Dons: Carbúnculo escrita por KariAnn, Haruka hime


Capítulo 21
Três meses depois


Notas iniciais do capítulo

Gente, estamos na reta final de história. Comentem o que acharam e eu vamos melhorar na minha próxima narrativa.



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A Universidade de Medicina de Grahan era um complexo enorme de prédios e praças, quase do tamanho de um bairro inteiro. Lá havia diversos cursos dentro da área de medicina, e aquela era a melhor estrutura para estudo e pesquisas de Grahan. As pesquisas que mais se faziam lá eram das áreas de psicologia, neurologia, oncologia e virologia.

Os muros que circundava a universidade eram históricos, pois aquela fora uma das primeiras universidades que surgira no país, fundada numa época em que Grahan ainda vivia uma monarquia, e suas cidades eram condados, ducados e províncias. Na época, a universidade era uma academia que possuía outros cursos de humanidade, mas, com o tempo, passou a se especializar nas áreas de medicina.

Nesses muros históricos, próximo ao portão de entrada, estavam pendurados murais com a lista dos candidatos aprovados nos exames.

Christophe estava ali, acompanhado de mais dois antigos colegas do colégio, todos ansiosos por saber dos resultados.

— E aí, Chris, pronto? — Estevam perguntou, sorrindo para o amigo.

— Claro! — ele respondeu, resoluto.

Havia muita gente amontoada para ver os resultados. O rapaz conseguiu se aproximar um pouco e procurou por seu nome. Seu coração estava acelerado e quase parou quando ele leu “Christophe Leões Raimann: aprovado”.

Seus amigos usaram os celulares para verificar sua pontuação. Ele fez o mesmo e ficou estupefato ao ver sua nota. Precisava de, no mínimo, 850 pontos para passar, e pontuara incríveis 901.

Christophe voltou para sua casa tremendamente animado. Como seu pai pedira, ele havia feito a prova para a Universidade de Tecnologia de Kendrich, e também havia sido aprovado, mas isso pouco o importava.

— Pai, eu passei, eu passei! — Christophe gritou para o pai que lia um livro na sala.

— Passou onde?

— Nas duas universidades, pai!

Elric fechou o livro e sorriu. Olhou para o filho e não pode deixar de não rir com a felicidade de dele, e também não pode deixar de se impressionar com a nota de corte. A mais alta era 1000, e seu filho pontuara 901 numa prova extremamente difícil, especialmente em matemática e biologia.

— Muito bem, Chris — Elric falou e abraçou o filho. Então os dois se sentaram no sofá, o rapaz com expectativa reluzindo nos olhos.

— Então, pai?

— Você se esforçou muito e, depois de tudo o que passamos, acho que merece fazer o que você quer.

Christophe se levantou do sofá num salto e comemorou, mas Elric o trouxe de volta à realidade, mandando-o sentar-se novamente para discutirem como as responsabilidades seriam divididas.

— Eu pago a mensalidade e te dou o carro. Você trate de trabalhar muito para cobrir as demais despesas. Também saiba que ficarei de olho nas suas notas. Você é inteligente, sei que conseguirá manter uma média mínima de nove pontos.

— Nove pontos? — Christophe se sobressaltou, mas riu em seguida. — Tudo bem, pai, eu consigo.

— É bom mesmo!

— Eu já deixei todos os documentos previamente arrumados. Vou levá-los hoje mesmo.

— Tudo bem. Pode levá-los. Eu já tenho que pagar alguma coisa?

— Sim, a matrícula.

— Ok. Traga-me o boleto e já pagaremos isso. Vamos direto numa concessionária, mas eu já vou avisando que o carro terá que ser, no máximo, vinte mil deltas, ouviu?

— Por quê? — Christophe pareceu irritado. — Pai, eu não vou conseguir nada bom com essa quantia.

— Como não? Dá pra conseguir sim. Vire-se. Vinte mil deltas ou você que arrume o dinheiro para comprar seu carro.

— Tudo bem, pai. Tudo bem. Vinte mil deltas.

Christophe deu de ombros e não deixou que aquilo o abalasse. Estava muito feliz por conseguir convencer seu pai, e não queria dizer nada que o fizesse mudar de ideia.

