a porta atrás de si.

—Mitsuki? –A voz de Hokuto surgiu repentinamente, como se só agora a menina tivesse notado a presença do conhecido ali.

—Sim. –Respondeu, seus olhos desviando-se de Boruto e se virando para a menina- Hokuto, certo?

—Certo.-Para a surpresa do irmão, ela sorriu de canto, ainda olhando para Mitsuki.

—Vejo que já se conhecem. Isso tornará as coisas ainda melhores. –Naruto tornou a falar, ajeitando-se em sua cadeira e sorrindo de forma gentil. Boruto teve que resistir ao impulso de responder um “Para quem?” por pura pirraça, porém se conteve.- Konohamaru deve ter informado a vocês sobre o objetivo da missão.

—Não verdade não, senhor. -Admitiu o Sarutobi.

—Ah. Sendo assim, acho que terei que explicar, 'ttebayo. É uma missão simples, ranking D, vocês apenas terão que…

—D?! -Boruto questionou, cortando o pai. -Designou eu e a Hokuto pra uma missão de ranking D? Dois Chunnins?!

—É algo simples, apenas para vocês… Bem… Trabalharem mais em equipe.

—Não estamos em equipe. -Declarou Hokuto, encarando o pai de uma forma que Boruto achou no mínimo desconfiada. -Está faltando a Hitomi.

—Hokuto… -Konohamaru murmurou, olhando a menina de forma repreensiva.

—Ela está em um treinamento.

—Não está, 'ttebane.

—Eu sei do que falo, filha.

—Eu também sei do que você fala, Nanadaime. - “Nana...daime?”     Boruto encarava os dois enquanto aquela discussão acontecia, confuso.Mas do que diabos eles estavam falando? O que Hokuto deixara de contar à ele, e o que isso tinha haver com Hitomi e Toshiko, e o quê teria mudado tanto a forma de agir dela?

—Senhor Hokage, se me der licença, gostaria de continuar ouvindo sobre a missão. -Mitsuki interrompeu, e Boruto encarou os olhos dourados do garoto; Não parecia sequer minimamente incomodado com a aparente discussão entre pai-e-filha que estava ocorrendo ali. Na verdade, realmente parecia estar focado na missão, mesmo que o próprio Hokage já tivesse declarado que era de um nível baixíssimo de dificuldade. Mas o quê  havia de errado com aquele garoto? Naruto pigarreou, olhando para Mitsuki, assim como o filho fazia, e deu um pequeno sorriso, que particularmente não pareceu tão sincero quanto o Uzumaki mais novo apostava que era para ser.

—Claro, me desculpe por isso. Como eu havia dito, é uma missão simples de Ranking D, consiste na procura de um pergaminho que foi perdido acidentalmente nos arredores de Konoha há algumas semanas durante a passagem de um grupo de ninjas da Vila da Grama. Não contém nenhuma informação realmente valiosa para a vila, segundo o que nos informaram, porém eles gostariam que nós o recuperassemos.

—Certo. -Mitsuki balançou a cabeça em concordância e sorriu para confirmar que realmente havia entendido. Boruto ouviu a irmã suspirar de forma exasperada, porém a menina não falou nada, apenas manteve a postura e concordou de leve com um aceno de cabeça, assim como o novo companheiro havia feito. Boruto fez o mesmo, de forma quase automática. Realmente, mesmo depois de tudo, aquela mania não havia deixados-os -Ótimo. Vocês tem até o fim da tarde de amanhã para encontrar o pergaminho.

Todos concordaram sem questionar. Boruto se pegou perguntando-se por alguns instantes o porquê Konohamaru também havia sido chamando, já que eles sequer precisariam sair da vila para tal missão, mas desistiu de pensar no assunto pouco tempo depois; muitas coisas já não faziam sentido naquela missão.

