Enquanto meus olhos forem negros escrita por Zaringer


Capítulo 6
Escavadores.




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A viagem até a área de observação do Primeiro Esquadrão de Interceptação durou pouco mais de um dia. Eventuais descansos eram realizados ao longo do caminho à beirada de estradas e de riachos. As pausas não duravam mais que alguns minutos para recuperar o fôlego: descansariam a noite, quando o alívio por estarem em seus postos se abateria sobre seus corações inflamados pelo calor da Vontade do Fogo.

Sob as sombra de altas copas arbóreas; entre planícies verdes e exuberantes que se estendiam até os sopés de altas cordilheiras montanhosas ao norte de seu destino; Através de rochas afiadas e escorregadias das margens de violentos rios: seus caminhos se fizeram até que o grande astro do meio dia deixasse de reinar nos céus, e o amarelo cedesse lugar a luz fria e longínqua das estrelas azuis brilhando no negrume do véu noturno.

Taciturnos, os quatro jovens finalmente chagaram ao seu destino final, a Área de Interseção 01. Na beirada da encosta de uma escapa com centenas de metros de rocha dura e branca, eles se estabeleceram entre paredões que pendiam para o precipício, permitindo uma boa visualização do local cuja proteção estava destinada a eles.

Abaixo, a escarpa funcionava como uma grande meia lua, onde sua concavidade limitava uma planície coberta por altas árvores que prosseguiam até o limite com as terras do país onde a Vila da Cachoeira se encontrava. Dali, podiam ver no horizonte a silhueta dos montes a quilômetros de distância, marcando o início dos domínios do País da Terra.

O acampamento do esquadrão era simplório, mas estrategicamente posicionado. As rochas curvavam-se em uma dobra que praticamente se fechava em direção ao vale, selando um esconderijo com um teto que protegê-los-ia da chuva e do vento e, ao mesmo tempo, permitir que uma fogueira pudesse ser acendida sem atrair uma atenção desnecessária por aqueles que estivessem no vale abaixo.

Nas paredes do acampamento, prateleiras improvisadas iluminadas por velas estavam repletas de armamentos ninja, tais como kunais e shurikens; fios de nylon e aço; pergaminhos de invocação; Papel-bomba; Bombas de luz e fumaça. Além disso, haviam também itens de primeiro socorro e pergaminhos de invocação contendo itens alimentícios.

Era uma base perfeita para um grupo operacional como o de Hiashi. O problema foi a facilidade com que entraram no esconderijo: nenhuma armadilha física ou jutsu protegia o acampamento e os equipamentos dentro dele. Uma sensação de desconforto e ansiedade quase obrigou Hiashi a indagar, mas antes que pudesse dizer algo, Kotaro colocava-se a falar:

– Achei que chegaríamos a tempo para nos esbarrar com o grupo Anbu que enviaram para nos substituir temporariamente. Se não encontramos eles devemos estar atrasados. – disse o Senju. Os Anbu, uma força especial servente apenas ao Hokage, havia sido enviada para substituir o esquadrão temporariamente. Esse fato fazia com que Hiashi pensasse ainda mais sobre os fatos que levaram ao esquadrão a precisar de um novo tracker. Seja lá o que tenha acontecido, deveria ter sido a poucos dias uma vez que os antigos membros do esquadrão esperavam encontrar seus substitutos ali.

– Vamos começar o trabalho em turnos ok? Faremos como da última vez: cada um fica de guarda durante a noite por três horas e trocaremos nossas posições quando o último tiver terminado. Eu começo dessa vez. – Takashi dirigiu-se para fora do abrigo em direção a beirada da escarpa, onde sentou-se entre os arbustos.

Kotaro não iniciou outra conversa. Ao invés disso, se jogou sobre um dos colchões das beliches fixas na rocha e caiu em um sono pesado. Em contraste a ele, Yuko puxou uma cadeira da mesa redonda de madeira que ficava próxima à saída do esconderijo e se sentou cansadamente. Sobre a mesa estavam rolos de pergaminhos empilhados cuidadosamente de acordo com o assunto que abordavam.

