Sábado chegara com um sol radiante.  E com ele acordara uma Dominique completamente stressada. Chegara o dia da verdade. Chegara o dia de contar a toda a sua família sobre a sua gravidez.

Dominique levantou-se e correu para a casa de banho. Os enjoos tinham voltado.

Depois daquilo que pareciam ter sido horas a vomitar, Dominique foi até ao armário para escolher a roupa que iria usar naquela noite. Uma ocasião especial tinha dito a sua mãe. Dominique não contara a ninguém o motivo de querer organizar um jantar de família, apenas dissera que ela e James tinham uma novidade para dar. Claro que a única coisa que Fleur Weasley pensou foi que James tinha pedido Dominique em casamento. Fleur estava completamente certa disso. Mal ela sabia que a novidade não tinha nada a ver com casamentos.

À medida que ia pegando vestidos do armário, Dominique ficava mais frustrada. Apesar de ninguém ter notado, muito por causa de Dominique escolher as roupas mais largas que tinha, a barriga de Dominique já estava um pouco saliente. Quem a visse com uma camisola justa ou sem camisola podia afirmar que ela estava grávida. E, para piorar a situação, todos os vestidos dela eram justos. Todos os vestidos que ela considerava usar dava para notar a pequena barriga que tinha. E ela não queria que ninguém notasse. Ela não queria que ninguém notasse até contar a novidade.

Dominique pensou em chamar James, mas não queria chateá-lo com aqueles problemas que, de certeza, ele consideraria exagerados. Dominique não podia culpá-lo, afinal ele era homem.

A verdade o que Dominique precisava naquele momento não era um homem. Não era James. Era uma mulher. Alguém que a compreendesse e que a pudesse ajudar.

O seu segundo pensamento voou até Victoire. Claramente a irmã compreenderia a sua situação. Mas a grande questão é que Dominique ainda não lhe contara sobre a gravidez. Victoire estivera ocupada com a sua gestação e Dominique não conseguiu arranjar momento para lhe contar. E, além do mais, ela tinha planeado com James contar no grande jantar que se realizava esta noite.

Colocou a ideia de chamar Victoire de lado. Ela tinha mais com que se preocupar do que aturar os dramas da irmã mais nova.

—Dominique posso entrar? – perguntou Fleur ao bater na porta do quarto da filha.

Antes de dizer alguma coisa à mãe, Dominique respirou fundo. Tal como acontecera há uns dias atrás, ela estava, outra vez, à beira do choro.

—Podes. – respondeu Dominique. A sua voz não tinha saído firme como pretendia. Ela só esperava que a mãe não tivesse reparado.

—Eu e o teu irm… - Fleur interrompeu o seu discurso ao notar a confusão que estava na cama da filha - Vejo que já estás a escolher a roupa para logo à noite. – disse Fleur, alegremente. Dominique só conseguia imaginar a cara da mãe depois de ela dar a notícia. Claramente não seria com um sorriso. Não depois da cena que ela fez quando descobriu a gravidez de Victoire.

—Sim, mas a escolha está um bocado difícil. – respondeu Dominique sem revelar o verdadeiro motivo de a escolha estar a ser tão difícil. Também não era uma coisa que Fleur levantasse questão. Tal como ela, também Dominique demorava tempo a escolher as suas roupas.

—Acho que devias levar este. Ficas linda nele. – Fleur pegou num vestido branco curto, com mangas compridas e entregou-a a Dominique.

Dominique não pode deixar de rir com a ironia. Primeiro porque Fleur foi logo escolher um vestido branco, sinal que continuava com a ideia que James a tinha pedido em casamento. E segundo porque Fleur escolhera logo o vestido mais justo que ela tinha.

—Ainda tenho de ver. – respondeu Dominique sem adiantar muito o assunto – Vinhas dizer-me alguma coisa?  - perguntou tentando desviar o assunto.

—Sim querida. Eu e o teu irmão vamos visitar a tua irmã. Queres vir?

—Não. Eu depois logo estou e falo com ela. – respondeu Dominique.

—Está bem. – respondeu Fleur – Então até logo. – Fleur despediu-se da filha com dois beijos. Quando chegou à porta olhou para trás e disse – Pensa no que eu te disse. Esse vestido fica perfeito em ti.

Dominique não respondeu, apenas sorriu. Por muito que levasse a opinião da mãe em consideração nunca na vida levaria aquele vestido ao jantar daquela noite. Ele era demasiado justo.

