Enquanto meus olhos forem negros escrita por Zaringer


Capítulo 4
Primeiro Esquadrão de Interceptação




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As ruas de Konoha estavam vazias. Comércios ambulantes, que antes eram símbolo de fartura e festa pelas alamedas da vila, agora eram apenas fantasmas suportados por sacolas de lixo pelas que rodopiavam com o vento. Em contraste com essa cena, os postos militares e a muralha que protege a Folha concentrava conversas agitadas.

Os ninjas mais experientes, Jounin e Chuunin, estavam no campo de batalha ou nos frontes de defesa do país do fogo. Por essa razão, a proteção mais interna da vila estava por conta dos Genin: os menos experientes ninjas e última linha de defesa da vila caso as forças principais falhassem.

Em suas casas, moradores observavam de janelas aflitos, fitando um futuro terrível que poderia alcançá-los na pior das hipóteses. O medo gerava angústia. A angústia gerava dor e a dor reiniciava um ciclo injetando mais medo no coração daqueles que oravam incessantemente por seus familiares. Cada uma dessas razões agora funcionavam como combustível para Hiashi. Em sua mente, sua família refletia um cenário de agonia.

Na velocidade que se dirigia ao escritório do Hokage, não tardou para que o Hyuuga subisse as escadas até estar em frente ao gabinete da Sombra do Fogo. Sua mão se fechou e bateu contra a porta três vezes. Era a primeira vez que ficaria frente-a-frente com o mais forte ninja da vila.

– Entre. – disse a voz firme do líder da vila. Hiashi adentrou à sala observando atentamente duas figuras que o fitavam. Sentado e rodeado de pilhas de papeis estava Senju Tobirama, o Nidaime. Ao seu lado, um homem de madeixas longas e detidas por um penteado do tipo rabo-de-cavalo: Nara Nedari aconselhava o Hokage a respeito de táticas de guerra.

–Você é o filho mais velho de Hyuuga Inari. – disse Nedari. – O que procuras?

Naquele momento Hiashi notou que não sabia ao certo como e o que dizer ao Hokage. Como explicaria o fato de que gostaria de lutar na guerra mesmo sem o consentimento de seu pai que acabara de partir para os frontes?

Além disso, diferente de seu irmão que já havia efetuado a prova Chuunin e tido sucesso ele ainda era um Genin. O que significava que provavelmente seria escalado para a proteção da vila ao invés de ser enviado diretamente para a batalha. Alguns segundos já haviam se passado desde que a pergunta havia sido feita para o Hyuuga. Mas, finalmente a ansiada resposta veio:

– Hokage-sama, peço que me dê a ordem para juntar-me aos frontes de defesa do País do Fogo. – Nesse instante, o Senju olhou fixamente para o jovem enquanto Nedari parecia não entender o contexto.

– Para os frontes? Seu pai e o restante de seu clã se dirigiu para lá a menos de um dia. Se desejava acompanhá-los, por que não se pronunciou antes? – Indagou o Nara.

– Houve algumas questões a serem resolvidas no clã e fiquei para trás para resolver estas pendências – Hiashi omitira os reais fatores que o fizeram não partir junto do clã. – Se me permitir, partirei imediatamente para junto de me-

– Não posso permitir isso – dizia o Senju, interrompendo o garoto. – Fico contente que deseja participar junto do resto de seu clã. Mas não posso permitir que um Genin saia da vila nesse momento. Se quiseres ajudar, direcione-se às muralhas, seu Byakugan será muito útil para segurança da vila.

As palavras soaram como um “déjà vu”. Naquele momento toda ideia de subitamente sair do clã e partir para a guerra soou um tanto que ridícula.Que droga. No que eu estava pensando?” – pensou o garoto enquanto rangia os dentes para controlar a cólera que crescia em seu interior.

– Perdoe-me pela interrupção, Hokage-sama, se não é possível que eu parta então retornarei ao meu clã. – com uma reverência, Hiashi virou-se para sair do recinto e retornar ao seu clã onde teria muitas perguntas dos anciões para serem respondidas. Foi quando uma brisa fresca entrou pelas janelas atrás do assento do Hokage e passou por ele como um jato de água fria. Repetinamente, Hiashi lembrou-se novamente das razões que o fizeram correr até ali. Imagens de seu clã no campo de batalha passaram por sua cabeça e neste instante ele se perguntou se conseguiria dormir a noite sabendo que estaria sendo um inútil em casa.

– Não posso ficar na vila. – prosseguiu o Hyuuga ao olhar diretamente para o Senju. Olhos determinados e fortes foram de encontro com a Sombra do Fogo.

– Não posso aceitar cruzar meus braços e esperar por um inimigo que eu posso ajudar a impedir; Não posso aceitar sentar e esperar enquanto meus amigos e família estão lá fora lutando para defender minha casa. – continuou o jovem.

A expressão do Hokage tornou-se severa, o ar se encheu de tensão quando seu chakra lentamente escapou de seu corpo. Suor escorria pela testa de Hiashi ao sentir o tamanho do poder que tentava repreendê-lo sem sequer usufruir de palavras.

– Não seja tolo garoto! Temos assuntos mais sérios a tratar. Deveria pensar duas vezes antes de incomodar o Hokage com tópicos como este. Além disso, você é o herdeiro do clã Hyuuga, o que seu pai diria se soubesse que você está querendo se atrelar no camp-

– Eu estou indo com ou sem o seu consentimento, Hokage-sama. – Hiashi ignorara completamente as palavras discriminantes do estrategista que tentara repreendê-lo enquanto encontrava forças para continuar respirando aquele ar carregado de um chakra tão inflamado e perigoso de Senju Tobirama.