O Hokage passou mais algumas informações sobre onde o pergaminho havia sido visto pela última vez e alguns detalhes sobre a aparência do objeto antes de dispensar os mais jovens, com um estranho sorriso e um “Boa sorte e se divirtam, 'ttebayo”, que foi interpretado pelo mais novo quase como um deboche. Ele dava uma missão dessa e ainda dizia “se divirtam”?! Para Boruto, aquilo só poderia ser algum tipo de brincadeira.

—----------------

—É ridículo. -Hokuto disse com amargura, entre o irmão e o Mitsuki, enquanto caminhavam para o local indicado, definindo de forma bem clara o que o irmão também achava sobre a missão.

—O quê? -Mitsuki olhou para a menina com curiosidade, fazendo Boruto ficar cada vez mais convencido de que aquele garoto não era normal. A rosada revirou os olhos ao ouvir a pergunta, e suspirou pesadamente.

— Essa missão idiota. Você não percebeu, 'ttebane? Nada disso faz sentido. Não sei nem se realmente temos relações com a Vila da Grama, quanto mais procurar um pergaminho por eles. Ele só quer que fiquemos zanzando e conversando juntos por aí por... Algum motivo.

—Eu não entendo. O Hokage parecia bem sincero quando falou sobre a missão. Além disso, ele não é o pai de vocês? Não deveriam confiar no que ele diz? -Hokuto encarou o garoto como se ele fosse de algum outro planeta muito distante, e Boruto sabia exatamente como ela se sentia.

—Ele estava sendo sincero na maior parte do discurso. Deve ter realmente algum pergaminho perdido por aí, eu não duvido, 'ttebane. A missão pode até ser verdadeira, mas acho que os objetivos dela não. -Ela fez um pausa, olhando para as pedrinhas que chutava enquanto caminhava. -E sim, ele é nosso pai… Mas não significa que não minta para nós às vezes…

Não muito diferente do que fazemos.”

— Isso é tudo muito estranho. - Concluiu o loiro, olhando o caminho à sua volta, numa tentativa de achar algo que o interessasse. Talvez alguma coisa sobre o tal pergaminho.- Aliás, o que faz aqui? -Questionou, referindo-se a Mitsuki - Você não é da Vila do Som?

— Sou. -Respondeu, simples, como se aquilo fosse apenas mais um detalhe.-Fui trazido pra Vila da Folha como uma aliança entre ela e a minha vila, e para preencher o desfalque de um dos Chunnin daqui que seriam enviados para lá. Coisas diplomáticas.

—Chunnin? -Questionou o Uzumaki, sem se atentar devidamente ao que o outro falara, ou para a expressão que a irmã fizera. -Mas você não passou no Exame, 'ttebane.

—Fui promovido pouco tempo depois de ter voltado pra Vila do Som, pelo Otokage.

—Otokage? Hm. E quem é o Kage de lá?

—Meu pai.

O quê?!

—Na verdade, ele não é mais permitido cuidar da vila, acho, então não é mais ele oficialmente. Mas não há mais ninguém no cargo, então ele ainda tem o título. -Esclareceu, e Boruto estava prestes a enchê-lo de perguntas quando Hokuto, que permanecera quieta enquanto os meninos conversavam, questionou, com um leve tom de preocupação na voz.

—Mitsuki… Quem foi o Chunnin que você veio substituir? -O garoto a olhou de forma estranha, como se aquela pergunta fosse a mais incomum possível. Boruto levantou os olhos e encarou o garoto, igualmente curioso.

—Vocês… não sabem?

—Não. -Disseram os gêmeos em uníssono.

—A Uchiha. Hitomi. Ouvi que ela abandonaria o time por motivos pessoais, ou algo assim, e iria para a Vila do Som em uma semana. Não consegui ouvir o resto, eles se deslocaram para outra sala. Foi uma troca diplomática, como eu falei. Estou aqui para completar o desfalque no time sete. Vocês não foram informados? -A respiração de Boruto pareceu parar, e suas entranhas pareceram ter sido substituídas por chumbo. Hitomi iria embora? Por escolha própria, sem explicações ou aviso prévio? Ela iria ser fria a ponto de abandoná-los assim, sem mais nem menos?