Decidida que nada se adequava aquela noite, Dominique tomou uma decisão. Iria às compras. Mas claro que não iria sozinha. Mais uma vez, James estava fora de questão. E Victoire também não podia ir, visto que, Fleur fora ter com ela.

E então Dominique lembrou-se de Rose. Como é que ela se podia ter esquecido de Rose. Dominique resmungou consigo própria. Rose era a pessoa ideal para ir com ela às compras.

Desde que Rose contou o que se tinha passado, Dominique não esteve mais com ela. Na realidade, Dominique sentia-se um pouco egoísta com a situação. Nos últimos dias só tinha pensado em si. Na responsabilidade de ser mãe. No jantar de sábado. Dominique sabia que eram problemas sérios, mas ela também sabia que não devia ter deixado de lado Rose. Ela sabia o quanto a prima precisava dela. Ela sabia que, se ninguém puxasse por Rose, ela se fecharia na bolha que tanto custou a rebentar antes. E, por muito mal que Scorpius tenha feito, Dominique sabia que ele tinha sido o causador disso. Pelo menos tinha feito uma coisa de bom.

Dominique saiu de casa e desmaterializou-se aparecendo em frente à casa de Rose.

A sua tia Hermione encontrava-se a tratar do jardim. Isso era algo que ela gostava de fazer da maneira muggle, fazia-a sentir-se perto dos pais.

—Bom dia tia. – cumprimentou Dominique aproximando-se.

—Bom dia, Dominique. – cumprimentou Hermione – Vieste ter com a Rose? Ela não me disse nada.

—Isso é porque ela não sabe. – respondeu Dominique sorrindo.

—Fizeste bem em ter vindo ter com ela. Estou muito preocupada com ela. – confessou Hermione – Desde que foi visitar o James, ela nunca mais saiu de casa. Tenho receio que toda esta situação lhe faça pior do que o que eu esperava. Mas, sinceramente, eu já não sei o que fazer com ela. Eu tento de tudo.

—Eu acredito, tia. Ela está a passar por algo que nunca passou antes. E nós conhecemos a Rose. Ela é diferente das outras pessoas. Ela está a reagir da maneira que sabe. Mas nós vamos ajudá-la a ultrapassar isto. Ela vai esquecer o Malfoy

—Ouvi falar no Malfoy? – perguntou Ron ao chegar perto da mulher e da sobrinha – Não me digam que ele também vai ao jantar de logo? Ele não faz parte da família por isso não tem nada que ir.

Apesar de Draco Malfoy ter pedido desculpas anos antes, Ron Weasley continuou a não se dar bem com ele. Só falava com ele em momentos realmente necessários. Tudo isto se devia ao facto da maneira como Malfoy tratou Hermione durante os seis anos que andaram em Hogwarts. Porque, segundo Ron, mesmo que o Malfoy tenha sido ameaçado para permanecer ao lado de Voldemort, ele não tinha necessidade de maltratar e perseguir Hermione como o fez. E esse pequeno ódio tinha passado para Scorpius. Ron torcia o nariz sempre que ia à Toca e Albus estava lá com Scorpius. Várias vezes tentou protestar, mas Hermione impedia-o. Dizia que a má relação entre eles e Draco era passado.

—Não tio, ele não vai. O jantar é só para a família. – respondeu Dominique.

—Ainda bem. Ele não tinha nada que ir para lá meter o guedelho. – disse Ron todo contente – Mas então porquê que estavam a falar nele? E quem é que o ia esquecer?

—Não conheces, Ron. É uma amiga da Dominique. – mentiu Hermione. A última coisa que ela queria era que o marido ficasse a saber que Rose estava daquela maneira por causa de Scorpius Malfoy.

—E desde quando… - começou Ron desconfiado, mas foi logo interrompido por Hermione.

—Assuntos de mulher, Ron. Respeita isso. Querida, a Rose está no quarto, podes subir. – disse Hermione voltando-se para Dominique.

Dominique agradeceu pela informação e entrou na casa deixando para trás aquilo que seria mais uma das muitas discussões entre Ron e Hermione. Dominique sabia que no fim ficaria tudo bem. Ron daria razão a Hermione e tudo estaria resolvido.

—Olá priminha. – disse Dominique entrando no quarto de Rose, sem bater – Ui estou a passar muito tempo com o James.