Mesmo suja e maltrapilha, a jovem era inacreditavelmente bela. Os fios de cabelo liso e rubro desciam sobre suas bochechas levemente queimadas pelo sol da viagem. Seu rosto puro e olhos cor de mel traziam uma sensação de conforto a Hiashi. Algo que este estranhamente não sabia explicar.

Os dedos da Uzumaki moveram-se entre os pergaminhos e escolheram um em especial. Ao puxá-lo, a pilha de rolos dão desmoronou como normalmente faria, mas se reajustou completamente de forma que um novo pergaminho preenchesse o lugar onde o último estivera... um jutsu interessante. Não tardando, a jovem moveu suas mãos rapidamente em movimentos coordenados de posições específicas: selos de mão (In), um segredo para a liberação de jutsus que nessa situação liberaria o pergaminho para a leitura.

O pergaminho se desenrolou sobre a mesa expondo o relatório da Anbu durante os dias em que estes tiveram que substituir o esquadrão. Seus olhos cansados percorriam as palavras escritas nas camadas de papel lentamente. Hiashi pensou em oferecer ajuda, mas achou o que o silêncio seria a melhor escolha... a garota parecia acostumada ao que fazia.

O Hyuuga deitou sobre sua cama e tentou adormecer. Mas a cama era muito macia e os pensamentos não permitiam ele se desligasse do mundo em sua volta. Rolou algumas vezes pelo colchão procurando uma posição confortável sem encontrá-la. Viu-se então observando Yuko lendo os pergaminhos sob a luz calma e gentil de velas. Só quando havia se passado uma hora desde que havia deitado buscando inutilmente um sono que se recusara a vir, Hiashi se levantou e caminhou para fora do abrigo. Yuko olhou-o pelas costas, desaparecendo na noite banhada pela luz estelar.

Hiashi caminhou até onde o Takashi fazia a vigia. Entre os arbustos, o jovem mantinha um selo de mão pronto e os olhos fechados. O vento gélido descendente dos altos céus faziam suas madeixas se espalharem e seguirem a indomável brisa do inverno que se aproximava. Seus olhos estavam fechados, deixando que apenas seus sentidos o guiassem: a habilidade de sentir o chakra e aqueles que usufruem deste, uma habilidade sensora destaque principalmente de seu clã.

– Deveria estar dormindo, vai precisar estar descansado durante o dia. – disse o Yamanaka ainda de olhos fechados. – Problemas para dormir?

– Hm... – Hiashi consentiu sentando-se ao lado do loiro. A paisagem pacífica acalmou-lhe os nervos. O Yamanaka abriu seus olhos azuis fitando o mesmo horizonte que seu parceiro ao lado. Ali, por mais perto que a guerra estivesse, era camuflada pelo exuberante natureza. Se não estivesse ali por uma razão militar, seria um bom lugar para tomar um chá, pensou o Hyuuga. Relutante em dizer as palavras que precisava, Hiashi espremeu-as para fora de sua boca em uma voz baixa – O que aconteceu com o antigo tracker do esquadrão?

A expressão no rosto do Yamanaka mudou: uma sombra de tristeza pareceu abater sobre sua face. Suas pálpebras semicerraram e imediatamente ele ficou cabisbaixo.

– Ele foi um bom amigo. Convivíamos, nós três, desde que éramos crianças. Crescemos brincando e nos tornamos shinobis juntos. Ele era forte também, se tornou jounin depois de algumas missões que realizamos juntos. – Enquanto falava, Takashi expressava um sorriso jovial e soslaio. Parecia haver dor mesclada em nostalgia em suas palavras, como se visse aquele que descrevia diante de seus olhos. Mas subitamente, ele ficou sério. – Há mais ou menos duas semanas, estávamos fazendo a vigia usual da área quando percebemos que um grupo de invasores se aproximava. No meio da batalha, descobrimos que havia um Jinchuuriki entre os invasores... – O Yamanaka ficou ainda mais sério, expressando um descontentamento em suas palavras – Corremos o mais rápido que pudemos. Kotaro estava inconsciente e eu o carregava nas costas enquanto Yuko curava seus ferimentos mortais. Na correria, me desconcentrei e não percebi que Yusei tinha ficado pra trás de propósito... ele segurou o Jinchuuriki por tempo suficiente para que escapássemos. Mas, ele não resistiu.

