Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 63
Investigação


Notas iniciais do capítulo

Sim, se passou muito tempo, sim eu sei. Não tenho nem como me desculpar pq simplesmente não tinha como ter sido diferente, logo sinto muito. Espero que esteja no mesmo nível de sempre e que não tenham desistido de mim ♥



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   Depois de respirar fundo mais uma vez, eu finalmente atravessei o corredor e entrei para a próxima sala de aula. Claro que eu não fugi dos vários olhares e sussurros com algum comentário idiota. Ainda mais porque minha blusa ainda tinha uma mancha alaranjada, exatamente como na minha saia. Ignorei o máximo que pude e fui me sentar. Priya passou por mim e foi para o lugar que eu tinha pensado em pegar, ao lado de Lysandre. Estranhei, mas não disse nada e peguei outro assento.

   Me sentei logo atrás do lugar assumido por Iris, que parecia estar bem nervosa, e Peggy, que tentava acalmá-la. Iris revirava a mochila para logo em seguida tatear os bolsos do short e voltar a revirar os bolsos da mochila.

   – Estava aqui, Peggy, simplesmente sumiu.

   – Iris, todo mundo aqui te conhece. Se acharem seu celular vão entrega-lo no grêmio, respira.

   – Pelo visto é mais fácil quererem ficar com o celular.

   – Nossa, você está sendo pessimista. Anna, por acaso você viu o celular da Iris lá fora?

   – Eu não prestei atenção, Iris. Posso te ajudar a procurar depois da aula. – Ela concordou fraco, enquanto o quadro ia sendo preenchido com a matéria. Eu a entendia, eu também ficava louca quando perdia meu celular na mochila, imagina se ele realmente não estivesse lá.

   Assim que o sinal tocou ela pegou suas coisas e saiu correndo. Peggy me olhou como quem achava o ato todo exagerado, mas dei de ombros e fui atrás dela, disposta a realmente ajuda-la. Vi que ela foi direto ao grêmio, então corri os olhos pelo chão. Nada.

   – Também não está aqui. Droga. – Ela parecia ao ponto de chorar, ao que eu tive que segurá-la pelos ombros e virá-la na minha direção.

   – Iris, vamos achar, calma. Procura ele lá fora, eu vou olhar nas salas, mas calma. Quanto mais nervoso a gente fica, menos a gente percebe nossos arredores.

   Ela concordou, imediatamente deixando o corredor. Fui andando escola adentro, caçando o bendito celular, olhando em todas as direções possíveis. Violette me viu procurando, mas também não tinha visto, mas fez questão de me dizer que teria me ajudado se tivesse visto em tempo que era eu na cantina. De acordo ela, ela não conseguiu ver por cima de tantas cabeças.

   – Tudo bem, Vi, Priya me tirou de lá.

   – Oh, que bom. Você caiu ou...

   – Ambre, provavelmente foi, me fez tropeçar.

   Na mesma hora ela ficou com a cara vermelha e xingou a Ambre como uma criança provavelmente faria, mas foi a cena mais fofinha do mundo. A tranquilizei e disse que ia voltar a procurar o telefone da Iris.

   Na porta da biblioteca, Bia me chamou. Virei para ela, aquele sorrisinho com um toque de ironia que enfeitava seu rosto me deixou hesitante.

   – Eu te vi na cantina.

   – Todo mundo viu, né?

   – Viu. Bom, meio que me lembrei de quando você me ajudou depois e me senti mal por não retribuir, então...

   – Bia, eu não espero nada em troca por ter te ajudado, fica tranquila. Se me der licença, preciso achar um celular.

   Ela concordou e eu finalmente entrei na biblioteca, olhando entre as estantes e finalmente nas mesas dos computadores. Voilá. Na verdade, estava caído no chão, perto de uma das cadeiras, mas com certeza era dela, com a capinha de glitter roxo.

   Travei. O comportamento da Iris estava estranho de uns tempos para cá, era evidente, mas por alguma razão eu conectei a informação ao celular. Ela tinha ficado nervosa demais por perder o celular, e não parecia ser pelo aparelho. A ideia de conferir o celular era tentadora, eu já tinha a visto colocar a senha algumas vezes e tinha gravado.

   – Não é da minha conta, Anna, para com isso... – Estava me convencendo a simplesmente ir entregar o celular, mas na mesma hora escutei sua voz e sai correndo para o canto mais escondido possível na biblioteca.

   – Eu devolvi um livro mais cedo, pode ter caído aqui.

   – Iris, eu não quero te decepcionar, mas nem todo mundo aqui é exatamente gente boa. Se era um celular mais novo pode ser que você não o veja mais.

