—Não seja ridícula, Tenten, saia logo da minha frente -disse Neji.

—Só quando você me disser o que há de errado com você. Leve o tempo que precisar, só abro a porta quando você começar a falar.

—Pois então espere sentada -disse o garoto sentando na cadeira, emburrado.

—Neji, vamos lá, me conte. Você sempre foi tão legal comigo desde que entrei na escola, por que mudou tão de repente?

—Não mudei nada, sempre fui assim.

—Nada disso. Falei com Lee sobre você e ele disse que está esquisito mesmo.

—Nossa, já está falando de mim para seu namoradinho? Quanta honra ser assunto da conversa dos pombinhos.

—O que está falando? Eu e o Lee somos só amigos.

—Amigos que fugiram juntos no primeiro dia em que se conheceram.

—Ainda é sobre a festa na casa da Ino? Neji, a polícia chegou, eu vi que ia dar encrenca e saí e, por acaso, o Lee estava perto de mim e teve a mesma ideia. Sinto muito não ter chamado você, mas aquele policial já tinha te visto, então achei que não iria conseguir sair.

—Não importa mais. Agora abra essa porta que eu tenho mais o que fazer e aposto que você também. Por que não leva seu namorado para passear de barco no lago que tanto gosta? -disse Neji ríspido.

—É impressão minha ou você está com ciúmes?

—Ciúmes? De você? Ficou louca? Te conheço há menos de um mês e nós nunca tivemos intimidade para ter ciúmes de você.

—Tem certeza? Porque é o que está parecendo. Isso explica o fato de estar ignorando todas as ligações do Lee. 

—Não é por causa disso. Ultimamente não estou querendo falar com ninguém, não só com o Lee.

—Você é um bobão, sabia? Mal saíu das fraldas e já fugiu de casa por causa de um ciúmes besta?

—O quê? Não se dê tanta importância assim. Não fugi por sua causa, aliás, eu não fugi, estou passando o tempo na casa de um amigo.

—Eu não quero que me veja como sua inimiga, estou aqui para ajudar você. Me diga qual é o problema e não ouse dizer que não é nada demais, porque não acho normal você agir assim.

—Tudo bem, quer saber? Eu vou contar. Olha, os meu pais morreram, moro com meu tio porque ele tem pena de mim e odeio tudo que restou da minha família.

—Poxa... não achei que fosse tão grave assim. Mas esse negócio de odiar toda a sua família não é legal. A Hinata gosta de você como um irmão e sempre te trata bem. E você tem amigos, pode sempre contar com a gente.

—Não é tão simples assim, você nunca vai entender. Não sabe o que é acordar todos os dias sem perspectivas de vida, sabendo que você mora de favor com pessoas que não gostam de você, cansei disso, por isso fui embora.

—Entendo que se sinta assim, mas acho que está enganado. Já constatamos que seu avô é um babaca, mas seu tio, apesar das brigas, parece se importar bastante com você. E sempre pode contar com a Hinata.

—Eu não sei, talvez esteja certa. Não quero pensar nisso agora, estou muito confuso.

—Tudo bem, leve o tempo que precisar.

—Desculpe ter tratado você mal na última semana.

—Não tem problema, sei que está magoado. Amigos? -disse Tenten sorrindo.

—Amigos -disse Neji abraçando a garota.

—Vem, vamos sair daqui -Tenten falou abrindo a porta.

—Aonde é que vocês estavam? Estou procurando há um tempão -disse Hinata à Tenten e Neji, que acabavam de chegar no pátio da escola.

—Estávamos conversando, o que você quer? -disse Neji.

—Bom, como hoje é o meu aniversário, resolvi fazer uma pequena reunião lá em casa só para nossos amigos daqui e queria que vocês fossem -disse Hinata.

—Claro, estarei lá -confirmou Tenten sorridente.

—E você, Neji? -indagou Hinata.

—Eu não sei, Hinata...

—Por favor, é o meu aniversário.

—Tá bom -disse Neji ganhando um sorriso satisfeito da prima.

—Bom, eu já vou indo, tenho que preparar as comidas. 