Hiashi sentiu a saliva escorrer por sua garganta enquanto ouvia aquelas palavras. Ele sabia os perigos que encontraria indo para uma guerra, mas ouvir de alguém que viveu momentos desgastantes e perdera alguém querido era um lembrete do que ele teria que lidar. Ainda assim, estavam ali: de pé, prontos a cumprir seus deveres para com sua nação.

– O próprio Hokage apareceu nesse dia e derrotou os invasores. Kotaro sobreviveu por pouco. – O Yamanaka então se colocou de pé, pronto a caminhar de volta para o abrigo. – Bom, meu turno acaba em duas horas. Se importa de ficar de guarda enquanto eu pego um chá? – Hiashi consentiu com a cabeça num sinal positivo enquanto o loiro começara a andar. – Mais uma coisa: Yuko é que está mais abalada com toda a história. Não sei se faz alguma diferença pra você, mas se puder, tenha paciência com ela.

– Hi. – respondeu o Hyuuga de forma firme. Imediatamente, seu olhar se tornou focado e firme na paisagem que se expandia a sua vanguarda. Ele enviou sua energia vital através das redes densas de chakra que corriam por seu corpo até seus olhos. Imediatamente, protuberantes veias se elevaram em alto relevo pelo seu rosto; em seus olhos, a íris branca tomou uma tonalidade acinzentada e pequenos traços contornaram a região que normalmente haveria uma pupila. – Byakugan (白眼) ! – exclamou o Hyuuga quando uma pequena onda de chakra se espalhou pelo ar.

Tão expressivo quanto a mudança na aparência de sua face, foi o poder que sua visão agora adquiria. O mundo mesclou-se em uma visão de cores primarias que brilhavam eternas. As grandes planícies abaixo se tornaram unicolores: a visão extraordinária daqueles olhos permitiram o Hyuuga a focar-se em cada região que quisesse fitar – aproximando quilômetros à frente de forma a estarem a poucos centímetros de sua visualização.

Entre as matizes de cinza, alguns pontos azuis brilhavam quando a visão do Byakugan focava-se de um ângulo onde visse toda a área de cima. Pontos estes que eram pura e simplesmente chakra de criaturas vivas. Milhões destes se espalhavam por toda Área 01, o que tornaria o trabalho de verificar cada um deles praticamente impossível. Foi quando o Hyuuga filtrou sua visão, focando-se apenas nos pontos mais energéticos existentes na área. Demorou apenas alguns minutos desde que havia brotado vida em seus olhos brancos quando finalmente desativou o jutsu ocular.

– Entendo, então é assim que é o famoso Byakugan ativado. – disse Takashi na retaguarda do usuário do poderoso Doujutsu. O loiro se aproximou e fitou o jovem Hiashi que agora virava-se para falar com o loiro.

– Não há ninguém num raio de quinze quilômetros, acho que essa vai ser uma noite tranquila. – Imediatamente o Yamanaka mostrou um rosto apático. A informação parecia passar por seus ouvidos como um som qualquer, até que tomou-se conta do que acabara de acontecer.

– NANI? – exclamou o Yamanaka gesticulando com suas mãos. – Você está dizendo que checou toda nossa área no tempo em que fui até a tenda e voltei?

– Hi. – Disse Hiashi, taciturno como sempre. Ele não tardou em retornar para o abrigo aquecido. Naquela noite, as temperaturas atingiram níveis próximos ao congelamento. Quando chegara o momento, Kotaro substituiu Takashi na vigia durante a madrugada, seguindo por Yuko e finalmente por Hiashi, que permaneceu até o amanhecer.