   – Armin, eu preciso muito dele, para. – Ela o empurrou e foi correndo olhar as mesas do computador, para logo em seguida suspirar frustrada e sair.

   – O que foi que eu disse? Eu hein...Anna?

   – Armin? Oi. – Me levantei, só então notando que o incomodo no meu joelho tinha voltado porque eu tinha me agachado. O celular vibrou nas minhas mãos. – Eu achei o celular da Iris, acredita?

   – Ela acabou de sair. A gente nem te viu ai, que loucura. Nossa, esse celular não para. – Realmente as vibrações praticamente emendavam uma na outra, de tantas notificações. – Quem mandou mensagem?

   – Eu vou devolver para ela, a gente se vê depois, sim?

   – Não, volta aqui. Eu quero saber quem está tão empolgado.

   – Armin, para. O celular é bloqueado.

   – E dai? A notificação mostra o início da mensagem e, o mais importante, o nome. – Ele se aproveitou da sua força superior e me prendeu num abraço enquanto tomava o celular da minha mão.

   – Se ela te pegar a culpa é inteiramente sua. Me solta.

   – Você bem que gosta de ficar coladinha em mim, vai. – Revirei os olhos, calando a boca na mesma hora. Ele sorriu, iluminando a tela do celular finalmente. – Uou.

   – O que?

   – Achei que não queria saber.

   – Para de ser insuportável, o que foi?

   – Olha isso. – Ele virou o telefone pra mim, finalmente me soltando e me puxando para trás da porta. – Se ela entrar vai esbarrar na gente antes, dá pra fingir que só estava segurando ele.

   Armin era bem inteligente quando ele queria. O que eram em momentos bem específicos, mas não comentei sobre. Parecia ser sério. Peguei o celular e olhei a tela.

   “Ainda não terminei com você. Fique tranquila...”

   E a mensagem acabava ali na notificação. Eu sabia a senha da Iris, mas além de querer manter um pingo das minhas resoluções, fiquei preocupada com o que iria encontrar. O número desconhecido não ajudava muito.

   – Tem que ter um contexto. – Comentei, querendo me tranquilizar.

   – Você acha mesmo que esse é o tipo de coisa que se manda para uma amiga? E acredite, eu quero tanto quanto você que estejamos errados.

   – Armin, quem machucaria a Iris? Ela é um doce de pessoa, não é possível. A gente deveria falar com ela?

   – Provavelmente, parece o lógico.

   – Ah não ser que...Armin, tem mais nisso tudo. Tem que ter. Na festa na casa dela, durante o esconde esconde, eu fui pro quarto dela.

   – Olha você, quebrando regras.

   – Ela me encontrou perto do computador dela, ele estava recebendo mensagens na mesma quantidade que o celular. Eu realmente achei que ela ia me matar, pra dois segundos depois, puf...ela estava amável como sempre.

   – Que bizarro, a Iris nunca fica irritada.

   – Sim, eu sei. Eu estranhei, mas achei que fosse só por causa da regra dela sobre os quartos e não sobre as mensagens, mas agora...

   – Dessa vez sua intuição pode não estar tão errada. – Ele ficou quieto uns instantes antes de tomar o celular da minha mão e começar a se concentrar. – Vamos abordar isso por outro lado. Vou tentar adivinhar a senha dela e...

   – Eu sei qual é... – Assim que eu ia falar, a porta bateu nas minhas costas. Melody enfiou a cabeça pela abertura.

   – Oh, oi gente. Desculpa, machuquei vocês?

   – Não, tá tranquilo, Mel. – Notei que Armin respondeu, mostrando o celular. – Achamos o celular da Iris, mas acabamos conversando e perdemos a noção do tempo.

   – Ah, que bom. Ela está há uma hora procurando. Vem, vamos devolver.

   Ela saiu novamente, ao que eu olhei para o Armin do jeito mais subliminar possível e segui a garota. Ele veio atrás de mim. Melody foi na frente, procurando a Iris, enquanto eu puxei Armin pela manga comprida de sua blusa.

   – Que porra de ideia foi essa? A gente não ia olhar antes? – Sussurrei, vigiando a garota na nossa frente.

   – Eu não consegui guardar o celular, ela ia ver. Se eu tentasse esconder seria pior.

   – Droga.

   – Vocês sabem pra onde ela foi? – A Melody perguntou e nós dois negamos com a cabeça. Eu já estava a ponto de explodir de tanto pensar num plano, quando ouvimos o click familiar dos saltos da diretora.

   – Senhorita Melody, com licença...Poderíamos conversar um pouco? Preciso de ajuda com algo.

