Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 10
A 15ª Primavera de Isabelle


Notas iniciais do capítulo

Não consegui colar as imagens no texto. Podem ser acessadas nos endereços abaixo:

Isabelle: http://teendaily.net/wp-content/uploads/2016/02/160218-05-497x735.jpg

Mabel: http://www.the-movie-portal.com/wp-content/plugins/wp-movie-automator/proxy.php?image=M/MV5BMTU3MTkwMzkxNl5BMl5BanBnXkFtZTYwMTY1NjY1._V1._SY500.jpg

Dona Eudóxia: http://chimpfeedr.com/img/?url=http%3A%2F%2Fentretenimento.mmo.co.mz%2Fwp-content%2Fuploads%2F2015%2F04%2FMary-Berry.jpg&width=540&mix=3b48e-MMO-Geral



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Isabelle olhava-se atentamente no espelho. Mal podia acreditar que estava completando 15 anos. Ainda se lembrava da sua infância com muita vivacidade, como se tivesse sido no dia anterior. Ao mesmo tempo em que tinha ânsia de crescer para que seus pais não pudessem mais lhe dizer o que fazer, sabia que quando esse dia chegasse sentiria falta do cuidado, por vezes exagerados, de Sam e Freddie.

Sentiria falta também da companhia dos dois pestinhas, Nick e Eddie, que entraram no seu quarto correndo e anunciando:

— A bisa está na sala, ansiosa para o seu Bar-Mitzvá – anunciou Eddie.

— E o mais importante. Ela te trouxe 2 presentes! – contou Nick, animado.

Quando Isabelle entrou na sala, trajando um vestido longo Pink, marcado na cintura, todos exclamaram: “uau!”.

A bisavó, uma senhora beirando 80 anos, avó de Sam e mãe de Pam, Dona Eudóxia, com os olhos cheios de lágrimas disse:

— Não sabe a alegria que está dando a essa velha. Pensei que a tradição da família se perderia pelas próximas gerações. É a minha primeira bisneta que aceita ser judia!

— Desculpa pela demora em aceitar bisa. Sei que deveria ter feito isso há 3 anos atrás. Mas, eu não me sentia preparada, nem tinha consciência da importância de ser judia. Eu aprendi na escola e pesquisei muito a respeito também. Nós, judeus, fomos perseguidos por muitos séculos de forma totalmente injusta. Hoje sei que devo sentir orgulho de fazer parte de um povo sofredor que nunca abaixou a cabeça e nunca deixou de professar sua fé e sua cultura, apesar de todos os pesares – explicou Isabelle.

— Quanto orgulho dessa menina! – falou Sam, abraçando a filha – Eu fiz o Bar-Mitzvá só pelo presente mesmo. Ganhei um notebook vermelho da Pera Store da vovó. Mas, fico contente em ver que tem mais maturidade que eu.

— O que não quer dizer que eu não queira presentes! Até porque hoje é meu aniversário também!

— O papai jamais iria se esquecer do dia especial da minha princesa! – falou Freddie, entregando um pequeno embrulho para Isabelle.

— Só um presente pai? E tão pequeno?

— Abra – pediu Freddie.

Isabelle abriu e viu um jogo de anel, brincos e pulseira de brilhante.

— Nossa, pai! Muito obrigada! São lindos! Eu adorei! – agradeceu Isabelle abraçando Freddie com amor e empolgação, dando um beijo estalado na bochecha do pai e deixando a marca de seu batom.

— Valeu a pena todo o dinheiro gasto. Você não me dá um abraço e um beijo tão espontâneo desde quando eu ainda podia carregá-la no colo – recordou-se Freddie, com emoção.

— Agora é minha vez – falou Dona Eudóxia, contente – Como hoje é seu aniversário e seu Bar-Mitzvá eu quero lhe dar dois presentes – entregando um envelope.

Isabelle abriu, desconfiada, e constatou que se tratava de um ingresso para o show da sua banda favorita e 4 passagens para uma viagem de navio num cruzeiro estudantil para adolescentes, no período das férias.

— Que legal bisa! A senhora sabe mesmo dar presentes! – agradeceu Isabelle, abraçando a bisavó.