Os primeiros raios solares brotaram no oriente, numa tentativa falha de afastar a densa névoa que cobria toda a região. No topo da escarpa, as nuvens densas de umidade pareciam escorrer como água para dentro da meia-lua e cobrir toda a floresta na planície até as bordas das montanhas distantes. O canto de pássaros ecoava fracamente, sendo trazido pela brisa que, posteriormente, seria a responsável por dissipar a névoa densa. Ao retornar para o esconderijo, o Hyuuga encontrou o resto do grupo acordado, todos sentados à mesa e fazendo o dejejum com chá e pão seco.

– Hyuuga-san, sente-se aqui. – Disse o Senju, apontando para o assento vago na mesa. Hiashi se aproximou e sentou-se à mesa quando, imediatamente, Kotaro o serviu com chá e aproximou a cesta de pães.

Ele agradeceu pela comida e iniciou o próprio dejejum. O chá era doce, com um leve toque de acidez – causado talvez por algumas gotas de limão, como pensara. O líquido descera por sua garganta, aquecendo seu corpo num alívio confortável. O pão, apesar de seco, era saboroso e coberto por ervas finas. Junto do chá, ele amolecia na boca e descia facilmente como qualquer pão macio. O grupo terminou de comer, arrumou as coisas necessárias e partiram para a vigia na floresta da planície.

Já eram mais de oito das manhã quando o grupo fez a primeira pausa sob a copa das grande árvores que os rodeavam, sentados na gramínea que crescia por toda a área. Bebiam água enquanto analisavam um pequeno mapa da região, marcando os pontos em que já haviam ficado de guarda e os que ainda visitariam durante o dia. Cada ponto havia sido cuidadosamente escolhido para detectar o avanço dos inimigos e tomar as devidas decisões cabíveis.

– Ótimo, já verificamos a situação nesta parte do mapa. Ficaremos aqui por mais vinte minutos e nos dirigiremos para a região nordeste, onde a floresta é menos densa e marcada por um relevo acidentado. – Dizia o Yamanaka, enquanto rascunhava sobre o mapa. – Humph, falando nisso, como está a situação por lá, Hiashi?

– Nenhum sinal de atividade invasora. – respondia o Hyuuga, enquanto acabava de desativar aqueles olhos fantásticos que causavam curiosidade por aqueles à sua volta.

– Com seus olhos trabalhando para nós, meu trabalho fica muito mais fácil. – continuava Takashi – Pra dizer a verdade, seus olhos são muito mais eficazes que minha habilidade para fazer a varredura e identificação do terreno. Poderemos identificar os inimigos com maior precisão e velocidade que faríamos antes, o que nos dá uma maior vantagem.

Em cada uma das vezes em que algum componente do grupo comentava as vantagens do novo tracker na equipe, Yuko parecia se remexer, como se acumulasse um ódio intenso pelo novo integrante. Não era difícil para Hiashi compreender o porquê disso: ver alguém assumir o posto de um amigo e ainda dizer “vantagens” deste novo tracker, como se tratassem de um objeto, definitivamente não devia ser fácil. Ao mesmo tempo, entendia que apesar dos sentimentos da garota a fizessem se sentir mal, ali ela estava – escondendo suas emoções para exercer seu papel como uma Shinobi... priorizando a missão acima de si mesma. Então meditou o quão cruel o mundo poderia ser.

Quando terminaram o planejamento, partiram para a próxima base, a pouco mais de três quilômetros de onde estavam. Seus passos eram céleres e bem marcados, não desperdiçando qualquer movimento. A formação em que se movimentavam era uma fila simples: o tanker liderava o caminho, seguido imediatamente do sensor e da support, enquanto que Hiashi posicionava-se na retaguarda de todos. Depois de um quilômetro se locomovendo, a vegetação começou a mudar: as árvores já não eram mais tão altas e arbóreas. A amplitude dos troncos diminuía e as plantas passaram a exibir um porte mais baixo, com eventuais arbustos floridos em uma exuberância de cores e cheiros frutados. Uma armadilha certa para suas venenosas frutas.

Mais uma vez pensou o quão bondosa a natureza havia sido com aquele lugar. Mas em meio na guerra, aquele lugar não passava de mais um campo de batalha. A estupidez e ignorância humana arrastava o conflito pelas eras, como uma entidade imortal dedicada apenas ao sangue que as nações cederiam de livre e espontânea vontade.

