Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 44
Alívio


Notas iniciais do capítulo

Oi, queridos, voltei :3 Como prometido, menos lágrimas e mais sorrisos. Sim, está mais curtinho, mas é mais para encerrar o pequeno ciclo do passado. Aproveitem ^~^



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   Rosalya me ligou pouco depois que Nathaniel chegou. Ele tinha ido buscar algo para eu comer, mesmo que eu tivesse dito que não precisava, e me deixou sentada na escadaria, sozinha. Eu estava concentrada em me manter calma, aproveitando o silêncio, quando o celular vibrou, me dando um susto.

   ─ Oi, Rosa. ─ Atendi, ainda meio confusa. Imaginei que Alexy estava com ela, mas simplesmente esperei ela falar.

   ─ Ei. Ficamos preocupados com você. O que houve? Foi algo que aconteceu?

   ─ É, bem isso. Alexy está ai? Eu não quero ter que ficar repetindo.

   ─ Ah, só um minuto, vou ligar o viva voz. ─ Em questão de segundos ela voltou a falar, agora com Alexy perguntando também. ─ Prontinho. O que foi?

   ─ É minha mãe. Meu pai ligou para a diretora avisando que ela tinha sido atropelada pela manhã...

   ─ Ai meu Deus, minha segunda rainha está bem?

   ─ É, Alexy, não é esse o problema. O cara prestou socorro e tudo mais, até insistiu para trazê-la ao hospital. Eles fizeram uns exames e encontraram...um tumor.

   Respirei fundo, sentindo todo o medo e a ansiedade voltando, enquanto Nathaniel abriu a porta da escada com uma lata de chá e um sanduíche na mão. Meio preocupado, ele veio se sentar ao meu lado no degrau.

   ─ Um tumor? Minha nossa, e ai? Ela vai ficar bem? Quero dizer, ela deve estar apavorada e...

   ─ Alexy, desliga um segundo. ─ Rosalya resmungou, tendo que falar mais alto que ele. Nathaniel tinha deixado meu lanche no seu colo e passado o braço ao redor dos meus ombros, me puxando para si. ─ Nem todo tumor é um câncer. Eu aposto que foi um dia de sorte terem achado logo e já estarem retirando, sim? Vai dar tudo certo.

   ─ Obrigada, Rosa.

   ─ Ei, eu não quis parecer pessimista, você me conhece. É só que eu amo sua mãe, você sabe disso. Eu estou torcendo com você.

   ─ Fofinho. Obrigada por ligarem.

   ─ A gente sempre está com você, ok? ─ Rosa comentou, e aposto que ela estava com aquele sorriso confiante dela. ─ Ah, posso comentar com as meninas? Elas ficaram preocupadas.

   ─ E talvez nossos rapazes preferidos?

   ─ Eu não me importo, só tentem não soarem muito depressivos, okay? E deixem Ambre de fora.

   ─ Óbvio. Se o Nathaniel estiver escutando, espero que ele entenda que eu quero distância dela.

   ─ Hum, eu vou desligar, ok? A cirurgia já deve estar acabando. Obrigada, gente, de verdade.

   ─ A gente te ama. Um beijo. Tchau.

   Desliguei, pegando o sanduíche com Nathaniel, sem sair daquele abraço. Era reconfortante ouvir o coração dele batendo contra meu ouvido. Fazia com que eu pensasse no da minha mãe, batendo sempre tão forte.

   ─ Obrigada também. ─ Falei, quase vinte minutos depois, quando acabava de comer.

   ─ Pelo que? ─ Ele perguntou, passando uma mão pelo meu cabelo, tirando as mechas que caiam no meu rosto inclinado.

   ─ Por estar aqui.

   ─ Ah, Anna. ─ Ele suspirou, me afastando dele e olhando no meu rosto. ─ Eu sempre vou estar onde você precisar de mim. Seja perto ou longe, numa festa ou num hospital. Devia saber disso.

   ─ Eu sei, mas é que...

   ─ Eu te amo, garota. Para sempre.

   ─ Eu te amo também, lindo. Para sempre.

   Mais uma vez eu tive a prova da amizade de Nathaniel. Mesmo depois de todos os problemas que tivemos, e todos os outros que ainda teríamos, éramos unidos, para tudo. Um pelo outro até nosso último suspiro. Eu às vezes me questionava se eu chegava aos pés daquele doce de pessoa que ele era.

   ─ Devíamos ir para o corredor, a cirurgia já deve ter acabado.