Não! -Hokuto berrou, com raiva transparecendo em sua voz e uma óbvia mágoa em seus olhos.- Não, não, isso não pode… Ele não foi capaz… -Seus punhos se fecharam, e por um instante Boruto realmente achou que ele e Mitsuki seriam nocauteado pela rosada, porém ela respirou fundo e agarrou um dos braços do irmão, apertando-o com força. -Vamos, Bolt.

—Ir para onde?

—Ela não vai embora! Não podemos deixá-la ir!

—Mas se ela escolheu…-Mitsuki começou, mas perdeu a voz após receber um olhar raivoso da menina.

—Hokuto, nós não podemos…

—Vocês não entendem! Ela não escolheu ir embora! -Declarou, soltando o braço do irmão e andando até a frente dele, encarando-o com seriedade. Segurou-o pelos ombros, antes de continuar. -Escuta aqui, Hitomi nunca escolheria ir embora. Ela nunca quis deixar a vila, ela odeia pensar em estar longe como o tio Sasuke sempre esteve. Ela não faria essa escolha, e ela não fez, dattebane. Quando… quando estávamos no fim daquela missão na Vila do Algodão… Além do que aconteceu com a Toshiko... Após resgatarmos os cidadãos da vila, uma coisa que não deveria se descontrolou, eu pude conter, mas Moegi-sensei viu, e… Ela… Ela contou para eles, sei que ela contou. E também tem a Toshiko, eles não podem pará-la, eles não sabem... E por isso Himi está sendo obrigada a ir. -Sua respiração estava pesada enquanto tentava explicar, entrecortando as palavras, e Boruto não entendia nada do que a irmã dizia. O que de tão grave havia se descontrolado para que Moegi saísse espalhando por aí, e Hitomi fosse obrigada a ir embora? Todos haviam voltado sãos e salvos daquela missão, sem grandes ferimentos ou sequelas, então do que Hokuto estava falando? E porquê Toshiko estaria descontrolada? Nada daquilo fazia sentido para o menino.

—Hoku…

—Boruto, não temos tempo.

—Mas por quê…? -A garota apertou ainda mais seus ombros, fazendo-o soltar um leve arquejo de dor. Mas o que diabos estava desesperando-a tanto?

—Não tem como eu explicar tudo, vamos, vamos logo, dattebane! -Seus ombros foram soltou, e ela novamente transferiu a mão para um dos braços do garoto, virando-se para o lado do qual tinham vindo e começando a correr, o irmão ao seu encalço, seguindo-a aos tropeços. -Hitomi tem uma Marca, uma Marca que não deveria estar lá, e Moegi viu. Viu e contou para o papai. E ele vai mandar Hitomi embora por isso. Não podemos deixar.

—O quê? -Boruto arregalou os olhos, incrédulo, praticamente gritando durante a desajeitada corrida.. - Por causa de uma marca?

—Não. -Hokuto olhou para ele, desviando a atenção do caminho à sua frente por alguns instantes. -Por nossa causa. -É novamente a sensação de peso e mal-estar tomou conta do corpo do menino. “Porque?” Era tudo que ele poderia se perguntar naquele momento. - E por isso não podemos deixar eles fazerem isso! Não podemos deixar ela ir! Precisamos achar ela e avisar sobre isso antes que…

—Entendi. -Disse, livrando-se do aperto da irmã e recuperando seu equilíbrio, passando a correr ao lado da rosada. -Vamos achar a ela, Hoku, e ela vai ficar. Vai dar certo.

E, pela primeira vez em duas semanas, Boruto viu a irmã sorrir de verdade para ele. Sem enganos, sem uma velada mágoa. Apenas um gentil sorriso que dizia “Obrigada”.

—Vai, sim. 


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram, odiaram, querem nos matar, nos abraçar, nos sequestrar? O que acharam dessa mudança de comportamento da Hokuto? O que vocês supõe que está acontecendo com a Toshiko?
Comentem, debatam, será ótimo! Prometo responder todo mundo!



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