   – Oh, sim, claro. Vocês se viram sem mim?

   – Sim, pode ir. Vamos continuar procurando. – Armin falou, sorridente. Ela concordou e seguiu a senhora Shermansky. – Viu isso?

   – Isso, Armin, chama Deus atendendo todas às minhas preces. Vem. – Foi minha vez de puxá-lo para trás de uma porta, nessa vez na sala de aula mais próxima. – 6491.

   – Sério que é isso?

   – São números da data de aniversário dela, só que fora da ordem.

   – Lógico. Boa, pronto. – Na empolgação de ter acesso livre, Armin saiu andando pela sala, quando a maçaneta girou e Iris entrou na sala.

   – Eram vocês? – Ela perguntou, com a voz embargada. Olhei para o Armin, que parecia tão confuso quanto.

   – É seu celular? Eu estava tentando descobrir pela foto, eu o encontrei, Anna acabou de me dizer que achava que era o seu. Toma. – O que não surtiu efeito algum, pois ela finalmente se deixou sentar na cadeira mais próxima e chorar. Corri até ela e me abaixei, sentindo meu joelho doer, mas preocupada com ela.

   – Iris, o que foi? Fala pra gente, vai.

   – É...é só...eu vou repetir de ano. – Armin me olhou na mesma hora, mas insistiu na história dela.

   – Iris, ninguém é mais enrolado na escola que eu. Se eu consigo você também vai.

   – Eu tirei 4 em história...

   – A gente pode ver umas aulas a mais. O Nath anda ajudando a Kim e eu ouvi que estão tendo ótimos resultados.

   – É por isso que não podemos incomodá-los. Anna e eu podemos te ajudar.

   – Vocês são bons nisso?

   – O suficiente para passarmos. Não desespera, okay? Toma seu celular.

   Ela o pegou imediatamente, secando o rosto. Eu olhei para o Armin, esperando ele concluir qual era o plano dele ao se oferecer para dar aulas para alguém sendo que ele mesmo quase não se aprovava.

   – Vamos combinar o seguinte, a gente se encontra na sua casa para ficarmos mais tranquilos, que tal? Você tem aquele jardim lindo, é ótimo estudar num ambiente menos fechado.

   Olhei pra ele por cima da cabeça de Iris. Armin defendendo jardim, sol e ambientes abertos de uma vez só era igual falar que você viu um gnomo voando no seu quarto. Ninguém acharia que você estava no seu estado normal. Iris, porém, pareceu nem notar. Armin aproveitou para me puxar para seu lado e passar o braço pelos meus ombros, como todo mundo já tinha o visto fazer.

   – Não vai atrapalhar vocês?

   – Não, imagina. A gente amou seu lugarzinho. Combinado, Anna?

   – Uhum. – Ele tinha me apertado mais contra ele para me fazer entender.

   – Obrigada. Vocês são...ótimos amigos, obrigada mesmo. – Ela sorriu, secando o rosto e finalmente ficando de pé, pronta para ir embora. Assim que ela saiu, Armin abriu a boca, a que eu tampei com a mão.

   – Agora sim, pode falar.

   – Eu não ia gritar, obrigado. Eu sou um gênio.

   – Que ideia foi essa, seu animal? Eu tenho cara de quem sabe história?

   – Ela não precisa, se toca. Você sabe que o buraco é mais embaixo.

   – A gente não tem certeza.

   – Quase temos. Ela pode até chorar por notas baixas, Anna, mas você ouviu tudo. Ela acusou a gente de alguma coisa antes de desabar.

   – Ok, ainda assim, qual seu plano?

   – Simples, eu vou vasculhar o computador dela.

   – Você enlouqueceu de vez, né? Você sabe fazer isso?

   – Garota, me respeita, óbvio que sei. Eu tenho a habilidade para vasculhar tudo e você, minha grande parceira, vai distraí-la e me ganhar tempo. Perfeito, não?

   – E se ela desconfiar?

   – Também é problema seu.

   – Muito fácil. Sei lá, essa história parece ser maior do que parece.

   – E qual seu plano? Fazê-la se abrir? Você viu que não adianta, ela vai inventar alguma razão sempre.

   – Ok, ok. Entendi, não gostei, mas entendi. Te espero no portão depois da aula?

   – Pode ser. Relaxa, okay? Estamos fazendo isso para ajuda-la. – Armin finalmente falou com um tom de voz tranquilizador e me deu um beijo na cabeça antes de sair da sala primeiro. Respirei fundo, sentindo o joelho latejando horrores.

   Meu instinto me dizia que ainda tinha uma avalanche por vir...  


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Notas finais do capítulo

Boa noite ♥



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