Enquanto corriam ritmados, um grito partindo do loiro alertou que todos parassem imediatamente. Kotaro pousou num tronco da árvore largo o suficiente para que todos os outros integrantes do grupo fizessem o mesmo logo em seguida.

– Sentiu algo, Takashi? – perguntava Kotaro, com uma expressão séria em sua face.

– Não sei exatamente. Pude sentir, por um breve momento, chakra a noroeste daqui. – respondeu o Yamanaka de imediato. – Mas não consigo sentir mais nada... é como se simplesmente tivessem desaparecido. Minha habilidade tem um limite de distância, talvez tenham recuado, mas... não sei, tem algo estranho. – O Yamanaka subitamente olhou para Hiashi, esquecido por um breve instante do poder ocular que a equipe agora tinha em disposição. Não foram necessárias palavras: o Hyuuga subitamente ativou o Byakugan e focou seus olhos para a região indicada pelo jovem sensor.

Os olhos albinos atravessaram toda a floresta, até o local que o Yamanaka havia sentido algo. Na superfície, realmente não havia nada. A vegetação era exuberante e calma, repleta de insetos que moviam-se pelas folhas. Contudo, isso não significava que Takashi estava errado a respeito de seus sentidos.

Abaixo da terra, quase quatro metros em sub-superfície, o Byakugan viu o chakra se manifestar de forma ampla. O olhar do Hyuuga atravessou a terra e a viu se dobrar e se desfazer em areia nas mãos de um homem que utilizava seu ninjutsu para efetuar a escavação do túnel circular. Outras três pessoas vinham atrás.

– Quatro invasores! – Exclamou Hiashi focado nos inimigos. – Estão se locomovendo quatro metros abaixo da superfície, através de um túnel que estão cavando com um jutsu Doton.

O resto do esquadrão ficou tenso por um instante. Mas por imediato o Yamanaka realizou um selo de mão e fechou os olhos. Ele focou seus poderes de sensor na área em que Hiashi observou e finalmente sentiu o chakra do inimigo se manifestar. Imediatamente, ele levou a mão esquerda para dentro da bolsa de equipamentos que carregava em sua cintura. Com um pergaminho em mãos, o jovem realizou alguns selos e finalmente abriu o pergaminho.

– Kuchiyose no Jutsu! (Jutsu de Invocação). – Uma fumaça branca se ergueu sobre o ar, revelando um pequeno recipiente de metal circular, preenchido com um líquido negro. – Coordenadas: 07123378 Norte, 055678 Leste. Número de inimigos: quatro, movendo-se à aproximadamente quatro metros abaixo da superfície. O Esquadrão fará a interceptação.

Enquanto falava, o líquido negro dentro do recipiente tremia, como se uma frequência sonora de baixos intensos estivessem causando esse efeito nele. O que acontecia na verdade, era que aquele recipiente gravava cada uma das palavras que o sensor do time pronunciava. Mesmo depois que Takashi parou de falar, o recipiente permaneceu ali, imóvel sobre o pergaminho por alguns instantes. Entretanto, quando um minuto exato desde sua invocação havia passado, o recipiente desapareceu com uma implosão de fumaça branca.

– Acho que esqueci de te explicar como a comunicação com os frontes é feita: ao invocar esse cálice, ele registra minhas informações e, exatamente um minuto após invocado, o cálice sofre uma invocação reversa e ressurge no fronte mais próximo, que envia uma equipe de acordo com a informação que lhes é passada. – Prosseguiu Takashi.

– Muito bem, temos que encontrá-los e impedir seu avanço. Ikuzo! – Disse Kotaro.

Prontamente, o esquadrão moveu-se numa velocidade arrebatadora para fazer jus ao título que carregavam de interceptadores. Ainda na mesma formação que viajavam antes, discutiam o que podiam, uma vez que encontrariam os invasores em menos de cinco minutos.