   Concordei e aceitei sua mão para me erguer, sendo guiada até o ponto onde meu pai esperava, os braços cruzados e o olhar cansado. O médico veio pelo corredor, tranquilo. Aquilo fez com que meu coração continuasse num ritmo normal. Ele não estaria tão tranquilo se...

   ─ Senhor Wright? A cirurgia foi um sucesso. Ela vai precisar de mais alguns minutos para se recuperar da anestesia, mas ela vai estar bem. Infelizmente, ela vai ter que ficar até amanhã, apenas para observação.

   ─ Graças a Deus. ─ Soltei o ar, deixando os braços penderem ao meu lado e a cabeça tombar para trás, encarando o teto. Nathaniel deixou meu pai vir me abraçar.

   Foi um belo momento de pai e filha, mesmo com a circunstância do momento. Ele sorriu para Nathaniel, agradecido, e disse que eu devia ir embora depois que ela acordasse. Concordei, sabendo que ele ficaria mais preocupado em me ver acordada a noite inteira.

   Ela ainda estava meio grogue pela anestesia, falando meio arrastado e piscando devagar, mas ficou feliz em me ver primeiro. Dei um beijo na testa dela, grata por não ser o último e, só então, aceitei a companhia de Nathaniel para me deixar em casa.

   ─ Vai ficar bem sozinha?

   ─ Vou, fique tranquilo. Obrigada. Te vejo amanhã.

   ─ A diretora não vai se importar se faltar, sabia?

   ─ É, mas eu não quero. Minha mãe vai ficar incomodada em saber que eu estou em casa, simplesmente aguardando, deixando minha vida cotidiana de lado. Ela precisa de alguém para reafirmar de que já está tudo bem.

   ─ Pensando por esse lado, faz sentido. Beijinho, Anna.

   ─ Beijo, Nath.

   Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça branca antes de atravessar a rua e ir na direção da escola. Ele não morava muito longe do colégio, então devia ser o caminho mais curto. Esperei ele sumir antes de fechar o portão e subir.

   No meu quarto, já de pijama e com as cobertas me esperando, peguei o porta retrato e sorri. Era bem raro eu esboçar felicidade vendo aquela lembrança que agora parecia tão longe, e ainda tão próxima, como sempre.

   ─ Mamãe está bem, Vik. Ela sentiu sua falta hoje, tenho certeza. Eu sei que estava lá. ─ Beijei o vidro que protegia a foto e a coloquei no lugar, finalmente deixando o cansaço do dia me dominar. No dia seguinte, tudo estaria bem.

   Parecia que tudo estava indo melhor que o esperado. Alguns dos meus amigos vieram me perguntar da minha mãe, mas eu contei as boas novas com um sorriso satisfeito no rosto. Até Castiel veio atrás de mim, na hora do almoço.

   ─ Sua mãe está mesmo melhor?

   ─ Sim. Ela já deve estar em casa nesse horário, louca para trabalhar. Espero que meu pai esteja mantendo-a sob controle.

   ─ É bom saber.

   ─ Obrigada. ─ Fechei meu armário, vendo que ele estava considerando ir embora, e falei. ─ Sabe, Castiel, quando eu digo que você me deixa confusa...nem sempre é ruim.

   ─ Tipo agora?

   ─ Uhum. Ou talvez eu esteja aprendendo a te decifrar.

   ─ Boa sorte.

   ─ Ora, não se sinta tão importante assim. Mas, de verdade, obrigada.

   ─ Disponha. Até mais.

   Sorri e acenei, deixando-o ir pelo corredor que agora começava a se encher. Fui para a sala e encontrei a minha roda de amigas perto da minha mesa, com uma Peggy bastante participativa na conversa.

   ─ Perdi algo?

   ─ Oh, Anna. Peggy estava nos contando sobre sua nova reportagem. O jornal está de volta, oficialmente. ─ Iris sorriu, acabando de ajeitar sua trança ruiva por cima do ombro. Cruzei os braços, sorrindo.

   ─ Hum, e já voltamos com um babado?

   ─ Fortíssimo. ─ Ela riu. ─ Bem, nem tanto, mas é interessante. Vocês vão ver, amanhã.

   ─ Tudo bem, madame mistério. ─ As meninas riram do jeito com o que falei, até mesmo ela. O professor entrou na sala e nos acomodamos, prontas para a aula. Mais uma até eu poder ver minha mãe e enchê-la de carinho.


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Notas finais do capítulo

Um abraço meus lindinhos ♥