—Espera aí, é você que vai cozinhar?

—Sim.

—Oferecer chiclete não é cozinhar, Hinata.

—Eu não... eu só fiz aquilo uma vez. Aprendi umas receitas legais na internet e vou fazer.

—Por que não compra uma pizza e uns refrigerantes e pronto, tá feito.

—Quero que seja algo especial. Queria eu mesma fazer tudo, sabe, para me sentir mais útil. Bom, já vou indo, tenho muita coisa ainda para arrumar, não se esqueçam, começa às oito horas -disse Hinata indo embora.

—Até mais -disse Tenten sorrindo.- Idiota -falou a garota socando Neji no braço.

—Ai! Por que fez isso?

—Não me disse que era o aniversário da sua prima.

—Desculpe, não lembrei de te falar que era hoje.

—É mesmo? Foi por isso?

—Não, eu tinha esquecido mesmo.

—Você é o pior primo do mundo. Vou agora no shopping ver se encontro algum presente bacana. O que ela gosta?

—Não sei.

—Quantos anos ela vai fazer? Facilita saber a idade se for comprar alguma roupa.

—Eu não sei.

—Não sabe?

—Não.

—Você convive com ela desde pequeno, como no sabe?

—Ah, não sabendo. Espera um minuto. Lembrei! Ela vai fazer quinze! Ela é do mesmo ano que todos nós.

—Devia ter pensado nisso antes, se ela estuda na mesma sala que a gente, só podia ter a mesma idade. O que vai dar pra ela?

—A minha presença não é suficiente?

—Muito engraçado.

—Eu não sei, mais tarde eu vou com Sasuke perto da casa dele comprar algo, ele provavelmente vai também.

—Tá bom então, já vou indo, tchau -disse Tenten abraçando Neji em despedida.

Mais tarde, já na casa de Sasuke, Neji andava de um lado para o outro, na cozinha.

—Perdeu alguma coisa? -perguntou um rapaz.

Esse aí é o irmão mais velho do Sasuke, Itachi. Um prodígio. Terminou a escola aos quinze anos. Apesar do Sasuke o adimirar muito, eles dois vivem brigando.

—Não. Você quer ajuda em algo? -indagou Neji.

—Não, tá tudo em ordem. Por que sempre pergunta isso? Desde que chegou aqui não fala de outra coisa.

—Eu tô há uma semana aqui comendo e dormindo de graça, é um pouco constrangedor.

—Que besteira, eu também como e durmo de graça aqui. 

—Ah, mas é diferente. Essa casa é dos seus pais, eles têm obrigação de cuidar de você.

—Não têm nada. Já sou maior de idade. Mas deixa disso, você é amigo do Sasuke, então já é da família. Aqui tem espaço e comida de sobra, se quiser pode até morar pro resto da vida. E, além do mais, sei que faria o mesmo pelo meu irmão.

—Claro que sim, mas mesmo assim fico envergonhado. Já está na hora do almoço, deixa eu pelo menos ajudar na comida.

—O que você sabe fazer?

—Bom... eu não faço nada, só sei espremer uma laranja.

—Que grande ajuda -disse Itachi rindo.- Não precisa fazer nada não, o bom de ter os pais viajando é que você fica livre pra fazer o que quiser. Eles deixaram um bom dinheiro aqui, hoje o almoço vai ser pizza, assim como ontem. E, claro, acompanhado de refrigerante, quer melhor?

—Acho que nada é melhor -disse Neji sorrindo.

Está sendo muito legal ficar esses dias com o Sasuke e o Itachi. Eles são ótimos. Comem o que querem, na hora que querem, não ficam enchendo minha paciência. Dá até uma dor em pensar que alguma hora vou ter que voltar pra casa do meu tio.

Após comerem uma saborosa pizza, Sasuke e Neji começaram a se arrumar, já umas nove horas da noite, para o aniversário de Hinata. Passaram em um supermercado no caminho e compraram a primeira coisa que viram, como presente. Chegaram na casa de Hiashi e tocaram a campainha.