—Olá Domi. – respondeu Rose. Esta estava deitada na cama a ler um livro.

—Nem penses que vais ficar aí o dia todo. – disse Dominique aproximando-se de Rose e tirando-lhe os lençóis – Levanta-te que nós vamos às compras.

—Mas… - começou Rose.

—Nem mas nem meio mas. Tu vens comigo e pronto. Eu preciso de um vestido para logo à noite e quero a tua companhia. Aliás, vamos aproveitar e comprar um para ti também.

—Mas eu já tenho muita roupa. E tu também já tens muitos vestidos. – tentou argumentar Rose. A última coisa que ela queria era sair da cama.

—Mas nenhuma disfarça esta barriga. – disse Dominique apontando para a sua barriga - E eu tenho de disfarçar a barriga até ao jantar. E tu, Rose Weasley, não vais contrariar os desejos de uma grávida.

Apesar de não lhe apetecer, Rose cedeu ao capricho da prima. Ela sabia que Dominique só a queria ver bem, só a queria ver distraída com alguma coisa mesmo que isso fosse praticamente impossível.

Rose levantou-se, vestiu uma roupa qualquer e desmaterializou-se com Dominique em Diagon Alley. Percorreram a rua à procura de lojas de roupa.

—Podíamos ter ido a uma loja de roupas muggle, eles têm bastante variedade. – comentou Dominique enquanto caminhavam.

—Foste tu que escolheste a Diagon Alley. – lembrou-lhe Rose.

—Isso não… - Dominique interrompeu ao ver um vestido rosa na montra de uma loja – É lindo.

—Mas aqui é a Twilfitt e Tatting. Tu sabes como esta loja é cara. – disse Rose.

—Não é por dois vestidos que vamos ficar pobres. Vamos. – disse Dominique agarrando na mão da prima e levando-a para o interior da loja.

A loja estava praticamente vazia à exceção de uma senhora de cabelos negros que se encontrava num dos cantos da loja a ver alguns vestidos negros.

Dominique correu até ao balcão para perguntar à dona da loja pelo vestido. Como era do conhecimento das duas primas, as peças que se encontravam naquela loja eram únicas.

Já Rose ficou para trás. Dominique já sabia que vestido queria, mas Rose não. Na realidade, se fosse por si, ela não compraria nenhum vestido. Mas Rose sabia que Dominique não a deixaria sair da loja sem um vestido novo.

—Boa tarde, Rose.

Rose voltou-se para trás, assustada. À sua frente apareceu a pessoa que ela menos esperava. Astoria Malfoy.

—Boa tarde, Sra. Malfoy. – cumprimentou Rose com um sorriso forçado. Os seus pensamentos e olhares encontravam-se agora na porta da loja. Ela só pensava que a qualquer momento Scorpius pudesse entrar por aquela porta.

—Já há algum tempo que não te via. Devias vir qualquer dia lá a casa visitar o Scorpius. – sugeriu Astoria sorrindo para a ruiva à sua frente.

—Rose. – chamou Dominique do outro lado da loja.

—Tenho de ir. Foi bom vê-la, Sra. Malfoy.

—A ti também querida.

Rose apressou-se a sair dali. De certo modo, ela sentia-se mal pela forma como estivera com Astoria. É verdade que ela lhe tinha respondido educadamente, mas, de certo modo, ela sentia que tinha sido falsa. Ela só queria sair o mais depressa dali para não correr o risco de dar de caras com Scorpius.

—Domi vamos embora, por favor. – pediu Rose mal chegou perto de Dominique.

Dominique estava prestes a questionar o porquê de Rose querer ir embora, mas, quando viu a cara da prima, percebeu que algo de grave se tinha passada.

Dominique, esquecida que também iriam comprar um vestido para Rose, apressou-se a ir à caixa, pagar o vestir e sair logo a seguir da loja com a prima.

Desmaterializaram-se em frente da casa de Rose. Como Rose não tinha comprado nenhum vestido, ela teria que escolher um dos seus e por isso escolher a casa dela para se arranjarem.

Entraram, cumprimentaram Hermione e Ron que se encontravam na sala e subiram para o quarto de Rose.

—Podes explicar-me o que se passou? – perguntou Dominique mal fechou a porta.

—A senhora que estava na loja quando nós chegamos era a mãe do Scorpius. – contou Rose.