– Hiashi, quando encontramos os inimigos, eu permanecerei escondido para analisar as habilidades deles. Kotaro vai forçá-los a mostrar suas habilidades enquanto que Yuko ficará de prontidão para prover suporte, se necessário. Enquanto isso, você partirá para o confronto apenas se eles responderem ao ataque de Kotaro. Enquanto lutam, analisarei suas habilidades e medirei suas forças das sombras. Por enquanto, não posso dizer muito sobre o que eles são capazes. – Instruiu o jovem loiro enquanto corriam.

– Eu posso. – disse o Hyuuga a seus parceiros. – Posso dizer que todos eles possuem um bom porte físico, e a julgar pelo tanto de chakra que possuem, posso dizer que todos possuem um nível de habilidade acima de Chuunin. Além disso, também posso afirmar que todos eles possuem mudança de chakra para o Estilo Terra. Um deles possui tenketsus desenvolvidos para a mudança elemental do Estilo Fogo também... vão identificá-lo por uma cicatriz sobre o olho esquerdo.

Por um momento ninguém disse uma palavra sequer sobre o comentário do tracker. Apenas observaram em silêncio enquanto corriam rapidamente, saltando entre os galhos das árvores naquela grande floresta. Foi então que Yuko irrompeu o silêncio:

– Como você pode ter tantas informações sobre o inimigo? – questionou a garota.

– Meu Byakugan. – explicou Hiashi. – Acho que sabem que posso ver a rede de chakra do inimigo com ele. Na rede de chakra existem trezentos e sessenta e um tenketsus, pontos de pressão que controlam o fluxo de chakra. Posso observar os tenketsus de um ninja e dizer quais mudanças elementais de energia alguém pode produzir. Observando a quantidade de chakra e a intensidade de seu fluxo, posso determinar o quão forte um oponente pode ser. – Ainda surpresos, os outros três integrantes do clã ficaram mais um minuto sem falar, absorvendo o fato de que possuíam alguém com habilidades tão favoráveis a seu lado.

– Entendo... então esse é o poder do famoso Byakugan. – disse Kotaro exibindo um longo sorriso. – Anime-se Hyuuga, não é sempre que se encontra um inimigo no primeiro dia de serviço.

Eles conversaram mais um pouco e decidiram mudar a formação: Takashi foi para o último lugar da fila e começou a se afastar dos amigos, diminuindo sua velocidade e ficando para trás enquanto o grupo avançava. Quando estavam a poucos segundos de se chocarem com o inimigo, Takashi mudou sua direção de deslocamento, escondendo-se na copa das árvores a pouco mais de setenta metros de onde seus amigos finalmente pararam lado a lado.

Hiashi tinha seus poderosos olhos fitando o subsolo à frente. O Hyuuga proferiu um sinal que foi imediatamente entendido por Kotaro. Imediatamente o Senju executou rapidamente alguns In e colocou sua mão esquerda no chão.

Doton: Kajūgan no Jutsu! (Liberação de Terra: Técnica da Rocha do Peso-Adicionado). – proferiu Kotaro. Imediatamente, toda a terra num raio de dez metros do Senju tremeu e rachou em finas fraturas que se espalharam pelo âmbito. Isso porque aquela técnica fez o solo se comprimir de forma que o chakra do Senju fizesse com que a terra ficasse extremamente densa e pesada, fazendo cada grama do particulado que formava o solo se tornar centenas de vezes mais pesado que originalmente era.

Por conta disso, os shinobis do País da Terra que viajavam por baixo não conseguiram mais fazer com que a terra dura se tornasse areia e se viram forçados a emergir na superfície. Um estrondo soou alto quando os ninjas irromperam do chão, deixando quatro buracos de onde vieram. Frente a frente, os grupos se olharam com as intenções inflamadas.

– Bom, parece que temos algumas toupeiras aqui. – disse Kotaro com seu olhar no inimigo, exibindo uma expressão desafiadora.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal! Demorei um pouquinho pra escrever esse capítulo porque estava viajando. Espero que vocês gostem, as próximas páginas serão de difíceis batalhas. Abraços! :D



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