Mais do que rapidamente, o rapaz correu até a universidade com os documentos necessários e fez sua matrícula. Ao sair pelos portões, enquanto caminhava em direção ao carro, viu um sheepdog de coleira prateada caminhar animadamente ao seu lado. Ele afagou o animal com vontade e este pareceu muito satisfeito com a atenção que recebia.

***

Os Raimann expressaram sua alegria quando Elric lhes contou que seu filho passara no exame para a universidade. Kurt sugeriu que todos saíssem para comemorar em um restaurante ou pizzaria, o que Christophe achou uma boa ideia.

Magno cumprimentou o primo e se desculpou, pois não participaria da festa, já que deveria voltar para Áquila. Sua mãe se entristeceu um pouco ao se lembrar que o filho precisava voltar ao trabalho, e desejou que ele pudesse ficar mais tempo.

— Eu já vou — ele falou, se despedindo de todos.

— Tudo bem, então. — Adela o abraçou e todos o cumprimentaram. Michele apenas apertou sua mão, ainda esperançosa de que ele dissesse algo, mas em vão.

Antes que Magno saísse, a campainha tocou e Cássio correu para atender. Em pouco tempo, reapareceu acompanhado de Victória Montserrat, que vestia um lindo vestido rosa pastel florido, e tinha os cabelos presos num coque impecável.

A visita da cantora foi uma boa surpresa para todos, exceto para Michele. Ela os cumprimentou, e pareceu mais feliz ainda ao ver Carlos Magno. Sua felicidade foi um pouco abalada ao saber que ele estava de partida.

— Se o dever o chama, você deve ir. Passei aqui para me despedir também.

— Para onde você vai? — Fábio perguntou.

— Apresentar-me-ei no Barclays Teatro Nazionale Milano na semana que vem. E também tenho um novo roteiro para ensaiar e novas músicas para compor.

— Sentirei saudades — Fábio falou com total sinceridade.

— Eu também sentirei saudades de você, pequeno.

O garoto sorriu e a cumprimentou com afeto que ela correspondeu alegremente. Estava um pouco triste por não poder visitá-la em Milão, mas ela assegurou que voltaria para visitar a família na primeira oportunidade.

Carlos Magno também se despediu com notável tristeza, e prometeu que, na primeira oportunidade, assistiria a mais uma apresentação dela.  A cantora aquiesceu, dizendo que se lembraria da promessa, e partiu. 

Antes que Magno saísse, Christophe o chamou em particular para se despedir. Os dois estavam no pergolado, sentados no banco.

— A senhorita partiu e você foi apenas cordial com ela.

— Me chamou aqui para isso?

— Também. Sei que você gosta dela, mas é realmente um homem tão frio a ponto de...

— Sei, sei! Você não se conforma, não é? Eu não sabia que você era tão romântico, Chris.

— Eu só quero ver a felicidade das pessoas.

— Ela partiu feliz. E voltará feliz também.

— Então, quando ela voltar, garantirei que você trate de estar aqui e dizer a ela o quanto a ama.

Magno não conseguiu segurar um riso divertido que acabou por contagiar Christophe.

— Então, senhor cupido, te desejo boa sorte!

— Igualmente. Mas antes, tem algo que até hoje não sai da minha cabeça, mas eu nunca te perguntei. — Magno olhou para o rapaz com curiosidade. — Se lembra daquela ladra que você havia mencionado, que foi contratada pelo Marcos?

— Alessandra?

— Isso... De onde você a conhecia?

— Eu a surpreendi vendendo armas militares para traficantes na cidade, durante uma operação que sequer envolvia traficantes. Foi uma história até engraçada. Mas por que você só me pergunta isso agora?

— É que eu andei me recordando de tudo o que aconteceu conosco. Já faz tanto tempo, e aí eu comecei a me lembrar de alguns detalhes e percebi que não tinha a resposta para essa dúvida em particular. Queria saber o que aconteceu com essa garota.

— Eu também. Certamente ela fugiu para algum lugar distante.

— É, se ela for inteligente, fez isso.

— Bem, mistério resolvido, Christophe. Agora tenho que ir.  Adeus!

— Adeus, Carlos.  

Os dois apertaram as mãos e se despediram. Magno ainda conversou com a mãe e com o irmão, e depois se foi em seu carro, em direção a Áquila. Adela ficou triste por um tempo, mas sabia que era dever do filho voltar ao trabalho. Afinal, ela mesma fora a responsável por colocá-lo ali quando era pequeno. Agora, não havia mais o que fazer.