Nedari levou a mão à própria testa e expirou lentamente. Era fácil imaginar o quão estressante deveria ser te que se preocupar com assuntos tão delicados quanto decidir a melhor tática para poupar suprimentos, tempo e salvar o máximo de vidas possível durante as batalhas. Ao mesmo tempo, assuntos como o de Hiashi ainda interferiam no seu dia tornando ainda mais estressante seu trabalho.

Tobirama continuou observando o jovem à sua frente. Nesse momento ele deixou de permitir que seu chakra fosse sentido pelo jovem Hiashi, no intuito de não mais amedrontá-lo. O Hokage então cruzou os braços e expressou um sorriso de canto enquanto pensava.

Humph... parece que a sua vontade também foi herdada em outros clãs, Hashirama ni-san.” – Pensava o Senju.

– Muito bem, se é assim, então tenho uma tarefa para você que deseja participar da Guerra. Mas, é a única proposta que tenho para fazer a você, se não aceitá-la, então sua única opção possível será permanecer aqui na vila e, caso fuja, será considerado um Nukenin. Está de acordo? – Hiashi balançou a cabeça num sinal afirmativo enquanto o Nara parecia pouco perplexo com a decisão do Nidaime. – Muito bem então, aproxime-se.

O Hokage abriu então um pergaminho sobre a mesa: na folha estava um mapa do país do fogo em uma escala grande. Demarcados com um “X” estavam os quatro frontes de defesa do País do Fogo e no meio desses estava um símbolo de uma folha representando Konohagakure. No espaço entre os “X” demarcados, haviam pequenas setas vermelhas. Desta forma, quatro setas existiam, cada uma demarcada com um número.

– Acredito que seu pai já lhe tenha mostrado esse mapa antes de partir, estou certo?- Indagou Nedari.

– Hi. – respondeu Hiashi – O vi na noite anterior à partida do meu pai.

– Muito bem, então deve entender o que são as setas vermelhas, certo? – perguntou-lhe o Hokage que agora estava de pé, inclinado sobre a mesa.

– São Esquadrões de Interceptação, os responsáveis em detectar inimigos entre as zonas de frontes; comunicar a fronte mais próxima da invasão e impedir o inimigo até que o reforço chegue, se possível. – Respondeu Hiashi.

– Basicamente, sim. Mas as funções de um integrante desses esquadrões também envolvem retirada de informações e análise das habilidades de um inimigo. – Continuou Tobirama. – O primeiro esquadrão está com uma vaga pendente e posso incluí-lo nele. Se concordar em fazer parte dele, partirá agora a tarde junto de sua nova equipe, sem previsão e certeza de retorno. E então?

Uma euforia crescia sedenta no interior de Hiashi. Seus ouvidos estavam atentos às palavras do Hokage que decidira por dar a ele, um Genin, uma chance. Ainda que não fosse para junto de sua família nos frontes, ele estaria lá, participando diretamente para proteger a vila e fazendo o que achava digno de um shinobi como ele.

– Eu aceito a proposta. – confirmou o garoto enquanto exibia uma determinação que fazia o Senju lembrar de seu irmão, o Shodaime Hokage. Nedari terminou de explicar para o jovem o local e o horário exato onde encontraria sua equipe e as informações mais gerais da missão que Hiashi acabara de aceitar. Ao término da conversação, o Hyuuga se despediu respeitosamente dos senhores presentes na sala e saiu em direção à porta. Antes de cruzá-la totalmente, o garoto parcialmente virou seu rosto de volta para a sala, de forma que apenas a parte direita de sua face ficasse amostra, e concluiu antes que pudesse correr para fora dali – Arigato... Nidaime-sama.

E então se foi.

– Tobirama-sama, todos os integrantes dos esquadrões são Chunin experientes ou Jonin. Acha realmente prudente deixar um Genin fazer parte de tal tarefa, ainda que ele seja um Hyuuga? - O Hokage não respondeu, apenas jogou para o Nara um dos pergaminhos que estavam sobre sua mesa. – Isso é...

– Sim, um relatório com uma análise completa das habilidades de cada membro do clã Hyuuga, com os mesmo critérios adotados pelo resto da Folha – respondeu-o.

Nedari abriu o pergaminho já sabendo o que procurar. Quando encontrou o perfil de Hyuuga Hiashi, um sorriso soslaio se abriu em seu rosto, seguido de uma profunda inspiração.

– Humph, qual é mesmo o total de pontos mínimo para a promoção de um Genin? – indagou Nedari.

– Dezenove. – concluiu o Hokage. O estrategista largou o pergaminho sobre a mesa de seu líder e caminhou em direção à janela.

O número 23 estava demarcado na pontuação total do jovem Hyuuga.


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Notas finais do capítulo

Bom, aí está mais um. As coisas já vão começar a ficar mais agitadas a partir dos próximos capítulos. Ah, percebi que até agora eu não expliquei o que o título desse conto significa: "Enquanto meus olhos forem negros" é uma expressão japonesa que significa "Enquanto eu estiver vivo". Foi a frase dita por Neji a Lee antes de falecer no MangáAnime. No desenvolver da história vocês entenderão a razão por esse ser o título da história.
Até o próximo capítulo galera, espero que gostem deste :D



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