— Já sabe quais serão os sortudos que lhe acompanharão na viagem? – perguntou a senhora.

— Eu! – gritaram Nick e Eddie ao mesmo tempo, agitando-se e levantando as mãos.

— Aqui está escrito que é um cruzeiro para adolescentes e não para pirralhos – mostrou Isabelle em uma das passagens.

— Somos quase adolescentes, amanhã fazemos 11 anos – expôs Nick.

— É verdade! – concordou Eddie.

— A adolescência começa aos 13 anos, portanto, são pirralhos! – contestou Isabelle.

A campainha tocou e o coração de Isabelle acelerou. Cris sempre vinha lhe dar um abraço de parabéns nas manhãs dos dias de seus aniversários, desde que completou 7 anos, mas já era quase 6h da noite e ele ainda não havia aparecido.

A relação com Cris havia se tornado muito distante desde que haviam terminado o relacionamento. Nem mesmo se provocavam mais. Ainda andavam com Alison e Rick, bem como apresentavam o ICarly, de modo que se viam com freqüência e todos os dias. Mas, apesar da proximidade física, havia um grande afastamento emocional.

Sam foi abrir a porta e Isabelle logo viu a tia Melanie, a prima Mabel e a avó Pam, trazendo presentes. Todas a cumprimentaram e entregaram os embrulhos, que Isabelle abriu entusiasmada, agradecendo pelas roupas novas.

Mabel chamou Isabelle num canto e falou, meio sem jeito:

— Não sabe o que me aconteceu prima.

— Se não me contar nunca vou saber.

— Eu fiquei... – Mabel falou algo tão baixo e abafado que Isabelle não pode ouvir.

— Você ficou o que? Ficou com um garoto?

— Não, ainda nem completei 13 anos. Não penso em garotos, por enquanto. Eu fiquei menstruada – contou Mabel, corando.

— Parabéns priminha! Tornou-se uma mocinha! Está crescendo! – parabenizou Isabelle.

— Não precisa falar tão alto!

— Não tem nada demais! Acontece com todas as mulheres!

— Não me sinto realmente uma mulher ainda.

— É natural, nem eu me sinto totalmente assim ainda.

A campainha tocou mais uma vez e Freddie foi abrir.

— Boa noite Senhor Benson – cumprimentou Rick, todo elegante, com um terno azul marinho.

— Uau! – falaram Isabelle e Mabel ao mesmo tempo, ao verem o belo moreno de olhos azuis adentrar ao apartamento e caminhar em direção a elas.

— Parabéns Belinha! – cumprimentou Rick, entregando um pequeno presente a Isabelle, abraçando-a e aspirando seu perfume como se pudesse se embriagar nele.

Mabel interrompeu o momento:

— Oi Rick, lembra de mim?

— Se não é a pequena Mabel! Já nem tão pequena assim! Tá crescendo garota! E muito bonita! – elogiou Rick, fazendo Mabel sorrir e corar.

Isabelle abriu o pequeno embrulho e viu que se tratava do seu perfume favorito.

— É o perfume que eu uso, como soube Rick?

— Eu também adoro sentir esse perfume em você.

Isabelle ficou sem graça ao perceber o galanteio e mudou de assunto:

— Como estão seus pais e sua irmã Rick, faz tempo que não vêm a Seattle?

— Estão bem, mas a tia Cat está precisando deles. A Nona está com Alzheimer em estágio final, a tia Cat tá muito arrasada e a mamãe não quer se afastar dela nesse momento, por isso eles não vieram hoje.

— Entendo perfeitamente. Coitada da tia Cat. A minha mãe disse que vai dar um jeito de deixar o restaurante uns dias para ir ficar com ela.

— Acho importante.

Sam chamou a filha:

— Vamos Belinha, não podemos nos atrasar para a sua cerimônia do Bar-Mitzvá. Depois tem o jantar que a mama preparou especialmente para você, lá na casa da bisa.

— Estou pronta mãe, vamos. Só uma pergunta: a dinda não vai?