Dominique não disse mais nada. Percebia completamente a situação. Se Astoria Malfoy estava ali, era muito provável que também Scorpius estivesse. Podia não acontecer, mas havia essa hipótese. E Rose só quis cortar o mal pela raiz.

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Dominique e Rose estavam prontas para sair de casa. Chegaram à sala e o resto da família já se encontrava ali para seguirem para a Toca.

O transporte escolhido foi a Rede de Flu. Hugo ainda não podia desmaterializar-se e também não queria fazer uma desaparição acompanhada por causa de uma má experiencia que teve há uns tempos atrás.

Dominique pegou num bocado de pó e falou, em alto e bom som, Toca. Sentiu-se a desaparecer e aparecer numa casa tão bem conhecida por ela.

As primeiras pessoas que viu foram os pais. Fleur ainda não tinha reparado que ela tinha chegado. E se calhar Dominique preferia assim. Dominique sabia que Fleur ia discutir com ela por causa da escolha do vestido ter sido outra.

Assim, tentando passar despercebida, Dominique percorreu a Toca em busca de James. Ela só esperava que ele já tivesse chegado.

—Então essa foi a roupa que escolheste para o dia em que o James te vai pedir em casamento à frente da família toda? – perguntou Victoire assustando Dominique.

—Por Merlin, Vic. – protestou Dominique – E quem é que te disse que o James me vai pedir em casamento?

—A mãe está completamente convencida disso. Mas, agora vendo a tua reação, desconfio muito que seja isso que vai acontecer. E, para além disso, algo me diz que a senhorita Fleur Weasley não vai gostar nadinha.

—Depois vês, maninha. – respondeu Dominique tentando esconder o nervosismo – Por acaso não viste o James?

—Lá fora com o Teddy. – respondeu Victoire. Dominique agradeceu e despediu-se da irmã.

Para uma noite de Verão, no exterior estava frio. Dominique estava completamente arrependida de não ter levado casaco. Realmente devia ter ouvido Rose.

Dominique foi dar com James e Teddy perto do campo onde normalmente ela jogava Quidditch com os primos.

—Olha se não vem aí a princesa da noite. – proferiu Teddy sorrindo para a cunhado.

—Muito obrigada, Teddy. – agradeceu Dominique.

James olhou para Dominique, sem dizer nada. Ele estava completamente hipnotizado com a beleza que se encontrava à sua frente.

—Bem, vou deixar os pombinhos sozinhos. – disse Teddy – Vê lá se acordas, James. – provocou Teddy antes de desaparecer.

Dominique aproximou-se de James e beijou-o. Ela conhecia muito bem James, logo sabia que ele tinha adorado a escolha do vestido.

—Estás linda. – disse James entre beijos.

—Eu sei. – brincou Dominique – Eu tinha de vir bonita para o meu funeral.

—Vai correr tudo bem. – encorajou James. Dominique percebeu perfeitamente que, tal como ela, James também estava completamente nervoso. Mas adorou o facto de James ter tentado esconder esse nervosismo para a encorajar – Lembra-te que, apesar de tudo, nós estaremos sempre juntos.

Dominique apenas acenou com a cabeça. Mais uma vez, as lágrimas vieram-lhe aos olhos. Ela acreditava em James. Ela sabia que poderia sempre contar com ele.

—Meninos, jantar! – chamou Molly.

James e Dominique seguiram para a mesa que tinha sido posta do outro lado do jardim. Sentaram-se um ao lado do outro, perto de Rose e Victoire.

O jantar decorreu como todas refeições na Toca. Animado, cheio de novidades e brincadeiras. Aquilo que se espera de um jantar da família Weasley. Victoire e Teddy contaram os seus primeiros dias com Nymphadora. Fleur, apesar de toda a resistência inicial, era uma avó babada. Fred contou que, para já, iria ajudar o pai da loja. Albus contou que tinha uma namorada, Octavia. E Hermione contou que tinha sido promovida.

Antes que Molly se levantasse e fosse buscar a sobremesa, James e Dominique levantaram-se. Imediatamente, toda a gente se calou. Todos, exceto os primos, queriam saber o que eles tinham para contar.

—Bem, vocês sabem que fomos nós que pedimos para toda a família se juntar hoje. – começou James – Nós temos uma novidade para vocês. Uma novidade que nos deixou muito feliz, mas que não sei como deixará vocês todos. Domi…

—Eu estou grávida. – revelou Dominique perante a família toda.