—Achei que vocês não vinham mais -disse Hinata abrindo a porta e abraçando os dois garotos.- Por que tocou a campainha, Neji? Você tem a chave daqui.

—Ter eu tenho, só não sei cadê. Quem é que já está aqui?

—Só faltavam vocês dois. Naruto, Lee, Sakura, Ino e Tenten já chegaram.

—Só somos nós? Por que não chamou mais gente? -perguntou Sasuke.

—Bom, queria algo mais íntimo.

—Cadê o seu pai e a sua irmã? -indagou Neji.

—Ele está no escritório dele, mas não deve aparecer. Hanabi foi dormir na casa de uma amiga e para sua alegria, o vovô também saiu.

—Pra sempre?

—Não, mas só deve voltar depois da festa terminar, vamos entrando. Está todo mundo lá em cima no meu quarto.

Hinata acompanhou Neji e Sasuke até seu quarto. Ao entrar, os garotos viram que a menina afastou sua cama e mesa, dando um grande espaço no centro para as variadas comidas que estavam dispostas na bancada.

—Ei, vocês demoraram -disse Naruto.

—Desculpe. Então, o que estão fazendo? -perguntou Sasuke.

—Jogando conversa fora e jogando vídeo-game.

—Peguei emprestado, Neji, espero que não se importe -disse Hinata apontando para o aparelho.

—Sem problemas.

—Podem se servir -disse Hinata apontando para as comidas.- Fui eu que fiz tudinho.

—Sério? -perguntou Neji.

—Não tá ruim, prova.

—Só um momento, deixa eu fazer uma oração.

—Prova logo.

—Tá -disse Neji pegando um salgadinho.- É não está tão ruim como a maioria das coisas que você faz.

—Agora experimenta o suco, fui eu que fiz também -disse a garota sorridente.

—Mais uma oração.

—Neji!

—Tá -falou bebendo.- É, você superou as minhas expectativas, está gostoso mesmo o suco.

—Eu e a Ino pensamos em uma coisa legal para fazermos -disse Sakura.

—O quê? -indagou Tenten.

—Um jogo. Verdade ou desafio, o que acham?

—Por mim -disse Neji.

—Ótimo, então vai ser isso -disse Ino sorridente.- Vamos afastar um pouco mais a cama e as cadeiras, para sentarmos aqui no meio.

—Neji -chamou Hinata baixinho.

—O quê?

—Vem cá -disse puxando o primo para o corredor.

—Algum problema?

—Eu nunca joguei isso. 

—E daí? É bem simples.

—O que acontece no jogo?

—Se te escolherem, você diz se quer verdade ou desafio. Se escolher verdade, alguém vai te fazer uma pergunta e tem que ser sincera, e se escolher desafio, você vai ter que fazer o que a pessoa mandar. Não tem dificuldade.

—Tá, mas qual dos dois você acha melhor?

—Que Dois?

—Verdade ou desafio.

—Bom... verdade... não desafio. Não, no desafio alguém pode te mandar fazer algo bem idiota, é melhor verdade. Se bem que tem verdades que são bem cabeludas... Ah, não sei, escolhe qualquer um na hora.

—Tá bom, acha que estou bonita? -indagou Hinata arrumando os cabelos.

—Ãhn? Que tipo de pergunta é essa?

—Bom... -disse olhando por entre a frecha da porta para Naruto.

—Sabe que ele tem namorada e ela tá sentada bem ali, não sabe?

—Sei, mas não custa nada eu fantasiar. Então, estou bonita?

—Não.

—Podia ter pensado um pouco antes de responder.

—Deixa de frescura, Hinata. Eu não sei responder à isso.

—Tanto faz, caso o Naruto me note, talvez possamos namorar um dia -disse a garota, fazendo Neji cair na gargalhada.

—Não conhecia esse seu lado, você é muito engraçada. Por que está me olhando assim? -indagou ao perceber que a prima o fuzilava com o olhar.- Não era piada?

—Não.

—Tá bom, momento constrangedor, vamos entrar e esquecê-lo -falou voltando ao quarto.