Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira
Notas iniciais do capítulo
Parabéns para a leitora "Jade", que completa mais uma primavera na próxima sexta!
Sam acordou a filha numa manhã ensolarada em Seattle com uma bela bandeja de café da manhã. Freddie e os gêmeos entraram cantando parabéns. O pai trazia nas mãos uma torta de morangos com duas velas em cima, apontando a nova idade da garota: 18.
Isabelle, sonolenta, sorriu ao ver a cena e apagou as velinhas ao final do parabéns cantado animadamente pela família. Até Bolinha pulou na cama sobre a dona, fazendo festa, muito animado.
— Muito obrigada, família! Há anos não me acordavam assim num aniversário meu. Será que vou morrer? – rindo.
— Não fala uma bobagem dessas! Quer levar uns tapas? – perguntou Sam.
— Se você morrer, Belinha, certamente a mamãe te mata – zoou Nick – Ainda mais que você é a filha preferida dela – em tom de reclamação.
— A Belinha é minha filha preferida e vocês dois são os meus filhos preferidos – falou Sam, aproximando-se dos gêmeos e enchendo ambos de beijos.
— Você não vai morrer, Belinha, vai viver! Mas, longe de nós. Sabemos que você está prestes a ir para a universidade e nem temos certeza se irá comemorar o próximo aniversário conosco, por isso, esse tinha que ser muito especial.
— Até compramos um presente muito especial para você, Belinha – disse Eddie, entregando uma caixa de presente à irmã.
Isabelle abriu curiosa e logo viu o relógio que era mais um microcomputador de braço.
— Não acredito que finalmente me deram isso! Obrigada! – vibrou ela, abraçando cada membro da família.
— Assim, a senhorita não terá desculpas para não estar sempre em contato conosco – alertou Freddie.
— Não tem essa de não recebi a mensagem ou não vi a ligação. Estará sempre no seu pulso – completou Sam.
— Entendi. Vocês me deram uma coleira eletrônica – rindo – Mas, não ligo, estou contente mesmo assim, eu já queria um desses!
— Hoje a noite tem mais surpresa, Belinha – anunciou Freddie.
— Ah, gente! Eu falei que não precisava de festa.
— Talvez esse seu último aniversário em casa, então a gente decide o que precisa – rebateu Sam – Agora é melhor se arrumar e tomar seu café da manhã, temos visitas para o almoço.
— Quem?
— Você verá.
— Mas, eu sou ansiosa.
— Mas, vai ter que esperar.
Isabelle levantou-se no pulo e foi ao banheiro para se arrumar. Levou o café da manhã para a cozinha e resolveu comer com a família.
Freddie observou:
— Você está linda e feliz, princesa. Eu não falo nada, mas reparei que você andava tristinha nos últimos tempos. Fico contente de te ver bem.
— A vida nem sempre é fácil, pai. Mas, eu entendi que ser feliz é uma escolha e não depende das circunstâncias.
— Essa é a minha filha, não se deixa abater, encara a vida de peito aberto – falou Sam.
— Só com menos violência que você, né amor? – disse Freddie.
— Não sou violenta, só não sou covarde como uns e outros.
Isabelle sabia o rumo que a conversa iria tomar e interveio:
— Hoje é meu aniversário, vocês não vão brigar, né?
— Claro que não princesa. Eu só quis dizer que me orgulho em ver que você tem a força da sua mãe, mas sabe usá-la com mais sabedoria.
Sam olhou feio para Freddie no final da frase, mas nada disse.
— Isso porque vocês se esqueceram do quanto eu já apanhei dessa daí – manifestou-se Nick, apontando a irmã.
— Você não provocou, né pestinha? – indagou Isabelle em tom irônico.
— Ainda bem que isso ficou no passado, agora são crescidos – interveio Sam.
As horas seguintes voaram e pouco antes do meio-dia, a campainha tocou. Isabelle, ansiosa, foi abrir e viu a tia Melanie, a prima Mabel e a avó Pam paradas à portas, as três falaram juntas:
— Parabéns!
Isabelle abraçou as três e pegou os seus presentes, convidando-as para entrar. O almoço transcorria de forma mais tranqüila que o esperado para a família Puckett reunida, até que Pam soltou:
— Ainda não está grávida, Isabelle?
— Claro que não, vovó – respondeu rapidamente.
Sam se irritou:
— Isso é pergunta que se faça, mãe?
— Ora, eu engravidei cedo, você também, ta na vez dela. É a maldição da família Puckett.
— Não vai jogar a sua praga para cima da minha filha. Isabelle tem muito mais juízo que nós tivemos.
Isabelle percebeu que o clima estava tenso e desviou:
— Vovó Pam, porque o Coronel Shay não veio?
— Ele foi levar o Cris para conhecer a aeronáutica. O garoto está demonstrando interesse na carreira militar e ele, como avô babão, não se contém de empolgação.