— Claro que vai! Mas, agora ela é vereadora e tinha umas coisas para resolver na Câmara até mais tarde. Vai direto de lá.

— Só ela?

— O Cris também vai se é isso que quer saber. Gibby vai com os filhos buscá-la.

Rick sentiu-se contrariado com o comentário de Sam. Entendeu que Cris ainda era muito importante para Isabelle. Nos últimos tempos, desde que soube do término do namoro dos dois, Rick empenhou-se para ficar mais próximo de Isabelle e afastar Cris de todas as formas. Parecia estar dando certo, porque Isabelle passava muito mais tempo com ele que com Cris e percebia que quando estavam juntos, estavam distantes e falavam só o essencial. Não havia mais provocações e tampouco flerte. Ele diria que era uma relação de cortesia, apenas. Mas, naquele momento, viu que se enganara.

Isabelle chegou a Sinagoga buscando Cris entre os convidados. Quando o encontrou e seus olhares se cruzaram, ambos sorriram de um jeito tímido.

Após a cerimônia, todos foram para casa de Dona Eudóxia. A casa era grande o suficiente para acomodar toda a grande família.

Sam e Gibby foram para a cozinha esquentar a comida para o jantar e em seguida colocar à mesa.

Cris observava Isabelle conversando com Alison, sem coragem de se aproximar. Carly aproximou-se do filho:

— Desculpa a minha insistência Cris, mas eu sinto que algo não está realmente bem entre você e a Belinha. Estão distantes. São unha e carne desde os 6 anos.

— Já falei mil vezes que não houve nada mãe. Apenas crescemos, temos outros interesses. Antes só ficávamos próximos porque gostávamos de nos implicar, coisa de criança, entende?

— Engraçado. Quando vocês eram pequenos e brigavam tanto quanto Sam e Freddie, pensei que a história de vocês poderia tomar o mesmo fim de que a deles.

— Cada história é uma história mãe – falou Cris com uma tristeza no olhar que não passou despercebida a Carly.

Tocava uma música da cultura judaica e vários parentes de Sam dançavam no meio da sala, na qual os móveis foram afastados. Carly propôs:

— Por que não chama a Belinha para dançar?

— Eu não sei dançar isso, mãe.

— Peça a ela que te ensine, aposto que ela vai gostar muito.

Cris criou coragem e começou a caminha em direção a Isabelle, mas, antes que pudesse se aproximar, viu Rick tomá-la pela mão e ambos caminharam em direção ao centro da sala, onde começaram a dançar.

O jantar foi servido e todos se deliciaram com a comida de Sam e Gibby. Mas, na hora da sobremesa, como de costume na família Puckett, iniciou-se uma discussão entre os irmãos Pam e Carmine. Dona Eudóxia começou a intervir, farta, e foi mais uma a discutir. Quando todos começaram a falar sem parar, Isabelle resolveu ir para o Jardim respirar. Sua noite estava sendo muito perfeita para ter que participar de mais uma briga familiar.

Ao ver Isabelle sair da mesa, Rick foi atrás.

A menina contemplava as estrelas quando Rick se aproximou, dizendo:

— Brilham tanto quanto seus olhos!

Isabelle riu e disse:

— O que está acontecendo com você Rick? Onde foi parar o menino mal humorado de sempre? Ultimamente anda metido a poeta.

— Você me transformou Belinha. Você sempre despertou o melhor dentro de mim.

— O que quer dizer?

— Eu sou problemático, você sabe. Tenho me tratado há muitos anos, é verdade. Mas, nenhum remédio, nenhuma terapia, faz eu me sentir tão bem quanto você. Eu não gosto que me toquem, mas o seu toque faz o meu coração disparar e o meu corpo se arrepiar. Eu tenho vontade de te abraçar como não tenho vontade de abraçar ninguém, nem a minha mãe. Tenho até vontade de fazer isso... – disse Rick, beijando Isabelle na boca de supetão.

Isabelle correspondeu ao beijo e nesse momento Cris viu a cena que dilacerou seu coração e o fez correr de volta para dentro da casa, para dentro do primeiro banheiro que encontrou, onde pode deixar as lágrimas rolarem sem testemunhas.


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