— Não se preocupe, mãe — Leandro falou —, ele sabe se cuidar!

— Eu sei disso, filho. Eu sei disso. Mas coração de mãe não tem jeito. Ficamos preocupadas com qualquer coisa. Mas eu sei que ele ficará bem.

***

No dia seguinte, Kurt estava cozinhando algo para o almoço, enquanto Fábio estudava, sentado no balcão da cozinha. Alícia e Guilherme conversavam na sala de estar, e Amélia falava com alguém ao telefone.

De repente, a campainha tocou. O garoto se prontificou a atender, e correu até o portão. Quando o abriu, uma expressão de surpresa tomou conta de seu rosto.

Fábio entrou correndo na sala, o que chamou a atenção dos irmãos. Kurt apareceu na sala, secando as mãos numa toalha de mesa, o ar interrogativo. Fábio sorria.

— O que foi? — Guilherme perguntou.

— Adivinhem quem está aqui — disse Fábio.

Ninguém arriscou dizer nada. Então o garoto olhou para a porta e nela surgiu uma bonita japonesa com um largo sorriso no rosto. Ela colocou as duas malas de viagem que trazia consigo no chão e estendeu os braços.

— Olá, gente. Sentiram falta da mamãe?

— Bella? — Kurt gritou e correu em direção à esposa, abraçando-a com enorme alegria.

— Ora, ora, meu bem — ela falou, abraçando o marido —, como você esteve sem mim?

— Você não sabe a falta que fez — Kurt falou num tom baixo. Custou para ele larga-la, mas os filhos também queriam abraçar a mãe.

Bella abraçou e beijou cada um dos filhos, e todos estavam visivelmente felizes por vê-la ali. Bella era o elemento que faltava em suas vidas para que eles voltassem a ser felizes novamente, e os olhos de cada um falavam isso.

A mulher ficou um pouco surpresa com tamanho afeto que os filhos demonstraram depois que ela tomou banho e guardou suas coisas no quarto. Ela entendia bem a alegria de Kurt e de Amélia, mas Fábio, Alícia e Guilherme não eram tão emotivos.

Ignorando os acontecimentos na vida dos Raimann, ela atribuiu aquela emoção toda ao fato de ter estado ausente por mais de um ano. Fábio, especialmente, parecia não ter a intenção de se afastar dela por muito tempo.

— Então, o que fizeram durante o tempo em que estive fora? — ela perguntou, enquanto procurava algo para comer na cozinha.

— Você terá muito tempo para saber, mãe — Alícia falou em tom desolado, coisa que Bella estranhou.

— Ora, vamos... Você, Fábio, tem estudado bastante? Ainda tem tempo de você prestar exame para estudar lá na França com os seus irmãos. Eles estão indo tão bem que preferiram ficar e concluir os estudos lá.

— Isso é sério? — Kurt perguntou, triste. — Então ainda terei que esperar anos para vê-los novamente?

— Não, meu amor, eles virão nos visitar nas férias — ela redarguiu, sorridente.

Kurt não ficou mais feliz com aquele argumento, mas se consolou com o fato dos filhos estarem bem e se desenvolvendo noutro país, numa boa escola. Ele pensava que certamente o futuro deles seria grandioso.

Fábio pareceu muito satisfeito em saber que os irmãos não voltariam tão cedo. Apesar de gêmeos, ele preferia ser o único a ter a aparência que tinha. Não ver duas sombras a persegui-lo todos os dias era algo que o motivava.

— Então, mamãe, a senhora ficará conosco bastante tempo agora, não é? — Amélia perguntou, esperançosa.

Bella soltou uma gargalhada com a pergunta da filha, a abraçou e beijou e respondeu:

— Claro, meu amor, eu ficarei agora. A propósito — ela chamou a atenção de todos —, receberemos uma visita em breve, uma boa visita que ficará conosco por um tempo.

— Quem? — Guilherme perguntou.

— É uma surpresa — Bella falou, dando uma piscadela para o filho.

Eles se entreolharam, inquirindo um ao outro quem poderia ser a tal visita que receberiam.


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Notas finais do capítulo

Obrigada!!



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