— Eu fico feliz em saber que finalmente o Cris tem um avô que o aceita e o ama, ele merece.
Foi a vez de Mabel se interessar:
— Como está o Cris, Belinha?
— Acho que bem, você não tem falado com ele pelas redes sociais?
— Raramente. Pensei que você, estando perto, soubesse mais que eu. Mas, vejo que me enganei – concluiu Mabel com um ar triunfante.
Ao final do almoço, Sam e Isabelle só queriam que as visitas fossem embora. Melanie foi a única que permaneceu agradável o tempo todo. Até agradável e forçada demais na visão de Sam.
Quando as três finalmente se foram, Isabelle abriu as suas redes sociais para ler as mensagens de parabéns. Surpreendeu-se ao ver uma mensagem privada de Richard. Abriu rapidamente e leu:
“Belinha, eu jamais poderia me esquecer desse dia tão especial, o seu dia! O dia em que completa 18 anos.
“Só posso te desejar as melhores coisas do mundo, as quais eu mesmo lhe daria se pudesse. Como não posso, dou-te os meus sinceros votos de felicidades, saúde e realizações.
“Sei que talvez você não me ame da mesma forma que eu, mas isso não tem importância, sei que me ama de certa forma e toda forma de amor vale a pena. Assim, que nunca falte amor na sua vida.
“Com amor, do sempre seu, Rick”.
O coração de Isabelle acelerou já ao ver a mensagem e bateu descompassado ao lê-la. Como amava o Rick ainda não entendia, sabia que era diferente da forma de amar, Cris. Não quis esquentar mais uma vez a cabeça com esse assunto, apenas deixou-se levar pela emoção das palavras de Rick e as respondeu:
“Eu fiquei muito feliz em ver a sua mensagem e ainda mais feliz em lê-la. Muito obrigada por ter se lembrado de mim e por ter enternecido o meu coração com a doçura de suas palavras.
“Eu nunca me esqueço de você e tens razão ao falar que te amo de certa forma, porque eu amo. Peço perdão se ainda não sei definir qual.
“Mais feliz ainda eu ficaria se você estivesse aqui e eu pudesse te roubar aquele abraço, como sempre. Mas, hoje entendo que nem tudo o que queremos na vida é possível e está tudo bem, mesmo assim. Só quero que estejas feliz, ainda que distante de mim.
“Com amor, da sua Isabelle”.
Carly entrou no quarto de Isabelle agitada:
— Belinha, temos que ir ao shopping escolher sua roupa para hoje à noite. Sua mãe detesta isso e eu adoro. Sempre fomos ás compras juntas, desde que você era pequena, se lembra?
— É claro que me lembro, dinda. Como posso me esquecer? Eu adorava!
— Então, se apresse!
Carly e Isabelle andaram por muitas lojas no shopping, até que a mais jovem viu um vestido que lhe agradava e lhe caia muito bem. Não era dos mais baratos, mas Carly fez questão de dar de presente para a afilhada.
As duas faziam lanche na Praça de Alimentação quando Isabelle falou:
— Dinda, ainda fico sem jeito de a senhora ter me dado um vestido tão caro!
— Não seja boba, fiz com prazer. Nem repita mais isso. Quer saber uma novidade minha?
— É claro! Me conta.
— Eu vou me candidatar à Prefeita nas próximas eleições!
— Que legal! Mas, o atual Prefeito não vai querer concorrer?
— Não! Por isso mesmo o partido me escolheu, já que sou a vice dele.
— Bacana a sua trajetória política, dinda. Mulheres têm menor representação. Do jeito que vai, a senhora ainda vai ser a próxima Presidente dos EUA.
— Presidente eu não diria, mas, certa vez, um cara num hospital psiquiátrico me disse que eu seria a vice-presidente dos EUA. Pensei que era delírio, hoje acredito que ele era um médium – rindo.
— Também não duvido – disse Isabelle, rindo da mesma forma.
A loira já conhecia a história da internação da mãe no hospital psiquiátrico e o relato de Sam lhe veio à cabeça, fazendo-a ter vontade de rir mais ainda.
— Agora, termina logo o seu hambúrguer, que temos horário no cabelereiro do shopping.
— Até cabelereiro? Não vou fazer 16 anos de novo pra ter um mega festa que precise disso tudo.
— 18 anos também é um marco. Não vamos fazer um penteado para uma festa de gala, apenas boas escovas. Vamos!
Carly e Isabelle saíram do salão com bobes nos cabelos e a morena andando apressada até o seu carro no estacionamento:
— Temos que correr para casa e nos aprontar, não demora a escurecer.
Isabelle a seguiu no mesmo passo ligeiro.
A noite caiu e Isabelle finalmente iria ver a tal festa tão anunciada por todos.
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